Os garotos estavam distribuídos nos quartos de visita da grande casa dos Jones, quando Ethan chegou à sala de fumo, o lugar preferido dos Jones, pai e filho. Caleb já estava lá, olhando pela janela inteiriça o belo jardim de tulipas.

— Se resolveu com a B? — Caleb perguntou friamente para Ethan sem ao menos olhar para ele, a primeira vez que eles trocavam uma frase.

— É. A gente voltou. — Ele sorriu, receoso. — E você e a Madison?

— Hum?

— Você sentou ao lado dela e eu vi vocês se abraçando no jardim. — Quando o amigo entortou o canto da boca em descontentamento, ele acrescentou. — Só eu vi, acho.

— Nada demais, a gente só conversou.

— Ah, não brinca comigo. Caleb Jones só conversando?

— As pessoas mudam. — Ele deu de ombros. — Não me interesso em ter nada com ela. — E pegou um charuto na caixa de madeira em cima da mesa.

— E isso significa que?

— Não tenho interesse, só isso. — Disse, dando um sorrisinho amargo. — Não vai me fazer bem, ainda mais ela. Afinal, eu ainda tenho regras com a Blair.

— Você que sabe, talvez seja melhor assim, senão podia se estranhar com o Wood, e agora que ele é da máfia pode parecer uma má ideia.

— Hum. — Ele fechou a cara instantaneamente. Ethan percebeu o erro.

— Olha, cara.... Me desculpa eu ter ido para cima de você na sexta. É que eu.... Não me controlei.

— Idiota. — Eles se abraçaram como irmãos. Não deixavam de ser, de qualquer forma.

— Mas então.... Você disse que a amava?

— É... — Caleb suspirou. — Por quê?

— Engraçado. Nunca vi você falar isso de ninguém. Nunca. — Acrescentou.

Caleb apenas deu de ombros novamente. Kyle entrara na sala logo em seguida.

— Foi mal, atrapalho?

— Jamais! Senta aí, autoridade.

— Ah cala a boca. Olha, a Scarlett e as meninas estão vindo. — Olhou para a janela. — Vamos descer.

— Tem certeza que não?

— Eu não sei, não ouço mais...

— Querido, eu sei que é estranho, mas se você não ouve mais a voz dele é um bom sinal. Isso parou quando?

— Não lembro. Acho que parou depois do jogo quando fomos para a casa do Ministro...

— Isso é ótimo filho. Não se preocupe, vou falar com a tia do seu pai. Ela sabe o que isso quer dizer.

— É uma bobagem, disse que seria quando eu fizesse algo que ele não faria.... É ridículo.

— Eu sei. Tenho que desligar, Jason. Greg está me chamando. Até logo.

— Até. — Jason desligou o celular nervosamente e acendeu um cigarro. Não sabia se aquilo era realmente bom ou ruim.

♦

— Madison... O que você estava fazendo com o Caleb lá fora? — Blair olhou torto, enquanto as amigas iam em direção à Mansão Jones.

— Hã? Ontem? — A loira levantou a cabeça um pouco confusa.

— Sim.

— B, não precisa disso... Ele estava precisando de um apoio e eu conversei com ele. Só conversei. — Acrescentou, quando a morena abriu a boca.

— E o que mais?

— Eu sei muito bem que você também gosta dele, não se preocupe. Só acho que agora que você está com o Ethan e acho que seria bom você esquecer o Caleb. Não por ele, muito menos por mim. Mas pelo Ethan.

— Não, claro.... Isso era planejamento meu já. — Ela abaixou a cabeça. Madison a abraçou. — É que eu não sei se eu realmente gosto do Ethan como eu gosto do Caleb... Ele sabe todos os meus segredos, minhas manias, meus vícios...

— Vou te falar exatamente o que eu disse para o Caleb: Talvez você precise se concentrar no fato que ele nunca foi nada mais que um amigo para você e que outra pessoa maravilhosa esteja te esperando. No caso, o Ethan. Ele me parece muito arrependido de tudo o que aconteceu.

— Eu sei. E por mais que eu e Ethan sejamos meio que destinados um ao outro, é que o Caleb.... Nós temos uma sintonia surreal. — Ela sussurrou tristemente.

— Você tem que se decidir... E uma vez decidida, não pode voltar atrás.

— Eu vou pensar nisso.

— Sempre aqui para você, B. — Ela suspirou alto.

♦

— Jason, você está muito estranho, sabia? — Hayden notou o amigo acender o quinto cigarro antes das três da tarde.

— Oi? — Murmurou sonhador.

— Você, estranho.

— Porque deveria estar? — O loiro retrucou nervoso, coincidentemente após ouvir Caleb recepcionar Scarlett com um grito.

— Aconteceu alguma coisa na Scarlett que eu deveria saber?

— Não. — Ele olhou meio atormentado, o que Hayden notou. O garoto deu uma risada discreta e perguntou:

— E alguma coisa que eu não deveria saber?

— Hã? É claro que não!

— Adoro quando você fica nervoso, você sempre fala tudo! — Hayden riu, saindo do quarto com o loiro em seu encalço.

— Cala a boca Hayden, não tem nada demais! Eu só...

— Você só...? — O sorriso malicioso do garoto triplicou quando Jason se repreendeu.

— Nada, vamos embora! Eu vou passar na minha casa depois. — Ele resmungou, irritado.

— Como quiser! — Levantou as mãos para o alto, rindo.

♦

Scarlett estava no provador quando recebeu uma mensagem de texto anônima.

Bargain, às cinco.

— Meninas, encontro vocês depois... — Ela falou de dentro da cabine. — Eu esqueci meu cartão em casa, eu vou buscar.

Ela não sabia por que, nem como, mas aquela mensagem tinha um imã. E ela não ousava escapar dele.

Entrou no Porsche e seguiu rapidamente para o Bargain, um bar luxuosíssimo quase sempre vazio fora das férias, por que havia boatos de que era antigamente frequentado por vampiros. A cidade era muito supersticiosa e quem tomava conta do lugar eram os adolescentes. Durante as aulas, o local era deserto.

— Scarlett? — O barman sorriu. — Primeira porta.

— Obrigada. — Ela girou a maçaneta, temerosa, quando dois braços fortes a puxaram para dentro. No escuro, as mãos dela foram seguradas para cima.

— Quem...?

— Vem sem saber quem é? — A voz riu debochada, interrompendo-a.

— Eu ia perguntar quem te deu a ideia idiota de se encontrar aqui.

— Prefere na sua casa? — Ele sussurrara em seu ouvido, fazendo-a se arrepiar. — Na sua varanda, ou no seu quarto? — Riu baixinho, os dedos frios tocando-lhe a nuca enquanto ele tirava-lhe o cachecol azul. — Vamos, Wright.... Nós sabemos que não é assim. Não somos comuns, não precisamos de locais comuns.

— O que você pensa que está fazendo?

— O que eu deveria ter feito faz tempo. — Jason sentou em um sofá, puxando ela para si em seguida, beijando-lhe todo o pescoço lentamente. As mãos frias atravessaram a malha de cashmere verde e aproximaram-se da pele quente e macia da barriga dela.

— Black...

— O que?

— Para de enrolar e me beija.

— Eu não ouvi.

— Me beija Jason.

Ele não esperou outro pedido: colou imediatamente os lábios nos dela, enquanto suas mãos passeavam pelas costas do garoto. Jason retirou a malha dela enquanto ela arrancava-lhe a camisa.

Deitada, Scarlett o puxou para cima dela, afundando os dedos nos cabelos louros, enquanto ele passava a mão por suas pernas. Quando Jason desceu as mãos para abrir a calça apertada da ruiva, ela levantou-se rapidamente, colocou as blusas e o cachecol.

— O que você pensa que está fazendo? — Ele gritou irritado.

— O que você não queria que eu fizesse. — Por mais escuro que tivesse, ele conseguiu ver o sorriso de deboche. Ela se aproximou, tascando-lhe um beijo na boca. — A gente se vê depois, Jason. Até mais.

— Tchau, Scarlett. — Ele resmungou aborrecido. A ruiva parou por um segundo ao ouvi-lo dizer seu nome. Ou talvez houvesse uma razão a mais para o coração dela ter acelerado. Ela saiu rapidamente, porque sabia que se ele a alcançasse ela não iria resistir.

♦

Scarlett encontrou-se com as garotas entrando em uma loja de sapatos na praça central e depois de algumas horas de compras, eles foram ao Stellamari Palace, um hotel caríssimo, localizado na praça mais chique de Stonefall. Jason já estava com eles, naturalmente, e nem a olhara quando ela se sentou entre Blair e Frank.

Nem precisaram pegar fila para conseguir uma mesa, apesar de o restaurante estar lotado de celebridades e milionários. Depois de quinze minutos de bebidas à vontade e muitas risadas, os pratos chegaram. Scarlett afogava seus camarões no molho, totalmente absorta no que ocorreu naquela tarde para pensar na conversa dos amigos. Blair a cutucou discretamente.

— Pegou seu cartão?

— Hã? Que cartão? — Ela olhou distraída.

— O cartão que você disse que esqueceu em casa.

— Ah, sim... eu peguei. — Scarlett sorriu e tentou se inteirar na conversa. Aparentemente Ethan e Hayden tiveram os cadarços dos tênis amarrados por um garoto arteiro em uma loja.

— Ver os dois tentando andar sincronizado foi a coisa mais engraçada do ano. — Kyle gargalhou, segurando a mão de Zoe.

— Aliás, Jason, onde você esteve esse tempo todo? — Aaron perguntou.

— Eu estava em casa, mas me esqueci de que as garotas voltaram para a França e que minha mãe viajou com o Greg.

— Engraçado, achei que você estava no Bargain.

— Por quê?

— Porque você saiu da loja e entrou no Bargain, mas não te vi sair de lá.

— Hã? No Bargain? — Kyle olhou torto. — Espera, eu vi você entrar no Bargain hoje, Scarlett.

— Hã?

— Você estava no Bargain, por quê?

— Eu me senti enjoada. Entrei, comprei uma tônica e fui para casa pegar meu cartão.

Todos pareciam ter aceitado a história. Scarlett abaixou a cabeça aliviada. O jantar correu sem mais nenhuma pergunta constrangedora. Jason e Scarlett se encaravam algumas vezes, mas não dirigiam a palavra. Quando terminaram, Aaron levantou-se com a taça de champanhe.

— Eu gostaria de fazer um brinde. Sei que as coisas têm estado um tanto estranhas de repente, mas... um brinde à nós. Por nos unirmos aos inimigos, deixarmos as diferenças, respeitarmos uns aos outros e principalmente por perdoarmos o passado.

— A nós! — Gritaram em uníssono.

Eles viviam em uma felicidade inatingível. E não se preocupavam até quando ela ia durar. Infelizmente, não seria por muito tempo.