Darth Vader - O Despertar escrita por Rafael Danesin


Capítulo 1
Capítulo 1




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Prólogo

Estou em Naboo. O sol, as nuvens e a vegetação brilhavam com o resplandecer dos raios solares da grande estrela que aquece o planeta. Posso sentir o chão sob meus pés, a aspereza dos grãos de terra contra minha pele, posso enxergar todas as cores, um espetáculo incrível, mas minha atenção é roubada quando ela surge, em meio as pastagens, seu sorriso lindo como costumava ver todas as manhãs, envolto em lábios vermelhos, em contraste com a pele branca, os cabelos morenos. Algo dentro de mim sabe que isto não é real, mas não me importo, esta é a realidade perfeita para mim. Acaricio seu ventre, a criança cresce saudável, sinto sua pulsação, sua sensibilidade perante a força, nela somos um, todos nós. Sinto o delicioso calor irradiar minha pele, pela primeira vez em muito tempo estou em paz, longe do espaço gélido, de areias impiedosas. Mas meu conforto é breve demais para eu me dar conta, logo minha própria mente me traia e pesadas paredes claustrofóbicas desabam sobre mim, o cenário ao meu redor, o sol, o céu, Padmé – tudo desaparece, tomado por bolhas e uma visão turva e verde que emana do bacta em que estou mergulhado. Desperto, estava perturbado como há muito tempo não recordava. O líquido em que estou imerso é gelado e claustrofóbico, como tudo na minha vida, me lembrando o quanto sou fraco, frio e morto, esforçando-me para esconder esta dor interminável que surge de dentro da alma, uma dor que encaro com raiva, com repulsa, é por elas que meus músculos precários se movem.

O tanque se esvazia, ele sente frio, as extremidades de seus membros decepados roçam em suas próteses, lentamente ele começa a respirar, mas o ar é puro e fétido, filtrado em excesso, o único ar que seus pulmões aceitam agora. Ele ergue a face chagada pelo passado, retira o aparelho respiratório. Senta-se em sua poltrona, no centro de sua câmara pressurizada, por alguns minutos ali permanece, refletindo sobre o estranho sonho que teve. Suas visões sempre foram tristes e mórbidas. Nunca tivera algo tão reconfortante para contemplar. Nunca se afastara tanto do lado sombrio que acolhera como seu único aliado. “Meus sonhos sempre foram premonitórios...” ele pensa – “nunca antes a realidade pareceu tão cruel” – um sibilar em sua pele ferida o espanta, sua mão recolhe uma pequena gota salgada, uma lágrima. O homem que outrora foi certamente teria atentado a esse detalhe, mas esse homem está morto. Não há lugar para emoções no coração de um lorde sith. A maldade agora era a única coisa que teria permissão para habitá-lo. Mesmo assim, o sonho permanece em sua mente.

Há muito tempo o homem chamado Vader tem tentado superar, vencer suas limitações, isolando-se em sua fortaleza secreta, o castelo de Bast, no longínquo e ácido mundo de Vjun. O dróide médico DD-309, responsável por sua saúde, aproxima-se, sempre ditando um tom protocolar – ele parecia sentir o quão perturbado ele estava.

- Milorde, o senhor está bem? Talvez queira reparar seus mecanismos vitais novamente, senhor. – o dróide insistiu em analisar o painel localizado em seu peito, que subia e descia com a respiração cadenciada do sith. A pele em seu redor era repleta de cicatrizes. Vader não permitiu, respondendo em tom muito baixo, quase um susurro, devido às cordas vocais seriamente debilitadas:

- Ahhh... – inspirou profundamente – o problema que tenho você não pode consertar, apenas eu posso — súbito, levantou, vestiu a parte inferior de sua armadura, como sempre, incomodado com os dróides que o auxiliavam. Caminhou lentamente, os passos ainda pesados, uma cicatriz ainda recente no olho esquerdo. Vader dirigiu-se à sala de testes. O dróide de protocolo interveio, em tom dramático:

- Talvez o senhor não esteja pronto pra tentar seu experimento novamente, milorde.

- Só há um meio de saber – Vader respondeu rispidamente, adentrando a câmara de treinamento. As luzes se acenderam a sua presença. Não havia dificuldade ao respirar.

- Ative os dróides de batalha, computador. Inicie a sequencia de batalha, nível 15. Com os dedos sintéticos, ajusta a velocidade de sua respiração, permitindo um fluxo mais acelerado. As portas laterais se abrem, robôs de batalha surgem das sombras. Vader sente o calor de seu sabre próximo ao peito nu. Instintivamente, ele busca raiva dentro de si, e as imagens do sonho inesperado aparecem em insights, o lado negro caminha rumo a seu alcance. Ele divaga em tudo o que viu, sentiu – em tudo que perdeu – e o esforço para mover os débeis músculos de seus membros torna-se menos doloroso. Agora, as trevas o tem, e nada mais importa. O sabre desliza por entre o metal mandaloriano de seus adversários, fios se rompem, braços robóticos vem ao chão, sua poderosa mão avança o sabre sobre o núcleo de energia da máquina, movido pelo mais puro ódio. Ele desliza, passando por entre os golpes e investidas dos dróides, ágil apesar de toda a sua deficiência. Vader era um excelente espadachim na época das guerras clonicas, mas devido a seu acidente, teve que adaptar seu estilo à sua situação critica. Seus golpes agora são mais devastadores, e usam mais a força do que a agilidade propriamente dita. O que seus músculos não conseguem alcançar é compensado pela mobilidade destra das próteses. Sua mão estoura a couraça de outro dróide, em violência, puxando seus circuitos e destruindo o alimentador de energia que o fazia funcionar. Vader ignora o fato de que ele e o dróide agora destroçado a seus pés têm muito em comum. Com alguns círculos e golpes profundos, a primeira leva de inimigos jaz em pedaços atrás de si, e ele está mais ofegante do que gostaria – mesmo com o corpo livre, a ausência de sua grelha para filtrar o ar exauria seus pulmões, e os músculos dos braços e do tronco doíam – suas fibras estavam dormentes, não tinham os impulsos elétricos para dar-lhes vigor. Vader nega seus limites. Nega a mistura de sangue e suor que escorre por sua face. Sua raiva não o permite. Mesmo fraca, sua voz é resoluta:

- Ative... o dróide... atirador!

- Milorde, os sensores detectam que seu organismo sofreu vários danos internos, e não está apto para outra — Vader o interrompe bruscamente.

- Faça!

Súbito, mais um dróide saiu das camaras ao redor, armado com diversos tipos de armamento, sua função era simular a sobrevivência em meio a um pelotão de soldados. Vader inspirou o ar, sôfrego, reuniu toda a fúria que ainda permanecia em sua pele, no momento esta era sua única força. O dróide disparou alguns blasters, Vader girou o punho veloz para rebater todos, com sucesso – a resposta veio com alguns disparos múltiplos, em varias direções, Vader rolou para o lado, a respiração entrou em frenesi, bem acima do que seus órgãos artificiais suportavam – começou a tremer – seus parcos sentidos o enganavam, a vista começou a se turvar.

- Eu... não vou.. cair!

Vader postou-se frente à maquina de destruição, cerrou o cabo do sabre sob seus punhos, e, diante da dor e fraqueza, deu de ombros, impulsionado do solo pelas potentes pernas, e voou de encontro ao dróide. Sentiu o calor do ferro derretendo. Aproveitando a gravidade, rasgou o torso, jogou a arma ao lado, agarrou as extremidades do corte e forçou-as para fora. Seus músculos estavam exaustos, a respiração era sôfrega, mas o poder negro era predominante. Esticando os convalecidos braços, abriu o peito do robô, expondo seu mecanismo interno. Puxando o sabre com a força, desferiu um semicírculo rubro à frente, passando impiedoso pelo seu algoz mecânico, pousando do outro lado da sala. O gigante tombou atrás de si. Vader levantou-se, radiante, em furor graças ao êxtase da batalha. Seus membros gloriavam-se pela dor e sofrimento. Ademais, eram estes momentos de ação que mais traziam a ele uma sensação de estar vivo. Por mais que houvesse sacrificado em nome dos sith, ainda era detentor do poder de Skywalker. Seu júbilo era tão intenso que ignorou o fato de seus pulmões mecânicos estarem em uma pane frenética. Estava, realmente, respirando graças ao ódio que o dominava. Vader lembrou-se do poder curativo do lado negro, mencionado por seu mestre, que há muito ele tenta testar, com resultados admiráveis. Talvez a lenda de Darth Plagueis não fosse tão falsa assim, afinal. Talvez algum dia ele se torne poderoso a ponto de restaurar seu corpo mutilado, reconstruindo a sim mesmo. Cambaleante, ele voltou a sua câmara de meditação com o sabor da vitória mesclado a sangue, suor e óleo.

Capítulo I: O Chamado

Os reparos o recordam de sua fragilidade. O organismo do sith era uma bizarra mescla de homem e autômato. Para sua sobrevivência, suas veias eram banhadas diariamente por um composto químico preparado para evitar a rejeição das próteses. Mas sua maior fraqueza mesmo eram os órgãos, pulmões e o coração biônico, incapazes de compensar a ineficiência de seus órgãos naturais, queimados pelo ar quente, cuja recuperação exigia tempo e repouso, duas coisas inexistentes para o braço direito do imperador e segundo em comando na hierarquia imperial, embora muitas vezes tivesse a impressão de ser mais temido que o próprio. Porem, mesmo todo seu poder não ocultava a precariedade de seu organismo moribundo. Por muitas vezes Vader se indagou se seu mestre não o fizera intencionalmente como uma garantia de que não se rebelasse contra ele. “Um plano de contingência”, como pensava Vader, acordado durante todo o processo cirúrgico. Ele tenta, em vão, afastar suas memórias mais longevas, de um garoto ao lado de um anjo descobrindo que nem tudo estava ao alcance de suas mãos habilidosas. “Eu posso consertar tudo” dizia, “mas não posso trazer de volta as pessoas que amo”. E, mesmo sabendo que isso não aconteceria, que não poderia trocar uma vida por outra, foi por sua mão que uma vila inteira de tusken raiders fora chacinada naquela mesma noite. Por esta mesma mão também cairia a ordem jedi, e a si mesmo, nas lavas de Mustafar. Cautelosamente, os dróides médicos selam os cortes em sua pele, novamente encoberta por suas grossas vestes negras. Vader sente os eletrodos em contato enrijecendo seus músculos, sente o tecido grudar à sua pele. O colar cervical aquece seu pescoço, a mascara encobre sua visão, o capacete pesa em seu crânio. Um arrepio passa em seus nervos quando dezenas de seringas penetram meticulosamente em seu encéfalo. Seus sentidos estão novamente amplificados. Enquanto ajusta seus equipamentos, a tela à sua frente se abre, e a imagem do almirante Wilhuff Tarkin, futuro candidato a novo moff. Sua fala ríspida e cortante lembrava a arrogância do imperador.

- Lorde Vader, o imperador deseja vê-lo. Ele diz ser uma mensagem urgente.

- Entendo. Como anda a operação na orla exterior, almirante? – a voz sintética de Vader ressoava em seu característico tom monocórdico.

- Os rebeldes em breve serão esmagados, senhor – Tarkin era, de fato, um homem valoroso, alguém que cumpria suas ameaças – eu enviei meu melhor comandante, Nillus Gahant, nesta missão. Eu mesmo supervisionarei a operação em breve.

- Muito bem, almirante, o imperador parece estar muito satisfeito com suas conquistas formidáveis. Espero que sua missão tenha sucesso e que a sombra da decepção não o atormente – a disputa pela autoridade fazia ambos trocarem olhares de inveja e desconfiança, mesmo de forma desproposital, como sinal de sua rivalidade – afinal, Tarkin era um dos preferidos pelo imperador, e sua conquistas eram invejáveis.

- Ele o fará, lorde Vader, não se preocupe. Desligo.

As travas da câmara hiperbárica se abriram, Vader saiu, exalando o ar filtrado por sua máscara. Não estava mais livre como antes. Toda vez que colocava sua armadura, Vader sentia-se como se preso por correntes invisíveis a grilhões pesadíssimos, impedindo que executasse movimentos ágeis e velozes. Todo o seu estilo de luta teve de ser retrabalhado devido às limitações impostas. Entretanto, Vader já estava se acostumando à sua situação, chegando até a se dispor de momentos de liberdade, como outrora. Vader passou pelos corredores, soldados estavam em patrulha. Ele sentia a intimidação que sua presença exercia sobre eles, e se permitiu um pequeno júbilo pela força de sua autoridade. Sua figura injetava medo até nos corações mais sombrios que o império atraía com sua ganância e corrupção. O sith adentrou, com a capa atrás de si, com sua marcante silhueta sombria, e ajoelhou-se diante da câmara holográfica. O piso acendeu sob seus pés. A asquerosa silhueta do imperador Palpatine formou-se no vazio, iluminando o traje negro de Vader, que inclinou a cabeça em reverencia.

- Quais são as vossas ordens, meu mestre? – O imperador certamente era a única pessoa que tratava cordialmente.

- Há uma rebelião no planeta Bal'demnic, no sistema Bak’rofsen, na orla exterior. Alguns descontentes com a nova ordem aliaram-se a nativos Kon’me, e causaram muito estrago pelos postos imperiais onde passaram. O comandante da campanha não obteve muito sucesso, então eu quero que você vá até lá e mostre a ele como uma batalha deve ser ganha.

- Será feito, mestre.

- Lorde Vader, é bom que saiba que alguns relatos informam que um jedi foi avistado entre os exércitos rebeldes. Se esta informação for verídica, esta é sua chance, meu aprendiz. Use toda sua raiva, e mostre a este filho da luz o verdadeiro poder do lado sombrio! Lembre todos eles que o poder está nas mãos dos siths novamente. Lorde Vader... eu sinto algo estranho em você. Aconteceu algo?

- Nada que demande sua atenção, mestre. Apenas memórias de um homem morto que insistem em me perturbar. Infelizmente. Mas não se preocupe, minhas emoções estão claras, minha mente está em equilíbrio.

- Sim, eu sei... mas não é isso. Eu sinto um poder em você... algo que não consigo definir...

- Nos últimos dias, o lado sombrio têm me tornado mais forte, mestre.

- Sim, muito bem, está tudo ocorrendo como eu previ. A cada dia você se torna mais poderoso, um símbolo da glória e do medo. Agora, vá, Lorde Vader, e subjugue os rebeldes. Lidere a 501ª e garanta o controle de Bal'demnic. As preciosas minas de cortosis existentes nas ilhas deste mundo poderão ser muito úteis para o império, e seu comércio, uma grande fonte de lucro.

- Assim será feito, meu mestre.

A imagem se dissipa, Vader ergue-se diante do vazio.

Uma missão. Mais uma chance para se provar, para refinar o poder latente dentro de si. Enquanto segue rumo a seu transporte, ele reflete sobre seus últimos combates. Pensa em como se superestimou quando se arriscou a enfrentar uma reunião de jedis, e como subestimar suas habilidades fora desastroso. O mesmo aconteceu no planeta Otavon 12 – sua irresponsabilidade e impertinência resultou em uma base imperial destruída e um empreendimento fracassado. Mesmo assim, ainda sente um ódio mortal pelos jedi, nutrindo um sentimento de vingança por seu velho mestre e até mesmo pelo homem fraco e incapaz que era. Mas sua dura punição foi compreendida. Ele era um lorde sith, tinha um poder inexpugnável em suas mãos, não devia dar importância aos sacrifícios e feridas do passado. Entretanto, sentia dentro de si algo que desejava voltar, singrar o caminho inverso. O que Vader ignorava era o fato de que isso estava cada vez mais presente em seus pensamentos.

O shuttle imperial adentra a fraca atmosfera do planeta Bal'demnic, no setor de Auril, nas regiões afastadas do núcleo galáctico, bem afastada da capital do império, mas que não estava livre de seu alcance. No entanto, o império ainda era um recém-chegado no sistema, e o domínio de outras corporações ainda bate de frente com seus interesses. O planeta é inóspito, embora paradisíaco - tomado, em sua grande totalidade, por um gigantesco oceano, pontuado por algumas ilhas tropicais. A escassa civilização foi definitivamente limada durante as guerras clônicas. Vader desce pela rampa de seu transporte opulento, avistando ao longe um cenário desolado, mas exuberante, da maior ilha do planeta. Aos céus, as fracas nuvens flutuavam sob alguns destróieres estelares, à frente da luz da estrela que ilumina superfície de Bal'demnic, sobre a qual alguns morcegos-gaviões planavam. Este era, de fato, um dos últimos mundos a serem alcançados pela mão do império – Vader já não lembrava quantas batalhas vivenciou, mas a sensação de dejá vu era inevitável. Ele segue, acompanhado de três stormtroopers, de encontro ao comandante da operação, Vinlad Gorgon, que observa, de longe, a batalha feroz que é travada frente às antigas minas de cortosis.

- Lorde Vader, as tropas estão prontas para receber suas ordens – o tom era firme e perseverante, legado de sua disciplina draconiana – sua presença certamente irá inspirar a coragem de nossos homens.

- Minha presença aqui não seria necessária se você soubesse usar sua autoridade, comandante – o tom se elevou, Vader sentiu um frio cortante subir pela espinha do homem – espero que suas justificativas sejam aceitáveis, para seu bem.

- O-Os insurgentes estão em vantagem territorial, senhor, e as minas que eles usam como base são resistentes a ataques de mísseis – o homem engoliu em seco frente ao olhar vazio do sith – e-e os contrabandistas vem fornecendo armas a eles.

- Quem são exatamente esses rebeldes? É verdade que há um jedi entre eles?

- O-Os insurgentes são a-alguns Kon’me, nativos deste mundo, que se aliaram a mineiros e contrabandistas locais... Quanto ao jedi, tudo o que temos são boatos, milorde, não houve nenhum contato visual - - o oficial sente uma mão invisível esmagando sua traqueia violentamente – sua visão embaçada vê o punho de Vader se estendendo em sua direção, a palidez da morte toma seu rosto desesperado. A voz do vilão se sobressai, ainda mais gélida:

- Isso significa que nossas tropas estão caindo pelas mãos de criminosos – a mão enluvada começa a cerrar lentamente – foi sua ignorância, comandante, que tornou esta derrota possível – o punho se fecha tão bruscamente quanto seu ar, o homem se atira no chão pedregoso, contorcendo-se em espasmos – sua morte vem tão rápido quanto sua consciência se esvai. Vader passa por cima do cadáver, dirige-se ao seu imediato:

- Agora você assumirá o comando desta operação – espero que não tenha o mesmo destino de seu superior.

Vader e sua escolta desceram o barranco, encontravam-se agora no nível da batalha que se seguia. Vader notou que o combate transcorria apenas entre homens, não havia nenhum veículo auxiliando as tropas da 501ª.

- Por quê não há nenhum andador em campo, soldado?

- O terreno desta ilha é muito irregular e instável, devido às muitas minas cavadas sob o solo, senhor – Não tivemos chance de colocar nenhum veículo maciço, como um AT-AT, no campo de batalha.

- Vocês têm alguns speeders?

- Sim, temos, senhor, mas o terreno também não favorece...

- O terreno só favorece aqueles que sabem pilotar – a postura intimidadora gelou o sangue do soldado de assalto – vamos, tragam-me alguns speeders, nunca poderemos sobrepujar estes rebeldes se não conseguirmos uma vantagem estratégica.

- Sim, Lorde Vader, considere-o feito - o capitão ergueu a mão, sinalizando uma ordem ao batalhão que cuidava dos veículos de transporte – por volta de dez compartimentos se abriram, e as motos, pilotadas pelos biker scouts, adentraram a batalha – Vader deu sinal a um batalhão reserva para que o seguisse, e pôs-se à frente da tropa de oitenta soldados.

- Siga meus comandos, general. Vou liderar o ataque pessoalmente, quero ter esses insurgentes sob custódia, se sobreviverem.

Logo a frota se aproximou, rapidamente, da batalha intensa. O sith reparou nos incontáveis corpos de oficiais do império, avistando, em alguns, ferimentos bem peculiares. Do outro lado da planície, um excepcional contingente de rebeldes digladiava-se contra um pequeno grupo de imperiais, claramente em desvantagem, diminuindo com o tempo. Os rebeldes usavam blasters, provavelmente roubados dos soldados caídos. Vader estudou, por um momento, a situação, ponderando qual seria a melhor tática. Sem esmorecer, ordenou aos scouters que cercassem o exército rebelde. Lutando há cinco dias, as tropas de insurgentes prosseguiam confiantes, tomados pelo sabor da vitória sobre o tão temido império que havia espalhado o medo e a tirania pela galáxia. E hoje a maré de sorte prosseguia, com as tropas imperiais cada vez mais temerosas e desengonçadas diante dos seguidos avanços do inimigo. Mas naquele dia havia algo diferente, que selaria seus destinos para sempre. Ao longe, outro batalhão avançava, e uma figura negra destacava-se à frente, e sua simples visão deu um baque mortífero na fé que guiava aqueles clones e clandestinos revoltosos. À frente do batalhão estava Vader, braço direito do imperador. Mesmo naquelas regiões longinguas da orla exterior os relatos das maldades do sith haviam gerado temor e desespero. Agora o mal estava encarnado à distância de poucos metros, cada vez mais perto, implacável. O temor foi confirmado com a chegada de vários speeders pelos flancos, causando grandes baixas. Vader se aproximou, e pediu uma moto para si – saindo da comando da tropa, saltou sobre ele, e voou rente aos outros veículos, circundando os rebeldes, agora cercados pelos lados – e pela frente – os poucos stormtroopers sentiram novamente a coragem em suas veias, animados com a presença cruel do sith.

A batalha, antes desigual, agora estava equilibrada, mas por pouco tempo. A tática de Vader funcionou, e as naves voavam velozes, mesmo sob o terreno desgastado e pontiagudo que se elevava do solo, resultado de décadas de exploração dos recursos minerais. Os pobres rebeldes viram sua esperança desabar por terra. Vader, até então voando junto aos speeders, saltou sobre o agrupamento rebelde, no centro da planície, sua figura negra crescia tão impiedosa quanto o medo nos corações dos homens. Pouco antes da queda, ligou o sabre de luz cor de sangue, estendeu-o à sua frente, e, usando-o como uma lança, atravessou o corpo do solado abaixo dele, para em seguida desferir um golpe, em circulo, ferindo cinco homens à sua volta – seus gritos agoniados eram pouco diante da visão de seus membros decepados. A chacina prosseguiu, e Vader avançou, abrindo caminho com seus poderosos golpes, que desciam sobre suas vitimas como pilastras de titânio, passando pelos restos mortais que se acumulavam sob seus pés. Alguma coisa o estava incomodando desde que entrara no local, e agora Vader sabia o motivo: havia uma presença poderosa no local, e ele entendeu que os relatos eram mais que verdadeiros. Talvez fosse seu mestre que ali estivesse, escondido do expurgo jedi que se seguiu à queda da republica. Agarrado à sua raiva, o vilão estava alheio à devastação que causava, e a trilha macabra que seguia, conduzido por seus sentidos.

- Recuem! Recuem! Corram de volta às minas! – o capitão do exercito rebelde reconheceu sua derrota e decidiu escolher pela sobrevivência cão invés do heroísmo tardio. As tropas, atordoadas pela tática destrutiva do império, correram desesperadas aos esconderijos encavados ao longe, que outrora eram minerarias de cortosis, material valiosíssimo no mercado. Mas Vader não cessou. Mesmo com a derrota iminente dos rebeldes, ainda caminhava rumo àquela força que parecia chamá-lo incessantemente, selando o destino dos homens em seu caminho. Alguns Kon’me, movidos por seu código de honra, aventuravam-se a atirar contra o sith, na vã tentativa de matar o líder das tropas, recebendo seus tiros recocheteados em seus peitos escamosos– mortos por suas próprias armas. Os rebeldes refugiaram-se atrás de uma grande muralha de pedra maciça, no alto da colina, defronte às minas. O lugar onde estavam lutando era cercado de uma vasta vegetação.Vader, vendo as tropas imperiais o alcançarem, ordenou ao capitão do batalhão:

- Mande as tropas seguirem os rebeldes. Vamos demolir estas minas e ceifar as vidas de quem estiver dentro – façamos destes homens um exemplo.

Deixando os speeders abaixo, os soldados subiram a montanha, liderados por Vader. Mas não faziam ideia do que estava por vir.

Próximos à barreira inquebrável que se projetava adiante, Vader e seus homens ouviram um som familiar, o silvo que um sabre-de-luz faz ao ligar. Os oficiais não tiveram muito tempo: uma figura esguia saltou sobre o muro e passou acima do sith, aterrisando sobre seus soldados, como o próprio Vader fizera há pouco. Seus golpes ágeis trespassavam, implacáveis, os corpos, cortando-os e mutilando-os, nem dando tempo para suas vitimas verem a morte de frente. Vader, àquela altura já com a adrenalina concentrada em suas veias, se surpreendeu com seu inimigo – seus ataques cruéis e violentos, que em muito lembravam os seus próprios, jamais poderiam vir de um jedi, um guardião da paz e da bondade. Seu algoz misterioso era um sith. Dando meia-volta, Vader correu por entre seus soldados, sentindo a raiva sob as dezenas de camadas de seu traje reforçado. Seus sabres se chocaram, e Vader sentia a aura maligna do sith, algo que jamais vira, e seu estranho rosto sem boca, apenas com duas fendas no lugar do nariz. A pericia de seu inimigo era admirável, e seu estilo de esgrima um reminiscente dos últimos anos da velha republica. Bloqueando e rebatendo seus furiosos golpes, Vader sentia seus músculos em êxtase pelo desafio – mas, diante da flexibilidade do adversário, Vader estava em desvantagem, decidindo, então, usar a força bruta – respondida em equivalência por seu algoz. Era como se cada ataque de Vader fosse antecipado, como se sua técnica tivesse sido assimilada.

Enquanto os soldados alheios ao duelo avançavam rumo às cavernas, Vader e o sith ainda estavam em combate acirrado. Com sua armadura danificada e o capacete cheio de marcas, Vader tentou decepar a cabeça do sith, que, desviando, acertou seu flanco. O urro de vader ecoou dentro da mascara, sobressaindo-se sobre os sons da batalha – com a raiva à flor da pele, Vader amaldiçoou sua dor, estendendo-os os braços em uma onda de energia que atirou seu oponente de encontro aos rochedos. Sem misericórdia, Vader atirou com força seu sabre, que voou rumo à coxa do sith, rasgando o fêmur – em resposta, seu corpo veio ao chão – seja o que fosse, ainda podia morrer. Mal abriu os olhos e o vulto malévolo de Vader estava sobre ele, a mão gelada em sua garganta. Entretanto, não era ele o detentor da aura grandiloquente que ele sentira. Na verdade, Vader não sentira presença alguma naquele estranho sith.

- O que diabos é você – Vader flexionou os dedos sobre a traqueia do homem – que presença poderosa é esta que sinto sob estas minas?

O sith não esboçou nenhuma reação, continuou a debater-se, segurando as mãos de seu interrogador firmemente, como se o ódio puro fluísse por seu corpo. Vader olhou então para sua face, seus olhos negros e profundos, como uma janela para o espaço, nenhuma resposta ou aura, era como se fosse um morto-vivo, a própria raiva materializada. Vader parou de perder tempo com ele e, estendendo seus dedos, cerrou o punho sob a coluna cervical do sith, esmigalhando os vasos e ossos, que se entortaram com um estalo. Aquele ser macabro agora estava morto. Mas seus olhos não fecharam ou tampouco empalideceram, o cadáver continuou fitando-o.

Quando Vader ergueu os olhos havia outro sith a alguns metros – Vader ergueu o sabre, prestes a atacá-lo – mas o sith o interrompeu com um sinal - de fato, não parecia ter intenção alguma em travar um duelo. Este era diferente – um bith, com uma couraça cinzenta sobre uma indumentária característica dos sith, e um aparelho que lhe permitia respirar qualquer ar que fosse distinto do existente em seu mundo. Vader deixou o batalhão e se aproximou – e o bith apontou para uma caverna ao longe – e em seguida, sumiu, como um holograma. Por algum motivo que não sabia discernir ao certo, Vader se sentiu compelido a seguir rumo ao local. E o fez. Saltando sobre os obstáculos naturais, ele logo estava defronte à gruta, localizada à pelo menos dez metros da planície onde transcorrera a batalha. A mina claramente era velha e sua passagem fora aberta há pouco tempo. Seguindo a forte aura que sentia, Vader entrou, descendo cuidadosamente os degraus esculpidos e iluminando o caminho com seu sabre. O lugar estava quieto, o único som que ecoava pelas galerias era a estridente respiração de Vader, que não fazia ideia de quanto já havia descido em direção ao centro do planeta, mas o ar cada vez mais rarefeito indicava que estava em uma grande profundidade. Frente ao caminho sombrio, Vader pode ver, no fim da trilha, uma luz. Ao completar o trajeto, Vader adentrou uma câmara forrada de material reluzente – cortosis. Mas não era o primeiro a chegar. Havia vários sinais de que alguém habitara aquela caverna, mas a data não era precisa. Súbito, o sith reapareceu, e sua voz sintética lembrava muito a sua:

- Siga por este caminho, filho de Plagueis. O que procura está logo adiante.

- Quem é você? O que pretende — Vader não teve tempo para ter suas respostas. Estava estranhamente perturbado, e a alcunha pela qual foi chamado o intrigava. Movido pelos sentidos, alcançou uma gruta, inferior à primeira, onde haviam alguns utensílios e uma espécie de escada que levava até o topo – cuja saída fora bloqueada. Vader sentia uma presença maligna, algo incrivelmente poderoso, capaz de sobrepujar até sua raiva. Não sabia realmente se estava consciente ou seguia como uma marionete puxada por cordas invisíveis. No fundo da sala, sobre uma mesa improvisada, estava algo que Vader já ouvira falar, mas nunca vira: um holocron – um aparato tecnológico usado como um receptáculo de antigas memórias – usado tanto por jedis como por siths.

O objeto peculiar respondeu ao seu toque com um brilho, e a imagem vermelha de um mestre sith surgiu, como uma gravação: era um ser da raça muun, com seu crânio alongado coberto por um capuz, repousando em uma espécie de trono. Sua voz, assim como sua presença, exalava malignidade. Certamente era dele a presença que vader sentira desde sua chegada.

- Saudações, lorde sombrio dos sith, meu nome não tem importância, apenas minha ciência do lado sombrio. Atente à esta mensagem, ser de ódio, e das trevas você trará a vida da morte - - a mensagem foi interrompida com um tremor repentino, que abalou as paredes da caverna – parecia haver algum mecanismo de defesa pronto a agir na presença de invasores – com o teto da gruta caindo aos pedaços, Vader saltou, seguindo ligeiro até a entrada, a armadura era esmagada pelas pedras que o atingiam. Subindo o mais depressa que pôde, ele usou a força para desbloquear seu caminho, tomando cuidado para não danificar o tesouro que encontrara. Em pouco tempo, estava de volta à superfície, sentiu novamente o calor do sol de Bal'demnic. A mina desabou atrás de si.

Retornando ao cenário devastado pela luta, Vader foi abordado por um de seus imediatos, que trazia noticias sobre a caçada aos rebeldes.

- Lorde Vader, os rebeldes tinham um refúgio bastante profundo, fornecido pelos nativos, mas conseguimos soterrá-los com nossos canhões de plasma. As outras unidades se espalharam para bloquear o restante das saídas – Vader permanecia concentrado no estranho objeto que achara, como se nele estivessem todas as respostas que sua alma tanto procurara.

- Excelente, capitão – disse, andando rumo à seu transporte – informe ao imperador os reportes da batalha – e ordene ao batalhão C que permaneça em Bal'demnic para auxiliar na reconstrução do posto avançado – e para evitar novos conflitos.

- Sim, senhor – o soldado deu as costas ao sith e voltou a seu batalhão, Vader assegurou-se de que a situação estava sob controle e em seguida seguiu rumo a seu transporte particular. Entrou no shuttle, a rampa subiu, deu ordem ao piloto para que decolasse – entrou em sua câmara bariátrica, imerso em pensamentos, assistido por seus dróides médicos, preparados a reparar suas feridas e lesões internas. Mas, apesar de tudo o que havia acontecido, uma única frase dominava a mente do sith, ecoando no mais profundo vácuo de sua alma:

“...e das trevas você trará vida da morte...”

Capítulo 2: A missão

Coruscant, capital da república, 2 anos atrás.

A Casa de teatro Galáxias, no distrito Uscru, ergue-se imponente, e graças à sua elegância, ele consegue se destacar entre os dezenas de prédios à sua volta, que em nada devem em classe e opulência, como a grande maioria dos gigantescos edifícios que cobrem a superfície do planeta-cidade. Entre o tumultuado fluxo de cidadãos das mais diversas raças, credos e ocupações, surge a figura de um jedi, distinto por seus trajes característicos, correndo como se estivesse atrasado para alguma eventualidade. E estava, de fato. Anakin Skywalker fora contactado, mais uma vez, por seu amigo e mentor, o senador Palpatine, no teatro, durante a estréia de um novo espetáculo inovador. Anakin entrou no prédio de forma cortês – reduzindo sua velocidade para não causar alarde. Seguiu pelo corredor repleto de figuras famosas da aristocracia local, membros da classe alta. Anakin seguiu e entrou em uma das saletas que davam acesso ao público, avistando, com seu olhar aguçado, a figura inconfundível do senador de Naboo sentado na plateia. O homem se animou com sua chegada, recepcionando-o cordialmente:

- Ah, olá, Anakin, vejo que recebeu minha mensagem. Por favor, sente-se. O espetáculo começará em breve – o tom usado era bastante informal – então, conte-me: qual são as novidades na busca pelos separatistas?

- Sim, milorde. O general Grievous foi encontrado e morto pelo mestre Kenobi.

- Excelente! Agora, Anakin, é só uma questão de tempo até que os separatistas sejam derrotados e a guerra chegue ao fim. Muito em breve, poderemos novamente ter paz. Anakin, quero que me faça um favor.

- Farei qualquer coisa, milorde.

- Quero que seja meus olhos e ouvidos dentro do conselho jedi. Quero que seja meu representante – enquanto falavam, as luzes se apagaram, o centro do teatro em forma de esfera se iluminou, e formas oníricas começaram a dançar, suave e sincronizadamente em um meio aquoso, ao som de uma bela e calma opera, no ballet Mon Calamari chamado Squid Lake. O publico assistia, quieto. Anakin respondeu:

- Isso...Isso é uma honra, milorde – disse, com ar lisonjeado – mas os jedi com certeza não aprovarão – eles nem sequer me sagraram mestre.

- Isso com certeza é uma injustiça, meu amigo... Você fez muito desde que se tornou jedi, Anakin – se há alguém que merece o titulo de mestre, é você – Palpatine sentiu ter atingido o orgulho do rapaz – a verdade é que os cavaleiros jedi são tão cegos por sua ética que não percebem o quanto se parecem com seus inimigos, os sith – o jedi se mostrou interessado no assunto. O senador continuou:

- Você já ouviu falar na tragédia de Darth Plagueis, o Sábio? É uma velha lenda Sith. Darth Plagueis foi um Lorde Negro dos Sith, tão poderoso e tão sábio que podia usar a Força para influenciar os midi-chlorians para criar vida – Skywalker redobrou a atenção –ele tinha um conhecimento tão profundo do lado negro que podia manter aqueles por que se importava longe da morte.

- E o que aconteceu a ele? – O jedi não conseguiu disfarçar sua curiosidade.

- Ele se tornou tão poderoso.... a única coisa que ele tinha medo era de perder seu poder...o que depois, claro, aconteceu... Com azar, ele ensinou tudo que sabia a seu aprendiz, então esse mesmo aprendiz o matou enquanto dormia – Palpatine esboçou um regozijo – É irônico, não? Ele podia salvar outros da morte mas não a si mesmo – havia algo de pessoal na zombaria que expressara. Mas Anakin não o percebeu, pois o assunto em questão o atingira com a rapidez de um duelo de sabres-de-luz. Sem hesitar, perguntou:

- Mas esta habilidade... isso é realmente possível?

- O lado sombrio é o caminho para várias habilidades que alguns consideram como não-naturais.

- E é possível aprender esse dom?

- Não de um jedi – a resposta final de Palpatine foi fria e clara para o jedi. A magnífica apresentação por fim se encerrou, sob grandiosas vaias e aplausos – e todo o publico deixou o local. Anakin se despediu do senador, seguindo o caminho de volta ao apartamento da senadora Amidala, secretamente sua esposa e futura mãe de seu filho. As palavras de seu amigo não saíam de sua mente durante o trajeto. Estaria toda a esperança dele no lado sombrio da força? Ele seria capaz de violar toda a sua moral para salvar a vida de sua esposa e filho? A resposta soava perturbadora para o jedi -ele sabia, acima de tudo, que seria capaz de qualquer coisa para fazê-lo. Agora sabia por quê o amor era proibido aos jedi. O amor traz o medo da perda, e do medo vem a raiva, que conduz diretamente para o lado sombrio. Mas agora já era tarde, pois sua mente já estava dominada pelo amor. Anakin não sabia, mas seria justamente esse amor que viria a consolidar seu destino. Padmé estava certa. O amor o havia cegado.

Destróier Estelar Desolação, órbita de Coruscant, Dias atuais.

Darth Vader repousava em sua poltrona, inspirando e expirando o ar por suas próprias narinas, sem o incômodo filtro respiratório. Vader fez um aceno, e seu dróide medico se aproximou. Sua voz, quase tão fraca quanto um sussurro, era de difícil compreensão, mesmo para o dróide, fluente em varias linguagens.

- Abra a câmara.

- Milorde, tem certeza de que deseja tentar fazer isto novamente? – o robô mostrava-se visivelmente preocupado – seus alvéolos ainda estão lesionados após o incidente em Bal’demic.

- Não questione minhas ordens, D-D-360. Apenas faça como eu ordenei. – sua frieza o tornava assustador mesmo sem sua temida armadura negra.

O dróide achegou-se da parede metálica e apertou um botão, e a câmara se abriu - a diferença de pressão com o exterior podia ser notada facilmente. Vader sentiu o ar impuro em seus pulmões, sabia que não agüentaria muito tempo. Buscou então, despertar todo o poder sombrio dentro de si, sentiu a raiva dominar-lhe por completo, unindo-se ao mal. Então levou a mão sintética até a caixa em seu peito, desativando totalmente os sistemas que mantinham seu corpo funcionando corretamente. Todos os sistemas desligaram. Vader concentrou-se mais ainda, focando toda a sua raiva em seus órgãos internos, procurando torná-los sãos e autônomos novamente – focalizou seus traumas, feridas e falhas, e as preencheu com o ódio cada vez mais crescente. Súbito, a fraqueza que sentira desvaneceu, e podia sentir seu organismo agindo como outrora, antes de sua destruição em Mustafar. Levado pelo ímpeto, ergueu-se, sentiu os músculos fortes, as células de sua carne mutilada pulsavam, o coração batia com valentia, e os demais órgãos estavam todos saudáveis. Sua mente, por um momento, se esqueceu de tudo o que ocorrera, a única coisa que importava era o momento presente. Paz. A raiva tornou-se alegria, êxtase. E o paradoxo novamente ocorreu. O milagre ocorrera por causa de seu ódio – sem ele, os órgãos falharam novamente, a carne retornou ao estado pútrido – Vader cambaleou, tombou para a frente, apoiando-se nos joelhos. Seu dróide o socorreu, rapidamente religando seus sistemas vitais. Vader retomou as forças, e, erguendo a cabeça, disse:

- Como... Como ousa me desobedecer? – sua raiva era tamanha que o corpo do autômato se retorceu a ponto de tornar-se irreconhecível, um amontoado disforme de metal e cobre atirado com força contra a parede. Lacrou a câmara novamente.

Mais um fracasso. Há algum tempo Vader tem tentado, sem sucesso, usar o poder do lado sombrio para curar a si mesmo, preceito ditado por seu mestre, Palpatine, quando lhe contou a lenda de Darth Plagueis, o sith que podia dar vida aos mortos.

“...e trazer vida da morte...”

Se a habilidade que tanto almejava era real e comprovada, por quê não funcionava? Por quê sua raiva era traída pela bondade que ainda envenenava sua alma? Como seria possível existir um lado bom em sua alma depois de tanto sofrimento que presenciara? Enquanto caminhava, seus pensamentos estavam em conflito. Necessitava de conhecimento, algo que seu mestre não fornecia – a única função de Vader, para o imperador, era a de um instrumento para impor medo e eliminar adversários. Um assassino sem vontade própria. Vader deixou sua câmara de meditação, e seguiu ao recinto posterior, onde havia uma mesa para refeições. Vader olhava para ela e se esforçava para lembrar qual fora a ultima vez que colocara algo digerível em sua boca. No entanto, do outro lado da mesa, estava o holocron que encontrara na mina em Bal’demic, um cubo que exibia um brilho estranho e misterioso. Vader pegou-o pela segunda vez, e a mesma imagem surgiu à sua frente, um sith da raça muun cuja aura e presença malignas sobreviveram à sua morte.

- Saudações, lorde sombrio dos sith, meu nome não tem importância, apenas minha ciência do lado sombrio. Atente à esta mensagem, ser de ódio, e das trevas você trará a vida da morte – o estranho parecia ter certa familiaridade com o sith – este é meu legado, minha herança que deixo às gerações futuras, pois meu corpo não tem a dignidade do poder que possui...

- Diga-me, sith, quem é você e como você pode trazer os mortos de volta? – Vader estava atento a cada palavra do valioso conhecimento.

- Quem eu sou, como disse, não importa, e tenho certeza de que você não veio até mim apenas para saber minha identidade... Você teme a morte? Para a força, não existe a morte, nem vida – a única coisa que importa é nosso comprometimento para com o lado sombrio, uma vez nele, as possibilidades são infinitas...

- Quais são seus segredos? Diga-me! – Vader estava inquieto diante da oportunidade.

- Muito bem... eu lhe direi, então – a imagem tremulava como uma holo-mensagem – os jedis se orgulham se serem os verdadeiros aliados das midichlorianas, mas apenas nós, siths, podemos entrar em contato direto com elas – e, com ajuda delas, construir matéria – vida – em nosso bel-prazer. Mas o procedimento não é simples nem fácil. Quem quiser fazê-lo tem de atingir um nível supremo em simbiose com o lado negro – vivenciar a raiva em sua forma mais pura e primordial – poucos foram os siths que o conseguiram. Naga Sadow, o primeiro lorde dos siths e senhor das ilusões, usava sua magia maligna para conjurar ilusões; Darth Anddeddu, o primeiro Darth, se tornou tão poderoso com a força que permaneceu vivo mesmo após a morte; Darth Bane dominou os orbalisks que infectaram seu corpo, usando-os para se tornar mais forte; e Darth Nihilus, o senhor da fome, resguardou seu espírito em sua mascara e armadura, após a destruição de seu corpo físico – Vader registrava tudo em sua mente, nunca antes teve acesso a informação tão valiosa.

- Diga-me, mestre – usou um tom mais formal – como posso realizar esses feitos grandiosos?

- É isto que tanto procura?

- Sim.

- Meu corpo, quando em vida, talvez fosse capaz, mas meu espírito, mesmo poderoso, nada pode fazer... talvez os antigos espíritos dos lordes siths possam te ajudar. Para invocá-los, será preciso mais do que um simples holocron, você precisa encontrar fragmentos de suas essências malignas, pois seus espíritos há muito repousam nas profundas trevas do lado sombrio.

- E quais são esses... fragmentos?

- O holocron de Lorde Anddeddu, onde reside seu espírito, parte da armadura de lorde Bane, e a mascara de Nihilus, pela qual ele ainda vive. Se conseguir chamá-los da escuridão em que residem, eles poderão te ajudar – se você for digno.

- Mas onde eu posso – com a mesma rapidez com que apareceu, a imagem sumiu. O holocron voltou a ser só um cubo brilhante. Vader se ergueu, sua mente estava tentando digerir tudo o que acabara de ouvir. Seria possível, afinal, restaurar seu corpo, trazer de volta a pessoa que mais amou na vida, que fora morta por suas próprias mãos? Seria possível reparar seus erros? Novamente se pegou relembrando a história de Darth Plagueis, e se seria capaz de realmente gerar vida manipulando os midi-clhorians que formam a matéria. O poder sombrio dentro de si, por mais alimentado que fosse com sua raiva visceral, não era suficiente para tanto, mas com a ajuda dos antigos siths que tiveram sucesso em fazê-lo...

Vader seguiu de volta à sua câmara de metitação, o braço mecânico encaixou a máscara e o capacete de obsidiana em seu crânio – seu corpo tremeu quando as agulhas foram injetadas em seu cérebro – agora ele e sua armadura eram um, novamente, seus sentidos estavam ampliados, sua força retornou a seus membros sobre-humanos – e um só pensamento pairava em sua cabeça – estava determinado a cumprir aquela missão, por um fim a seu sofrimento. Com o poder do lado sombrio como seu aliado, moveu-se, com determinação, disposto a qualquer coisa para trazer paz à sua vida. Seu oblívio.

Coruscant, palácio imperial, momentos depois

A residência do imperador Palpatine era o complexo mais opulento do distrito em que se localizava. Praticamente o coração do império galáctico, a casa era cercada por patrulhas ostensivas e os melhores guardas treinados nas academias imperiais, resquícios da guarda palaciana dos tempos da falecida república. Poucos eram os lideres que tinham permissão de adentrar os domínios privados do imperador, sendo todos eles generais, comandantes e demais autoridades dentro da hierarquia imperial – razão pela qual poucos se aventuravam a transitar nas proximidades do local, considerado por muitos como o coração do medo. De todos os ilustres militares, nenhum era tão temido e respeitado como Vader, o braço direito do imperador, o segundo sith – sua figura inumana e seus poderes mortais o tornavam tão intimidador quanto o próprio Palpatine. Por muitas vezes, o servo adentrava a residência do mestre para ouvir os detalhes de suas próximas missões. Mas hoje seria diferente. Vader rumava até lá por conta própria. O portão principal estava cercado pela guarda pessoal de Palpatine, sinistros cavaleiros trajados de vermelho, segurando lanças imensas. Quando o sith passou, fizeram reverência. Um dos embaixadores e auxiliares do imperador veio a Vader, dizendo:

- Lorde Vader, é sempre uma honra recebermos sua presença, mas o imperador não se encontra. Se deseja falar com ele, eu posso...

- Eu venho aqui para cumprir uma missão em nome do imperador – o tom de Vader era ríspido.

- M-Me desculpe, milorde, mas sua majestade deixou ordens explícitas quanto a visitas em sua ausência...

- Você realmente se atreve a desafiar os desígnios do imperador? Tenho certeza de que ele terá um tratamento apropriado quando souber de sua desobediência.

O homem sentiu um calafrio doloroso lhe atravessar a espinha.

- Muito bem então. Minhas desculpas, milorde...

Vader passou pela porta, se dirigiu à biblioteca particular do imperador, talvez o ultimo acervo histórico ainda existente em toda a galáxia depois da destruição do templo jedi. Em frente à porta, haviam mais dois guardas – mas estes trajavam negro – Vader sentia em sua aura uma poderosa conexão com a força. Ao se aproximar da entrada, os guardas o bloquearam. Vader não ficou surpreso.

- O que vocês estão fazendo? Não sabem quem sou eu?

- Desculpe, senhor, mas temos ordens estritas para não deixar ninguém entrar neste recinto – a voz do guarda era fria e parecia isenta de qualquer sentimento humano.

- Você vai me deixar entrar – Vader moveu o braço, tentando usar um velho truque jedi.

A figura de negro permaneceu imóvel.

- Estou aqui em uma missão ditada pelo próprio imperador, se não me deixarem passar, sofrerão sua ira – o tom de Vader endureceu ainda mais.

- Sinto muito, mas não iremos deixar ninguém entrar.

- Então parece que não tenho outra escolha. Vader levou depressa a mão ao sabre em sua cintura, os guardas empunharam dois sabres da mesma cor, prontos para o combate. Vader tentou enforcar um deles, mas o homem fez um bloqueio com a força, e em seguida lançou Vader para trás, o sith caiu de costas ao piso prateado. Com a força de um rancor, levantou-se, alterou sua respiração, elevou a força de suas próteses e avançou, em posição de batalha. Os guardas se aproximaram, em postura agressiva. O primeiro deles se adiantou, lançando um golpe que Vader repeliu, os sabres chocaram-se em faíscas. O sith empurrou o golpe, tecendo um contra-ataque sobre o ombro do guarda, que se desviou. Vader usou sua mão livre e agarrou o pescoço do guarda – seus fibrosensores estavam ao máximo, e as duras vértebras de sua coluna eram insignificantes – cerrou a mão, com a firmeza de quem empunha um sabre, enquanto via a aura do homem se apagar por completo. O outro guarda investiu, tentando uma série de estocadas em cruz, visando romper a guarda de Vader. O sith reuniu todas as suas forças e emendou um contra-ataque, repelindo seu atacante de forma lacônica, para em seguida, envolver seu pescoço com uma gigantesca pressão de ódio remanescente. Com o braço estendido, Vader ergueu o homem no ar, que agitava-se desesperadamente para escapar de uma sina fatal.

Surpreendentemente, o homem dobrou o braço e cerrou o punho – Vader sentiu uma pressão em seu coração, e um filete de sangue escorrendo de seu nariz. Por um instante, Vader fraquejou, mas sua raiva era definida por seu propósito. Tinha de entrar naquele acervo a qualquer custo. Cerrando os punhos mecânicos, reuniu o poder do lado sombrio ao redor do pescoço do guarda, apertando-o como a mandíbula de um Sarlacc. O homem tentou o mesmo, esperando superar seu rival, mas o ódio de Vader foi mais rápido. Logo Vader estava levitando um corpo desengonçado e sem vida.

Atraidos pelo barulho da batalha, os empregados de confiança de Palpatine chegaram correndo. Sua expressão converteu-se em terror ao presenciarem o massacre ocorrido sob os pés de seu responsável. Vader soltou o cadáver ao chão e veio aos serviçais:

- Tenho certeza de que o imperador não tem necessidade de saber o que ocorreu aqui. Seria muito desagradável se ele soubesse que seus servos permitiram tal afronta a sua privacidade. Agora, mecham-se, serviçais, sumam com os corpos, nada do que vocês viram deve ser relatado – voltou-se a um dos imediatos diretos, responsável pelas tarefas diplomáticas – quanto a você, venha comigo, você irá me ajudar a conseguir o que quero.

Vader e o meirinho entraram na biblioteca do palácio de Palpatine, suntuosa tanto em aparência como em conhecimento, era ali o local em que o imperador obtia informações confiáveis para suas negociações e experiências secretas. Rodeado por estandes repletas de arquivos digitais e alguns manuscritos físicos, estava um grande painel onde podia-se ver o mapa detalhado da galáxia, que continha também sua história. Vader e o homem seguiram em meio às prateleiras até ficarem diante de sua interface.

- Aqui estão registrados a história da galáxia, dos jedis e siths, certo?

- ...S-Sim, senhor.

- Quero que encontre para mim os locais onde os lordes siths morreram.

- S-Senhor, eu não p-posso lhe dar esta informação. Ela é sigilosa. O-O imperador m-me deu ordens claras para não f-fazer isso!

- Então, a menos que queira morrer aqui e agora, faça o que estou mandando.

- C-Certo – o imediato começou a interagir com o mapa, buscando os dados procurados.

- É bom encontrar o que procuro, ou terá o mesmo destino dos guardas. No entanto, caso me seja útil, tenha a certeza de que será bem recompensado.

- Senhor, que lordes sombrios você busca?

- Procuro Darth Andeddu, Darth Bane e Darth Nihilus.

- Ah, sim, o imperador chegou a citar esses nomes... Andeddu, senhor do culto da malevolência – v-vejamos – os antigos sábios de Korriban –

- Korriban?

- Sim, senhor – acho que era o planeta de origem dos sith, ou algo parecido – este lorde sombrio foi exilado do planeta, e buscou refúgio em... Prakith, na região do núcleo galáctico. Há algo aqui sobre um túmulo onde foi mumificado e sepultado com todos os seus pertences – moveu a mão sobre a interface, buscando outra informação.

- Excelente. E quanto aos outros? – Vader estava precavido ante a ameaça de qualquer intromissão.

- Lorde Bane morreu em Ambria, mas seu corpo foi enterrado em Korriban, ao que parece.

- Há alguma informação especifica sobre sua armadura orbalisk?

- Orbalisk? Deixe-me v-ver... sim, os sábios não tem registro de que a armadura foi sepultada com ele.

- Então, onde ela está? – Vader começou a ficar impaciente.

- P-Provavelmente em Ambria, senhor. Ao que consta, os artrópodes foram repelidos em um ritual mágico de cura, realizado pela aprendiz de Bane, Darth Zannah. Os orbalisks são animais adaptáveis, devem ter permanecido no planeta.

- E quanto a Nihilus?

- Não há m-muitos dados sobre este sith, milorde – o meirinho suava frio pelo seu nervosismo – apenas que sua morte ocorreu em Telos IV –

- Onde está sua máscara? Não há nenhum dado que diga respeito à ela?

- D-deixe-me v-ver- como outras relíquias dos sith, a máscara está em Korriban.

- Muito bem. Agora mostre-me onde Korriban se localiza.

- Não, senhor! Me perdoe, mas dei m-minha palavra ao imperador...

- Não se preocupe quanto a ele, diplomata. O imperador está pleiteando em uma negociação em Bakura – infelizmente você não estará vivo para recepcioná-lo – Vader encostou a ponta do sabre no ventre do meirinho, e ao toque de seu polegar, um facho de luz escarlate atravessou a coluna do homem – com uma expressão de horror diante do fim, ele compôs seu epitáfio.

Vader decidiu ele mesmo consultar os arquivos, mas a interface não o reconhecia – o maldito déspota havia preparado um esquema de segurança para que suas informações continuassem em sigilo. Apenas seus serviçais tinham acesso ao sistema.

Voltando-se ao corpo inerte a seus pés, relembrou o que sentira na experiência que fizera há poucas horas, concentrou toda a sua raiva e colocou a mão sobre a ferida no abdome do morto, que o trespassava de cima a baixo. Aos poucos, os midi-clhorians reconstruíram veias, nervos e músculos – o sangue, ainda fresco, voltou a fluir, o coração voltou a palpitar. Focando toda sua fúria sobre o homem caído, Vader o trouxe de volta dos mortos. Não havia muito tempo.

- Levante-se, servo! Não temos tempo!

- AAAAAAAAAAAA – o que aconteceu? Você?! Você me m...

- Ande logo, ou vou te matar de novo! – Vader ergueu o homem como se levantasse um saco de trigo – Diga-me...onde está Korriban?

Canalizando cada porção da raiva que maculava sua alma em direção ao trauma que afligia o homem, Vader lutava, mesmo sem saber, contra o resquício de bondade e paz que o atormentava.

- Orla...exterior, setor Esstran, sistema Horu...set... – o homem vacilou, a agonia de outrora voltou ainda mais terrível – em sua dor, chegou a desejar, novamente, a tranqüilidade da morte. Vader não conseguia mais manter as células sãs, devido à profundidade do trauma, e o homem empalideceu mais uma vez, gritando desesperado – sua segunda morte foi ainda mais impactante que a primeira.

Mas isso não importava.

- Eu lhe disse que o recompensaria, servo – Vader permitiu-se uma zombaria – dou-lhe a chance de unir-se à força – com o trajeto traçado, seu objetivo foi cumprido. Rapidamente, voltou-se, deixando o salão. Como havia ordenado, os vestígios de sua passagem, bem como as marcas da batalha, foram devidamente encobertos. Seu plano era arriscado, mas havia algo dentro de Vader que ignorava os riscos, e essa era, talvez, sua característica mais costumaz desde sua época como jedi. No entanto, desta vez os riscos valeriam a pena.

Planeta Vjun, Orla Exterior, Castelo de Bast, refúgio secreto de Darth Vader

No longínguo e árido mundo de Vjun, repleto de oceanos de acido, surge imponente o palácio de Bast, fortaleza secreta de Vader, oculta de espiões e do próprio império, à beira de um gigantesca lago sulfúrico. Por ironia, fora esta paisagem desgastada e lúgubre que o braço direito de Palpatine escolhera como seu refugio, um local onde pudesse estudar em paz os mistérios e habilidades do lado sombrio. Entretanto, a principal função do local é criar um clima ideal para o sith encontrar um meio de tratar seus traumas e reparar seus órgãos danificados. Por essa razão, a maior parte do castelo era tomada por um complexo de câmaras hiperbáricas, algumas verdadeiras residências onde o ar é sempre filtrado e reposto por um ar puro e adpatado aos frágeis pulmões artificiais de seu ilustre anfitrião. Era, realmente, o único local em que Vader podia remover totalmente seu traje e sobreviver por vários dias sem ele.

Na parte central do complexo, postava-se um projetor holográfico que permitia ao sith visualizar qualquer coisa que desejasse, desde mapas até um planejamento antecipado das batalhas. Vader estava diante dele, trajando um manto sith negro, isento de seu respirador e do restante de seu sistema de suporte de vida. Em sua mão, estava o misterioso holocron que encontrara em uma profunda mina em Bal’deric. Naquele singelo objeto residia uma nova esperança para Vader.

- Diga-me, PT-319 – disse, ativando a inteligência artificial do computador – você pode decodificar o conteúdo deste objeto e abrir uma interface com ele? – sua voz, sem o projetor de fala era rouca e inaudível em certos momentos. O computador escaneou o holocron.

- O objeto é primitivo, milorde, mas creio que sua configuração seja familiar ao sistema. Coloque o cubo sobre o painel, senhor – Vader o fez, e um compartimento se abriu no metal, iniciando a análise.

Sem aviso, o sistema falhou, as luzes do painel começaram a piscar em cadência, como se ele estivesse possuído por alguma presença ou espírito.

Após as luzes se restaurarem, surgiu do painel a figura sinistra do lorde sith que Vader havia vislumbrado, mas muito mais detalhada e poderosa. Era como se o próprio sith estivesse ali, ante a presença de Vader.

- Como é possível?! Sua presença dominou o sistema!

- Ao que vejo, você não compreendeu este objeto, não é? O holocron não é apenas um arquivo qualquer, que pode ser deletado ou destruído. Ele é um portal para as almas dos que já se foram. Todos os lordes siths fizeram seus holocrons, para que seus ensinamentos fossem eternos, e suas doutrinas vencessem a barreira do tempo.

- Então é mesmo seu espírito que está dentro do cubo... se você é um muun, então quem é o bith que me guiou até a caverna de cortosis?

- Aquele que você sentiu é meu mestre, Darth Tenebrous. Seu poder é tão grande quanto o meu – de fato, a presença de ambos era quase idêntica – e a caverna onde descobriu este holocron se tornou nossa tumba, com a chegada dos jedi.

- E quem era o outro, que me atacou?

- ...Não sei. Algum sith ou jedi deve ter deixado um guardião para proteger o holocron e evitar que caísse em mãos erradas.

- Não era um homem ou alien comum. A criatura parecia não ter alma.

- Ah, sim.... deve ser uma experiência com os midi-clhorians... fascinante. Então havia mais siths interessados em sua manipulação.

- É exatamente neste dom que estou interessado, lorde sith – Vader aproveitou a deixa para expor seu interesse – o que exatamente essa manipulação pode fazer? É mesmo possível trazer entes queridos de volta à vida?

- Os jedis costumam dizer que tudo na vida é regido e conectado pela força. Eles estão certos, mas sua visão é muito limitada e cética. O elemento primordial da matéria que nos cerca são os midi-clhorians – tudo o que existe, vivo ou morto, é feito deles. Mas além da matéria, há também o espírito. Mais poderoso que a carne, ele pode sobreviver à morte, como ocorreu com Andeddu, ou ainda, à destruição total do corpo, como fez lorde Nihilus.

- Como? Seria possível então contactar os espíritos daqueles que já se foram?

- Não apenas evocar, mas trazê-los de volta ao plano material. O espírito não é como a carne, formada por midi-chlorians. Nós, siths, descobrimos que a alma é feita de maxi-chlorians, um elemento vital mais poderoso e duradouro, cuja existência depende do poder que a alma agrega em vida. Os jedis sempre tiveram medo de ultrapassar as fronteiras da morte, mas os membros da irmandade sombria não, meu caro. Nosso triunfo sobre o fim da matéria é prova de que o lado sombrio é supremo.

- Então, é em Korriban o lar dos espíritos dos lordes siths que você citou?

- Sim. Mas lembre-se, para uma conexão mais profunda com suas almas há muito caídas, você precisa achar os últimos resquícios que restaram delas. Vá, sith, construa seu futuro. A oportunidade está em suas mãos.

Tão logo a imagem sumiu, o painel voltou à normalidade, Vader enchia sua cabeça de perguntas involuntariamente. Em um piscar de olhos, tudo o que Vader achava que sabia sobre o lado sombrio estava errado. Tudo era muito limitado e até patético – diante da chance que agora vislumbrava diante de si. Quão débeis eram seus sonhos! Até aquele momento, ele simplesmente não fazia idéia de que tamanho poder era possível – e cada vez mais palpável – uma única pergunta sobrepujava as outras: quem você gostaria de trazer dos mortos?

Capítulo 3: Veneno

Ambria, Orla exterior, há mil anos atrás, antes do expurgo da irmandade sombria

Zannah corria contra o tempo. Embora vitoriosos na batalha no templo de Tython contra os jedi, o mestre Jehun Othone havia ferido seu mestre com os próprios relâmpagos que saíram de seus dedos. Agora, os malditos orbalisks que outrora lhe deram força estavam morrendo, e em sua morte injetaram uma grande quantidade de veneno no corpo dele. Sua vitoria veio com um gosto amargo, pois ambos estavam exauridos, seu mestre, à beira da morte, os jedi à espreita. E o segredo que tanto buscavam, o holocron de um antigo lorde das sombras, Belia Darzu, continuou soterrado no templo. O destino de seu mestre e de seus grandiosos planos para a irmandade sombria agora estavam unicamente nas mãos dela. E ela sabia, só havia um lugar onde poderia haver esperança.

A aprendiz pousou a nave sem muita delicadeza, frente a um vale desolado que se abria em meio ao vazio do deserto. O vale seguia por vários metros, e em seu declive um pequeno povoado emergia das areias que ofuscavam a visão dos que por ali passavam. Zannah levantou seu mestre da maca, podia sentir na força a incrível dor que seu mestre estava sentindo. Com as suas mãos, retirou seu elmo, cuja formação lembrava justamente um emaranhado de ossos. Há muito tempo não via a face de seu mestre. Veloz, chamou seu irmão, que descansava na cabine de passageiros:

- Darovit!

- Zannah? O que aconteceu? Da ultima vez que acordei, estávamos em Tython, e...

- Não importa, irmão! Vamos, ajude-me a levar meu mestre até a aldeia mais próxima!

- E por quê eu faria isso? Esse homem só nos arranjou problemas, irmã! Deixe-o ir, talvez seja melhor assim!

- Cale a boca, Darovit! – o tom agressivo surpreendeu o irmão – lembre-se bem, meu irmão. Se não fosse por esse homem, ambos estaríamos mortos, carcaças apodrecendo no meio do nada! Se há uma hora para retribuir o favor, é agora! É o mínimo que podemos fazer.

- Você...Você tem razão, Zannah. Me desculpe, são tantas batalhas... acho que estou quase enlouquecendo...

Zannah segurou o mais firme que pode seu mestre, e o ergueu com toda força – seu irmão agarrou o sith pelo outro lado.

- Acalme-se, mestre, logo sua dor passará – Confortou o mestre e em seguida, saíram, descendo ao chão árido e sem vida, e vagando grosseiramente rumo ao vilarejo. Zannah podia ver, pelas raras aberturas na couraça de seu mestre, sua pele doentia, que assumia cada vez mais um tom cadavérico

- Aguente firme, estamos quase lá!

O povoado surgiu humilde e simples diante dos dois. Nunca haviam encontrado conforto em um local tão rude. Seguindo seus sentidos, a aprendiz do sith passou por entre as casas rústicas e mercados inprovisados – foi quando chegou próximo ao centro da vila que viu – uma casa de paredes de pedra e telhado de argila, para onde uma fila de aldeões enfermos seguia. Sem se demorar, Zannah e Darovit adentraram a moradia. Seu ilustre morador não pode evitar uma expressão de surpresa e confusão.

- Não! Você aqui, não!

Caleb era um curandeiro famoso, um nômade, que seguia de vila em vila para tratar os doentes, que não eram poucos. Mas mesmo seu coração bondoso e solidário deixou-se dominar pelo ódio naquele instante. À sua frente, uma mulher e um jovem carregavam uma figura que lhe despertava lembranças terríveis. Era um homem, embora sua aparência sombria e debilitada dissesse o contrario. Trajava uma armadura exótica, que lembrava diversos besouros mesclados em perfeita conjunção, uma capa completava o semblante sinistro. O médico não teve duvidas: aquele homem era Darth Bane, o sith’ari, um lorde tão sombrio que havia renegado à própria ordem dos sith.

- Por favor, você tem que curá-lo! Eu sei que você pode fazê-lo, já o fez antes! – a aprendiz de Bane insistiu ao ver a expressão do homem.

- Sim, mas da última vez que o curei, o fiz unicamente para salvar a vida de minha filha, pois, se não o fizesse, o monstro ao seu lado a teria matado sob tortura. E agora que ela está longe de seu alcance, não podem mais me obrigar a fazer nada! – Darovit se espantou com a crueldade de seu benfeitor.

- Isso não irá acontecer de novo, eu juro! Apenas o cure, por mim!

- Você realmente deseja que eu salve a vida do homem que ameaçou a mim e a minha filha?

- Muito bem, diga o que você quer e eu te darei! Deve haver algo que eu possa fazer por você.

- Isso mesmo! Este homem é uma boa pessoa, apesar de tudo. Diga-nos o que fazer!- Darovit também interviu a favor dos sith!

- ...vocês estão muito enganados se pensam que estão a salvo – Caleb aumentou o tom – as mortes em suas costas agora lançaram os jedi atrás de vocês. Vários cavaleiros estão vasculhando diversos vilarejos em Ambria, não demorará muito até que os peguem, ainda mais na situação em que se encontram.

- E o que você quer, curandeiro?

- Estou farto da trilha de morte e destruição que vocês, sith, causam à galáxia desde a guerra do hiperespaço. Eu prometo curar seu querido mestre, mas para isso, vocês terão que se entregar ao conselho jedi. Está mais do que na hora de arcarem por suas fatalidades!

Zannah pensou por alguns instantes. Seu irmão mais novo olhou-a com um semblante de duvida – por um lado, devia sua vida àquele homem, mas, por outro, não estava disposto a perdê-la. Mas tinha plena confiança em sua irmã.

- Está bem, então. Aceitamos sua condição – a resposta arrebatadora surpreendeu a todos no recinto – agora, faça sua parte. Cure-o.

- Parece que os siths finalmente estão recobrando a razão – Caleb deitou o sith em sua cama, dispensou os demais pacientes – entrarei imediatamente em contato com o conselho jedi, eles não irão demorar.

- Não, Caleb. Eu mesmo farei isso. Concentre-se em curar meu mestre.

- Como queira – Caleb baixou a voz diante da generosidade da aprendiz sith – seu mestre será condenado certamente, mas talvez para você ainda haja uma salvação.

Enquanto o medico preparava suas poções, Zannah e Darovit saíram da casa. Ela tinha um olhar decidido em meio às suas íris rubras. Seu irmão, no entanto, não estava feliz.

- O que faremos agora, irmã? Em breve, seremos presos. Os jedi vão nos executar!

- Não, não vão, meu irmão. Eu tenho uma idéia que irá nos salvar.

- Então, diga-me! O que devemos fazer?- Darovit ficou curioso.

Zannah apontou os dedos delicados ao rosto do irmão, sua mente começou a divagar.

- O quê...O quê você está fazendo comigo? Está... doendo!

- Eu disse, irmão, que meu plano irá nos salvar – a mim e a meu mestre – não a você.

Darovit cambaleou para trás, levou as mãos à cabeça, como se quisesse se libertar de um peso enorme – mas era em vão. A vista escureceu, o coração acelerou, sua consciência deu lugar a uma cacofonia de imagens e sons sem sentido – em pânico, começou a gritar, enquanto via o que restava de si escorrer por seus dedos.

- Lorde Bane estava certo, irmão. Você realmente nos seria útil – a aprendiz energizou toda sua fúria, em estado bruto, no corpo do irmão, tornando-o um receptáculo do lado sombrio – o jovem saiu correndo então, descontrolado, tomado pelo próprio ódio e loucura. O que restara de seu irmão agora havia se perdido para sempre nas trevas, e tudo o que restara era um fantoche que Zannah poderia controlar com seu poder negro.

Dias depois, o ritual de cura havia por fim acabado. Zannah passara o tempo todo ao lado de seu mestre, atenta, em vigília. Podia reconhecer as forças vitais retornando a um homem ainda há pouco às portas da morte. Mas esta não era a primeira vez. O próprio Bane dissera que sobreviveria a qualquer custo. Não seria diferente agora. O sith’ari havia passado os últimos dias em lenta recuperação, mas agora seus sentidos pareciam ter finalmente voltado por completo. Bane abriu os olhos dolorosamente por entre suas pálpebras negras, a dor insuportável que sentira sumiu, e com ela, os orbalisks que cobriam sua pele. Sentia-se livre como há muito tempo não se sentia.

- Onde...onde estou?

- Em Ambria, mestre – Zannah veio rápido de encontro ao sith’ari.

- Os orbalisks...! Sumiram... Como isso é possível?!

- Mestre, eu o trouxe até Caleb, o curandeiro. Ele salvou sua vida com suas poções.

- Caleb?! – Bane estava completamente aturdido – Mas ele não tinha razão alguma para resguardar minha vida, então por quê... Zannah, o que você ofereceu a ele? – a perspicácia do sith era formidável.

- Nossa rendição, mestre. Eu mesma avisei o conselho de que o sith que havia matado vários jedi em Tython agora estava aqui, em Ambria.

- Você...trocou minha vida...por isto?! – o sith expressava grande decepção em seu rosto – deveria ter me deixado me unir a força.

- Mestre, eu fiz isso em respeito à você, a seus planos...

- Isso não importa mais agora – olhou fixamente nos olhos de Zannah – se você realmente tem consideração por mim, mate-me – pegou o sabre de sua aprendiz e o entregou em suas mãos – prefiro a morte do que viver como prisioneiro nas mãos dos jedi. Mas antes, chame Caleb, quero que o mate também.

- Eu já fiz isso, mestre. Mas não por minhas mãos.

- O que você... – Bane expandiu seus sentidos, realmente só havia ele e sua aprendiz naquela aldeia, todo o resto havia sumido, em uma ferida na força.

- Veja pelo seus próprios olhos, milorde.

Zannah ajudou-o a se levantar, suas forças ainda estavam debilitadas, mas sua força de vontade era inquebrável. Chegando à porta, sua percepção se confirmou: toda a aldeia estava devastada, apenas a barraca da qual saíram permaneceu intacta. A alguns metros à sua frente, podia distinguir claramente o corpo sem vida de Caleb, com uma terrível expressão em sua face. Apenas alguns metros ao lado, estava Darovit, o irmão de sua aprendiz. Bane se aproximou, e reconheceu o ferimento cauterizado em seu peito.

- Os jedi... eles o mataram. Mas por que fariam isso? Eles jamais ceifariam uma vida inocente.

- Está vendo toda esta destruição à sua frente, mestre? Meu irmão foi o responsável. Mas claro, em sua mente não havia mais vontade própria... eu o controlei. O transformei em uma marionete. Quando os jedis chegaram à nossa procura, viram o massacre nesta vila e julgaram ser ele o sith. Enquanto batalhavam, eu ocultei nossa presença na cabana. Agora, estamos a salvo.

Seu mestre mudou radicalmente de expressão, agora exibia um semblante de satisfação.

- Zannah, desde que a encontrei, aqui, neste planeta desértico, eu sabia que algum dia alcançaria um poder extraordinário em união com o lado sombrio. Este dia chegou. Receio ter que me desculpar por ter duvidado de você. Você atingiu um nível incrível em poder, Zannah, e em breve, eu sinto, você terá poder suficiente para chegar à minha altura. Agora, vamos, minha aprendiz, deixemos este mundo morto, temos muito trabalho a fazer.

O sith’ari deixou o local, entrando em sua nave com as próprias pernas, e a força já restabelecida. Sua aprendiz havia aprendido muito desde a ultima vez que a vira. Mas os sith não são como os jedi, que exibem orgulho e afeição por seus padawans. Quando o aprendiz se torna tão ou mais poderoso que o mestre, o circulo se fecha, e o objetivo central da regra de dois se concretiza – o duelo final, até a morte, entre o mestre que tanto negou, e o aprendiz que tanto sofreu, um fruto amargo da inveja e ganância – um fardo árduo, mas vital para uma conexão mais intima e profunda com o ódio que provém do lado sombrio.

Órbita de Ambria, dias atuais. Fragata Z-9-308, transporte pessoal de Darth Vader

Austero, o caça espacial surgiu no espaço vazio, vindo direto do hiperespaço, uma longa viagem desde a capital. Ambria era um mundo afastado e quase isolado do resto da galáxia. De fato, a orla exterior era bem mais habitada do que muitos supunham. Na verdade, por ser o demarcador dos limites da galáxia, a orla era pontilhada por planetas de grande importância estratégica e comercial, muitos deles dominados por organizações criminosas, como a Sol Negro ou os Hutts. O império ia, aos poucos, assegurando seu domínio sobre a região. Mas Ambria era uma exceção. Desértico e pouco povoado, não era de grande valor para a maquinaria imperial e para seus negócios. Por isso, poucas ou nenhumas tropas eram enviadas para lá. O mundo era praticamente um refugio para aqueles que queriam se esconder das garras do império.

A nave de Vader era um caça particular, ligeiramente modificado para ser mais veloz e efetivo em batalha. Vader se aproximou da atmosfera do planeta, sentindo a mudança de pressão em seus ouvidos protéticos. Por um longo caminho, não podia ver nada alem de um cenário inóspito e uniforme – ao se aproximar do solo, pôde ver, ao longe, algumas tempestades de areia que assolavam o planeta. Vader ignorou o desconforto que sentia. O mundo era idêntico a seu planeta-natal, Tatooine, onde nasceu e viveu como escravo, e perdeu sua mãe quando escolheu se tornar um jedi. A simples visão da areia lhe fazia franzir o rosto, como se nelas estivessem toda a sua dor e mágoa passadas. Mas não. Não era aquele o mundo em que dera o primeiro passo rumo ao lado sombrio.

Pouco antes de sair da nave, Vader recebeu uma mensagem do almirante Nonrodd.

- Lorde Vader, onde o senhor está? A transmissão está falhando... – a imagem piscava, como se o aparelho estivesse com defeito – eclodiu uma revolta em Kato Neimoidia, e nossas tropas aparentam estar com dificuldades para vencer. Tenho certeza de que a sua presença nesta luta certamente vai -

- Vocês, altas patentes do exercito, parecem ter se esquecido de nosso papel, almirante – Vader estava irritado – o império prevalece apenas através do medo, e para tanto, vocês devem instigar medo no coração das pessoas - quem é o comandante da operação?

- O general Ozzel, senhor.

- Diga a ele que esta é a chance para provar seu valor. Se tiver sucesso, certamente será promovido, mas se falhar...pelo bem dele, e seu também, almirante – Vader olhou diretamente nos olhos da imagem holográfica – é melhor que ele não falhe. Agora, vá, não me atormente de novo. Eu ficaria muito decepcionado se tivesse que comandar a operação pessoalmente.

- S-Sim, lorde Vader, avisarei imediatamente o general. Câmbio e desligo.

Vader pisou no solo arenoso, olhou ao redor. A poucos metros de distancia surgia uma depressão extensa, que cortava todo o terreno à frente. Vader pegou o controle manual em sua cintura, acionando os dróides de reconhecimento, duas esferas com sensores em toda sua extensão, com o objetivo de encontrar formas de vida, que Vader pensara, não seriam muito abundantes em um mundo desolado como aquele. Os dróides dispararam à frente, eram quatro, no total. Vader aguardou seu retorno ansiosamente. Sua intuição indicava uma forte presença naquele mundo, certamente a marca deixada pelo sith Darth Bane quando aportou no local.

Passaram cerca de vinte minutos até que o sensor no controle indicasse – os droides encontraram algo. Vader retornou à nave, e do compartimento de carga retirou um pequeno speeder, modificado justamente para sobrevoar qualquer tipo de terreno. Seguindo a trilha, Vader avançou velozmente em meio à imensidão vazia, coberta por quilômetros de areia. À medida que o sinal aumentava, o cenário ia mudando – pequenas vilas surgiam no horizonte, ainda esparsas, alguns animais usados como transporte singravam entre elas, levando mantimentos. Foi próximo à maior destes povoados que Vader alcançou a entrada de uma caverna, provavelmente um abrigo para os viajantes. Seu dróide pairava à frente da gruta. Vader desceu da moto, se aproximou, sua capa se agitava com o vento. Ao verificar o robô, constatou que ele encontrara justamente o que buscava: orbalisks – os sensores da maquina possuíam todas as espécies catalogadas na galáxia.

Mas Vader sentia alguém ali dentro. Avançou, com cautela, atravessando o corredor escuro, o drone à sua frente iluminava o caminho.

De repente, em meio à galeria, um homem o atacou com um pedaço de metal – mesmo com o capacete reforçado de obsidiana, Vader sentiu o choque – ameaçou cair, mas rapidamente se ergueu, virando-se em direção a seu agressor. Para sua surpresa, porem, o golpe preciso que fizera com o sabre, geralmente fatal, nada fez – o homem estava usando um tipo de armadura rígida, do tipo que Vader nunca havia visto. Novamente, tentou vários golpes potentes, mas a lamina simplesmente rebatia neles como se nada houvesse ocorrido.

- Não adianta, não importa quantas vezes tente, você nunca vai quebrar esses malditos! – a voz do homem denunciava sua idade, mas sua força tinha o vigor da juventude.

Vader não deu ouvidos, continuou golpeando a couraça, até notar, na luz, que a cabeça do estranho estava desprotegida. Com o punho, acertou o rosto dele, com o ataque o homem foi jogado para fora da caverna. À luz o dia, seu corpo estava quase que totalmente coberto com estranhos besouros que davam a impressão de se mesclarem uns aos outros.

- Então, esses são os orbalisks – Vader nitidamente reconheceu o que estava procurando – posso sentir o poder de lorde Bane emanando desta couraça.

- Se você realmente quer esta maldição, seu miserável, pegue-a! Pode me matar, me fatiar em pedaços, mas livre-me deste pesadelo! – o estranho exibiu o desespero que tanto acumulara ao longo dos anos.

- Quem é você, estranho? Como se uniu a esses animais?

- Eu...Eu não sei – O homem tentava se acalmar, mas a adrenalina parecia tomar conta de seu ser – há muito tempo, entrei nesta caverna, para me refugiar de uma tempestade, e então estes...estes vermes tomaram minha pele! Já tentei de tudo, mas não consigo me livrar deles! Se não fosse por esta... esta... coisa, eu já teria morrido há muito tempo.

- ....ao que me parece, os orbalisks são uma forma de simbiose – há mil anos aproximadamente, um lorde sith chamado Darth Bane foi seu hospedeiro, agora é você. Diga-me, estranho, o que acontecerá a eles se eu matá-lo?

- Ande logo, me mate, seu tolo! – o homem acelerou rumo a Vader – que o segurou com a força, à muito custo, pois o homem parecia ter a força de dois wookies. Com a mão, ergueu-o no ar.

- Acho que não. É melhor mantê-lo vivo, ancião.

- Maldito seja! – o velho se dabatia com força – maldito seja você e sua geração!

Diante do insultos, Vader deu de ombros, prosseguindo ao trajeto oposto ao que havia feito, de volta à nave – suspeitava que a longevidade do idoso não se devia aos besouros, mas ao poder do sith que havia permanecido em suas carapaças. Contudo, por mais incômoda que fosse uma carga extra, ele precisaria do homem vivo para manter a armadura unida, e os orbalisks vivos. Como não poderia correr o risco de perdê-los, deixou o speeder para trás e seguiu caminhando. O caminho era árduo e longo, mas a determinação do sith era extraordinária. Vader estava disposto a tudo para garantir que seu objetivo fosse alcançado.

Com a força de suas pernas mecânicas, Vader agora estava a poucos metros de seu caça. Mas seus instintos não lhe mentiam: não estava sozinho, alguém se aproximava, veloz. Como um pesadelo que se torna real, surgiu diante dele uma visão inacreditável: era o mesmo sith bestial que o atacara em Bal’demic, o qual quebrou-lhe o pescoço – diante de si, em perfeita saúde e vigor físico. Não era nem sequer um clone, a presença era a mesma que sentira anteriormente.

- Que espécie de magia é esta? – desconcertado, soltou o velho no chão e pegou seu sabre, postou-se de guarda diante da aberração. Aparentemente, alguém queria realmente impedi-lo de encontrar o que procurava.

Sem apresentações, o monstro veio em um giro no ar, atirando Vader para trás. Flexionando as pernas, Vader tomou impulso e saltou, de encontro ao sith, que saltou também – as lâminas se entrecortaram em pleno ar, iluminando a paisagem bucólica. Ao que pousou, Vader atirou o sabre, que girava ininterruptamente, em direção ao oponente – que, com um inumano movimento de punho, apanhou a arma. Aquele não era um inimigo normal. Suas células, sua força – Vader sentia facilmente sua aura, composta por pura energia do lado negro. Disparando novamente, a besta veio com uma serie de ataques com os dois sabres, em um sincronismo absurdo – Vader mal pode se desvencilhar, sofrendo vários cortes em sua armadura.

Com o monstro sob si, Vader o segurava pelos punhos, que quase cediam devido à enorme força do corpo titânico de seu inimigo. Astuto, o sith chutou Vader, que foi de encontro à parede metálica de sua nave – os músculos de seu corpo dobraram-se com a dor. Em meio à agonia, quase não percebeu quando o sabre penetrou em seu peito, atravessando suas costas, rasgando a capa. Vader sabia, então, que não teria muito tempo. Com os sistemas de seu suporte de vida falhando graças à hemorragia interna, ele decidiu usar uma medida desesperada. Concentrando sua raiva em suas mãos, criou raios elétricos, que foram lançados impiedosamente sobre o sith à sua frente, passando por seu corpo, fritando carne e tecidos. Com as fortes descargas elétricas, o coração da besta parou, seu olhos escureceram, caiu – tão falecido quanto da ultima vez que o deixara - com algumas partes do corpo em chamas devido ao calor, e a pele ainda soltando faíscas.

O ataque funcionou, mas Vader pagou caro por isso: seu traje derreteu, e os circuitos de seus membros e órgãos foram seriamente danificados – agora sabia por que o imperador o proibira de executar essa manobra. Provavelmente o maldito à sua frente voltaria à vida em breve, mas e quanto a ele? Ao lado de sua nave viu, com a visão já fraquejando, o velho em sua armadura. Súbito, teve uma idéia, um plano arriscado, mas a única chance de sair daquele mundo débil com vida.

Com toda a dor do mundo, ergueu-se, pesadamente – sua força estava por conta própria, não podia mais contar com suas próteses – “enfim, voltei a ser eu mesmo”, pensou ironicamente. “Não era isso que você mais queria?” Vagarosamente, andou, movido unicamente por seu ódio e fúria, em direção ao velho, apoiando-se na sua nave – o homem o olhou, espantado, com um certo ar de ironia.

- E chuta! Você vai morrer antes e mim, seu desgraçado!

- ...não....morrerei...antes de lhe dar...a morte...

O braço não se movia mais, mas sua raiva era tamanha que o membro direito se ergueu, seus dedos se estenderam até cobrirem a face do velho – gritando de dor pelo esforço que fazia, Vader afundou os dedos na pele do homem, velozmente, até chegar ao meio da cabeça. Com o sangue escorrendo em bicas pelo metal de sua mão, puxou o rosto do homem, desfigurando-o – com a força, o velho veio ao chão – sua morte fora mais lenta do que gostaria. Vader mal percebeu, e estava caído também devido ao cansaço e aos traumas que sofrera. Então, este seria o fim? Talvez a morte fosse tão libertadora para Vader como fora para o ancião, mas seu plano deu certo, afinal.

Com a morte do velho, os orbalisks saíram de seu corpo e migraram para o corpo de Vader, penetrando sob seu traje rasgado. Mesmo debilitado e exausto, ele ainda sentiu quando dezenas de besouros se prendiam à sua pele queimada, unindo-se uns aos outros em um mosaico grotesco – em pouco tempo, o corpo todo de Vader estava forrado pelos parasitas – seu sangue ferveu, em constante aceleração, rapidamente a rigidez cadavérica de seus músculos sumiu, o ferimento em seu peito começou a cicatrizar milagrosamente, seu vigor fora restaurado. Em poucos minutos, Vader se levantou, com a força dobrada, mesmo com seus órgãos internos danificados. A sorte sorriu para o sith, que entrou ligeiro no caça, levantando vôo. O primeiro objeto de sua lista fora encontrado.

Palácio de Bast, Vjun, momentos depois...

Vader estava deitado na maca enquanto o dróide médico o examinava. Já sem a cobertura negra que o enclausurava, sua tez pálida estava coberta por dezenas de orbalisks. O robô os observava atentamente, tentando decifrar a misteriosa conexão que possuíam com o corpo do hospedeiro. Vader usara os artrópodes unicamente para salvar sua vida, mas já estava totalmente curado agora, e realmente não estava disposto a conviver pelo resto da vida com aquela bizarra armadura no corpo, mesmo sabendo que, graças a eles, sentia-se mais forte e mais ligado ao lado sombrio.

- E então? Descobriu algo, D-D-R98? – disse, com ar de impaciência.

- Esses besouros... eles são parasitas simbióticos, senhor. Alimentam-se de sua energia enquanto injetam uma...substância em seu sangue.

- Que tipo de substância?

- Ao que me consta, é um tipo de droga que potencia sua força muscular e adrenalina – isso o torna mais forte e resistente à dor... também parece haver algum anticoagulante muito potente, pois suas feridas recentes cicatrizaram-se em velocidade espantosa, meu senhor.

- E o que acontece se morrerem?

- A couraça deles é muito forte, senhor, mesmo a lamina de seu sabre não pode penetrá-la. Sua única fraqueza parece ser eletricidade – choques contínuos podem queimar suas partes mais expostas...

- Então, é possível remover esta... coisa?

- Tecnicamente sim, milorde, mas eu não recomendaria isso.

- Por quê?

- Os besouros se adaptaram especificamente para a vida em simbiose, por isso desenvolveram um mecanismo de defesa, caso alguém tente removê-los – injetando um veneno na corrente sanguínea, se morrerem, os orbalisks levam seu hospedeiro junto consigo para a morte.

- E não há nenhum antídoto para esse veneno?

- A fórmula do tóxico é muito complexa e de ação imediata – seria muito difícil desenvolver um remédio que batesse de frente perante a rapidez de sua toxicidade. Receio dizer que o mais seguro, por ora, seja deixar os orbalisks como estão.

Vader nada respondeu. A situação o lembrava da primeira vez em que acordou em sua prisão negra, com o corpo pesado e o andar torturante. Tamanha era a dificuldade em se mover que ele só poderia fazê-lo usando a força. Mas agora, no entanto, sua prisão não o limitava, mas o expandia – seus músculos flácidos se enrijeceram, o peito antes perfurado se curou, e ele próprio jamais se sentiu tão livre e vivo. Os orbalisks eram uma tortura constante, mas em troca eles davam força e fúria – como Vader suspeitou, aquela estranha espécie deveria ter algum tipo de conexão com a força, ligação esta reforçada pelo poder que emanou do poderoso lorde sith quando fora confinado dentro da couraça que agora envolvia seu corpo. O poder que restou do sith era tão opulento que quase podia perceber sua presença.

Terminados os reparos, os membros cibernéticos e órgãos estavam em pleno funcionamento novamente. Vader ordenou aos dróides para que produzissem uma versão modificada de sua armadura, de modo que pudesse se ajustar à cobertura inquebrável. Mesmo seu colar cervical e capacete teria de ser levemente alterado, pois a armadura se estendia até o pescoço.

- Lorde Vader, há algo estranho com seus pulmões – o robô-cirurgião estranhou quando fazia os últimos ajustes em seu painel peitoral, depois que a armadura já estava posta.

- O que ocorreu? Eles não estão funcionando como de costume?

- Não, não é isso... eu verifiquei o exame que o senhor fez antes de vestir seu traje, e parece...

- O que é? Diga!

- ...parece que alguns alvéolos estão se cicatrizando além do previsto. Acredito, que, com tempo e repouso, o senhor talvez possa dispensar seus órgãos artificiais...

- Não tenho tempo para isso – levantando-se de sua cadeira, com a roupa completa, seguiu como um raio rumo à sua câmara de meditação, maior e mais adornada que a que costumava usar nos destróieres, mas igualmente pressurizada e isolada da atmosfera exterior. Sobre uma pequena mesa que se projetava do solo em meio à câmara, estava o holocron do misterioso sith, aprendiz de Tenebrous. Vader mais uma vez pegou o objeto em mãos, que começou a vibrar com suas emanações.

- Mestre, aqui estou novamente, a armadura de Bane agora corre por meu corpo.

- Então, você foi presenteado com a mesma maldição de lorde Bane, meu caro – o sith pareceu estar zombando – agora, somente a sua morte ou um grande poder podem te libertar. No entanto, a armadura transformou Bane em um grande guerreiro, e ampliou seu elo com o lado sombrio. Ela pode vir a ser útil a você.

- Sim, realmente nunca senti nada parecido com isto... é como se meus sentidos fossem ampliados – mas agora, sith, meu próximo destino repousa em Prakith, mas sua localização é incerta, e seus registros são muito vagos. Preciso que me diga onde fica o mundo onde lorde Andeddu foi sepultado.

- Ah, Prakith...um mundo sombrio, talvez mais ainda do que Korriban, o planeta dos sith... busque pela maior concentração de trevas na galáxia, próximo ao seu núcleo – é uma região densa e perigosa de se atravessar...

- O núcleo profundo? – O próprio império várias vezes tentou desbravar este local, mas ainda são raros os postos nesta região, devido à forte atração gravitacional do núcleo galáctico – Sim, já ouvi diversas historias sobre o local, e todas falam de um grande mal que existe por lá...

- O local perfeito para o repouso do mais maligno dos lordes sombrios de sith. Mas o sith’ari não foi sepultado, ele se enterrou ainda em vida, ao lado de seus pertences mais valiosos – não ouro ou jóias, mas conhecimento – ele queria ser o único sith a vencer as fronteiras da morte.

- Então ele ainda está... vivo?

- Não exatamente. Em seu holocron, ele guardou seu espírito, para que ultrapassasse a barreira do tempo. Quando ainda era vivo, o primeiro Darth era venerado como um deus por seus seguidores – em oposição à irmandade dos sith, ele criou sua própria seita, o culto da malevolência – é provável que ainda hajam alguns remanescentes...

Em meio ao discurso do sith, Vader deixou o holocron e seguiu pelo corredor, pensativo. Ao notar os orbalisks que o rodeavam, lembrou-se de seu fracasso contra a besta que insistia em cruzar seu caminho, e atrapalhar seu objetivo. A técnica de batalha de Vader, por mais eficiente que fosse, era aplicável, sem sua maioria, à inimigos que dispensassem agilidade e estratégia, que compunham a maior parte do séquito que já enfrentara até o dia de hoje. Mas o monstro que confrontou era mais selvagem e habilidoso – e parecia não dar muita importância aos limites – algo que Vader infortunadamente era obrigado a fazer por sua condição. Agora, com a ajuda dos orbalisks e de seu poder, talvez pudesse, ao menos, igualar a disputa, se viesse a confrontá-lo novamente, o que era muito provável. Quem o havia mandado? Este oponente não possuía alma, ou aura, nem sequer mortalidade. Seria ele uma criação da força? Um simulacro de vida moldado pelos midi-chlorians? Diante da superstição, um pensamento terrível veio à sua mente: teria ele iniciado um ritual profano, cujas conseqüências seriam catastróficas? Seria a fera um instrumento para evitar que ocorresse uma hecatombe? Vader deu de ombros diante de sua superstição.

De qualquer modo, não seria esta a primeira vez que desafiara todas as convenções a fim de alcançar o que mais queria. Na última vez, sua escolha acabou por moldar sua vida. Desta vez, Vader deseja reverter o processo, consertar a maior ferida de sua alma, nem que todo o universo tenha de pagar o preço por isso. Como todo sith, o coração de Vader estava tomado pelo lado sombrio, e o ego sobrepunha-se a tudo, até mesmo sua própria razão. Esta é, foi e será, para todos os siths, a razão de sua ascensão e de sua queda.


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