Almost Lover - Parte 1 escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 41
Q U A R E N T A E U M




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Passei a mão pelo rosto enquanto a moça esperava pela resposta com metade do corpo para fora da porta, e notei uma barriga saliente, estava grávida, com certeza. Comecei a respirar pela boca com uma fumacinha saindo da minha boca.

—O Steve mora aqui? – foi o que saiu, e quase me bati. Era para eu ter perguntando qualquer outra coisa, mas não, a estupida aqui perguntou justamente isso! Agora ela deve responder que se casou com ele, que estava esperando um filho dele, e depois disso tudo, vou chorar na frente dela, e aí, vou me sentir ainda mais humilhada.

—Mora sim, quer que eu o chame? – pergunta simpática e sorrindo. Nego com a cabeça dando a volta e voltando ao meu carro, mesmo sabendo que ela deve estar me achando uma maluca. Apenas fecho os olhos segurando o choro e tentando voltar o mais rápido possível, mesmo sentindo minhas pernas queimarem.

Sentei no banco do carro sujando o chão todo de neve. Nesse instante, nesse quentinho do carro, foi quando as lágrimas começaram a cair, foi quando me entreguei a derrota ao perceber que o perdi, e para sempre, definitivamente. Não existia nada do que imaginei vindo para cá, e agora pensando nisso, como eu fui idiota!

Como não pensei que ele não tivesse arranjado outra pessoa? Como?! Olha para ele! Do jeito que ele é, arranjaria outra mulher em três segundos se quisesse, e é claro que ele quis! E aquela mulher era linda! Linda demais para trocar por alguém como eu. Bati no volante com o máximo de força que eu tinha.

Girei a chave do carro o ligando e engasgando por causa do choro. Limpei as lágrimas para que eu pudesse ver alguma coisa e não bater em outro carro. Chorei tanto nos primeiros minutos que tive que parar três vezes para respirar fundo e continuar com o caminho de volta ao hotel, e de lá, de volta a Nova Iorque.

Meu celular começou a tocar e vibrar, Brianna estava me ligando, reconheci pelo toque. Respirei bem fundo e tentando disfarçar a voz de choro. Coloquei o celular na orelha e torcer para não levar uma multa.

—E aí? Como foi? Ou está indo? – pergunta animada e olho para a janela antes de responder e parar no sinal vermelho.

—Não sei, não entrei – respondi sincera e ouvindo o silêncio do outro lado da linha.

Como assim você não entrou?! — pergunta indignada e com raiva. E com razão. Respiro fundo desanimada com aquela conversa. O que eu queria era ficar sozinha e em paz, chegar logo no hotel, mergulhar num sono profundo até o máximo que eu puder.

—Apareceu uma mulher, Brianna. Estava grávida, o que você queria que eu fizesse? – pergunto com a voz falha e quase chorando de novo. Tentei segurar, mas foi difícil, e as lágrimas voltaram a inundar o meu rosto, enxuguei tudo mesmo sabendo que a maquiagem estaria ainda mais borrada.

Ela fica em silêncio mais uma vez, e ouço várias respirações profundas dela. Deveria estar com raiva do pai, de novo. E enquanto isso, eu segurava o meu choro o máximo possível.

—Tudo bem. Olha, passe no Mcdonalds, compre dois big mac, duas batatas fritas tamanho grande e volte para cá, e rápido. Vamos comer tudo, e mais. E não demore, pois irei fazer uma coisinha aqui – explica e logo percebo o que ela iria fazer, o que está totalmente fora de cogitação, por mim ele nem iria saber que eu estive aqui.

—Não Brianna, você não vai ligar para ele! – nego com o tom de voz elevado para que fique claro que não era para fazer aquilo.

—Claro que não vou, mãe. Apenas vou na lojinha aqui do outro lado da rua comprar vários doces, alugar alguns filmes na locadora para ficarmos a noite toda acumulando calorias e gordura, estamos entendidas? – pergunta retoricamente, e tentei argumentar que não era necessário, mas ela não me ouviu e desligou o celular.

Revirei os olhos acelerando com o carro no sinal verde e procurando no GPS o Mcdonalds mais próximo que tiver. Era perto também, eu deveria ter passado por ele quando estava vindo, e nem notei, mesmo com “M” gigante e amarelo avisando a todos que havia uma lanchonete ali. Apenas peguei lencinhos na bolsa antes de falar com alguém e me visse parecendo um panda.

Pedi dois sanduiches Big Mac, duas batatas fritas grandes, e mais duas Coca-Cola tamanho grande, tudo para a viagem. Paguei com o cartão e saindo dali cinco minutos depois com o pedido e beliscando as batatas enquanto voltava ao hotel tentando ao máximo não pensar no que aconteceu, pois eu sei que aquilo ficará guardado fixamente na minha mente.

Ótimo, mais um trauma para guardar na cabeça na pasta chamada “Steve”. Aquela garota era muito bonita para ser só uma amiga dele, e vizinha não era, já que ele não tinha. E a barriga... Meu deus... Pelo tamanho já devem ter se encontrado meses atrás, ela descoberto que estava grávida e decidiram morar juntos! E porque ele não me contou nada disso?!

E outra, ele não sempre me disse que esperaria por mim? Que estava sendo fiel a mim? Que só tinha olhos para mim e só? Então como aquela garota apareceu grávida?! Bom, com um abraço não foi, não dá para ser só com um abraço simples e amigável, tem que acontecer certas outras coisas durante esse “abraço”, isso claro se for um abraço.

Meu deus! Como eu fui estupida ao pensar que ele estaria esperando por mim, como um príncipe encantado esperando por sua princesa! Como fui estupida ao acreditar nas mentiras dele! “Homens mentem”, não é o que sempre dizem as mulheres mais velhas, e provavelmente, mais sábias? Porque eu não as escuto?!

Meu celular voltou a tocar, dessa vez era Steve, aquela ruiva deve ter contado a ele sobre a mulher doida perguntando sobre ele que apareceu na porta deles. Mas é óbvio que não atendi. Ignorei a chamada. E novamente, o celular voltou a tocar assim que havia desligado, dessa vez Brianna. Atendo em seguida.

Volte agora mãe!— ela me diz com urgência na voz, estranho e pergunto o porquê preocupada – Aquela mulher era a empregada dele, apenas isso! Volte agora! Ele está te esperando! Ele me disse que se você não for, ele vai até você— aquilo doía demais para acreditar, era coisa boa demais para acreditar durante essa nuvem depressiva que está sobre mim.

—Empregada? E você acreditou? – pergunto notando o quanto ingênua Brianna era, e mesmo sendo tão esperta e perspicaz comigo e os outros, era ingênua, uma coisa que eu não esperava que ela fosse, não quando Steve estava envolvido.

Claro! Ele me contou tudo! Ela é uma aluna dele que trabalha de vez em quando para juntar dinheiro e cuidar do filho! O papai está ajudando! Acredite mãe, por favor— minha filha está quase implorando, e algo grita dentro de mim avisando que ela estava contando a verdade! Não sendo ludibriada pelo loiro.

—Tudo bem, tudo bem! Estou voltando! – aviso ignorando as leis de trânsito e girando com o carro correndo pela pista contrária voltando a casa dele. Brianna me avisa e pede para ir o mais rápido possível e ignorar as multas, Steve era mais importante, e ela nunca esteve tão certa.

Cheguei em poucos minutos, uns dez minutos, eu diria, metade do tempo que levei para vir da primeira vez. Deve ser porque corri a quase cem quilômetros por hora, aonde o limite era sessenta. Passei a mão pelo rosto animada e saindo do carro. E mesmo com vinte metros de distância, eu conseguia vê-lo, em pé, com as mãos dentro dos bolsos do casaco, me esperando.

Não segurei a empolgação, na verdade, só notei quando eu corri o máximo que eu podia na sua direção. Meu sorriso doía de tão grande que era, e o coração martelava feliz dentro do peito. Não vi o tempo passando durante o percurso, nada passava na minha cabeça, era apenas um objetivo: ele, e só.

Quando senti meu corpo ser levantado para cima num abraço apertado que chegava a doer, percebi que eu havia chegado finalmente no meu destino final, os braços do Steve. Senti o seu cheiro mesmo com o casaco para a neve, me segurei no seu corpo envolvendo minhas pernas na sua cintura, e meus braços no seu pescoço.

Ficamos daquele jeito por tanto tempo, e eu apenas aproveitava o quentinho que era o seu abraço, o cheiro doce e masculino que ele tinha e o encaixe perfeito que nossos corpos tinham. Passei tanto tempo longe dele que esqueci como erámos perfeitos um para o outro, a começar pelo encaixe dos nosso corpos, e as nossas mãos, como se fechavam bem uma na outra.

Demorou para acreditar, e quando a ficha caiu, depositei vários beijos nos cabelos loiros dele, cuidadosamente penteados e com um pouco de neve, ele deve ter sorrido, levantou o rosto e não perdi tempo o beijando com uma saudade tão grande dentro do peito e derretendo bem aos poucos.

Segurei seu rosto confiando que ele não iria me deixar cair, ele nunca deixou. Toquei suas bochechas com as luvas, minhas pernas apertando sua cintura, e todo o meu corpo explodindo em borboletas e alegria, uma festa total. Minha barriga estava com tantas borboletas que pensei ter um criadouro ali dentro.

Me arrependi de novo por ter ido embora no momento em que os nossos lábios se colaram depois de tanto tempo. Ah... Aqueles maravilhosos lábios, tão macios e quentes, que beijavam os meus delicadamente, da mesma maneira que imaginei vindo desesperadamente para cá. Valeu cada segundo e cada multa que sei que receberei.

O fôlego deu adeus aos meus pulmões no momento em que sua boca se abriu para receber a minha língua, foi como se fosse a primeira vez, tantos anos atrás, com o coração nervoso dentro do peito, e quase caindo em pedaços. Tive que me segurar nele de novo pois eu senti como se eu estivesse desfarelando. Senti ele sorrir durante.

Porém, terminou cedo demais para mim, mesmo nos beijando por minutos, ele me colocou no chão, e minhas pernas estavam bambas feito gelatina. Ele sorriu para mim de novo me puxando para um abraço apertado e quente, mesmo com o vento frio nos cortando.

—Eu te amo tanto... – foi o que ele disse, e o que eu fiz, além de abraça-lo de volta mais forte, foi lutar contra as lágrimas para responder com firmeza.

—Eu também te amo, com certeza, eu te amo – respondi mal conseguindo sentir alguma coisa além de apenas os fortes braços dele em volta do meu corpo, meu coração feito uma britadeira dentro do peito, minhas lágrimas escorrendo pelo meu rosto, minhas mãos apertando o casaco dele com tanta força que acho que vai rasgar.

Eu não o vi sorrir, mas eu o ouvi rir, naquele riso que sempre vem com o maior sorriso que alguém possa dar, naquele riso que vem sempre depois de uma coisa maravilhosa, ou inacreditável, ou apenas uma alegria transbordando de dentro da gente. Opto pela primeira e terceira, pois ele sabe que sempre o amei, aquilo não era nenhuma novidade.

Me distanciei apenas para poder ver o seu rosto, sorrir ao ver aquele lindo rosto da mesma maneira, com um detalhe diferente, a barba que ele tirou anos atrás, voltou, com toda a sua glória, e depois de passar uma temporada por Asgard e aquelas barbas incríveis que vi nos homens de lá, passei a ter algum tipo gosto por barbas ao invés de apenas nota-las.

Beijei seus lábios novamente, num pequeno selinho, mas ao mesmo tempo com uma mensagem clara, que os meus sentimentos não haviam mudado desde que eu havia ido embora, pelo contrário, apenas cresceram.

Segurei a sua mão enquanto ele me levava para a sua casa. Abriu a porta e me deu espaço para entrar. Retirei o casaco e ele pendurou na parede junto com o seu. Aqui era tão quente e confortável, e tão aconchegante que me deu uma vontade imensa de ficar, morar aqui com ele e desfrutar de todos os momentos que eu poderia passar com ele.

A porta dava direto a um pequeno corredor, que dava para a sala. Um sofá de couro marrom, de frente para uma pequena televisão encaixada perfeitamente numa peça de madeira, que haviam portas para armários pequenos e discretos.

Atrás do sofá e na frente haviam mesas, de madeira, com tantos documentos e papeis, e provavelmente tudo relacionado ao seu trabalho. Havia uma janela, que dava para a varanda, e bem debaixo da janela havia uma poltrona de couro parecido com o sofá, com lençóis cor-de-creme e almofadas macias.

A lareira ficava ao lado da televisão, a esquerda, perto do chão com um tapete branco e macio de frente, parecido com pele de urso, imaginei ali um ótimo lugar para ficar deitado sem fazer nada e olhando para o teto se sentindo quentinho graças ao fogo.

O piso, assim como quase toda a casa, era feito de madeira, e algumas paredes decoradas com pedras, como se fosse um forte todo construído de pedras, dava um visual ainda mais rústico a casa, e algumas madeiras mais escuras dava aspecto velho a casa. No fim, eu adorei tudo, e mesmo não sendo muito fã de casas rústicas, Steve havia encontrado uma das mais bonitas.

—Bonita – elogiei com as mãos na frente do corpo e observando a casa novamente.

—Obrigado – agradeceu atrás de mim – É.... Não sei como começar... –comentou atrapalhado. Sorri de lado soltando o ar pelo nariz adorando aquele jeito enrolado dele.

—Não precisa começar, prefiro deixar para contar e explicar tudo depois, e acho que você também – adivinhei dando passos para ficar de frente para ele e acariciando a sua pele, e passando a mão também pela sua barba, que era brilhante e macia.

—Tudo bem – concordou e me beijou novamente, enrolando seus braços ao redor do meu pescoço com carinho. Sorri e fiquei o máximo que eu podia na ponta dos pés apoiada no seu peito.

—Mas antes – interrompo rapidamente o beijo – Preciso saber de uma coisa – aviso e ouço seu suspiro nervoso.

—Eu expliquei para a Brianna, aquela moça ela apenas me ajuda a manter a casa arrumada... – tenta explicar, mas coloco a mão sobre a sua boca risonha.

—Não é isso, eu acredito em você – afirmo e ele sorri aliviado – Eu preciso saber se você me perdoa, por tudo, por não ter acreditado em momento algum em você. Fui estúpida e... – e antes que eu pudesse continuar, ele me beija me interrompendo da melhor maneira possível. Apenas relaxo e aproveito aquela maravilhosa sensação de quando nossos lábios se tocam.

Sorrio, e apesar dos meus pés começarem a doer um pouco de tanto ficar na ponta do pé, e imaginar o quanto o pescoço dele estar doendo agora de ter abaixar a cabeça para alcançar meus lábios, eu permaneço. Pois eu passei literalmente por maus bocados para estar aqui agora, e não iriei desperdiçar um segundo sequer falando algo que, com um beijo, ele deixou bem claro que não é necessário.

—Você ainda acha mesmo que é necessário esse pedido de desculpas? Pois não precisa – responde com nossos rostos quase colados, e nossos olhos vidrados um no outro – E você é importante demais para eu deixar ir novamente, e dessa vez é para valer, aonde você for, eu vou – afirma colocando em voz alta tudo o que eu queria ouvir.


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