Your Hunger Games III - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 17
Lua


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura e espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647445/chapter/17

Lua

Who We Are - Imagine Dragons

Não era hora de descansar, enquanto o Segundo dia na Arena tinha início. Lunara correu por toda a extensão leste da Arena, alcançando desde a Conurcópia até a floresta que se estendia por infindáveis árvores altas. A neblina da manhã ainda flutuava sobre suas copas, e os trilhos da montanha-russa seguiam cada vez mais distantes do centro da Arena. Logo alcançaria o limite da Arena. Não era esse seu objetivo, era apenas encontrar uma fonte de alimento. A floresta deveria ter seus animais, principalmente por ter permanecido intocada durante séculos. Parou para respirar fundo. Sua lista de posses era pequena, apenas as roupas do corpo e algumas pedras que atirava nos galhos mais obscuros, com esperança de assustar algum animal e ter notícias de vida naquela região, entretanto até o momento não vira esquilos, corças ou mesmo pássaros cantando. Apenas o silêncio das árvores e o som dos galhos se quebrando debaixo de seus pés.

As folhas possuíam uma coloração mais escura e poucos feixes de luz conseguiam ultrapassar o oceano verde e alcançar o solo. Estava muito escuro ali, mesmo ela sabendo que já amanhecia. Continuou caminhando, sozinha, até começar a ouvir um leve ruído. Levou minutos para que compreendesse que tipo de ruídos eram aqueles e começasse a correr em direção ao som. A nascente borbulhava água, a qual era tão transparente que Lunara conseguiu ver todas as pedras em seu fundo e todos os pequenos peixes nadando calmamente. Ajoelhou-se diante das águas e bebeu-a com as mãos em concha. Estava gelada e aquilo renovou suas forças, aproveitando para lavar os pés e os cabelos. Lunara sentou-se e começou a vasculhas os gravetos, em busca de algum que fosse suficientemente grosso e pontiagudo para pescar algum dos peixes. Eram todos muito pequenos e provavelmente não teriam muita carne, mas era melhor que nada.

Encontrou o que tanto procurava. Adentrou o pequeno lago e esperou. As barras da calça estavam dobradas até os joelhos e ela respirava quase sem erguer ruídos. As águas aos poucos foram parando, dando espaço a apenas o silêncio das árvores. O vento passava rápido acima de sua cabeça, e a neblina ia se assentando, permitindo que o céu azul fosse visto. A chuva de mais cedo havia revelado a bela primavera. Um peixe um pouco maior se arriscou a nadar próximo a ela, e foi o momento em que Lunara se preparou, porém ele sentiu as vibrações na água e se afastou. Ela teria de ser mais cuidadosa. Esperou. Pescar levava tempo, muito tempo. Talvez minutos, talvez horas. Tudo dependia dos peixes e do pescador, caso um fosse mais esperto que o outro. Por isso pescar sempre foi uma atividade que a fascinou. Após duas horas curvada, agora já com os raios solares queimando suas costas, Lunara enfim fincou um peixe no fundo da nascente, ele era grande o suficiente para ser devorado, porém bravio. Lutou com todas as forças, mesmo com um buraco em seu corpo, ele não desistiria. Até que o sangue se esvaísse completamente e Lunara conseguisse pegá-lo com total liberdade. O colocou sobre uma pedra e observou as escamas. Não tinham coloração chamativa, e ele não parecia possuir armadilhas em seu corpo, o que lhe dizia que era um peixe bom para comer. Com uma pedra um pouco menor, amassou a cabeça do animal e arrancou-a aos poucos. Depois lavou e começou a tirar-lhe a pele, usando as unhas. Era muito mais complicado sem uma faca.

Levou mais meia hora apenas para retirar a pele de uma pequena parte e então retirar também os órgãos, deixando apenas a carne. Ela não era branca como pensou que seria, mas tinha de dar um desconto. Mergulhou os pedaços na água e enfiou-os goela abaixo, ignorando o gosto. Tudo o que conseguia aproveitar, comeu. E os restos, deixou em um montinho, todos esmagados, uma oferta para o próximo animal que passasse por ali.

Decidiu permanecer com o graveto, que mais parecia uma lança, embora curvilínea. Poderia fazer uma ponta nele, caso encontrasse uma pedra afiada o suficiente. Entretanto todas as pedras pareciam arredondas demais ali, por isso apenas se levantou, limpou as roupas e recomeçou sua caminhada, ignorando o fato de que estava voltando para a região central. Não havia muito por aqueles lados, ela havia concluído, mas descobrira água e uma pequena fonte de alimentos. Isso significava muito para a Arena, deveria manter o domínio sobre esses recursos. Logo, também deveria conhecer seu terreno.

Lunara já havia planejado o que faria: deixaria que os Carreiristas acabassem com os tributos, enquanto ela engordava em seu canto na floresta. Quando restassem poucos tributos, poderia colocar em dia suas habilidades adquiridas na Capital: manusear uma lança era fácil, desde que tivesse uma decente. Os Carreiristas já estariam fracos e cansados de correr atrás dos demais tributos. Bastava saber aproveitar suas oportunidades.

Lunara começou a marcar as árvores pelo caminho, formando uma espécie de trilha. Sabia que os animais marcavam o território quebrando galhos em um formato específico ou urinando no local. Ela iria contornar as árvores com pedras. Todas do lado direito, formando um colar para a floresta. Quem não olhasse para baixo, jamais imaginaria. Cobriu as pedras com folhas e terra, enterrando-as para que apenas a parte de cima fosse vista. A diferença era mínima entre as árvores suas e as demais árvores, por isso se sentiu orgulhosa do trabalho e continuou, até alcançar cem metros. Depois limitou mais cem metros e em seguida mais cem, aprisionando sua nascente em uma espécie de caixa. O Sol já estava muito alto quando terminou.

Deveria retornar para seu abrigo e pescar mais um peixe, antes que a noite caísse. Enquanto retornava, Lunara começou a memorizar a quantidade de árvores até a nascente, contanto. No total, foram noventa e cinco para a esquerda, cento e vinte para a direita, sem contas as que ela não marcou por estarem muito afastadas. Dividiu seu quadrado de árvores entre Norte, Sul, Leste e Oeste. A parte Norte deveria ter cinquenta e duas árvores, a parte Leste setenta e a Oeste setenta e cinco. O Sul possuía o dobro de árvores, cento e quarenta, e quando mais e mais ao Sul, mais as árvores iam se aglomerando, o que a fez imaginar que a floresta seria muito mais antiga e muito mais povoada para aquela região. Mas não se aventuraria.

Encontrou, entretanto, sua nascente invadida por estranhos. Os dois bebiam a água e mergulhavam suas mãos, conversando baixinho entre si, enquanto apenas o ruído do leito era ouvido. Lunara observou-os bem. O rapaz parecia ter a mesma altura que ela, embora a menina fosse menor. Ela segurava um saquinho plástico e enfiava a mão dentro dele para logo em seguida levar a boca. Lunara queria aquele saquinho. O menino se levantou e chutou algumas pedras, falando algo, enquanto se distanciava. Ele adentrou a floresta e caminhou mais um pouco, parando em frente a uma árvore, arriando a calça e começando a urinar. Lunara segurou fortemente sua lança improvisada.

Não mataria por prazer, mas mataria quem invadisse seu território.

Aproximou-se por trás e bateu violentamente o galho contra a nuca do menino. Ele cambaleou para o lado, subindo as calças e em seguida olhando em volta, desorientado. Golpeou-lhe novamente, no rosto, e ele gritou. Isso deve ter avisado sua aliada, pois Lunara a ouviu gritar seu nome. “Alain”. Empurrou-o contra a árvore acertando a boca de seu estômago e em seguida segurou a lança com ambas as mãos e avançou com ela erguida, prendendo a garganta do rapaz. Alain se debatia, tentando agarrar-lhe os braços ou o rosto, mas Lunara apenas mordeu seus dedos e arrancou-lhe sangue. Ele sangrava não apenas nas mãos, mas também no rosto, com a boca aberta em um grande ferimento. Suas bochechas começaram a ganhar diversas linhas finas e avermelhadas, suas veias. Os olhos saltados, a língua querendo saltar da boca. Ele se debatia, e era forte, claro que era forte. Por um breve momento quase conseguiu se livrar, porém Lunara bateu na lateral de sua cabeça e ele apagou imediatamente, começando a tremer no chão. Seus braços se esticaram e seus olhos se vidraram, enquanto sangue jorrava de sua boca. Ele havia mordido a língua, e estava em um ataque epilético.

Lunara terminaria o serviço sujo, caso a exclamação não tivesse saído da boca daquela garota. Ela havia encontrado-os e estava parada, estancada e apavorada. Seu rosto se contorcia em uma expressão de nojo e horror. Quando notou que Lunara a olhava, deu alguns passos para trás e começou a correr, o mais rápido que conseguia. Lunara não teve dúvidas, correu atrás dela. E não foi difícil de encontrar. Uma menina pequena e fraca como ela quebraria o tornozelo ao correr por uma floresta, completamente desesperada. A garota guinchava, soluçava, chorava e implorava por sua vida.

– Por favor... Por favor...

Mas Lunara estava lhe fazendo um favor, ela jamais conseguiria sobreviver com um tornozelo quebrado, ainda mais quando o osso estava saltando para fora da pele e sangue jorrava do ferimento. Por fim, deu-lhe um golpe de misericórdia, apagando-a. Desmaiada, a menina morreria em paz. Lunara se ajoelhou e pressionou as narinas da garota, até que seu canhão soasse e ela morresse, em quase um ou dois minutos. Lunara retornou a nascente e encontrou o rapaz agonizando em seus últimos minutos. Ele cuspira muito mais sangue que o tornozelo da menina, e a cena era péssima. Seu corpo inteiro tremia, embora não em um ataque, mas sim de frio e dor. Seus olhos reviravam nas órbitas e ele vomitava seu interior. Por fim, o canhão dele também rugiu aos céus, após cinco minutos. Lunara viu tudo e acompanhou a passagem da vida dele para a morte.

Olhou a lança, que havia resistido tão bem a tudo. Era uma boa arma, de verdade. Nem precisaria afiá-la. Retornou a nascente, sentou-se em seu leito e começou a lavar o sangue de seus pés.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Está na hora de matar os tributos. Beijos da Meell Gomes.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Your Hunger Games III - Fanfic Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.