1989 escrita por Juliane Bee


Capítulo 1
Blank Space.


Notas iniciais do capítulo

Olá galeraa! Muito obrigada a todos que apoiaram a ideia no grupo do face :) Sério, ver o quanto vocês queriam ler me deu um up para escrever. Vou logo avisando que não vou seguir a ordem do cd, as músicas entram na minha cabeça e a história sai, simples assim. Optei por começar com Blank Space pelo fato de que essa música pode ser interpretada de diversas maneiras. A primeira coisa que pensei quando sentei para escrever foi a parte: "Screaming, crying, perfect storms, I can make all the tables turn" e BOOM, uma traição. Não vou falar muito sobre, porque odeio spoilers hahah
Espero de verdade que gostem, e que acompanhem os próximos capítulos.
Alguém tem alguma sugestão para a próxima música? Qual delas vocês acham que eu deveria usar para escrever o próximo?
Era isso,
Uma boa leitura!
Não esqueçam de opinar, hein?
Beijão~



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'Cause we're young, and we're reckless

We'll take this way too far..

It'll leave you breathless or with a nasty scar.

(...)

— Rachel Berry, sai daí! - corri de volta até a sala, avistando uma bola de pelos completamente estirada em cima do meu computador. A gata me encarou sem se mexer - Por favor.. - quando está de mau humor é impossível conviver com ela.

Como a conversa não adiantou, tive que apelar para o empurrãozinho, levando um miado de irritação.

— Obrigada. - voltei a me sentar em frente ao teclado.

Eu deveria ter terminado esse trabalho na noite anterior, mas infelizmente não consegui. Assim como a Tris em Divergente, tive que abdicar de uma coisa que amo muito, minha noite de sexta feira com o Rafa.

Fiquei feliz ao ver que ele entende como a faculdade esta se tornando uma prioridade na minha vida, e que eu preciso focar mais nos estudos. Ele me apoiou bastante, e disse que estava tudo bem adiar para a próxima semana.

Mesmo assim não o deixei de lado.

Peguei meu celular - que estava ao lado de um dos livros que usava como base - mas ele ainda não havia ligado. Sei que esta tudo bem, essa não é a primeira vez que ficamos longe em uma sexta feira, e ele nunca foi do tipo que liga toda hora.

Quem faz isso sou eu.

Ainda segurando o telefone em mãos, senti que ele vibrava. Meu sorriso se desfez ao ver que não era ele, e sim Alice.

— Duda? - a voz dela saiu um pouco cortada.

— Me diz que você não está bêbada, Alice. - olhei no relógio - São apenas dez da noite, por favor.

— Não é isso. - escutei tocando ao fundo How Deep Is Your Love - Você tá com o Rafa?

— Não.. - estranhei a pergunta - Por que?

— Amiga, antes de tudo eu quero que você sente e respire fundo, tá legal? - falou rapidamente.

— Falando assim você me deixa preocupada, o que tá acontecendo? É com o Rafa? Onde você tá, Alice?

— Eu to na festa da Babi, a filha do amigo do meu pai, e sim, é sobre o Rafa. - ela ficou muda - Eu vou falar logo porque se fosse comigo eu gostaria de saber. - minha pulsação já tinha aumentado consideravelmente nessa hora - o Rafa tá aqui, Duda, e eu vi ele se agarrando com outra garota. Você pode achar que não é ele, mas eu tenho certeza. Eu já vi ele usando aquela camisa azul marinho..

— De poá. - falamos juntas - Alice, eu, ahn.. - minha mão tremia.

— Eu sinto muito, Duda. Queria que não fosse ele, juro, mas é o Rafa sim, é o seu namorado.

Continuei em silencio respirando fundo.

O principal era controlar minha raiva, não podia surtar.

1, 2, 3.

Claro, tudo fazia sentido agora.

As vezes em que ele simplesmente sumia sem retornar minhas mensagens falando que “estava ajudando meu pai na empresa”, ou quando voltou com um roxo na cintura falando que se machucou no futebol.

Mentiroso.

Ele sempre soube que não tolero traição.

Desgraçado.

— Duda, por favor, fala alguma coisa.. - Voltei a prestar atenção em Alice.

— Não é a primeira vez, não é? Por que você não me parece tão surpresa assim?

— Ele sempre foi galinha, você sabe disso.. - Sim, eu sabia. Fui idiota mesmo, não tem outra explicação. - Teve uma vez em que vi ele dando o telefone para uma garçonete, mas pensei que estava delirando por causa da bebida. Ele é o Rafa, qual é.

— Alice, onde é essa festa? - levantei da cadeira correndo até meu quarto.

— Você não tá pensando em vir até aqui, né? - bufei - Duda, você não tá bem. Eu posso ir até aí, vamos comer sorvete e assistir um filme do Nicholas Sparks juntas.

— Parece tentador, mas eu passo. Eu to bem, sério, super bem na verdade. - nunca que eu ficaria em casa me lamentando por causa dele - Você mencionou terça feira que era traje esporte fino, então só pode ser no Canela Fina. - óbvio - Me espere perto da entrada, Alice. Eu vou conversar cara a cara com meu mozão. - desliguei o telefone.

Eu já estava decidida.

Abri meu guarda roupa com tamanha força que arranquei o puxador.

— Mas que merda! - gritei. Respirei fundo mais uma vez.

Na terapia aprendemos a controlar o corpo e nossas emoções, é só saber a maneira certa de se acalmar.

Mas eu não quero relaxar.

Quero acabar com ele.

Peguei um vestido preto - afinal eu estava de luto pela nossa falecida relação - e calcei meu salto da mesma cor.

Rachel Berry sabia que estava acontecendo alguma coisa, na verdade, ela sempre soube. Nunca suportou Rafa, e todas as vezes que ele veio aqui ela se escondeu dentro do armário da cozinha.

— Agora eu entendo você. - confessei.

Corri até a sala pegando minha bolsa e as chaves do carro.

Depois de correr 2 andares de salto até chegar na garagem entrei no carro ofegante.

Um raio caí sim duas vezes no mesmo lugar, e mais uma vez eu fui trouxa. Deixei que a beleza dele cegasse meus olhos, camuflando seu caráter feio. Também, o que esperar de alguém que trata o garçom com desdém ou que não fala bom dia para o porteiro?

Burra.

Desde que nos conhecemos ele sempre pareceu perfeito demais, ou talvez eu que não quisesse enxergar seus defeitos.

Peguei um batom vermelho em minha bolsa, voltando a atenção para meu reflexo. Eu ainda não tinha chorado, falei que não faria isso por homem nenhum, mas mesmo assim eles estavam marejados.

Dessa vez doeu mais porque o sentimento é real, eu sou completamente apaixonada por Rafa - ou pelo personagem que ele interpretou quando estava comigo.

Enquanto dirigia até o lugar parece que tudo conspirava contra mim. Ao parar no sinal um casal apaixonado atravessava a rua de mãos dadas.

Buzinei sem parar, o sinal já estava verde, caramba - e também porque estava com inveja deles, pareciam tão felizes juntos.

Eu e Rafa também fomos felizes, mas não foi real.

Eu lembro que uma vez estava no banheiro feminino da faculdade e escutei uma conversa entre duas garotas.

“Amanhã vou sair com o Rafa, aquele gato da engenharia.”

“Ele não namora aquela loira sonsa?”

E então as duas riram.

Existem muitos Rafas que cursam engenharia, e eles também podem namorar garotas loiras.

Na hora fiquei triste pela garota que elas chamaram de sonsa, tinha certeza que não era eu já que havia combinado de sair com Rafa naquele dia.

Ele furou por ter um jogo com os amigos do colégio.

Aquele hematoma roxo não foi causado por uma cotovelada coisa nenhuma.

Idiota.

Pela fila de carros em minha frente deduzi que estava chegando no lugar. Minha inquietação estava tão grande, eu precisava ve-lo.

Um milhão de planos passavam pela minha cabeça, eu só queria vingança.

Assim que o último carro parou tratei logo de descer do carro jogando as chaves para o manobrista.

A fila na entrada estava enorme, mas consegui achar uma cabeleira vermelha perto da porta.

— Alice! - gritei.

Os seguranças já me olhavam com cara feia.

— Ela é minha amiga, chegou atrasada, olha só! - ela já estava ao lado deles.

— Sinto muito mas a senhorita não vai poder entrar. - o mais alto falou sério.

— O que? Mas eu fui convidada pela aniversariante, a lista é diferente.. - tentei argumentar.

— Não, moça. O final da fila é logo ali. - apontou. Senti minhas bochechas esquentarem.

Calma.

— Olha, eu preciso entrar agora, tá legal? É caso de vida ou morte, por favor! - ele negou com a cabeça.

— Não nos obrigue a expulsar você. - o outro homem foi mais gentil.

— Por favor..

— Ela tá comigo. - me virei notando que o primeiro da fila estava falando - É minha acompanhante, não estão vendo? - o encarei.

— Obrigada. - falei em um sussurro.

— Entra. - disse com má vontade colocando a pulseira em meu braço.

Não consegui agradecer o cara que me salvou, Alice simplesmente me puxou para dentro.

— Amiga! - me abraçou. Ela não estava mais sóbria como antes - Quer uma bebida?

— Só se for o sangue do Rafa. - ri fraca, mas a garota em minha frente franziu o cenho - Eu to brincando, Alice. Não vou fazer nada. Onde ele tá? - ela me puxou pela mão até uma parte mais afastada, a área da aniversariante.

— Duda.. - não consegui mais escuta-la. Meus olhos se fixaram em um casal que se agarrava em um dos cantos.

Era mesmo ele.

Durante o caminho até aqui uma parte de mim ainda duvidava de que ele realmente tivesse feito isso.

Mas ele fez.

Andei calmamente até lá. Em meu pensamento só o barulho do salto tocando o chão ecoava.

— Então é desse jeito que você aproveita seu tempo longe de mim, mozão? - sorri cínica.

Ele afastou a garota abruptamente me encarando sem reação.

— Duda? - o rosto dele estava manchado de batom vermelho. Cretino. - Eu posso explicar..

— E existe explicação, canalha? - me aproximei dele - Você é um escroto, Rafael. Eu fui burra esse tempo todo pensando que você era um cara bacana, que gostava de mim, mas não.. - balancei a cabeça - Seu merdinha!

— Pode parar por aí, não tem essa necessidade de me xingar. - levantou as mãos - Você sabe que eu amo você, amor. - sorriu.

— Amor? Você nem sabe o que é isso! Eu pensei que você fosse um cara diferente quando te conheci, mas você é só mais um babaca. - a música estava alta demais e minha garganta estava doendo de tanto que gritava.

— E você é uma chata, Duda! Fica ligando uma vez por dia, me controlando.. - o interrompi.

— Isso se chama preocupação, carinho! - ele riu sádico.

— Carinho? Então porque você não saí comigo, só quer ficar naquele apartamentinho estudando? A gente não se diverte, Duda. É sempre o que você quer, nunca o que eu quero. As vezes eu só quero curtir com a minha namorada, aproveitar bem meu dinheiro. Além do mais você nunca fica chateada, não briga, não faz nada, parece um robô sem reação. É sempre a mesma coisa toda sexta feira, toda semana, todo mês. Você me cansa, Duda.

— Primeiro que não sou sua escrava para fazer o que você quer, isso aqui é.. era - me corrigi - um relacionamento, e a gente sempre fez tudo junto. Mas sabe, enquanto dirigia pensei em como gostaria de te ver sofrer, pensei em pagar na mesma moeda, mas não, você não merece. - respirei fundo - Eu não sou rica como você que é um baita filhinho de papai, tudo que tenho é fruto do meu trabalho. E me desculpa se eu me preocupo com meu futuro, quero me formar, trabalhar. Se você sempre pensou que eu vou ser sua empregada, a mulher que vai ficar em casa cuidando de tudo, se enganou. Eu sempre me virei sozinha, não preciso de nenhum homem pra me bancar. Eu não namorei você por dinheiro, Rafael, e sim por amor.

O encarei em estado de choque. Ué, ele não queria uma reação?

Percebi então que não sentia mais nada. O Rafael que eu conheci, que amei, não existe, nunca existiu.

Era uma fantasma que tinha ido embora.

Gargalhei alto, eu estava livre.

Me aproximei dele o encarando nos olhos.

— Alias, você nem é tudo isso que dizem.. - Concentrei toda força em minha mão direita e acertei em cheio sua face - Está aqui a reação que você queria. Acabou, Rafael.

Dei as costas a ele com a certeza de que tinha feito o certo.

Notei que um bolinho de pessoas tinha se formado ao nosso redor, e me senti envergonhada. Pude perceber que já haviam algumas fofocas no ar, mas o sorriso de algumas garotas fizeram valer a pena. Eu não fui a primeira e nem vou ser a última a passar por isso.

— Ai Meu Deus! - Alice se pendurou em mim - Eu to tão orgulhosa de você, vamos comemorar!

— Não, nós vamos para casa. Hoje já deu o que tinha que dar, e eu não vou deixar que ele estrague meus planos. Tenho que terminar meu trabalho já que a faculdade sempre foi minha prioridade. - ela sorriu.

— Então o drink fica para próxima. - Alice levantou uma sobrancelha. Virei para ver quem falava comigo, e era o cara da fila.

— Muito obrigada por ter me ajudado antes, sabe. - o encarei. Não tinha percebi o quão magnético seu olhar era. - Eu tinha que resolver umas coisas..

— Eu percebi, e parabéns pela coragem.. - ri sem graça.

— Eu sou Alice. - a garota ao meu lado o cumprimentou com um beijo no rosto, se desequilibrando em seguida.

— Eu tenho que ir, e mais uma vez, obrigada por antes.. - Ele era bonito sim, mas não queria saber de nenhum tipo de envolvimento amoroso agora.

Puxei Alice com força tentando sair do lugar.

— Percebi que sua vida é bem agitada - ele estava agora ao meu lado. Persistente ele. - será que tem um espaço em branco pra mim? - sorri encarando aqueles olhos castanhos.

— Vou escrever seu nome na minha lista, quem sabe? - Dei de ombros me despedindo dele.

Agarrei a mão da ruiva tentando me esquivar das pessoas que tentavam entrar.

Olhei para trás para ver se tudo isso tinha sido mesmo real, e ele continuava lá, imóvel.

— Eu sou Gustavo! - gritou.

Ou meu próximo erro - sussurrei.

Só que dessa vez valeria a pena.

(...)

Oh my God, look at that face

You look like my next mistake

Love's a game, wanna play?


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram?
Não esqueça de deixar seu comentário que me ajuda pra caramba! Hahaha
Um final de semana maravilhoso,
Se cuidem!
Até o próximo capitulo!
Ju.