Realidades escrita por Fabio Alexandre


Capítulo 2
A Garota da Camisa-Xadrez




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Setembro, 2015.

Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Numa viela estreita, perto do centro de Porto Alegre, dois gatos andavam lado a lado, um tendo uma coloração negra e a outra com um tom de bege claro.

─ Já faz uma semana que você foi transformada. Teve tempo o suficiente para se acostumar com este seu novo corpo. E por acaso, já decidiu qual será seu nome? Ou quer ser chamada por Laís pra sempre mesmo?

─ Para tua informação, Obscuro, eu já me acostumei. Só tropeço vez ou outra... Sobre o nome, pode me chamar de Shi. E se é para me ficar questionando, eu também tenho perguntas. Por que me transformaste? Por que tu és um gato? Quando nós iremos atrás da Luísa?

─ Tudo ao seu tempo, Shi. Eu ainda não fui atrás da Luísa, pois tinha que esperar você se acostumar com seu corpo. Além de que só posso transformar uma pessoa por semana. Sobre meu passado e motivos, deixo para outra hora. Algum dia vou te falar, por enquanto tenha paciência.

Luísa estava em casa. Já passava do meio-dia, seu dia não havia começado bem. Como de costume, tinha ido para o computador falar com seus amigos.

Luísa não gostava da vida que levava. O jeito que as coisas estavam indo também não ajudavam em nada. Ela gostava de falar com seus amigos Maria Vitória, Laís, Ariel e Fabio; que sempre falavam idiotices que sempre a alegravam. Mas, naquela semana, nem Fabio nem Laís haviam ficado on-line e a garota estava preocupado com eles.

─ Shi, você que conhece melhor Porto Alegre e já visitou a Luísa antes, lidere e mostre o caminho para mim. Chegando lá veremos o que fazer.

─ Certo. Mas é longe, já deve saber. Ainda mais a pé e com quatro patas assim.

─ Entendo, mas provavelmente devemos chegar lá até o final do dia. Temos um longo caminho pela frente, então vamos logo, Shi.

Após algumas horas de caminhada por Porto Alegre, a gata parou, olhando para o outro ao seu lado, suspirando.

─ Pronto, chegamos. Essa é a casa da Luísa. ─ Aponta com o rabo.

─ Interessante... Porém, está muito tarde. Pelo jeito, já deve passar das vinte horas. Eu não acho que ela sairá ainda hoje. Vamos ter de deixar para amanhã.

─ Inevitável mas, precisamos de um lugar para passar a noite e de um plano para poder pegá-la. Eu conheço uma praça que podemos passar a noite e voltar para pegar a Luísa amanhã. O que tu achas?

─ Acho uma boa ideia. Pelo que sabemos, ela não é de sair de casa. Provavelmente, a melhor oportunidade será quando ela voltar da aula amanhã, quando estará sozinha em casa com sua avó e a empregada.

Ambos os gatos seguiram em direção a praça. Shi mostrou o lugar designado, e lá deitaram, dormindo ao decorrer da noite.

*

Era por volta de 12h15min quando Luísa saiu da aula, indo pegar seu ônibus rumo à casa. Chegando em sua rua, por volta de 12h45min, avistou dois gatos sentados na sarjeta, de fronte sua casa. Parando para olhar à um deles, o gato negro fixou seu olhar nela. O que era aquilo que estava sentindo? Seria um tipo estranho de desconforto?

A garota não gostava daqueles olhos bicolores, que pareciam analisar sua alma. Porém, ela sentiu a mesma atração de sempre, em querer acariciar-los. O felino andou em sua direção, e algo fez com que ela se impulsionasse no mesmo caminho. A cada passo, seu coração palpitava. Aquele gato... estava sorrindo?

Quando finalmente Luísa alcançou-o, se agachando para acariciar seu pelo, subitamente tal mordeu sua mão com certa força. Rapidamente largou a mão dela e correu com o outro gato, que olhava não mais que um metro atrás da cena.

*

Luísa passou o resto da sua tarde normalmente. Quando finalmente deu a hora de dormir, ela arrumou-se para deitar. Assim que feito, não demorou muito para pegar no sono. Aquela noite, embora, não fora das melhores. Se debatia, suando frio durante o sono.

Acordou subitamente no meio da noite. Assustada, olhou com a visão turva em volta. Se sentia vigiada. Ao tentar levantar-se da cama, desequilibrou-se, caindo da mesma. Desajeitada, levantou-se, erguendo a cabeça, começando a recobrar os sentidos.

Viu que seu corpo estava deitado na cama. Espera, seu corpo?!
A mesma começou a ficar com a respiração elevada, querendo surtar. Seus instintos a fizeram querer gritar, mas, quando ia fazer isso, ouviu "algo" dizer:

─ Shi, cale-a!─ Não conseguiu procurar a tempo quem havia dito aquilo, pois sentiu um peso em si, com sua cabeça sendo batida violentamente contra o chão.

Tudo que pode ver antes de apagar, fora seus livros do box do Jogos Vorazes, e uma figura amortecendo a queda ao lado deles.


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