Mesmos Nomes. Outras Histórias. escrita por Eduardo Marais


Capítulo 18
Expondo Segredos




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Regina entrega uma caneca com água para Adam. Os dois observam o pirata massagear o rosto, depois de recuperar-se de agressão. Rumpel não havia achado graça naquela atitude e nenhuma de suas piadas tinha sido ouvida naquele quarto.

Os dois estavam esperando por alguma explicação vinda do pirata.

– E então, Capitão? Vai nos dizer por que fez tanta questão de trazer-nos aqui? A Sombria não quis a adaga, porque estava desejando outra joia que não foi dada da outra vez em que você decidiu sobre o destino de Adam. O que ela quis dizer com isso? O que nós devemos saber?

Cansado, dolorido e chantageado, o Capitão solta os cabelos, retira seu imenso casaco de couro e larga-se sentado num canto do chão. Encosta-se na parede.

– Eu fui informado sobre a transformação de Adam e, então, procurei a Sombria e negociei a libertação dele: entreguei a pata do macaco e ela tirou a fera de dentro dele.

– Não tirou não! Ainda sou uma fera e a Sombria não pode ajudar-me!

– Para fazer a cura completa, ela queria algo que não poderia entregar. Então, ela decidiu que a fera ficaria parcialmente dentro dele, até que eu entregasse o objeto de desejo.

– E por que não entregou? – Regina controla sua raiva.

– Porque não seria justo. Ofereci a minha vida, meu coração, meu corpo, minha servidão, mas ela não quis. Então, decidi que Adam teria de lidar com as transformações nas luas cheias. Não poderia dar o meu bem mais precioso, para viver sob a influência maligna da Sombria.

– E qual é esse bem? – grita Adam.

– Nossa filha. Não poderia permitir que minha menina ficasse com a mãe. Mas estou disposto a entregar a adaga que controla a Sombria e torná-la invencível.

Regina olha o pirata e evoca lembranças sobre o poder do Sombrio quando está de posse da adaga. Seria igual naquele reino?

– Mas entregando a adaga, irá permitir que o mal seja proliferado neste reino! Vai dar plenos poderes para a Sombria? Você ceifou o mal da Rainha Monstro e agora quer criar alguém ainda mais forte?

– Não tenho escolha. A fera dentro de Adam está tornando-se cada vez mais forte e não vou suportar ver meu irmão ser caçado como a um monstro. Terei de matar muitos homens, caso isso ocorra.

– Não sou seu irmão! E se eu estou assim, é por sua culpa! Toda desgraça em minha vida é sua culpa!

– Arcuri não foi seduzida pelo Rumpel. – a voz de Regina atrai os olhos de Adam. – Ela foi seduzida pela riqueza e pelo conforto do palácio.

– O que está dizendo? Está acreditando nas mentiras do pirata?

– As constantes transformações criaram fantasias em sua mente e o ciúme que sentia do cuidado de seu pai com o filho do rei, aumentou o seu ódio e alimentou seus delírios, Adam. Sua Arcuri apaixonou-se pelo príncipe e foi embora com ele, porque ela quis.

– Isso é mentira! – Adam olha para o pirata sentado, odiando-o ainda mais.

– Ela se preocupou com você, macacão, e enviou emissários para pedir-me ajuda. Pelo carinho que ainda sentia por você e pela confiança que tinha por mim, pediu-me que encontrasse um meio de libertá-lo daquela prisão, quando estava totalmente transformado em fera.

Adam não conseguia acreditar em nada. Estava confuso, delirante e assustado. Sentia a ânsia de estrangular o pirata e depois rasgar a garganta da Sombria, usando a tal adaga que certamente estava em poder de Rumpel. Ele apenas consegue gaguejar:

– A...a Sombria ajudou-me em troca da pata de macaco e da entrega da filha que você teve com ela? Parte do acordo cumprida...parte da transformação resolvida. Por que você não entregou a criança? Por que me condenou como condenou meu pai? Você destruiu a vida de milhares de pessoas, apenas por existir...por que a vida de sua filha vale mais do que a minha?

O pirata não responde.

– Caso sua mãe não tivesse entregado você...

– Caso o rei George tivesse a coragem de assumir o filho, nascido de uma traição à esposa, ninguém teria sido morto. – Regina interrompe o grito de Adam. – E caso Rumpel tivesse entregado a criança para viver com a Sombria, a esta altura, o mal seria imenso. Já se questionou o que seria uma criança nascida de um tritão e da Sombria? Você estaria curado, plenamente humano e o reino seria controlado pelas forças das trevas. Como ficaria seu coração?

– Eu vou morrer como fera!

– Não irá. Darei a adaga para a Sombria e você ficará livre da maldição, mas terá como obrigação futura uma luta contra as intempéries que surgirem contra seu povo.

Rumpel levanta-se e apanha o casaco, veste-o e sai do quarto. Regina arrasta Adam para fora dali e persegue o pirata. Aquela aventura estava chegando ao fim.

Belle não conseguia esconder seu desejo pelo pirata e tudo fica estampado em seus olhos escuros, quando ele entra na sala principal. Encontra a mulher sentada, acariciando uma das cabeças do cachorro.

– Meu belo marido decidiu o que e como negociarmos o futuro dos amigos?

– Sabe que temos nosso código de honra e por isso sei que poderemos entrar num acordo.

– Claro que sim. – Belle olha Regina e exibe os dentes, num sorriso rosnado. – Quer mesmo enviar sua paixão de volta pelo portal, amado? Ela está relutante e isso está escrito no rosto bonito dela. Apaixonaram-se durante a viagem?

– Sim. – ele responde.

– Não. – Regina responde ao mesmo tempo do pirata. – Eu me apaixonei por Adam e apenas mantive o pirata sob controle. Em qualquer reino e em qualquer época, homens são homens e mulheres são mulheres.

Belle gargalha e acorda as outras cabeças do cachorro. Elas todas viram-se para encarar a dona.

Sem demonstrar reação alguma, embora seu peito tivesse sido rasgado com a revelação de Regina, o pirata retira um embrulho de um dos bolsos internos de seu casaco e o exibe. Percebe o sorriso triunfante de Belle.


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