Your Hunger Games III - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 1
Papoula


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos, leitores, ao primeiro capítulo de YHG3. Espero que seja uma boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647445/chapter/1

Papoula

“Os sábios recusam o poder; os loucos o cobiçam” – Marquês de Maricá

Daughter – Youth

Serenamente, Märeen caminhou com os pés descalços, arrastando-os pelas tábuas de madeira já descascada. A camisola de tecido puído roçava os tornozelos, enquanto o suor o grudava em suas costas e peito. Aos dezesseis anos, Märeen finalmente teria de pagar por todos os favores que a Mãe Vermelha lhe concedera. A deusa pagã tinha lugar naquela casa, adorada por mãe e filha. Märeen teria de pagar os milagres pois não era mais criança, tornara-se uma mulher. Embora o fato de ter de matar pessoas lhe incomodasse, desde que fosse para satisfazer a Mãe Vermelha, não se importaria. Era o certo a se fazer. Graças a deusa, ela agora estava aqui, viva.

O sangue escorria por suas pernas, escuro, deixando pegadas no chão enquanto caminhava. Não sentia dor, entretanto. Seu útero estava quieto. A faca em sua mão tremeluzia com a fraca luz lunar que atravessava as persianas da casa da Família Laveau.

O vermelho da vida... O calor e o fogo... A Luz que nos tira da escuridão... O caminho em meio a noite fria, que nos livre do inverno, Mãe. Pois a noite é sombria e repleta de horrores. – Märeen cantou, antes de abrir a porta do quarto de sua mãe. Estava muito silencioso, mas não completamente silencioso. Era como se não houvesse quietude no silêncio. Havia a respiração de uma senhora de cinquenta anos, as cobertas deslizando pelo colchão, conforte ela se movia, as corujas piando das árvores próximas e as ratazanas correndo. Então o ruído da porta cobriu todos os outros ruídos.

Passo, passo, parar. Märeen olhou para sua mão, havia suor e os nós de seus dedos estavam brancos. Lembrou-se da voz, aquela voz quente que lambia seus seios e furava seus olhos sempre que a escutava: Você matará alguém que ame você, da forma mais banal possível.

E quem a amaria mais, que sua própria mãe?

Parou ao lado da cama, enquanto a leve brisa abafada da noite adentrava o quarto, balançando os cabelos de Märeen e sua camisola. Talvez fosse um sinal da deusa ou o cheiro de sangue, porém sua mãe levantou-se, com os olhos bem abertos. Ela suava também, com as roupas grudadas ao corpo. Märeen encarou-a por alguns segundos, enquanto olhou para o sangue em sua perna.

Não, querida Märeen. Você está querendo me enganar...

Piscou, atônita. De repente o coração começou a acelerar e o sangue ferveu nas artérias, mais que antes. O sangue veio em jorros, vermelho, cobrindo toda a virilha e pernas. Märeen soltou a faca em força e grunhiu de forma animalesca em direção ao céu. Jogou-se na cama da mãe, para seus braços, e ela a envolveu com doçura. Märeen desatou a chorar.

º º º

Houve um tempo em que a Família Laveau era composta por um homem e uma mulher. Ela, beirando os quarenta anos, era a única da família a não ter ainda uma criança, e muitos duvidavam de sua capacidade para conceber filhos. Disposta a qualquer coisa, a mulher buscou por uma sábia que lhe disse que deveria recorrer a Mãe Vermelha, a única que poderia ajudar-lhe. Então, Madaleena aceitou juntar-se ao paganismo da deusa vermelha, em troca de conseguir um filho. Então a Mãe concedeu-lhe a criança. Mas não é possível dar uma alma, sem ter outra em troca. Por isto, Tobiah, o esposo de Madaleena foi recolhido. Quanto completou doze anos, Märeen foi sorteada para os Jogos, porém outra menina, tola e estúpida, voluntariou-se em seu lugar. Quanto completou quatorze, novamente foi sorteada, entretanto outra garota, desta vez tola e sedenta por sangue, voluntariou-se em seu lugar.

Nesta conta, foram três mortes. Três almas que Märeen deve à Mãe Vermelha. Logo contarei sobre as outras.

º º º

Märeen inclinou-se para frente, debruçando-se na carteira. A aula de física havia terminado e o intervalo entre as aulas logo acabaria. Ao seu redor, todos conversavam animadamente e volta-e-meia riam feito animais. Märeen nunca se importou com isso, ela não tinha amigos, então não conversava, nem ria. Os demais alunos temiam a Mãe Vermelha, como deveria ser. Enquanto enrolava uma madeixa em seu dedo, sentiu alguém cutucar-lhe as costelas.

– Ei, Märeen, você fez a tarefa de matemática? – era Jüll, o garoto que se sentava atrás dela. Ele tinha a péssima mania de chamar todos para conversar e desde que Märeen se mostrara inatingível, ele começara a segui-la com mais afinco, como qualquer adolescente apaixonado e sem muita experiências nestes sentimentos.

– Fiz. – ela respondeu, simplória.

– Pode me emprestar?

– Não.

– Ah, mas por quê? – ele bufou. – É só para copiar as respostas.

– Exatamente. Faça por você mesmo, como quer aprender sem tentar? – ela virou a cabeça para trás, olhando-o intensamente dentro dos olhos. Às vezes havia um certo brilho vermelho nas íris de Märeen, que enfeitiçavam Jüll.

– É, talvez eu deva. – ele abaixou a cabeça, envergonhado, abrindo seu caderno de matemática.

Sem compreender muito a reação, Märeen apenas voltou a olhar para a porta, aguardando o retorno do professor. Ela não era muito fácil de se lidar, tinha um temperamento frio, completamente neutro. Nunca parecia realmente abalada pelo ambiente. Quando criança, Märeen não chorava, também não corria de medo de cachorros vira-latas, nem se perguntava o que havia acontecido com seu pai e por quê. As coisas eram como deviam ser, a Mãe Vermelha sempre sabia o que tinha de ser feito, ela não tinha competência para questionar.

º º º

Houve um tempo em que a Família Laveau era composta por duas mulheres e um homem. Madaleena casou-se novamente com um sujeito apessoado chamado Marton Bohara, ele gerenciava o setor de tinturaria vermelha em uma grande fábrica. Madaleena então engravidou, porém sem condições de contratar uma parteira local, alojou-se na casa de uma tia distante. Marton gastou todas as economias bebendo em uma taverna, e quando chegou tarde em casa, encontrou a afilhada com uma bela camisola vermelha-sangue. Nem pelos gritos de protesto ou pelas mordidas que Märeen lhe deu, ele desistiu, e naquela noite, ele a estuprou pela primeira vez.

Vieram mais vezes. Mais noites terríveis e assustadoras. Sete meses, para ser exato. Quando Madaleena voltou para sua casa, trazia más notícias. Seu filho morrera natimorto com o cordão umbilical preso no pescoço. Em acesso de raiva, Marton quebrou o altar à Mãe Vermelha e culpou-a pelo ocorrido. Ainda acusou sua mulher de bruxaria e o “verme sem hímen” de tê-la ajudado.

Após espancar a mulher, ele fugiu. Enquanto estava fora, Madaleena e sua filha banharam-se nas cinzas do altar e clamaram por justiça. No dia seguinte, Marton Bohara estava morto dentro de um dos tonéis de tinta vermelha da fábrica onde trabalhava.

Mas Märeen completava dezesseis anos, a passagem de uma moça para a vida adulta. E agora teria de pagar por tudo o que a Mãe já lhe dera.

º º º

Märeen passou óleos perfumados pela pele, vestiu seu mais belo vestido vermelho-verão e deixou os cabelos soltos, armados. Pintou os olhos com tinta vermelha e os lábios também. Deixou as unhas em carne viva de tanto roê-las e devorou dois pedaços de bolo.

– Quanta ansiedade. – a mãe sorriu, acariciando o queixo da menina. – Sabes que a Mãe irá protegê-la.

Porém Märeen não concordou, apenas continuou mastigando. Sabia que iria ser sorteada, pois a Mãe queria que ela pagasse pelas almas que tirara do mundo. Afinal, Märeen não se importava de estar nos Jogos. Eles nunca fizeram parte de sua vida, eram mais como um evento que passava rapidamente, enquanto as pessoas ao seu redor a faziam sofrer e em seguida morriam. Märeen sabia que todos os seres tinham um propósito em sua vida, e desde que pudesse terminar sua missão no mundo, estaria feliz em morrer.

– Está um belo dia. Olhe, as nuvens cobrem o Sol e ele lança chamas alaranjadas sobre o céu. – Madaleena era uma boa mulher, embora não tão devota quanto sua filha, mas ainda assim, uma boa mulher. Märeen a amava com todo o coração, era sua única família e único vínculo com o mundo.

Enquanto caminhava para a fila da Colheita, Madaleena apertou levemente a mão de sua filha e sorriu. Märeen a viu se afastar com passos calmos e graciosos. Cinquenta anos e ainda fazia muitos homens virarem o pescoço para acompanhá-la. Märeen entrou na fila de espera, entregou seu sangue, embora com receio. Não era bom um a devota a Mãe Vermelha deixar outras pessoas tirarem seu sangue, mas era necessário. Entre as outras meninas de sua idade, Märeen olhou para o palco, os telões brilhavam intensamente e a insígnia da Capital se destacava nas bandeiras penduradas exclusivamente para a ocasião. Havia três cadeiras no palco, uma para o prefeito, outra para sua esposa e a última para a representante da Capital, que sortearia e levaria um menino e uma menina entre doze e dezoito anos. O Distrito Oito nunca tivera um vitorioso desde o começo dos Jogos e para eles era apenas um massacre onde seus jovens estavam fadados a morte.

Ela não era a vilã, também não era a mocinha.

Quando o discurso do prefeito terminou e o hino da Capital também foi cantado, e representante se juntou ao microfone como se fossem um só corpo e ela sorriu ameaçadoramente. Seu cabelo era vermelho escuro, curto como o de um rapaz, e ela era extremamente alta e magra. Seus olhos eram dourados como os de um gato e sua pele muito bronzeada.

– Boa tarde, Distrito Oito. – ela não era simpática, estava longe disto. As representantes normalmente agiam de forma arrogante e achavam tudo no Distrito nojento. Ninguém podia culpá-las. O cheiro não era mesmo agradável. – Venho mais uma vez buscar dois fortes tributos para nossos Jogos Vorazes. Por favor, tragam as urnas. – ela bateu palmas e dois Pacificadores empurraram os objetos até ela. A mulher enfiou as mãos dentro de ambas as urnas e retirou os papeis ao mesmo tempo. O nome de Märeen estava em um deles, a menina conseguia sentir.

Você está mesmo preparada? Disposta a pagar?

A Mãe lhe falou com sarcasmo, o encheu Märeen de fúria. É claro que estava disposta.

– E a sorteada do Distrito Oito é... – Märeen cerrou os punhos, irritada. – Phontai Meon.

Empurrou as garotas ao seu redor, enquanto caminhava para o corredor que levava até o palco. Não importava quem era Phontai Meon, ela não roubaria os seus sacrifícios.

– Eu me voluntario como tributo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Märeen: http://41.media.tumblr.com/5154f25cd93d4cb7237610bb21902979/tumblr_nina0okMNq1tmmgovo7_1280.jpg
Esta personagem pertence ao Lorde Camaleão, todos os créditos de criação a ele.
—--------------------------------------------------
FICHAS
NOME COMPLETO:
IDADE:
ALTURA:
PESO:
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:
CARACTERÍSTICAS MENTAIS:
PERSONALIDADE:
LAR:
HISTÓRIA:
ARMAS:
—------------------------------------------------
Todas as outras informações, caso eu precisar de mais, irei pedir no decorrer da fanfic. Beijos da Meell Gomes.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Your Hunger Games III - Fanfic Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.