Ninguém pode mudar um caipira escrita por Pamisa Chan


Capítulo 1
Carta


Notas iniciais do capítulo

Aí está a história. Essa música é bem simples, porém tem uma letra muito bonita que com certeza daria uma ótima história. E me inspirou a escrever.
Espero que vocês sejam tão tocados quanto eu fui.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648258/chapter/1

"Irapuru, 13 de janeiro de 2014

Juzinha, minha moça.

Sinto saudade docê. De passar o tempo com você vendo os pássaro cantar, as árvore balançando no vento, nadar no rio contigo, cantar umas moda na minha viola velha e te ouvir cantar. Sua voz é linda demais da conta, cê sabe. Eu sinto saudade também de quando nós acordava de manhã e eu fazia um café procê que nós mesmo colhia. E eu fazia, porque ocê dizia que num sabia fazer café. E ocê dizia que meu café era o melhor que cê já tomou e eu ficava tudo vermelho de vergonha.

Eu lembro daquela vez quando ocê me levou na cidade. Era tudo muito diferente. Tinha asfalto, prédio alto e metrô. Tinha o barulho dos carro, tinha fumaça. Ocê viu quanto eu fiquei ruim o dia inteiro de tossir. Cê viu quanto eu fiquei cos olho vermelho por causa daquela fumaça preta que saía dos automóvel. E ocê ainda pediu pra eu ficar lá uma semana, mas num deu não. Era tudo muito estranho pra mim. Eu não conhecia as pessoa, num sabia chegar nos lugar, era tudo muito longe, era muita correria.

Ocê queria que eu morasse lá cocê e eu queria que ocê largasse esse lugar atormentado e viesse morar comigo. Mas nenhum de nós dois quis. Ocê quando tava aqui sentia saudade da cidade e eu não redo pé do meu sertão. Desculpa moça, mas eu não quero ir embora. De certas coisa eu não abro mão não. Eu sei o quanto ocê me faz feliz e eu faço ocê feliz também. Mas isso é muito difícil, Juza.

Eu sou amigo das estrelas, falo com a natureza, a terra é meu primeiro amor. É nela que eu vou plantar o milho, o café, a cana. E só nela que eu quero criar meus filhos, minha família, ensinar pra eles tudo aquilo que aprendi co pai, ca mãe, cas vó, cos tio.

Eu lembro que ocê ficava tentando corrigir meu jeito de falar, que eu falava tudo errado demais, e meu sotaque ocês da cidade zombava de mim. Mas esse seu sotaque paulista também é muito complicado pra mim. Eu sei que ocê só queria o meu bem e num fazia por mal. Mas esse é meu jeito e num dá pra mudar. Tá em mim, que nem a árvore fica arraigada no solo. Num é fácil de tirar. E num carece de tirar. É bonito do jeito que é. Deixa um jeitinho especial. É assim que eu tô acostumado. Com essa vida simples de lavrador. Me aceita como eu sou...

Espero que ocê entenda que ninguém pode mudar um caipira. Nem mesmo o amor que eu sinto por você. Porque um caipira na cidade sente saudade do sertão e perde o gosto de viver."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam ♥Beijinhos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ninguém pode mudar um caipira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.