Aos olhos de alguém escrita por Loressa G M


Capítulo 32
Ela eu não posso vencer




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648146/chapter/32

  Todos começam a sair da mansão, quando percebo algo de diferente na mão direita de Aurora. Um colar reluzente, do mais puro ouro envolvendo um enorme rubi.

  Então esse é o famoso colar de Konor, o qual Rafagh enfeitiçou cada grama de ouro para dar força e velocidade, maiores do que as de um vampiro, ao seu amigo. – O que o torna mais poderoso envolvendo o que pode mata-lo. Quase poético. – Aurora coloca o colar delicadamente sobre um dos móveis da sala.

  Os Maikles com certeza têm métodos bem curiosos para conseguirem tantas informações, queria saber de todos, entretanto, tenho prioridades. Não posso deixar que aquele monstro machuque ainda mais Jacques.

  Subo até meu quarto. É tudo tão inebriante: O caminho da sala até aqui, as janelas... Não! Tenho que me concentrar. Pego uma toalha no banheiro de meu quarto, cubro meus olhos e amarro-a com dificuldade atrás da cabeça. Apesar da toalha ser rosa, apertando-a sobre minhas pálpebras obtenho uma escuridão quase tão profunda quanto a que via.

  Sei que consigo parar o tempo, mas não consigo volta-lo, tampouco adia-lo. Então, por enquanto, só me resta esperar

***

   Os Mystics chegam em seu lar. Sânia, aflita, segura Jacques pelo braço e segue em passos largos para o mais longe possível da porta de entrada, a qual Jackson fechava.

  – Temos que ir perto da mãe, ele não vai te bater se Carolyne estiver por perto, assim talvez ele esfrie um pouco a cabeça... – A bruxa sussurra, tentando arrastar o irmão adotivo com ela, porém Jac se solta com um movimento brusco.

  – Só vai piorar – teima Jacques, algo na mente dele perturba-o mais do que o habitual.

  Entro nela. O vidente acabou por ver o passado, o presente e o futuro de Leticia enquanto estava com ela. Ele não queria, Jacques não gosta de seus poderes e não sabe controla-los, entretanto foi inevitável. A vampira não conseguiu se segurar e mordeu-o, nada que o machucasse muito, ela parou rapidamente, porém as presas dela penetrando na corrente sanguínea de Jacques foi o suficiente para que ele a visse e a sentisse: Feliz em seu aniversário de oito anos; Sendo mordida por um vampiro, e finalmente...

  Na visão do futuro da alegre garota, o próprio Jacques a procurava pelos corredores da mansão Deathless, sorrindo, como se brincassem de “esconde-esconde”. O loiro garoto abre a porta do meu quarto. Há uma poça avermelhada no carpete, ao lado de minha cama, acima, pés com meias rosa-fluorescentes dançam flutuando, como uma jovem bailarina, em sua última dança.   

 

  Para Jac, nada mais importa. A única pessoa que consegue o deixar realmente feliz, não arrancará mais sorrisos de sua magra face.

  Jacques sobe para o quarto de seu padrasto, senta-se ao chão e chuta a porta, fechando-a. E então ele aguarda, encarando o grande pedaço de madeira com fechadura.

  Jackson entra no cômodo e surpreende-se ao ver Jac esperando por ele.

  – Que brincadeira é essa? – Pergunta Jack

  – Nada, só estou adiantando as coisas – Jacques se levanta, encarando o bruxo – Vamos acabar logo com isso. Eu transei com sua filinha abandonada

  Jacques abre os braços, desafiando o Mystic com os olhos. Jackson soca o vidente, o qual cai ao chão com um perturbador sorriso de orelha a orelha. Jack não entende a razão do garoto estar sorrindo e continua a espanca-lo, porém, esse permanece com seu sorriso amargo.

  – Qual é o seu problema? – Diz Jackson, afastando seus punhos ensanguentados

  – Me mata – sussurra ele, se atrapalhando com o sangue entre os dentes quebrados – Me mate!

  Jackson se afasta, perplexo, encara a parede de tintura roxa a sua frente. Logo após alguns segundos, volta seu olhar para o adolescente, mais roxo do que a pintura do abafado quarto, com o acrescento do vermelho-sangue escorrendo pelos dentes e abdômen.

  O bruxo balança a cabeça, afastando a ideia de que Jacques nunca fora culpado de nada. A hipótese de ele realmente ser filho de outra mulher que não fosse sua esposa persiste em penetrar a dura hipocrisia da mente de Jack. Entretanto, ela é expulsa.

  Aperto fortemente meus pulsos e meus olhos cobertos; O tempo para novamente.

  Só preciso mudar a mente do bruxo, fazer com que a verdadeira história de Jacques sobrepuja a criada pela perturbadora mente de Jackson. Apenas arrepender-se de ter transformado a vida de Jac em um tormento e parar de machuca-lo mental e fisicamente já seria um belo começo. Posso explicar tudo ao pequeno Jacques, faze-lo entender.

  Entro na mente paralisada do Mystic, porém tudo encontra-se em um breu, escuro e vazio. Vozes começam a sussurrar à minha volta, não os vejo e parece que falam outra língua; Uma delas se sobressalta, a reconheceria até se falasse em latim debaixo d’água. Natacha.

  – Obrigada por parar o tempo mais uma vez Joaninha, mas... – Ela fala minha língua por um instante, enquanto outras vozes continuam a falar o idioma morto – Kuloq hyd pjx bmi Ky ikaljy

  “Não posso permitir que mude minha historinha” – Como eu sei o que ela disse?

  Talvez, de alguma forma Natacha permitiu-me saber de palavras e regras de seu idioma. Como por exemplo: “Ky” significa “meu” e “Ljy” significa história, conto ou até mesmo livro. Também sei agora que “Ika” no início das palavras as coloca no diminutivo.

  – As vidas de pessoas reais não fazem parte de seus joguinhos doentes! – Exclamo, ainda nada vejo, mas sinto eles, como se girassem ao meu redor – Quem são essas vozes Natacha?!

  – Que foi Joaninha? Por que grita? Esqueceu como era ser cega? – As vozes param, apenas a primeira kirian continua a rir – Desculpe-me, nunca soube o que são remédios. – A escuridão desaparece, tudo volta a ser como em qualquer mente, um vazio em branco, comigo e Natacha a preenche-lo. Porém, desta vez, há mais cinco pessoas também. – E, eles. Eles são antigos amigos. Por mais estranho que pareça Davina, eu já fui normal. Vivia como uma mortal, com meus irmãos, amigos, paqueras... até matar todos eles – Ela se aproxima de mim, e fecha o punho da mão esquerda, ao fazê-lo, os dois rapazes e três garotas perdem o foco no olhar e se põem de costas – Mas eles não se lembram – sussurra por fim.

  Os cabelos loiro-alaranjados de uma das garotas parecem translúcidos, assim como seus perdidos olhos azuis-esverdeados eram antes dela se virar. Por que eles parecem tão... sem vida.

  – Como você...

  Ela ri baixinho, como que para não acordar quem dorme na cama ao lado.

  – Nunca se perguntou como os Maikles sabem de tudo? Eles roubaram a séculos um artefato Mystic de magia negra. Com ele, trazem os herdeiros Maikles de volta em espírito, assim, existem muitos fantasmas bisbilhotando a ilha por aí... ou seja, quando você parou o tempo, tive duas opções, tentar controlar meu irmãozinho preferido, que seria inútil, ou, brincar um pouco com esse artefato – Ela estrala os dedos e as cinco almas vão embora – Mas toda magia tem sua consequência, diferentemente de nosso poder. As almas “resgatadas” ficam sobre domínio de quem as trouxe de volta e têm todas as suas lembranças, exceto como morreram.

  – Conveniente, mesmo assim, não deixarei nunca mais Jackson encostar um dedo em Jac – Imponho-me, de nariz empinado, mesmo que sobre uma mulher quase três vezes maior que eu.

  – Um punho você quer dizer – ela se ajoelha a minha frente – Parece determinada, então vai ser assim, pode fazer o que quiser com essa mente, desde que, tenha um pouco de ação antes. Envolva mais habitantes, machuque o Mystic, surpreenda-me. Vou emprestar o controle para você, a tarefa deste nível é manter Jackson paralisado por cinco segundos, se conseguir tal proeza, pode jogar a vontade por hoje.

  – Tudo bem – Engulo em seco. Não tem mais o que discutir, ela eu não posso vencer.

  – E, Joaninha! – Natacha me chama, enquanto já me virava para sair da mente de Jack – Eu juro que não sabia sobre esse destino de Leticia, não sou vidente.

Esse destino”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aos olhos de alguém" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.