Eu escolho Paris escrita por nana


Capítulo 4
Eu escolho Paris - parte IV


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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...

Depois de encerrar a ligação, Emily arrastou-se para a cozinha onde seus pais haviam voltado a sentar-se e tomavam o resto do café.

– Filha, seu café ficou pela metade – falou o sr. Fields.

– Já não tenho fome. Acho que vou voltar a dormir, estou cansada – retornou ela – não esqueçam, amanhã tem o casamento da Alison – completou, antes de subir as escadas.

– Eu deveria ir falar com ela? – Perguntou a Sra. Fields de forma incerta – ela é minha filha, precisa de mim, certo?

Wayne apenas acenou com a cabeça em sinal positivo e Pam subiu as escadas, atrás de Emily para encontrá-la jogada sobre a cama, com sinais nos olhos de que já começara a chorar.

– A loja de trajes... – Emily volteou-se para ver a mãe que parara ao lado de sua cama, puxara a cadeira da escrivaninha e se sentara a seu lado – eles vêm deixar nossos trajes para a festa no fim desta tarde.

– Ok – murmurou ela, enquanto as lágrimas começavam a cair novamente pelo seu rosto.

Pam levantou-se da cadeira e sentou-se na cama, puxando Emily para o seu colo.

– Mãe – Emily falou entre soluços – você não precisa estar aqui, não quero que me veja assim.

– Eu sou sua mãe. Aqui é meu lugar.

Emily se deixou abraçar e soluçou até que toda a tristeza e tudo mais que havia nela pareciam ter se esvaído com as lágrimas.

– Dói tanto – conseguiu falar finalmente – queria conseguir lhe explicar, mãe, mas nem eu sei o porquê desse bendito sentimento que não sai de mim!

– Eu sei. Shhh... tem coisas que a gente não pode controlar e o amor é uma delas, minha filha.

– Mas passaram 5 anos, mãe! Eu fui para longe, achei que ia esquecê-la e agora estou de volta e parece que nem passou tempo algum! – Choramingou – mãe... você não sabe quantas garotas eu levei para o cinema, quantas levei para jantar, quantas tentei beijar e sentir alguma coisa, o que quer que fosse, mas vivi como um ser dormente durante todos esses 5 anos, a única coisa que conseguia sentir era esse amor enorme e essa saudade imensa de tudo que nunca vivi! Isso é impossível, mamãe! – Quase gritou - Isso não é normal.

Pam apenas a abraçou forte e permaneceu aí, abraçando-a forte, enquanto o corpo de Emily voltava a sacolejar-se devido aos soluços e as grandes lágrimas que rolavam pelo seu rosto.

...

– Mal posso acreditar que estamos todas juntas de novo – comentou Aria, sorridente – bom, não todas no sentido exato da palavra... onde diabos se meteu a Emily? Liguei para ela a tarde toda e não me atendeu!

– Eu liguei para a casa dela, pela manhã... já que não atendia o celular. Me falou que a Sra. Fields precisava dela para umas coisas hoje.

– Que tipo de coisas? – Spencer perguntou inquisidora.

– Emily não falou de que se tratava.

Spencer e Hanna entreolharam-se, os olhos claros como água de Hanna mostravam a Spencer que elas pensavam exatamente o mesmo: Emily não estava bem. Ela não podia estar bem. Não quando todos sabiam tanto quanto ela que Emily era e sempre seria apaixonada por Alison, que estava a nada mais que a 24 horas de seu casamento.

Voltaram seus pensamentos para a conversa entre as amigas, pois Aria parecia querer contar alguma novidade.

– Ezra me pediu em casamento!

Aria, no geral, parecia um anão de jardim, mas quando falara aquilo, com a felicidade tão grande que parecia tê-la feito crescer de tamanho e a sensação de que casar-se realmente te torna maior e mais maduro... uau, naquele momento ela parecia bem maior do que era.

– Você disse “sim”? – Indagou Hanna entusiasmada.

– Claro, né!

– O que está acontecendo com vocês? – Perguntou Spencer incrédula – Por que está todo mundo casando?

– Eu não, viu – defendeu-se Hanna.

– Aria – falou Spencer devagar – você e o Ezra estiveram juntos esse tempo todo e atravessaram tudo o que atravessaram e se amaram mesmo quando não estavam juntos. Por que precisam casar agora? Sem casar é tão mais fácil, vocês podem morar juntos e aí é igual casar, só que sem chateação se não der certo, entende? Vai cada qual para o seu lado e pronto! – Respirou.

– Mas é exatamente por tudo isso, Spence... se nós pudemos passar por tantas coisas juntos e separados, por que não casar? Casar é apenas consequência do amor.

– Casar complica as coisas! Veja seus pais, veja MEUS pais, veja os pais de Hanna!

– Os pais de Emily deram sorte – comentou Alison.

– Ah! Você ter falado me lembrou do seu casamento! Para que, Alison?

– Nós já moramos juntos, Spence, não temos por que não casar!

– Mas esse é o ponto – continuou Spencer como se fosse óbvio – vocês já moram juntos!!! Isso é casamento sem complicações judiciais! É a coisa mais incrível que já inventaram, vocês não percebem?

Alison, Aria e Hanna riram a gargalhadas dos comentários de Spencer. Não que, em certa medida, ela não tivesse razão. Mas a maneira que falara era tão desesperada que até parecia que era ela quem se casaria dentro de pouco tempo, quando, na verdade, nem namorando Spence estava.

– Bom – comentou Hanna – vocês sabem, vendo racionalmente, Spence tem razão!

– Eu sempre tenho – completou Spencer.

Quando o assunto do casamento morreu e as meninas cansaram de falar bobagens sobre suas experiências na faculdade e de encher Alison de perguntas – especialmente Aria – sobre como era viver a dois, todas saíram em direção a suas casas: era tarde, precisavam descansar, pois amanhã seria o grande dia de Ali e todos estariam o dia todo preparando-se para a grande festa.

Spencer foi a única que decidiu que ainda era cedo para ir para casa. Não seria a primeira noite que iria dormir tarde. Na verdade, se passasse a noite toda em claro, mesmo assim, não seria a primeira vez. Decidiu, então, que daria uma passada pela casa de Emily antes de voltar para casa. Tirou o carro da garagem e dirigiu em silêncio, pensando o que diria quando chegasse à casa de Emily, como a confortaria. Mas percebeu que não sabia exatamente como começar, então deu meia volta e foi bater na casa de Hanna. Hanna sempre falava as coisas na lata, sem pensar muito, ela ajudaria.

– Olá, Sra. Marin – cumprimentou Spencer à porta.

– Ashley, Spencer. Vocês já não são mais crianças – a abraçou.

– Hanna já chegou?

– Sim. Não estavam juntas na casa da Alison?

– Sim, sim. Mas Emily não foi e eu estava pensando em dar uma passada lá e pensei que a Hanna poderia vir comigo.

– Tenho certeza que ela vai. Entra – “HANNA” gritou desde o pé da escada, “Spencer está aqui” – ela logo desce – disse ao voltar para a sala, onde Spencer esperava – como estão as coisas em casa?

– Melissa finalmente casou e foi embora, dessa vez o noivo dela não se apaixonou por mim – Spencer tossiu após perceber o que havia confessado para a mãe de uma de suas melhores amigas.

– O-kay – falou Ashley pausadamente.

– Meus pais finalmente se separaram. Demoraram, mas perceberam que não tinha futuro. Eles estão bem. E eu estou por aí... escolhi disciplinas do direito no meu primeiro ano, para seguir a carreira que meus pais sempre quiseram. Daí percebi que não tinha nada a ver comigo e que a vida é muito curta para não fazer o que se ama, então, com as minhas economias, me mudei para Nova Iorque, comecei a trabalhar meio período em um café e fui estudar música na Juilliard. Perdi o primeiro ano, mas como música é um curso mais curto que Direito, aqui estou eu. Pianista formada – sorriu – talvez não pareça muita coisa, mas vou começar o mestrado e já comecei a trabalhar num grande conservatório em Nova Iorque – continuava a sorrir, mas agora de forma tímida.

– Parece muita coisa, sim – Ashley sorriu – tem cara de quem ama o que faz e isso é maravilhoso.

– Spence – Hanna a abraçou por trás – já conheceu minha futura professora de piano, mamãe?

– Eu adoraria que você aprendesse a tocar piano – Ashley comentou, quase iludindo-se.

– Por que que eu fui dar ideia? – As três riram – casa da Emily, né? – Perguntou Hanna, lembrando-se das entreolhadas entre as duas.

– É...

– Vamos.

...

Mesmo relutante, pois sabia que a filha não estava bem para receber visitas, Pam Fields deixou que as velhas amigas de Emily entrassem. De qualquer forma, Emily havia estado mal por todos esses anos e havia estado muito mal hoje, não podia piorar, podia? Quem sabe rever suas amigas até a ajudasse.

– noc-noc – Spencer murmurou como se estivesse batendo à porta.

– Spence, Han! – Cumprimentou Emily, sentando-se na cama.

– Nós estávamos com saudades! 5 anos à base de telefonemas é muito tempo – reclamou Hanna – o que você fez o dia todo?

– Eu fiquei deitada aqui, chorando – respondeu sinceramente, em um tom de riso meio sarcástico.

– E o que você pretende fazer sobre isso? – Spencer indagou seriamente.

– Sobre ter passado o dia chorando? – Emily retornou.

– Sobre Alison estar a ponto de casar-se – Hanna respondeu, tocando-lhe a testa – hello???

– Hanna – Spencer a cutucou.

– O que é? Alguém tem que falar! Emily, você passou anos amando essa mulher em silêncio ou dizendo as coisas pela metade ou deixando para depois! Já está passando do tempo de você se impor! Chega lá, taca-lhe o beijo na boca e diz que a ama e pronto! Diga a ela que não case, diga a ela que quer uma oportunidade. FALE! Faça algo!

– Hanna – Spencer cutucou de novo.

– Está tudo bem, Spence – Emily interrompeu – você está certa, Han, eu fui uma covarde todos esses anos, eu poderia ter ficado, poderia ter vindo nas férias, poderia ter me mantido presente na vida dela de alguma forma, mas escolhi me esconder com esse sentimento. Porque era mais fácil. E agora não tem mais o que fazer. Já era!

– Alto lá. Já era nada – falou Hanna – ela ainda não casou!

– Eles moram juntos, Hanna, dá quase no mesmo.

– Não, Emily – contestou Spencer – talvez até pareça o mesmo, mas tem uma grande diferença: ela pode separar a qualquer momento, sem maiores complicações!

– Gente... eu agradeço mesmo por vocês terem vindo até aqui me dar esse apoio, esse impulso... mas, vocês acham que seria justo? Alison tem uma vida com ele, ela é feliz, eles vão casar. Como eu poderia bagunçar tudo isso justo agora?

– Em, a vida não é justa! Charlie-barra-Cece nos fez viver um inferno por anos sem que nós sequer soubéssemos da existência dela!

– Sra. Cavanaugh foi morta sem ter feito mal a ninguém – Spencer adicionou.

– E Jenna! Jenna ficou cega por uma brincadeira que nós nem tínhamos intenção de fazer realmente – Hanna lamentou.

– Toby decidiu deixar-me fora da vida dele em seus momentos mais delicados, justo eu que sempre estive com ele, para tudo – completou Spencer – a vida não é justa, Emily. É cada um por si. A gente faz o que pode.

– Mas... eu a amo, de verdade. Eu não poderia fazer isso. Eu não conseguiria.

– Você acredita no que sente por ela? – Perguntou Spencer.

– Claro que sim!

– E acredita, nem que seja só um pouco que ela possa sentir ou tenha sentido algo tão forte quanto o que você sente? – Spencer continuou com as perguntas.

– Lá no fundo... sim. Quero dizer, ela me falou que meus sentimentos não eram unilaterais uma vez e nós...

– O que? – Perguntou Hanna curiosa.

– Nós tentamos dormir, mas não conseguimos. Percebemos que não adiantava fazer de conta, ambas estávamos acordadas.

– E? – Hanna pediu que ela prosseguisse.

– Aconteceu.

– Não! – Hanna falou quase histérica, parecia uma adolescente de novo – como você nunca me contou que você e Alison tinham transado?

– Hanna – Spencer cutucou-a pela terceira vez durante a conversa.

– Não sei... Alison nunca mais voltou a falar sobre isso. Sei lá. Só achei que não tinha mais o que falar mesmo. Aconteceu.

– Mas, Emily – Spencer falou – e se? E se Alison ainda sentir algo, nem que seja um pouco do que ela sentia naquela época? E se ela não for tão feliz assim? E se essa for sua única chance de arriscar e tentar viver tudo que você sempre quis com a pessoa que você ama?

– Há muitos “e se” nessa história, Spence...

– A vida é feita de “e se”, Em – Spencer continuou – a vida é feita de mil e umas oportunidades que temos e deixamos passar e depois ficamos nos martirizando e perguntando por qual razão não resolvemos pelo menos tentar! O seu futuro com Alison está nas suas mãos, Em, só nas suas mãos!

– Eu não quero ouvir um “não” – confessou ela – já dói demais, Spence.

– Do jeito que está vai doer sempre – Hanna falou seriamente – mas você pode tentar e quem sabe mudar isso ou você pode não tentar e continuar na mesma, é um risco a se correr, Em. Você precisa decidir.

...


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Notas finais do capítulo

O que tem a dizer sobre a história? Me fala o que você pensa lá nos comentários :)



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