E mais uma vez a garota de cabelos negros estava parada ali, em uma noite escura onde nenhuma estrela habitava o céu, ela se mantia ajoelhada em frente ao memorial. O vento gelado empurrava para longe de seu belo rosto os fios negros, deixando em evidencia seus olhos castanhos, eles eram parecidos demais, com rapidez a garota passava seus olhos pelos nomes, a realidade era que ela sabia muito bem onde estava o nome que procurava, mas era sempre do mesmo jeito, ela não sabia se ficava ansiosa ou nervosa, e por via das duvidas lia todos os nomes que vinham antes do dele com uma rapidez impressionante.

Uchiha Obito. Estava bem ali o nome que procurava de maneira tão desesperada, a garota se permitiu cair em cima de suas pernas e sentiu quando uma lagrima escorreu por seu rosto. Ele nem mesmo era mais considerado um herói, mas não havia como retirar-lhe o nome, o que, de fato, deixava à jovem Uchiha bem feliz, ninguém tinha o direito de retirar o nome de seu herói, mas em compensação, ela preferiria bem mais que ele estivesse ali com ela, do que em um memorial para mortos em batalha. Mesmo depois de tanto tempo a garota ainda era capaz de se lembrar perfeitamente dele, dos olhos, da voz, do sorriso, dos cortes, das mascaras e do jeito como ele a chamava de “meu anjo”, Rin, como ele havia decidido que seria seu nome, ainda lembrava-se de como todos o chamavam de Tobi e de que ninguém via seu rosto por baixo das mascaras, exceto por si, ele sempre havia lhe dito que ela era a exceção. A lembrança de como ele brincava consigo e lhe protegia de qualquer um que tentasse fazer algo contra si pareciam tão frescas em sua mente quanto à tinta em uma parede recém pintada, e ainda havia aqueles que ousavam dizer que ele era “mal”.

Antes mesmo que Uchiha Rin pudesse perceber seu rosto já era encharcado pelas lagrimas, mas era sempre da mesma maneira, sempre que parava a frente do memorial chorava compulsivamente, por muitas vezes ousara pensar que já não tinha mais lagrimas para o Uchiha, mas sua teoria sempre era desmanchada pela mais simples lembrança dele. Muitos nem mesmo sabiam de sua existência, por isso Rin sempre visitava o lugar nas piores noites, pois sabia que não teria ninguém para lhe incomodar, ninguém pra dizer que havia uma desconhecida na vila.

Lembrava do dia em que seu mangekyou sharingan havia despertado, apesar de muitos alegarem que uma criança não teria como desperta-lo, Rin já sabia o básico de controle sobre seu chakra e junto com seu mangekyou havia vindo à maldição do ódio. Uma criança. Era apenas uma criança e já tinha cede de vingança. Fora ela a responsável por enormes tremores de terra e labaredas de fogo, sua mente não processava o uso do sharingan, mas seu ódio era tanto que só queria deixar todo seu poder explodir e causar o maior estrago que fosse possível, queria sua vingança contra ele. Uchiha Madara.

Delicadamente a morena passava seu dedo por cima do nome do homem, queria tanto ele ali, queria tanto ter ele de volta ao seu lado. Parte de sua roupa se encharcava com as lagrimas, o frio não fazia nenhuma diferença para si, soluços baixos escapavam de sua garganta e seu lábio rosado tremia. Por que justo ele? Ele era tudo o que ela tinha! Rin nunca havia tido nada em sua vida alem dele, a única pessoa que se importava com ela, que lhe fazia sorrir. Já havia vários anos desde que a garota havia sorrido pela ultima vez. Com seus punhos pequenos a garota esmurrava o chão de maneira compulsiva, a dor sempre vinha acompanhada da raiva, raiva de Obito, de Madara, de si e de qualquer outra pessoa que fosse capaz de pensar. Ele havia prometido para si que iria voltar!

Varias lembranças brigavam por espaço na mente da garota, seria sempre tão atormentada? Sempre teria memórias brigando por espaço? Sempre teria pesadelos sobre a morte dele? A mesma agonia sempre a assolava, o mesmo desespero e terror, precisava tanto dele.

–Você prometeu que ia voltar. –Rin sussurrou com a voz embargada, suas orbes castanhas fixas no nome de Obito. –Você prometeu, papai.