A Lenda do Anel escrita por Iany


Capítulo 9
Capítulo 08- Confissões




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Capítulo 08- Confissões

E em um impulso tão inesperado como o beijo, me afastei dele. Meu coração batia rapidamente, e tenho certeza que ele pode ouvir. Minha cabeça latejava com a ocorrência. Minha respiração tornou-se leve e pesada ao mesmo tempo.

Minha reação foi correr. Correr para longe, como se minha vida dependesse disso, correr como se algo tivesse sido tirado de mim.

****

Não sei por quanto tempo corri, nem sei como consegui. Olhei ao redor. Estava cercada de árvores, flores e grama. Então lembrei-me do toque de seus lábios, tão macios e aconchegantes.

— Sério?! – Perguntei olhando para o céu – Precisava ter sido com ele? Logo com ele ...?!- Sento-me na grama, encostando em uma arvore.

Meu primeiro beijo. Sim, meu primeiro beijo foi com um príncipe, idiota, sem escrúpulos, mas um príncipe! A quem eu deveria evitar o máximo possível. Quase causaste a morte de meu primo! Imagine se tivessem nos visto?!

OH, SERÁ QUE NOS VIRAM?!

Minha cabeça gira com a possibilidade. Poderia ser considerada impura, e nunca poderia casar-me. Meu nome seria desrespeitado, e nem o rei poderia fazer algo a respeito.

 CHARLES. O culpado! Como ousaste tocar em mim?! Em meus lábios?! E por que eu, diabos, não recuei?! Que Deus me perdoe por ... por ... beijá-lo, ou por deixar ele me beijar!

Então chorei. Não sei o porquê, mas era mais fácil chorar, era mais fácil fingir que nada tinha acontecido, mas aconteceu. E fingir que este fato não ocorrera, seria pior que mentir.

Para quem eu poderia falar?! Talvez minha mãe entendesse, mas não teria coragem de falar sobre algo tão ... íntimo. Lembro-me quando contei-lhe que meu sangue havia descido. Foi algo estranho, sem sentido, mas hoje, acho que, entendo:

Flashback on:

Eu tinha cerca de 17 anos (ocorreu há dois anos atrás) e tinha acabado de chegar da loja de meu pai. Como não havia nenhum serviçal em casa, decidi, eu mesma, encher a banheira. Tive de fazer varias viagens para que estivesse cheia o suficiente.

Então tirei minhas vestes. De mediado não notei nada. Lavei-me e resolvi ficar mais algum tempo na banheira. Sentia-me limpa, leve.

Após achar que já podia sair, peguei minha toalha e sequei-me. Foi quando notei que gotas avermelhadas saiam de mim. Fiquei preocupada, e quando fui ver minhas vestes, as intimas, percebi que também estavam sujas. Decidi esperar minha mãe chegar em casa e explicar-me o que estava acontecendo. Sabia que não estava doente, afinal, sentia-me normal.

Então fui para meus aposentos e pedi para que avisassem minha mãe para ir ao meu quarto, logo assim que chegasse.

Fiquei o decorrer da tarde deitada, ansiosa. Será que era normal?! Bom, agora sei que é!

Minha mãe tardou a chegar, mas mantive-me acordada. Precisava de explicações!

Ela entrou em meus aposentos e perguntou se eu estava bem, se algo havia acontecido. Então eu contei o que tinha acontecido. Ela apenas riu e me abraçou;

— Não precisas fazer tanto drama por isso, meu amor! É normal – fala ela passando a mão em meus cabelos.

— Mas como isso pode ser normal?! Quer dizer, sangrar não é algo normal! – insisto. Ela ri novamente.

— Sim, isso é normal. Todas as mulheres passam por isso. É como um ciclo em nossa vida. Começa, mas um dia acaba. Não se preocupe com suas roupas, irei lhe trazer um paninho, assim não as sujaras – E saiu. Fiquei um bom tempo pensando em ciclos. Se algo começou, um dia tem que acabar, precisa acabar, certo?!

Flashback off

Ao lembrar-me das palavras de minha mão, sorrio. Afinal, tudo é um ciclo. Um dia, do nada, começa e em outro dia, acaba. Assim é a vida.

O silencio reinava. Sinto um pequeno tremor, e abraço-me. E aos pouco vou fechando os olhos, e a imagem que tenho é de lábios macios aconchegando-se aos meus.

De repente ouço passos, vozes, e um braço me carregando. Não abri o olho, estava cansada. Cansada um pouco de tudo, para fazer a verdade. Só queria voltar para o vilarejo.

— Arrume o quarto da Senhorita Sophie, por favor – escuto uma voz, quase no meu ouvido, falar. Ouço pequenas risadas e mais passos. Reconheço a voz, mas não consigo lembrar a quem pertence. É como  se eu estivesse presente, fisicamente, mas com minha mente vagando

Então sinto algo macio embaixo de mim e esqueço tudo a minha volta.

Acordo com um som horrível. Escuto passos apressados pelos corredores. Olho ao redor e percebo que estou em um aposento ... o aposento do palácio. De repente sinto uma vontade enorme de deitar-me novamente, mas minha porta é aberta com um estrondo enorme. Charles e dois soldados aparecem, e eu, instintivamente, me cubro. Mas percebo que estou com vestimentas, uma camisola, que não sei como foi parar ali, reviro os olhos internamente, e retiro o cobertor de cima de mim.

— O que está acontecendo?- pergunto para Charles, enquanto esfrego meus olhos. Ao abri-los novamente, vejo que Charles passa os olhos por cada pedaço de meu corpo, e me amaldiçoo por não ter deixado o coberto em cima de mim. Quando seus olhos encontram os meus ele sorri, e tenho certeza que me pareço com um pimentão.

— Treinamento- fala ele.

— Treinamento para o que?! – pergunto levantando-me, mas volto para a cama quando meus pés encontram o chão gelado. Charles ri de minha peque falha.

— Invasão. Nosso reino é calmo, mas sempre precisamos estar preparados. Poderia me acompanhar?! – Viro um pouco a cabeça, em dúvida.

— Acompanhá-lo para onde?! – pergunto cautelosamente. Ele ri.

— Relaxe, Sophie. Não mordo! Mas respondendo a sua pergunta, iremos para um abrigo. – Apenas concordo e olho para meu sapato, que está muito longe de meu alcance. “ótimo!” penso. Charles olha para o mesmo local que eu e então caminha até seu encontro, pegando-o e depois, trazendo-o para mim. Murmuro um ‘Obrigada’ e espero que ele se afaste, para que possa coloca-los.

— Sophie – começa ele, enquanto coloco os sapatos-, quando estamos em ataque as coisas precisam ser feitas com mais agilidade ...

— Me desculpe! – falo já me levantando da cama. Fico mais vermelha quando percebo que os dois guardas também me avaliam. Coloco o robe que estava em cima da cama e passo reto por Charles e pelos guardas. Charles fecha a porta e precisa correr, para me alcançar. Ele fala em que direções preciso ir, as vezes tocando em mim. Arrepios atravessam meu corpo toda vez que nossa pele se encosta, e tenho uma enorme vontade de socar-me.

— Por que eu preciso fazer parte do treinamento?!- pergunto quando viramos a esquerda.

— Por que você costumava a frequentar o castelo. Então talvez um ataque possa acontecer com tu aqui, e tu deves saber para onde ir! – Assinto, pensando que osto tem lógica. Paramos em um corredor sem saída e olho para ele interrogativamente. Ele tateia a parede e depois empurra algo, a parede se abre e revela uma sequência de lances de escada.

— Damas primeiro- fala ele. Ótima hora para tornar-se um cavalheiro, quando eu estou morrendo de medo em entrar em um lugar desconhecido e escuro, sozinha ... com dois guardas e ... com ... Ai meu Deus! Apesar disso, assinto e entro, depois começo a descer as escadas lentamente, apertando o robe contra meu corpo. Ouço um barulho e vejo a passagem se fechar, os guardas ficando para trás. Paro, e quase caio, quando Charles avança novamente.

— Por que eles não entraram?- pergunto.

— Os guardas?! Eles não entram. Precisam proteger as entradas dos abrigos.

— Mas eles podem morrer! – grito. Charles se aproxima de mim e coloca as mãos sob meus lábios, calando-me imediatamente.

— Se tu gritar, não teremos motivos para ficar aqui! – solta. Depois olha para mim e retira a mão de meus lábios, muito tarde já que consigo sentir teu gosto. – Eles sabem o risco que correm, mas acham que defender a realeza vale mais que suas próprias vidas. Ele quiseram seguir por este caminho, e não há nada que eu, ou tu, possamos fazer. – Não falo mais nada, apenas desço a escada em silêncio.

Após alguns instantes chegamos a uma acomodação grande, não maior que “meu” quarto, mas grande o suficiente para caberem 10 famílias. Em uma parede haviam colchões e alimentos, enquanto nas outras duas encontravam-se 4 camas, duas em uma parede e duas em outra.

— Onde é a casinha?! – pergunto sentando-me em uma das camas.

— Aqui não há casinha, mas tem a pia – fala ele apontando para a pia que eu já tinha visto.

— E como eu faria se quisesse ...- então a verdade me bate e eu me calo. Eles pensam que eu usaria aquilo como ... Charles olha para mim e ri, acho que minha expressão de horror entregou meus pensamentos.

— Quando tu estás entre a vida e morte, onde farás a necessidade, e na frente de quem, é o que menos importa! – fala ele, ainda rindo. Em um gesto de desobediência, dou-lhe a língua.

— No momento não estou entre a vida e a morte, então o lugar onde farei minhas necessidades é sim importante! – reclamo. Depois deito-me na cama e fecho os olhos. Depois de alguns minutos, sinto uma parte da cama afundar, e abro os olhos.

— O que desejas?!- pergunto, evitando olhar em seus olhos.

— Quero conversar contigo sobre o que aconteceu- fala ele. Apenas suspiro e viro-me, ficando de costas para ele. Então sinto meu roupão cair um pouco, deixando minhas pernas a mostra.

— E o que aconteceu?- pergunto ajeitando meu roupão. Charles apenas bufa e me vira, fazendo-me olhar para ele.

— O beijo- E apenas essas duas palavras fizeram meu estômago revirar. Respirar e expirar, antes parecendo tão fácil, e agora tão difícil.

— Não quero falar sobre isto- afirmo.

— Talvez tu não queiras, mas precisamos decidir o que fazer, caso algué...- eu o interrompo.

— Então basta fingirmos que nada aconteceu. Tu não precisas dar satisfações a ninguém; És o príncipe, e futuro Rei. O que aconteceu fica entre nós, e com o tempo se apagará. Só ... não fale sobre isto, está bem?

— Sophie, sei que este foi teu primeiro beijo, não tentes negar- ele afirma. Não falo nada, sabendo que se abrisse minha boca, coisa boa não sairia. Como não digo nada ele continua – Tu sabes que não posso ter relacionamentos sérios, agora. Mas talvez poderíamos – ele coloca a mão em minha coxa – nos divertir. – Olho para ele espantada. Eu ouvi direito? Ele quer que eu seja sua amante?!

Ótimo, então que ele morra esperando!


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Notas finais do capítulo

Hey! Demorei a postar, mas este capítulo foi SUPER MEGA POWER show!! Só eu que ri no final??! kkk
E agora?! O que acontecerá com Charpie (créditos a AnneMStyles)
Então, amores, gostaram?!
Comentem!!!!!!
Beijinhos ♥♥♥



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