Era uma manha fria de janeiro no orfanato de Washington.
Donna, a secretaria,pintava as unhas quando uma mulher entrou repentinamente, tirando um punhado de neve do casaco.
–Bom dia, senhorita, em que posso ajuda-la?
–Vim adotar Rita Menotti, não receberam minha carta?
–Ah! Entao você e a senhorita Madeleine Rosaful?
–Sim, sou eu.
–Muito prazer, sou Donna Scral!
–O prazer e meu! Onde ela ela esta?
–Oh! Me desculpe... Pobre menina... Por aqui, por favor!
Donna a conduziu por um corredor de aspecto sujo, o que nao era muita surpresa, já que o orfanato caia aos pedaços. Enquanto andava, Madeleine lembrava do dia em que soube que sua sobrinha estava morta.Sentada em sua sala de estar, lendo um livro, ela jamais suspeitaria o que o destino reservara para ela.
"Estava tão entretida na leitura, que quando ouviu a campainha levou um grande sobressalto.
–Bom dia, Madeleine!
–Oh, bom dia Jorge!
Era só o carteiro. Fora uma tonta se sobressaltar com apenas um carteiro! Um carteiro muito nervoso...
–A assustei, Madeleine?
–Ah, não, só fiquei entretida demais com um livro...
Estava um dia tão bonito... Como um dia daqueles poderia trazer uma notícia tao terrivel ? Talvez ela nunca saiba.
–Tem uma carta para mim, Jorge?
–Sim... Madeleine... Não gostaria que você soubesse disso através de uma carta, então... - Ele respirou fundo. - Sua sobrinha... Ela...
–Pelo amor de deus, Jorge! fale de uma vez, está começando a me assustar! Que aconteçeu com minha sobrinha?
–Ela... Morreu...
Madeleine pensou que fosse uma brincadeira, mas, quando olhou em seus olhos, viu que era verdade. Involutariamente, lagrimas rolaram de seus olhos.
–Minha sobrinha... Minha Mary?! Jorge... Isso é verdade?
–Sim, Madeleine... Infelismente, sim.
–Como?
–Verá na carta... Como os pais nao tinham testamento, e a criança nao tinha padrinho...
–Criança? Que criança?
–A filha de sua sobrinha...Rita Menottil... Ela foi enviada para um orfanato aqui perto... Saberá tudo na carta...Até mais, Madeleine.
Ele disse enquanto colocava um masso de cartas na mão de Madeleine. Ela não respondeu. Estava chocada demais para dizer ou fazer qualquer coisa, a não ser se arrastar em direção a poltrona e se deixar cair nela.
Finalmente, alguns minutos depois, tomou coragem e leu a primeira carta

Qerida Madeleine,
A quanto tempo! Que saudade da minha tia mais nova preferida! Desculpe nao ter mandado noticias, passei por momentos dificeis... Já conhece meu marido, John ?Ele vai escrever um oi agora
oi, acho que voce nao me conhece... John Menotti, muito prazer!
O que acha? Ele é muito legal, eu garanto! Aposto que você o aprovaria! tenho que ir, senão ele fica com ciúmes, até tia, prometo escrever mais veses!
P.S. Mudei meu nome para Mary Menotti, achamos que será mais fácil para nossos filhos ter somente um sobrenome!
Muitos beijos e abraços,
Mary Menotti.
Então ela estava casada, e já planejava ter filhos! De repente, Madeleine sentiu uma pequena tontura anes de ler a segunda das seis cartas

Querida tia,
Tenho uma ENORME notícia! Não se preocupe, é uma boa notícia! Mas, antes, fiquei sabendo que minha carta anterior ficou presa no correio por causa de algumas tempestades, então, quando você ler, provavelmente já vai ter se passado um tempão, mas vou continuar escrevendo assim mesmo!
Voltando a ENORME noticia, estou GRÁVIDA!!!!!!!!!!!!!!!!
Estou tão feliz! John e eu teremos um bebê!! E nossa familia estará completa! Já se passaram 8 meses, só não contei antes pra voce desistir da ideia desse tal de aborto o quanto antes, afinal, nao dá pra fazer aborto com 8 meses de gravidez!
oi, desculpe, mas parece que Mary vai ter o bebe!
beijos,
Mary e John Menotti

Grávida! Claro, de que outro modo a tal criança nasceria?! Mas ainda sim...
Madeleine passou para a terceira carta. Era um cartão postal, e pareceu ter sido escrito as pressas pelo marido

Oi, desculpe denovo, estou no hospital e o bebe nasceu! É uma menina! uma linda menininha! tem o rosto de Mary e meus olhos! Não tenho certeza, mas, Mary disse que tem seu brilho nos cabelos! Mary esta em um estado crítico. o medico acabou de me avisar, parece que Rita e Mary quase morreram!
Ah, sim, o nome do bebe é Rita Menotti.
Abraço,
John Menotti

Entao, era isso. Essa era Rita, a criança pela qual Mary havia dado a sua vida. Rita Menotti... Madeleine olhou a foto do cartão, um bebê em meio a muitas flores. nhenuma dica do lugar, o envelope também não dizia nada. Parecia que o endereço havia sido apagado. Talvez eles não quissesem ser encontrados... As cartas também não tinham data... Por que? Com perguntas não respondidas na cabeça, ela passou para a penúltima carta. Era do orfanato onde a criança tinha sido levada, misturada com um tipo de aviso sobre a criança nao ter padrinho, madrinha... E a esplicação de como eles havião morrido.

Madeleine Rosaful
Sua sobrinha e marido morram em um acidente de carro, enquanto levavam uma criança para o batismo, um ano apos o nascimento. A criança sobreviveu milagrosamente, e com ela estava a seguinte carta.Achamos que era desejo da falecida que ela chegasse a você.
Formalmente, Anônimo.

Esta carta também não tinha data, fora dijitada e o homem que a escreveu nem se atreveu a dizer o nome! Madeleine olhou a tal carta, que, na verdade, era um desenho do que parecia ser ela, Mary, John e uma menina no meio. Atras, mary havia escrito
Para minha tia preferida, de todos nós,
feito com amor!"

–Senhorita? Senhorita, chegamos.
A voz de Donna a despertou de seus devaneios. Reparando que lagrimas começavam a surgir em seus olhos, Madeleine as enxugou rapidamente e disse que ja estava ‎pronta. Donna abriu a porta mal cheirosa, revelando um pequeno quarto. Nele continha uma cama meio mofada, um criado mudo, um guarda roupa e uma poltrona barata. Nesta, estava uma criada, com uma criança no colo. John tinha razão. Ela era linda. Na frente de Madeleine estava uma perfeita miniatura de Mary. Rosto afinalado para uma criança, um nariz que se perdia em meio a altas e rosadas bochechas de tão pequeno e arrebitado. Seus cachos loiros caiam em perfeita armonia em torno dos lábios cheios e rosados. Somente os olhos lhes eram estranhos, de um verde brilhante e profundo, como se pudesse te engolir se os olhasse por muito tempo. Os olhos de Mary eram castanhos, tanto que, em sua juventude, usava lentes azuis para esconde-los.
Ao lembrar disso, os olhos de Madeleine novamente se encheram de lagrimas. Uma escorreu por sua bochecha, e ela levou um sobressalto quando uma mao gordinha e rosada a pegou com o dedo, como quem dizia "Não chore. Eles estão bem..."
–Ela...Ela é linda...
–Sim...Paula simplismente não consegue ficar longe dela! -Disse Donna, gesticulando para a criada, que olhava desconfiada para Madeleine e segurava Rita num gesto protetor, quase ameaçador- Ah, Paula, pelo amor de Deus! Ela veio adotar a Rita, nao mata la! disse Donna, percebendo o modo como Paula olhava Madeleine.
–Tudo bem, onde eu assino?

XxRita OnxX
Rita sabia que viria alguém para busca-la. Não sabia como, somente... Sabia. Mesmo sendo um bebê, era muito inteligente.
Estava no colo de Paula durante a tarde inteira, e isso tambem significava alguma coisa. Quando a porta se abriu e Donna entrou, ela sabia o que significava. Donna raramente vinha visita-la.
Logo, Rita achou sua nova mãe. Estava triste, e claramente tinha chorado. Rita a examinou como ela a examinava: com curiosidade, ternura, e amor. Muito amor. Logo viu que iria ser uma boa mãe.
Era jovem. Devia ter uns 36 anos. Poucas rugas, cabelo preto e brilhante, olhos castanho... Isso lhe era familhiar... Lábios em formato de beijo, vermelhos...Era bem bonita, parecia ter muito menos anos do que realmente tinha.
Rita imediatamente simpatizou com ela. Por isso, quando viu que estava prestes a chorar novamente, ela nao quis. Queria ve-la sorrir. Sorrir para ela... Com um pouco de esforço, se reclinou em sua direção. Paula imediatamente se moveu com ela, de modo que logo estava a cemtimetros do rosto de sua futura mae. Ela pareceu um pouco assustada quando Rita "transmitiu" sua mensagem. E logo ela soube por que sua mae estava chorando. Uma visao meio confusa apareceu em sua cabeça, e ela sentiu tudo outra vez.
Confusao. Medo. Alívio. Medo. Amor...
Ela, sua Mãe e seu Pai, conversando, no carro. De repente, o carro vira. Sua Mãe grita, todos entram em desespero, e então... seus pais não respondem, não tem emoção. Rita sabia que eles não estavão mais ali. Nem nunca mais estariam. Teria que esperar.
Donna falou alguma coisa, mas Rita nao ouviu. Ela so tinha olhos para sua nova mãe. Ela sorria...
XxRita OffxX