Por Trás das Palavras. escrita por kkcullen


Capítulo 4
Terremoto.


Notas iniciais do capítulo

Oláá Galerinha !! Sei que fiquei muito tempo sem postar, mas estava enrolada com uns problemas do lado de cá, e não tive tempo de escrever, SORRY !!!!
Mas está aí mais capítulo lindo! =D
Boa Leitura !!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647197/chapter/4

— Papai? - espantou-se Ally ao ouvir a gritaria - O que que tá acon... - perguntou aparecendo no hall da porta do seu quarto pra logo travar com a cena.

— Entra, Allyson! - mandei, sendo um pouco rude sem querer. A pequena olhou do nosso pai pra mim percebendo que o tempo fechara, fazendo seus olhos escurecerem, e uma das poucas vezes, me obedeceu. Já consigo visualizar-la arrastando seu sapo de pelúcia pra debaixo da cama, com medo. Era sempre assim. Isso me corta o coração.

Aquele que eu chamava de pai continuava proferindo ameaças à minha mãe, enquanto eu corria em seu encalço tentando para-lo sem sucesso. O pânico me invadia por não poder fazer mais nada para segura-lo, e ainda não havia nem vestígio da minha mãe. Tenho medo do que ele fará caso não a encontre.
 Escancarou a porta do seu quarto compartilhado com força, sondando o local como um morcego atrás de comida, à procura do alvo que receberá toda sua fúria.

— Onde está sua mãe ? - perguntou-me, olhando pela sacada.

— Ela... eu... achei que ela estivesse aqui. - minhas mãos começaram a tremer, e o suor gelado ameaçava rolar pela minha testa. Iam além das minha forças conseguir mentir decentemente naquele momento.

— Sua mãe não está em casa? - sorria sadicamente, não acreditando que sua esposa não o esperava como em todas as noites; sua voz beirava a zombaria tamanho sua fúria disfarçada de incredulidade. Não consigo entender o que se passa na cabeça dele pra implicar com as aulas de Yoga da esposa.

— Ela pode estar em qualquer lugar da casa, no quintal por exemplo. - minha voz saiu esganiçada e ele não acreditou dessa vez.
No mesmo instante a porta do banheiro se abriu com um estrondo, e de lá saiu minha mãe recém tomada banho vestido um conjunto de moletom e  secando os cabelos.

— Que que está havendo aqui? - perguntou preocupada - Quem quer destruir a casa?

A raiva do meu pai, antes incontrolável, aparentemente havia se esvaído, ao constatar que sua mulher estava em casa. Meu alívio foi tão grande que só não me sentei no chão porque minhas pernas não tinham forças nem pra isso.

— Qual o seu problema, Martin? Virou moda agora gritar o meu nome? - questionou irritada. - Está ficando maluco?

— Onde você estava? - inquiriu despejando toda sua autoridade ao dar ênfase na voz, agarrando o braço da mulher a sua frente deixando-me em total alerta, a qualquer sinal de hostilidade além disso terei que intervir.

— Até onde me consta eu saí do banheiro, e você não é cego pra não ter visto! - respondeu acidamente à altura, sem desviar o olhar, nem hesitar.
Admiro muito minha mãe pela audácia dela de enfrentar meu pai, mesmo fazendo coisas que ele não quer.

— Por que não me respondeu antes? - vociferou o homem ríspido, com a desconfiança injetada em cada letra.

— Jura que você queria que eu saísse do meu banho relaxante com pétalas de rosas só porque você estava me chamando?! Fala sério! Relaxamento esse que não adiantou de nada por sinal, porque seu jeito de ogro já me estressou de novo!! - rebateu o veneno elevando a voz, jogando a toalha, que antes secavam seus cabelos na cama.

As engrenagens do cérebro do meu pai giravam, ligando os fatos, avaliando quais eram as chances de estar ouvindo uma mentira, ( o que na verdade era ), meu coração martelava em fúria em meus ouvidos, e minhas veias bombeavam ansiedade; torcia pra que ele acreditasse.

Pro meu alívio, acreditara na farsa, e percebera que fora um completo idiota agindo daquela forma, pra variar.
— Fernan... - desfez a postura rígida. - Me desculpa, meu amor. - sussurrou arrependido, surpreendendo-me, tive que passar mentalmente a última frase três vezes pra ver se entendi direito. - Eu... entendi tudo errado, meti os pés pelas mãos, fui precipitado de novo. - deu um passo na direção da mulher erguendo as mãos pra tocar seu rosto, sendo acompanhado de perto por mim ainda de guarda alta, não confiava nele, entretanto minha mãe permaneceu com a postura impassível, queria saber no que estava pensando. - Pierre, falou sobre seus pais, que sentia falta deles, e que a culpa era minha pela briga de vocês, fiquei cego de raiva, me perdoe, e pra piorar cheguei aqui e não te vi. Me perdoe, Nanda. - pediu abraçando-a.

Meu pai esquecera-se completamente que eu estava no mesmo cômodo que eles. A maneira como pedira perdão à minha mãe totalmente alheio do orgulho e indiferença que ostenta diariamente, praticamente curvando-se a ela, deixava claro isso. A mulher o abraçou sem o abraçar, somente colou seu corpo no dele, sendo praticamente engolida por seus braços, fui impossibilitado de responder sua pergunta muda de " o que que aconteceu ? ", não havia como responder com a máquina instável ao nosso lado.

— Tá. - cuspiu ela, desfazendo o abraço, com... asco?- Esquece isso. - relevou. - Vou pôr seu jantar.

— Tudo bem, obrigado. Vou só tomar banho.

— Ok. - ela fez sinal com a cabeça pra sair e assim fiz.
A expliquei o ocorrido assim que chegamos ao patamar da escada, ocultando a parte "dela", não é preciso dizer que ela ficou furiosa por tocar no assunto novamente agora com meu pai, mas me agradeceu por ganhar tempo pra que pudesse chegar sem ser vista. Curioso perguntei como fizera pra entrar, a resposta foi que o sótão não serve somente para entulhar coisas velhas e a escada da saída de emergências não serve somente pra sair. Conclusão, minha mãe entrou pelo teto.

Com essa, ela desceu pra colocar o jantar do, agora, meu pai, e antes de ir pro meu quarto passei no quarto da Ally pra tira-la de debaixo da cama e cobri-la.

— Eles não vão brigar hoje não, né? - perguntou relutante ao sono que a dominava, não querendo dormir temerosa por acordar sobre gritos, e agarrou o sapo de pelúcia ainda mais.

— Não, hoje não, pode dormir tranquila. - assegurei afagando seu cabelo, vendo-a aconchegar-se na cama e seu semblante suavizar. - Tenha bons sonhos, pequena. - apaguei a luz, encostei a porta com cuidado pra não fazer barulho e fui pro meu quarto. Pelo menos naquela noite a casa dormirá em silêncio.

~~~~''~~~~''~~~~

Despertei com batidas na porta.

— Entra. - murmurei automaticamente, com metade do cérebro ainda dormindo. Não houve manifesto, deve ser minha mãe me mandando levantar. Peguei meu celular que coloquei sobre a mesa de cabeceira antes de dormir, 5:50 marcava no visor, ainda tenho uns dez minutos pra ficar deitado, viro pro outro lado da cama pra tirar alguma coisa de baixo de mim que incomodava.

— Droga. - falei cabisbaixo. Meu livro " A marca de uma lágrima " que agora estava nas minhas mãos, acabara de ganhar mais uma orelha na capa, com certeza lera até cair no sono mais uma vez; abri-o na página marcada 266, e estranhei a minha caligrafia no rodapé ao lado do número " Cecília " estava escrito. Não acredito que escrevi o nome dela no meu livro! No meu livro !!! Bati com o artefato na minha cabeça pra ver se desse jeito essa menina saia dos meus pensamentos.

— Pierre? - ouvi a voz vindo da porta.

— Tô acordado, mãe. - devolvi.

— Que barulho foi esse?

— Meu livro caiu no chão. - falei emburrado. 

— Três vezes?

— Bati com ele na cabeça. - falei impaciente. - Não me pergunta porque.

— Tudo bem, só não quero ter que te levar pro médico.

— Pode ter certeza que não vai precisar.

— Não demora pra se arrumar, senão vai perder o ônibus.

— Ok.

Levantei ainda chateado comigo mesmo, não posso estar gostando dessa garota de verdade. "Apaixonado" disse meu pai. Será? Tenho que acabar com isso antes que não possa voltar atrás. Terminei de me arrumar e desci, o aroma de café e ovos fritos inundavam o andar despertando meu estômago vazio.

— Bom dia, família. - falei ao adentrar no recinto que se encontrava meu pai, tomando seu café atrás do jornal, e minha mãe preparando mais uma rodada de ovos.

— Bom dia, meu anjo. - respondeu minha mãe, saindo da frente do fogão com a frigideira quente e depositando o conteúdo no prato vazio à minha frente na mesa, onde sentei.

— Bom dia, Pierre. - foi formal como sempre, ele nunca desfaz a armadura nem mesmo comigo. "Só quando..." me peguei observando minha mãe trazer o suco e servir-me, avaliando " ...quando o assunto é a minha mãe."

— Obrigado, mãe. - o clima não era um dos melhores, meu pai estava grilado por ter feito seu show de ciúmes na minha frente, mas ao contrário da mulher ali, pra mim nem seu olhar era direcionado quanto mais um pedido de desculpas por ser tão idiota. Bufei decepcionado, começando a tomar meu café. Essa era uma ótima forma de começar o dia.

— Vou chegar tarde hoje. - informei só porque tinha que avisar mesmo.

— Treino? - perguntou minha mãe sentando-se ao meu lado.

— É. Temos jogo no sábado contra o Inácio Gouveia, temos que treinar pra caramba. - fiquei ansioso. - O campeonato já começou então acabou a moleza. - deixei escapar um sorriso animado, botando momentaneamente de lado os problemas.

— Assim que se fala! - incentivou minha mãe. - Onde vai ser a primeira partida?

— A primeira rodada vai ser aqui mesmo no colégio. A senhora vai né? - perguntei inseguro, pra não dizer temeroso.

— Claro que vou. - sorriu radiante - Não perco o primeiro jogo do meu filhão por nada nesse mundo.

O farfalhar do jornal indicou que o senhor administrador estava de saída, não me dei nem o trabalho de encara-lo.

— Já estou indo, meu amor. - informou dando a volta na mesa e beijando sua mulher. - Tenha um bom dia. - sua voz sorria. - Bom treino, meu filho. - desejou-me.

— Valeu. - falei indiferente, terminando meu suco.
Minha mãe só voltou-se pra mim quando ouvimos o barulho da porta principal se fechando.

— Não fica chateado com seu pai. - pediu virando de frente pra mim, procurando meu olhar, vi de esguelha a tristeza estampada em seus olhos.

— Quem tá chateado? Eu? Até parece. - levantei da mesa dando as costas a ela. Tirei a mesa e pus-me a lava-la ainda evitando seu olhar.

— Pierre, olha pra mim. - pediu.

— Já falei que não tô chateado! Não tô nada, aliás, estou sim, atrasado. - falei despistando de qualquer forma, que é claro não a convenceu nem um pouco, puxei minha mochila da cadeira com força desnecessária fazendo-a cambalear, e segui pra sala, mas travei quando ouvi sua voz pedindo de novo.

— Pierre, olha pra mim. - beirou a melancolia esse último pedido, isso a machucava também.

Respirei fundo derrotado, não conseguia contraria-la sabendo que isso a feriria, e que EU a estaria ferindo. Virei olhando pro chão e assim permaneci.

— Nos meus olhos.- falou firme. Relutante fiz.
Seus olhos dourados oscilavam nos meus, procurando, descifrando-me, entendendo-me.

— Esquece isso, Pi, deixa como está. - era impossível mentir mantendo contato visual. Ela descobrira do que se tratava.

— Sem chances. Seu casamento é uma coisa que simplesmente não consigo entender. - ela encrispou os lábios. - Mas você não quer falar sobre isso, eu sei. - levantei as mão, me rendendo. - Ok, façamos do seu jeito, deixar como está, se acha que está bom assim, não sou eu que vou me intrometer. A senhora é adulta e sabe das coisas, só espero que não se enrole e se arrependa depois.

— Tenho um bom motivo pra estar ainda aqui. - falou firme e convicta. - Na verdade dois.

— Tá bom, mãe. - desisti, por hora. - Tenho que ir senão perco o ônibus. - e dei um beijo em sua testa. - Não esquece de chamar a pequena.

— É claro que não vou esquecer, senhor pai preocupado. - foi sarcástica, me fazendo sorrir um pouco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Isso é tudo pessoal !!! =D
Quarto capítulo postado!
E parece que o clima fechou feio na casa do Pierre. Pra ele, só tendo mesmo um ótimo motivo pra continuar vivendo desse jeito.
Espero que tenham gostado, vejo vocês no próximo capítulo.
Kissess Kissses *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por Trás das Palavras." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.