Transmutado escrita por Rebeca McLean


Capítulo 1
O Início da Missão


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? Obrigada por estar aqui lendo isso :3
Essa será uma short-fic, e apresentará na base de 10 capítulos.
Antes quero agradecer á Captain Psycho que me ajudou demais com essa história ♥

Boa Leitura!



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CAPÍTULO 1

"Transmutar: é o processo de transformação de um estado superficial para projeção de um novo estado, infinito, divino, fluindo em outra dimensão."

A semana havia sido chuvosa, e o canteiro com flores plantadas pela prefeitura agora estavam com alguma cor. Mas a verdade é que nenhuma das pessoas que passavam por aquela calçada percebia a existência delas, não dando a mínima para qualquer coisa a não ser sua própria vida. Dentro das empresas Cyborg mais um patrão brigava com seu subordinado, e novas descobertas na área tecnológica eram feitas. O mundo havia mudado tanto, mas sua essência ainda subsistia. Agora robôs cuidavam da limpeza do local e faziam atividades domésticas. Dentro de laboratórios algumas experiências com inteligência artificial eram concretizadas, colocando a humanidade mais um passo a frente.

Tudo agora visava o dinheiro e o lucro, e o mais interessado em todas essas coisas é o presidente da maior indústria bélica da região – talvez do país. Dooman Drexler fez tantos avanços que ganhou vários prêmios bem conceituados ligados à ciência e tecnologia. Sua vida foi totalmente doada a uma esperança de que um dia armas pudessem ser mais do que uma bala num cano ativada por um gatilho. Ele queria glória e poder, destruição em massa somente com um disparo ou um aperto de botão. Algo que seria tão grandioso quanto a própria raça humana. Uma revolução dos homens: as máquinas. Robôs de todos os portes e tipos, que pensam e agem com lógica e precisão. Tudo isso estava sendo possível. Sua mente não conseguia pensar em outra coisa a não ser aquele nome. Iz Lahey. A obra prima perfeita de Dooman. Assim pensava ele enquanto fitava a janela de seu escritório. Um sorriso veio à tona em seu rosto com aquele pensamento. A paisagem em sua frente o lembrava das incontáveis noites que já passou trabalhando, a mesma neblina nostálgica caía lá fora, e pareciam tocar as estrelas antes de chegar ao chão. Imensos prédios cobriam a maior parte da cidade, e vários carros faziam seu trajeto pelas rodovias iluminadas. Mas Dooman sentia que aquela noite era bem diferente das outras. Nada poderia estar mais perfeito no seu império, porém um homem nunca deve se contentar com o que já tem. Querer sempre mais é o que move uma pessoa, e certamente fora por isso que o sorriso do velho se alargou. Seu novo projeto científico iria ser a máquina que abriria portas para que seu grande sonho acontecesse. Ele só precisava fazer tudo conforme o planejado. Certamente tudo já estava marcado no destino, exatamente como deveria ser.

Na extensa mesa de vidro vários homens engravatados e bem vestidos estavam sentados. A sala não era muito grande, e fazia o ar propício à seriedade. Todos levantaram quando uma moça de blazer preto, saia vermelha e um aparelho similar a um tablet nas mãos entrou.

— O Sr. Drexler já está disponível para dar início — falou com uma voz motorizada. Os homens assentiram e só se sentaram novamente depois que um imponente senhor de aproximadamente 58 anos entrou na sala e se acomodou.

— Boa noite, cavalheiros. A reunião de hoje será breve.

Um holograma surgiu na frente de cada pessoa com dados e a logo da empresa. Depois, ele continuou:

— Como sabem a Companhia Milano irá nos auxiliar com 40% do nosso projeto, e a data de entrega está marcada para as próximas 30 horas. — fez uma pausa sugestiva para que seus colegas falassem algo.

— Senhor, a empresa que sempre realiza nossas entregas não está apta para uma coisa como essa. Precisamos de alguém com um maior nível de confiança. — o homem com a gravata azul disse.

— Estou de acordo — balançou a cabeça — Por isso acho que o vice-presidente deverá ir pessoalmente para a entrega. Alguma objeção?

A voz do Sr. Drexler agravou na última frase dita, fazendo com que os homens não piscassem nos próximos segundos, fitando a figura do velho. Nenhum deles se mexeu ou falou, pois todos sabiam que ele já havia pensado em tudo antes mesmo de chegar à reunião. Ele não era surpreendido por nada, nenhum problema o qual pudesse parecer nem um pouco provável o assustava. Drexler sempre tinha soluções preparadas para tudo, e prezava por cada decisão tomada. Com a falta de argumentos, então, a reunião foi finalizada.

— Por decisão unanime Alec Drexler será o encarregado da entrega, tendo como objetivo assegurar que o produto esteja na sede da Companhia Milano nas próximas 30 horas. — disse como se batesse o martelo.

Drexler chamou mais pra perto a secretária de saia vermelha que ficou ao seu lado durante a reunião. Ela logo se inclinou para ouvir as ordens do chefe.

— Chame meu filho Alec, por favor, diga que o estou esperando aqui. — ela logo deu um sorriso robotizado e se retirou da sala junto com os outros homens ali. Enquanto o local se esvaziava o presidente tocou na tela de seu relógio. Logo outra pessoa atendeu a ligação, era uma mulher com um drive rouco e tom sarcástico na voz, o que fez Drexler arquear uma sobrancelha antes de responder.

— Eu tenho uma missão para você, querida.

— Tudo bem, estou chegando ai em poucos minutos.

Assim que a ligação foi encerrada um jovem loiro entrou, recebendo a atenção do presidente.

— Que bom que já está aqui — disse um pouco seco enquanto se levantava da cadeira.

Diferente do bem vestido senhor, o rapaz só vestia calça e blusa social. Ele tinha um ar bem despojado embora seus braços cruzados em cima do peito amenizassem isso.

— É sobre a Milano? — perguntou encostando-se à mesa.

— Sim, você irá daqui a algumas horas para lá, prefiro que alguém de confiança leve essa entrega. — disse gesticulando.

— Tudo bem pai. Assim que me arrumar e pegar o produto irei partir, não deve demorar muito. — saiu de perto dele e virou as costas.

— Alec você não irá sozinho. Já chamei alguém que também é de minha confiança para te proteger durante a viajem.

O jovem franziu o cenho e se virou novamente com questionamento estampado no rosto. Porém assim que abriu a boca para falar, a porta da sala foi aberta quase que abruptamente.

— Boa noite — a mesma voz da ligação feita pelo senhor Drexler foi ouvida. Sem dúvidas era a mesma pessoa. Alec contemplou com interesse a jovem de cabelos negros, e principalmente o contraste que a cor escura fazia com seus olhos cristalinos. Seu nariz era afilado e trazia harmonia ao rosto pardo, descendo o olhar Alec também reparou em suas roupas: totalmente pretas e aparentemente de tecidos resistentes. Ele arqueou as sobrancelhas e descruzou os braços.

— Boa noite, Iz. — falou Dooman chegando mais perto dela — Quero que conheça meu filho Alec, o qual irá para Milano junto de você.

O velho dispensou maiores explicações para com a agente. Ela mesma havia o ajudado a arquitetar a missão, e a pessoa que Dooman havia citado ser de confiança para essa entrega não era seu herdeiro Alec, mas sim a morena ao seu lado, Iz. Nos últimos anos ela estava sendo um verdadeiro braço direito para toda empresa, garantindo sempre 100% de aproveitamento em todas as pesquisas e missões que participava. Apesar desse fato, Alec nunca tinha visto ela pela empresa, nem mesmo sabia da existência da agente. Igualmente ela, que só tinha ouvido conversas rolarem sobre o filho do chefe e futuro herdeiro de tudo isso. Mas nunca parava para ouvir os boatos até o final.

Ainda um pouco atordoado Alec estendeu a mão para sua nova colega, logo lançando um olhar sugestivo para seu pai. Iz retribuiu o cumprimento embora não houvesse gentileza em suas ações, junto com uma boa analisada no rapaz.

— Espero que façam uma boa equipe e que concluam a missão com êxito. Vocês devem pegar o pacote assim que saírem daqui no laboratório do Dr. Hale.

E logo os dois estavam sozinhos. Alec ficou um pouco incomodado com a postura sempre ereta da moça, e com sua falta de palavras também. Iz, no entanto, estava pensando em várias maneiras de começar a agir o quanto antes, porém achava que Alec poderia atrapalhar em várias delas. Não muito pelo porte físico dele, ele era um rapaz bonito em sua concepção, mas o que importava era a maneira de pensar, principalmente em situações de emergência, e ele não tinha cara de que passava por apertos constantemente. Depois de um suspiro pesado ela se virou para ele, e o mesmo a fitou com os olhos um pouco semicerrados.

— Muito bem Alec. Vamos logo, me siga até o laboratório para pegarmos o pacote. Quanto mais rápido começarmos, mais rápido terminará — ela sussurrou a última parte já se virando para abrir a porta.

— Ei espere. — interrompeu ele — Vamos em uma missão que, supostamente, deverá ser escoltada por você, e nem mesmo sei quem é — depois de um milésimo de segundos ela estava o encarando novamente, e na cabeça de Alec a frase que disse se repetia várias vezes o fazendo enxergar que poderia ter sido um pouco patético a intimando daquele jeito. Afinal era só uma missão.

— Nem mesmo sei seu sobrenome — disse dando de ombros, tentando amenizar. Estranhamente o olhar dela o fazia se sentir um bocó. Ela pareceu se divertir um pouco com aquilo.

— Iz Lahey é o meu nome todo e, não, não tenho um nome do meio caso fosse perguntar isso. — sorriu divertidamente — Agora, se não quiser saber da minha vida inteira antes de começar uma mísera missão, sugiro que me siga.

Alec balançou a cabeça por achar ter visto um sorriso nos lábios dela. Não que ele estivesse olhando para lá, é claro. Também percebeu que seu nome saía diferente quando ela falava, como se ela conseguisse moldar a palavra. O importante pra ele é que o pequeno momento de humilhação já havia terminado. Mas ainda sentia seu ego murchar dentro de si quando relembrava daquilo. Tratou de segui-la bem de perto até chegarem.

O laboratório era simplesmente branco e vermelho. A forma de energia usada nos dias de hoje é totalmente diferente do que se via algumas centenas de anos atrás. Sua base era totalmente em produtos nucleares, o que gerava a cor vermelha depois de ser ativado energeticamente em uma usina. Sentado em uma cadeira, com a cabeça caindo pra frente e corpo sonolento todo por cima da mesa estava o Dr. Hale. Sua roupa branca se confundia com as paredes, fazendo só sua cabeleira laranja se sobressair.

— Doutor Hale? — Alec exclamou em tom alto, de propósito. Como resultado o doutor saltou da cadeira num pulo só, enquanto consertava os óculos no rosto.

— S-sim — gaguejou ajeitando a roupa e dando um sorriso torto. — Podem entrar, o pacote está aqui.

Alec olhou divertido para Iz, ainda rindo da cena. A morena o retribuiu com um arquear de sobrancelhas, balançando a cabeça logo depois. A agente se aproximou de uma das mesas e passou os olhos por todos os materiais, tocando em alguns e lembrando-se das várias experiências que participou.

— Quando tempo Iz. — a voz do doutor a tirou dos devaneios. Ela assentiu, fazia uns dias que não via ele. Poderia não parecer muito, mas ela sempre o via todos os dias.

— Isso é tudo? — disse visualizando uma bolsa de aproximadamente um metro de cumprimento ao lado de Hale. Para quem via parecia conter alguma coisa um pouco volumosa, embora Iz já soubesse o que carregava.

— Sim, você sabe o que deve fazer.

— É bem maior do que pensei — observou Alec. Ele levou a palavra “pacote” ao pé da letra, achando que seria literalmente um pacote ou embrulho.

Um pequeno silêncio se instaurou, e um olhar foi trocado entre Iz e Dr. Hale. Ele identificou algo incomodando a garota, mas manteve a boca fechada.

— Tome rapaz — ele estendeu a encomenda e pôs nos braços de Alec. — Leve logo para o avião, guarde em lugar seguro e certifique que só você sabe onde colocou. Não confie na tripulação.

Alec iria retrucar, mas decidiu só obedecer e fazer conforme foi dito. Deu um último olhar para Iz, mas ela só o retribuiu com a mesma frieza. Apressou o passo e saiu do laboratório, seguindo para o embarque.

— Vamos lá Iz. — disse o homem cruzando os braços e levando um olhar acusador sobre ela. A agente somente riu sem vontade e finalmente falou.

— Essa missão tem um risco a mais. Sabe que não queria aceitá-la.

— Mas está fazendo um bom trabalho até agora mantendo tudo sobre controle. Você vai se sair bem, essa missão não tem nada demais para se preocupar. — tentou ser convincente.

Iz rolou os olhos e torceu a boca. Aquilo não era tão simples, e os dois sabiam disso.

— Não estou sendo dramática nem nada Doutor Hale, mas sem meu tratamento nem ao menos ter chegado nos 70% será muito arriscado. Não temos garantias que isso irá dar certo sem concluirmos tudo, meus alcances ainda estão limitados e irá ser somente eu como segurança da encomenda.

O homem ponderou. Sim havia riscos, mas ele também estava ciente de que isso envolvia o desejo de Iz para chegar aos 100%. O doutor não era tão bobo quanto Iz queria que ele fosse.

— Faremos desse jeito. — anunciou limpando a garganta para continuar — Como só está indo porque te assegurei que nada daria errado, quando retornar da missão com sucesso, te concederei o que quiser de meus tratamentos. Seja participação em alguma pesquisa ou algum novo apetrecho que queira usar. Posso criar vários brinquedinhos para você, tudo bem?

Aos poucos a agente liberou um sorriso satisfeito pelo que ouviu. Adorava quando recebia novas armas criadas diretamente por ele, o chefe de todos os laboratórios da Cyborg. O cara era um gênio. E embora ela quisesse uma promessa de que completaria os 100% do tratamento quando voltasse ela se contentou com aquilo.
Então assentiu e se retirou, indo para o embarque. Ao lembrar-se de Alec ela respirou fundo e apressou-se, torcendo para que ele não tivesse tropeçado e caído no chão com o pacote.


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Notas finais do capítulo

E então, já que chegou aqui aqui poderia deixar um review para me incentivar ♥
O que acham de Alec e Iz juntos? E o que é esse tratamento que Iz quer tanto alcançar os 100%?
No próximo capítulo temos um pouco mais de ação, nos vemos lá!
Beijos da Bekah ♥