My only fix is you escrita por Sra Lecter


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

In the space between what's wrong and right...



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A mulher deslizava as mãos sobre o corpo pálido de Gillian, que não sabia reagir a tal toque. Os cabelos castanhos, curtos e ondulados, da mulher balançavam quando ela mudava de posição. Os dedos da estranha deslizaram por seus seios. Quando chegaram próximo a virilha de Gillian ela contorceu-se afastando as mãos da mulher

O que poderia Gillian fazer? Ceder e deixar-se levar por seus instintos. O desejo era inegável. Mas Gillian não seria capaz de tal ousadia.

A mulher nua deitou-se sobre o corpo nu de Gilian e movimentou-se vulgarmente, ou sensualmente, Gillian não conseguia decidir. Como poderia ela entregar-se para essa desconhecida que entrara nua em seu quarto e simplesmente começou a tocá-la? Como poderia?

Gillian olhava para o rosto da mulher. Os olhos castanhos, os cílios longos, o nariz pequeno, os lábios carnudos, eram o que mais chamava atenção. Com os olhos encarando os lábios da mulher deslumbrante em seu colo ela pensou em beijá-la. Pensou em provar, finalmente, aqueles lábios. Mas ela já sabia o decorrer da cena.

As mãos de Gillian foram elevadas até os seios da mulher. Ela segurava-os, como quem segurava um objeto de vidro. Não queria estar fazendo aquilo, mas era, obviamente, excitante. Com o pensamento inocente de uma criança, apenas admirou o contraste da pele bronzeada da mulher com sua pele pálida. Procurou à beleza daquela cena, ela poderia escrever milhares de palavras sobre como fora indescritível.

Após alguns minutos a mulher, já irritada e ainda incrédula, por não conseguir tirar de Gillian nada além de alguns gemidos, se levanta e caminha em direção a porta. Antes de abrir-la olha, uma última vez, para Gillian, que ainda estava sentindo a vibração, a excitação, que os toques da mulher lhe causaram. Sem dizer nada, ela nunca diz, a mulher vai embora. Deixando, mais uma vez, Gillian.

-Não vá. –Gritou Gillian ao acordar. Sentou-se na cama.

O mesmo sonho, com a mesma mulher, com o mesmo cabelo castanho e seu corpo nú. Não havia explicação para ele. Não conseguia acreditar que o seu inconsciente continuaria pregando aquela peça, continuaria a fazê-la sonhar com uma desconhecida.

Ela passou a mão no gato deitado ao seu lado. Fernando, o gato, espreguiçou-se e abriu os olhos. Gillian encarou os olhos azuis do gato com seus olhos de mesmo tom. Possuía um amor indescritível pelo bichano. Continuou o acariciando.

-Deveria procurar um terapeuta, não acha? –perguntou para o gato. Logo riu com a ironia.

Especializou-se nessa área para justamente entender a si mesma. Mas com o passar do tempo acabou concluindo que nunca será capaz de entender-se ou de entender os que a rodeiam. Sempre será um mistério para si mesma.

Ela encarou a porta, por algum motivo esperava que a estranha adentra-se seu quarto e ficasse sobre ela, completamente nua. Mas nunca aconteceria. Gillian já estava ficando paranóica, pois sonhara com essa mulher por anos, mas nunca conseguira encontrar ou conhecer tal mulher fora do mundo dos sonhos.

Deu de ombros e deitou-se. Acariciou Fernando até pegar no sono novamente, desta vez sem sonhos, apenas o breu.

***

-Acabou. –diz Olivia para o noivo que a encara descrente.

-Como? O que quer dizer, Olivia? –pergunta ele.

-O noivado acabou, Nick. –diz ela tirando o anel de compromisso do dedo e atirando sobre ele.

-Por que, Liv? –ele pergunta.

-Você sabe. –diz Olivia virando-se para ir embora.

-Mas... –ele pensou em correr atrás dela e fazê-la ficar. Afinal era apaixonado por ela. Mas sabia o porquê do termino e também sabia que Olivia não o perdoaria. Ela não suportava a ideia de ser traída, muito menos ser traída de fato. Era melhor assim. Deixá-la seguir em frente. Deixá-la viver sua vida. Ele não poderia mais machucá-la.

Olivia encara o próprio carro. Pega celular no bolso da calça, a foto dela e de Nick como papel de parede não a ajuda. Mas permanece firme, nem uma lágrima sequer. Adentra o carro.

Poderia ir até o consultório de seu terapeuta e solicitar uma sessão especial, ela estava precisando. Precisava compartilhar seus pensamentos com alguém. Ela poderia fazer isso, mas o doutor havia viajado e passaria a semana em Londres. O que fazer agora? Poderia ligar para uma amiga, mas Amanda está passando por muito estresse e Olivia não gostaria de deixá-la mais tensa despejando seus problemas e preocupações sobre ela. Talvez Fin, talvez Barba. No fim ela resolver ir até uma cafeteria. Ela suportaria aqueles pensamentos sem ajuda de ninguém.

Dirigiu até uma cafeteria próxima. Ao abrir a porta um pequeno sino balançou tocando e todos ali dentro olharam-na. Sentou-se, tirou a touca, e pediu uma xícara de café.

Tentou não pensar em Nick, ou no fim do noivado, não pensar na vida, ou nas peças que ela prega, não pensar, simplesmente.

-Dia difícil? –perguntou a garçonete colocando a xícara sobre a mesa.

-Sim. –respondeu Olivia encarando a morena com os cachos volumosos.

-Não se preocupe, querida. A vida continua. Talvez seja pra ser assim. Talvez algo melhor aconteça. –a garçonete pisca e abre um largo sorriso.

-E se não acontecer? –pergunta Olivia com um pequeno sorriso.

-Vai por mim, acontecerá algo. E bom... Se não acontecer pode me ligar. –ela pisca novamente e Olivia não consegue evitar um riso.

Um homem alto atrás do balcão do caixa. Grita com a garçonete mandando-a servir as mesas, pois não é paga para cantar as clientes. Ela revira os olhos e encara Olivia.

-É sério. Você vai ficar bem. Talvez não amanhã. Mas vai ficar um dia. Não se preocupe. –diz ela sorrindo.

O homem grita mais uma vez, agora a chamando pelo nome, Bárbara, e ela vai para outra mesa.

O celular de Olivia vibra ao mesmo tempo que o sino acima da porta toca. Olivia vira-se para ver quem acabara de entrar. Loira, magra, olhos azuis, talvez um metro e sessenta de altura, com um vestido preto até os joelhos, com detalhes em renda, vestia um blazer vermelho sobre o vestido. Gillian acabara de entrar. Olivia acompanhou com os olhos a mulher até a mesa que ela sentou. Apenas não conseguia tirar os olhos daquela mulher desconhecida, que estava muito elegante para beber um simples café.


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Notas finais do capítulo

Aguardo cometários.