POV Austin

Segurei o seu rosto e comecei a me aproximar. Os seus olhos fecharam quando os nossos narizes já se roçavam e eu fechei os meus também. Os nossos lábios roçaram e levei uma mão até o seu pescoço. Acariciei a sua bochecha ao sentir as suas mãos no meu pescoço e virei um pouco o meu rosto roçando mais uma vez os nossos lábios, antes de por fim, os juntar

Eu sei que já nos beijámos antes, mas este sem duvida é o melhor. Os nossos lábios moviam em sincronia e parecia que ambos necessitávamos este beijo já faz um tempo. Não vou negar. Eu precisava mesmo. Precisava sentir os seus lábios carnudos nos meus. Precisava de a sentir assim tão perto. Precisava de a ter assim comigo. Precisava e preciso dela.

Infelizmente o tempo parece passar rápido e o meu ar também começa a se esgotar. Selo o nosso beijo com vários selinhos, ainda acariciando a sua bochecha. Colei as nossas testas e sorri ainda com os olhos fechados. Ia abrir os meus olhos quando senti os lábios da Ally contra os meus novamente. Fiquei chocado, mas rapidamente me recuperei retribuindo o beijo.

Este não foi um beijo demorado. Até porque uns segundos atrás terminámos um beijo longo e que me deixou sem fôlego, mas mesmo assim foi um ótimo beijo. Muito bom mesmo. Até porque tinha os seus lábios nos meus e nada melhor que isso. Abri os olhos e olhei para a Ally. Ela olhava para mim sorrindo. Um sorriso lindo e que adoro ver nela.

Sorri mais uma vez colando de novo as nossas testas. Queria dizer algo, mas parece que as palavras sumiram da minha cabeça. Na única coisa que consigo pensar é a Ally e o nosso beijo.

—Uhum! - Ouvi e arregalei os olhos sabendo que não era a Ally. Me virei para trás e olhei para a porta vendo lá o Sam. Não pode ser!

—S-Sam?! O que fazes aqui? - Pergunta Ally se levantando.

—Eu vim falar com você sobre o Austin e sobre o meu pai, mas vejo que o primeiro assunto já não vai ser necessário! - Ele se vira para mim. - Como estás aqui? O que te aconteceu? Quando é que você voltou?

—Calma!

—Calma nada! Eu estava preocupado com você! Estão todos preocupados com você Austin! O teu tio está de rastos. O Ashton está pior de quando recebeu a noticia sobre o acidente...

—Sam...

—Como você escapou? O que aconteceu? O que te fizeram?

—Sam...

—Como chegou aqui? O teu tio sabe? Sou o único que não sabia?

—Sam! - Quase grito e ele se cala. - Respira. Explicarei tudo com calma e peço que faças menos barulho! Responderei a todas as tuas perguntas, mas antes promete que não vais contar a ninguém!

—Eu não posso fazer isso!

—A Ally também disse o mesmo, mas mesmo assim prometeu! Por favor Sam, promete! - Ele não respondeu e eu suspirei. - Ninguém pode saber que estou aqui! Se souberem vão voltar e não virão só atrás de mim, mas também atrás da Ally e de quem se colocar na frente! Tens de me prometer Sam!

—Ok, eu prometo que não vou contar a ninguém!

—Obrigado!

—Agora quero saber tudo!

—Não vou contar o que aconteceu especificamente só vou responder ás perguntas que me fizeste! Eu consegui fugir de onde o Jason me tinha e vir para aqui foi a minha única opção.

—Quando é que você voltou?

—Ontem à noite. - Ele se sentou do meu lado. - Só a Ally sabia e agora você, mais ninguém sabe. Nem mesmo o meu tio, foi por isso que te fiz me prometer que não irias contar a ninguém. Você saber já é demais, até mesmo a Ally saber. Têm de continuar a agir naturalmente! - Parei tentando me lembrar das suas perguntas para que ele se mantivesse calmo e não me perguntasse mais coisas. - O Jason me prendeu para saber informações pelas quais ainda não percebi bem o porquê. - Suspirei passando a mão pelo cabelo. Olhei para a Ally e ela sorriu fraco assentindo. - Ele falou dos meus pais e sobre... sobre alguém ter sabotado o carro, pois ele disse que eu não era o único culpado...

—Você não é culpado de nada Austin...

—Sou e não vamos começar esta conversa outra vez por favor! - Ele assentiu olhando para mim e eu continuei. - Falaram sobre os pais da Ally. Eles têm o Lester e não sei se sabem que vocês dois são irmãos. Possivelmente sabem pois ele sabe muito mais que eu e todos nós juntos! - Eles devem saber sobre os teus pais e provavelmente o que aconteceu no acidente da vossa mãe! - Paro suspirando. Ele não devia me ter visto. Agora será mais uma pessoa que sabe que estou bem e que está em perigo. Sei que o Jason irá tratar de qualquer coisa ou pessoa que se coloque no caminho. - Vocês têm de continuar a agir como se não soubessem que estou bem. Têm de fingir que estão preocupados por não saberem onde ou como estou. Mais ninguém pode descobrir, principalmente o meu tio e o Ash. Eles são as últimas pessoas que podem descobrir!

—Sabes que o teu tio é polícia certo? Ele vai perceber que estamos a mentir.

—Não vai! Se mentir por um bem maior ele não vai perceber!

—Eles estão tão preocupados. Vão ficar magoados e chateados por não lhes teres contado nada e por fazeres isto!

—E sei, mas se isto os mantém vivos e em segurança, então é o que vou fazer, nem que tenha de fingir que estou morto!

—Austin... entendo, faria o mesmo pela minha família! - Diz a Ally se sentando ao nosso lado. Felizmente o banco do piano dá para nós três. - Acho que não vai ser preciso chegar a tanto... e se, o Jason aparecer por aí e por alguma razão o teu tio descobre que ele te procura?

—Ele sabe que o meu tio e a polícia estão à procura dele e seria demasiado arriscado para ele aparecer agora. Ele seria preso e aí com toda a certeza que não me encontrava!

—O que ele tem contra você? Já não é só a Molly pois não?

—Não Sam, mas também não consegui perceber o que ele tem contra mim. Não o que lhe fiz de mal. Ele disse que por minha culpa perdeu a amizade de todos e até a do Jake. Mas mesmo assim é demasiada raiva e rancor para ser só isso!

—Ally?! - Ouvimos o meu tio no corredor.

—É melhor eu sair. Você pode ficar aqui! - Diz para o Sam que assentiu. - Quer dizer... já almoçou?

—Já sim. A Lucy fez um ótimo almoço, não te preocupes!

—Depois eu trago o teu Austin!

—Ok, não te preocupes muito com isso! - Ela saiu e logo se ouviram passos a se afastar.

—E então?

—E então o quê? - Pergunto olhando para o Sam.

—O que eu vi quando entrei!

—Oh, o beijo!

—Sim, o beijo! Para quem diz que são só amigos aquele beijo não pareceu nada! Antes pelo contrário!

—Foi só um beijo, nada de mais!

—Na verdade foram dois! E sim foi algo demais! Eu vi Austin. Tudo, tudo! Como foi?

—Foi bom!

—Foi bom?

—Foi bom!

—Eu quero saber o que você sentiu e o que sente por ela!

—Eu não sinto nada pela Ally. Nós somos só amigos!

—Impossível! Foi você que tomou a iniciativa e a beijou. Eu percebi bem que precisavam daquele beijos. Ambos!

—Sim, está bem! Eu queria sim beijar a Ally e foi muito, muito bom. Magnifico! Maravilhoso! Dos melhores beijos que já tive! ... Não consegui resistir mais e tive de sentir os seus lábios!

—Wow, isto está sério!

—Para com a brincadeira! Isto não pode acontecer!

—Porque não Austin? Não achas que está na altura de seres feliz? Tenho a certeza que os teus pais querem o mesmo! Não podes continuar a sentir essa culpa pelo que aconteceu. Não faz bem nem a você, nem a ninguém!

—Eu não posso ficar com ela! Desde que está comigo já correu tanto perigo. Já é a terceira vez que o Jason a ataca e não quero que nada de mal lhe aconteça! Não posso deixar que a magoem.

—Sabes porquê? Porque estás a gostar dela Austin. Queres que fiquei segura e protegê-la, mas muitas vezes quanto mais afastamos as pessoas que gostamos de nós, pior lhes fazemos! Não a podes deixar. Tens de a manter perto e contar o que sentes! A Ally não é pessoa de desistir e é persistente. Não desistiu apesar de todas as vezes que você a afastou e não tratou da melhor maneira. Ele veio ter comigo para entender melhor o teu passado para te poder ajudar!

—Eu sei Sam. Eu meio que lhe contei como me sinto! Saiu da minha boca e quando dei por mim já não podia parar! Não disse tudo! Só disse o que fiz e o porquê! Eu não lhe posso falar que gosto dela se não entendo bem este sentimento. Nunca senti isto por ninguém! Não posso dizer que coisas que nem sei o que são!

—Mas não podes negar que gostas dela. Eu consigo ver nos teus olhos Austin. E pelo que vi e ouvi, ambos gostam de música. Ambos tocam e cantam. Vocês conseguem se entender melhor que ninguém!

—Isso até pode ser verdade, mas desde que ela está comigo corre perigo e se a mantendo longe a protejo, então é melhor assim!

—Sabes que isso não irá durar para sempre não sabes? - Fiquei calado. Não sabia como lhe responder. Não tinha como. O que ele disse é verdade e que tem razão.

—Vamos?

—Sim vamos. Nem penses que te vou deixar sozinho nisto. Sei que a Ally também vai querer ajudar ou então nem lhe vais contar nada, mas eu vou ajudar. Quer queiras quer não!

—Vocês são mesmo irmãos! Por mais que houvessem dúvidas, agora deixariam de haver! - Rimos.

—O que se pode fazer!? - Diz rindo. - Agora falando a sério, o que posso fazer para te ajudar?

—Primeiro quero que descubras mais informações que os teus pais possam estar a esconder. Talvez eles também saibam algo que não sabemos. Desculpa estar a desconfiar deles, mas nesta altura não dá para confiar em ninguém!

—Não te preocupes. Farei tudo o que for possível. Vou tentar procurar informações sobre algo da empresa.

—Ótimo. Os meus pais contavam tudo para eles, talvez lhes tenham contado o que descobriram e quem fez tudo isto. Eu procuro algumas coisas aqui em casa com a Ally.

—Muito bem!

—Mas o que você vinha falar sobre o seu pai?

—Vinha saber se tinham descoberto mais alguma coisa. Se havia maneira de o localizar ou saber o que aconteceu e porque me deixou!

—Infelizmente não conseguimos descobrir muito sobre isso. Vou ver se descubro mais sobre ele e se por acaso se sabe porque ele se foi embora. Talvez se procurar através da tua mãe se descubra mais coisas!

Uma porta se fechar foi ouvida e logo depois a porta da sala de música foi aberta. Suspirei de alívio ao ver a Ally entrar por ela.

—O teu tio foi dormir um pouco. Depois de muito insistir ele finalmente concordou em descansar!

—Ele está muito mal?

—Um pouco. Ele está tão abalado e triste com a situação e com o que poderá acontecer com você que nem consegue descansar!

—Eu vou descer até a cozinha buscar o almoço. Já volto! - Diz e saiu indo para a cozinha!

—Isto deve ser um pouco cansativo não? Andar escondido dentro da própria casa e sempre fechado no quarto!

—Um pouco, até porque estou no quarto dos meus pais, mas sabendo que tudo isto os protege e valerá para nos manter em segurança, então é assim que terei de viver!

—O Dez e a Trish vieram falar comigo para saber se eu tinha alguma novidade. Eles estão muito preocupados!

—Eu sei. A Ally já me contou! Apesar de tudo é bom saber que eles ainda se preocupam!

—Eles sempre se iram preocupar!

Em alguns minutos a Ally voltou com um tabuleiro com o almoço. Comi e estava mesmo muito bom. Tenho a certeza que se o meu tio não fosse policial de certeza que seria cozinheiro! Ele é ótimo!

Ficámos a conversar sobre o que iríamos procurar para descobrir mais sobre o Jason e as pessoas que fizeram mal aos meus pais e sobre o pai do Sam. Ele quer mesmo saber sobre o pai e o porquê de ele o ter deixado. Sei que o quer conhecer e perceber tudo, mas também sei que não reagirá bem, pois está magoado por o terem deixado e quer entender porque não o queria.

Eu sentiria o mesmo e ficaria da mesma maneira que ele, se tal coisa acontecesse comigo. E perdi os meus pais por minha culpa, mas ele nunca conheceu os dele. Não sei o que é pior. Ainda por mais nunca os ter conhecido e quando soube quem eram de verdade a minha já tinha morrido e só pode conhecer o pai!

—Vou colocar isto lá em baixo! - Digo me levantando e pegando o tabuleiro.

—Nem penses. O teu tio pode acordar a qualquer momento! Já se passaram quase três horas desde que ele se foi deitar!

—Se ele estava mesmo cansado não vai acordar já! Não te preocupes. Volto já! - Abro a porta e saiu indo para a cozinha.

Felizmente não tinha tantas dores no corpo como ontem e hoje de manhã. Coloquei o tabuleiro sobre a mesa e comecei a lavar a loiça que sujei já que seria a única que ficaria aqui. Depois de lavada, arrumei tudo no armário e de repente a porta de casa abriu e vozes começaram a ser ouvidas.

O não! O que faço? Não posso sair daqui ou então irão me ver. Não tenho outra saída. Por favor, faz com que não venham para a cozinha. Por favor! Por favor! Por favor!

—Vem, vamos beber qualquer coisa. - Ouvi o Ash dizer e passos começaram a ser ouvidos cada vez mais altos o que indica que estão cada vez mais perto. Eu pedi por favor! Porque tinham de vir à cozinha?

E agora?