Hellishness escrita por hellishness


Capítulo 4
Chapter III — The Three Musketeers


Notas iniciais do capítulo

Eu estou me irritando muito com essa introdução de personagens e tal, quero chegar logo na trama principal. Por isso, minhas mais sinceras desculpas pelo final corrido desse capítulo e pelos personagens caindo do céu.

Anyways, espero que gostem. Comentar não mata ninguém. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/646649/chapter/4

A cena diante dela era tão absurda que seria possível encontrar algo novo para tentar compreender a cada nova análise. Magdalena não se considerava uma pessoa conservadora nem nada do gênero, no entanto aquilo conseguiu deixá-la momentaneamente sem fala. Vamos por partes, então.

Primeiramente, o quarto. Era de se esperar algo extraordinário de um colégio de elite, frequentado pelos herdeiros mais influentes do mundo inteiro, porém aquele cubículo apertado parecia ter saído de um internato comum. Dividido exatamente ao meio, para que as duas moradoras tivessem o mesmo espaço, e mobiliado igualmente em ambos os lados, para que não houvessem brigas sobre privilégios e coisas do tipo, típicas de jovens mimados. Duas camas de solteiro simples, com colchão e lençóis brancos padrão, embora sem travesseiros ou cobertas. Duas escrivaninhas de madeira clara, vazias, com gaveteiro móvel, fixadas na parede que seria dividida. Duas cadeiras de escritório, acolchoadas com couro preto comum; um criado mudo, um guarda-roupa médio, um baú no pé da cama e algumas prateleiras embutidas para cada morador. Tudo vinha aos pares. Uma parede, nenhum banheiro ou divisória, simples assim.

Não tinha certeza se todos os dormitórios seguiriam este modelo, ou se apenas os desgraçados da república maldita recebiam o privilégio. A última hipótese era a mais provável, definitivamente.

Enquanto o lado da direita, o destinado a Lena, permanecia intacto, o da direita fora completamente redecorado e personalizado, deixando sua personalidade clara como a luz do dia. E chegava a ser um pouco desconcertante.

A parede branca estava inteiramente coberta por pôsters de bandas de Heavy Metal, pornôs, filmes de ação, fotografias perturbadoras de mulheres seminuas e uma belíssima gravura do Tio Sam americano com a frase “I want you to suck my dick”. Nas prateleiras encontravam-se alguns outros tesouros: um boneco cabeça-balançante do personagem Jesse Pinkman de Breaking Bad, uma planta carnívora anormalmente grande e saudável, um bong de cristal usado, um dildo enorme com uma carinha feliz desenhada na ponta e os restos de uma boneca inflável murcha que parecia muito a Elsa do filme Frozen. Sem contar o altar religioso com velas, flores e fotos da Megan Fox, na base do armário.

Por ser uma artista, a garota achou aquilo tudo incrivelmente fascinante. Era a desconstrução de alguém, seus gostos e preferências expostos como uma colagem bizarra que apenas alguns poucos gostariam de apreciar. Não conseguiu conter um sorriso de canto, divertindo-se cada vez mais com aquilo.

Segundamente, a “companheira” na verdade seria um “companheiro”. Alto, magricela, com pinta de desengonçado. Cabelos encaracolados negros, rebeldes e descontrolados, grandes olhos castanhos travessos, com um brilho malicioso perigoso, nariz fino, lábios marcantes e barba por fazer compunham esta figura com preferências tão peculiares. Magda não pôde deixar de notar a bela estrutura óssea, tão marcante que parecia quase um esboço com linhas agressivas. Era um cara bonitinho, embora parecesse ser um tarado em formação.

O simples fato de terem juntados um menino e uma menina para dividir a habitação já era estranho, uma quebra da mais preciosa regra da Weston Academy. “Não entrarás no quarto de um colega do sexo oposto”, dizia o manual, que também lembrava pela milésima vez sobre a punição: detenção indeterminada. Infelizmente – ou felizmente, dependendo do ponto de vista – aquilo não era de longe o mais perturbador. A cena melhorava, veja só.

Não apenas estava ele completamente pelado, a não ser por um adesivo colado na testa com seu nome escrito, “Olá, meu nome é Rodrick!”, como também tinha as pernas amarradas por fita adesiva bem justa e batia uma descaradamente. Caso não estivesse tão chocada, Lena provavelmente acharia a visão bastante sensual, talvez até se afetasse um pouco. Os gemidos contidos, a expressão marcando um misto de concentração e puro prazer e os movimentos regulares que a jovem conhecia tão bem.

A verdadeira pérola ali era o indiano sentado na cadeira giratória, rodopiando com um cronômetro na mão direita, olhando os números passarem em reverência.

— Mas que porra é essa? — Repetiu, agora com um sorriso alucinado, recostada na soleira da porta de braços cruzados. Um milhão de pensamentos sujos passavam por sua mente, e provavelmente estavam estampados em sua testa como um letreiro neon no meio da escuridão. Naquele momento, ponderava se ria, filmava ou arrancava a roupa e se juntava na brincadeira.

Rodrick parou, largando o pênis ereto em um pulo. Era óbvio que tinha se assustado. Sua boca abriu em um “O” perfeito, enquanto arfava, recuperando-se do êxtase. Ele levantou a mão para limpar o suor na nuca, enquanto intercalava seu olhar entre o amigo que já não rodava e a desconhecida, claramente confuso. Suas feições, no entanto, mudaram lentamente, passando da confusão para a compreensão, depois para o desespero, e, por último, uma alegria irracional.

— Merda! — Gritou o indiano, caindo no chão e levando a cadeira junto. O cronômetro voou pela habitação. Ele tentou se levantar, mas acabou batendo a cabeça na escrivaninha e voltou para onde começou. Passava as mãos pelos fios pretos, bagunçando-os ainda mais, e seu rosto queimava de vergonha. Por baixo da pele escura, as bochechas ferviam em um vermelho vívido — Merda! Não é o que parece! Estávamos tentando quebrar um recorde, eu não sou gay, eu estou solteiro e...

— Meu parceiro de quarto tem peitos! — Rodrick interrompeu-o, pulando da cama de animação. Péssima ideia, já que tinha as pernas amarradas. Acabou caindo de volta nas cobertas sujas.

Hillsborough deixou o olhar descer até o membro exposto, a malícia porcamente disfarçada, e analisou-o descaradamente. Conseguiu sentir o rapaz percebendo a “checada” e mudando sua postura para deixá-lo mais à mostra; estufou o peito, abriu as pernas e endireitou os ombros, tentando parecer mais másculo, talvez.

— Oi... Princesa?

— Magdalena. Hum, Rodrick... — Leu o nome na etiqueta devagar, marcando as sílabas de maneira brincalhona. Ele arrancou o adesivo rapidamente, e jogou-o longe. Também tentou cortar a fita adesiva fora. Voltou-se para o indiano, ainda em choque, encolhido embaixo da escrivaninha com seu 1,80m — E Gandhi?

— É Rajid. Rajid Tamkinat Marakesh, filho do importante diplomata Naveen Marakesh — A cada palavra dita, sua voz diminuía uma oitava, ficando cada vez mais aguda. Falar com garotas sempre fora seu ponto sensível, e Lena certamente percebeu isso.

Claro que não deixaria passar este detalhe.

Enquanto ia até a própria cama, ela parou e deu um beijo demorado na bochecha de Rajid, acariciou a linha de seu maxilar e sussurrou em seu ouvido:

— Muito. Prazer.

O pobrezinho engoliu em seco e quase desmaiou.

Rodrick uma gargalhada escandalosa, curvando-se e contorcendo-se na cama, tentando controlar o ataque, sem sucesso. Lágrimas de riso brotavam de seus olhos, e este pequeno detalhe conquistou a simpatia da garota. Após se recompor, balançou a cabeça para tirar os cachos dos olhos e se levantou, indo até a morena. Passou o braço por seus ombros e puxou-a para mais perto, envolvendo-a numa espécie de cumprimento, ainda sem roupa alguma.

— Querida Magdalena, prevejo o início de uma gloriosa amizade.

— O sentimento é mútuo, caro Rod. Começando com você tapando esse negócio — Deu um tapinha no membro, fazendo com que este se levantasse novamente em toda sua glória. Aproveitou a distração para se libertar do abraço e foi até sua cama, jogando-se nela e usando a bolsa como travesseiro — Tenho a impressão de que o Raj aqui faz parte do nosso quarto, extraoficialmente, certo?

— Que intimidade toda é essa, dona? — O indiano finalmente conseguiu se levantar, recompondo-se com o que restara de sua dignidade. Pelo menos agora conseguia falar sentenças inteiras sem gaguejar ou enrubescer. Ele puxava o colarinho da camisa social que fazia parte do uniforme escolar, afrouxando o nó da gravata para, provavelmente, se sentir mais à vontade. Magda acenou, chamando-o para sentar-se ao seu lado e, depois de acalmar o coração, cedeu ao pedido — Sabe, meninas e meninos não podem ficar juntos. Talvez devêssemos falar com a Rhonda sobre esse engano, deve ser um erro no sistema, ou até mesmo um...

— Nem fodendo, Raj! — Rodrick interrompeu-o pela segunda vez. Tal ação parecia ser comum entre os dois. A garota riu e apoiou a cabeça no ombro de Rajid, estressando-o novamente.

É impressionante como as forças do universo agem de modo misterioso, pregando peças nas pessoas, bombardeando-as com catástrofes sem fim para depois presenteá-las com pequenos momentos de alegria. O verdadeiro segredo para seguir a vida com o espírito leve era não deixar as coisas ruins sufocarem as boas, saber equilibrar, ser paciente até o fim dos dias escuros. Obviamente, a maioria esmagadora não conseguia esperar e desistia no meio do caminho, procurando uma saída imediata para a dor. Embora Magdalena conhecesse estas dúvidas, bem demais, diga-se de passagem, naquele momento estava verdadeiramente aliviada. Alguém lá em cima jogou esses dois meninos, tão diferentes e tão cheios de energia, no meio do inferno para que ela sofresse um pouco menos.

Observou-os, tranquila pela primeira vez em semanas, um sorriso ameaçando escapar por seus lábios. Mal tinham se conhecido, mas era como se fossem amigos de longa data, almas irmãs, simplesmente combinavam. Lena imaginou se, em outra vida, teriam se relacionado de alguma forma, e chegou à conclusão de que sim, aquela conexão era antiga.

Tais pensamentos surpreenderam-na, principalmente por causa de toda baboseira espiritual. Era uma jovem de opiniões conflitantes, ávida defensora da ciência e das teorias de evolução, ao mesmo tempo em que pagava por seu mapa astral, leitura de mãos e cartomantes, que pesquisava sobre suas encarnações. Um tanto quanto paradoxal, certo?

Rod e Raj pareciam ter sentido o mesmo, pois pareciam cada vez mais tranquilo, como se este trio fosse algo predestinado. O indiano até começou a se soltar, tombando a cabeça para trás, relaxado, e aninhando Hillsborough com o braço. Tudo passava em câmera lenta, como em filme, quando os diretores deixam a imagem borrada e lenta, e colocam uma música eletrônica alternativa para dar ênfase na amizade. Era bom.

Os três logo perceberam o quanto tinham em comum, e começaram um debate acirrado sobre a validade dos boatos a respeito de alguma teoria de conspiração qualquer. Enquanto discutiam, era fácil notar traços de suas personalidades no modo como se movimentavam, as caras e bocas, o tom de voz. Magdalena tinha um brilho no olhar típico de quem se empolga demais, e gesticulava com as mãos conforme soltava seus argumentos; sua voz soava decidida, o tom de uma líder nata, e, no calor do momento, acabou levantando da cama e avançando até Rodrick, que possuía uma opinião diferente da sua, erguendo o queixo para encará-lo. Este, vários centímetros mais alto e nu, nem de perto deixou-se intimidar pelo espírito explosivo da garota, e respondia com a mesma ferocidade; seus cachos balançavam conforme ele apontava o dedo para ela, quase gritando. Rajid também se levantou da cama, mas para tentar impedir os outros dois de se matarem nesse meio tempo; tentava se colocar entre eles, para separá-los, enquanto tentava fazê-los entender que nada daquilo importava, que ambos tinham pontos de vista muito bem defendidos, o mediador.

O jeito como lidavam com argumentam representa de maneira excelente suas atitudes no dia-a-dia. A líder, o explosivo e o apaziguador.

No meio daquele furacão, foi impossível notarem a figura parada em sua porta, esfregando os olhos de sono. Foi apenas quando algum deles acabou jogando uma cueca velha naquela direção que perceberam, e aí já era tarde demais. Uma garota gravava a cena com o celular, e ria sozinha. Tinha metade dos cabelos tingidos de rosa chiclete, e a outra no tom natural, castanho, que estavam presos em duas tranças espinha de peixe, seguindo a linha dividindo as cores. Seus olhos eram enormes, negros, as sobrancelhas marcantes e a pele bronzeada. O nariz cheio de personalidade e os lábios carnudos complementavam a aparência, dando-lhe um ar de descendência latina. Tinha estatura mediana, e o corpo cheio de curvas. Vestia uma versão adaptada do uniforme, uma mistura de roupa social com pantufas de coelhinho, e provavelmente não usava sutiã.

A menina que estava dormindo no corredor! Ela definitivamente teve problemas na hora de se vestir...

— Guiterréz, quantas vezes já disse? — Rod fui em sua direção, as mãos na cintura para deixar o pênis de tamanho considerável bem a mostra — Não precisa chegar do nada, é só me ligar!

— Quantas vezes eu já respondi, Ferguson? — Seu sotaque era carregado, provavelmente de um país que fala espanhol — Não jogo para o seu time. E é Phoebe. Agora, não vai me apresentar sua amiga? Francamente, ela é areia demais para o seu caminhãozinho, se eu fosse você desistia. E vista uma calça, por Dios.

— Finalmente alguém com bom senso, coloca logo a calça — Raj jogou um moletom de cheiro suspeito para o amigo, tapando o nariz.

— Lena, Lena Hillsborough — Magda abriu um sorriso malicioso, admirando o corpo da recém-chegada. Seu olhar passeou desde as coxas bem definidas, destacadas pela saia pregueada preta, passando bela bunda e subindo as os seios volumosos. Uma voz em sua cabeça se perguntava como ela seria sem as roupas. Phoebe estreitou os olhos, reparando na checada, realizando uma pergunta silenciosa: Você gosta de meninas?

Lena deu de ombros, como quem se desculpa, e riu baixinho. Na realidade, era bissexual, mas não gostava de sair anunciando para o mundo toda vez que conhecia gente nova. Sempre preferiu deixar rolar, como agora. Nenhum dos dois garotos deixou a cena passar despercebida. Ferguson, agora com a calça de moletom, e Marakesh encaravam-nas de queixo caído sem saber o que dizer.

— Por isso não quis me comer, é lésbica... — Rodrick coçava a barba por fazer, como se acabasse de descobrir a origem da vida — Se acabarem transando, por favor, me deixem assistir. É tudo que peço, um presente de aniversário para seu colega de quarto.

— Seu aniversário é só daqui a seis meses — Tossiu Raj, recebendo uma cotovelada em resposta.

— Correção, bissexual. E não quis te comer porque te conheci, literalmente, há meia hora. Seja menos patético.

Phoebe segurou uma risada, guardando o telefone com o vídeo daquele encontro tão inesperado no bolso do blazer. Disfarçadamente, também analisava a morena, despindo-a em sua mente. Definitivamente havia uma tensão sexual ali.

Antes que a conversa pudesse continuar, no entanto, um alarme soou pelos corredores, marcando o final do primeiro período e a pausa para o almoço e horário livre. Quase em sincronia, vozes se fizeram ouvir no andar de baixo, anunciando alguns dos outros moradores da república da desgraça vindo trocar os materiais, ou simplesmente tirar uma soneca até as 14h30, quando começavam os cursos extras obrigatórios. Passos pesados subiam as escadas, e um adolescente alto e forte disparou na direção de seu dormitório, esbarrando na moça dos cabelos coloridos. Ele parou para de desculpar a ajudá-la a se levantar, uma expressão amigável moldando-lhe a face, e foi aí que Magdalena viu, e seu coração quase saiu pela boca.

Elijah “Eli” Woodsbrock, em pele, osso, músculos e alguns vários centímetros a mais.

— Eli — Conseguiu dizer, em choque.

O rosto do rapaz empalideceu imediatamente, como se estivesse vendo um fantasma. Uma sombra estranha manchou seu semblante, tão rapidamente que apenas quem estivesse observando atentamente notaria.

Como ele mudou.

Os ombros largos e bem definidos eram indícios de uma puberdade bem aproveitada, assim como os braços torneados expostos pela camisa social com as mangas dobradas. O cabelo castanho e liso, maravilhosamente despenteado, continuava o mesmo, assim como os olhos castanhos gentis e o maxilar definido. Ainda tinha os dentes ligeiramente tortos, os lábios grossos e as linhas de expressão fundas. Vendo-o ali, parado, era como se os anos não tivessem passado, e os dois ainda fossem duas crianças correndo pelas salas de aula, despreocupadas. Mas tanta coisa havia mudado.

Lena estava tão ocupada com suas memórias e divagações que mal percebera a tensão na voz dele.

— Está me confundindo, sou Quentin, irmão dele — De repente, uma lembrança, a vaga citação de um irmão gêmeo, tão antiga que passara despercebida — Quem é você?

— Magdalena — Ela tentou se recompor, limpando a garganta. Usando todo seu autocontrole, disfarçou a ansiedade — Eu costumava estudar aqui, muitos anos atrás.... Nós éramos amigos. Onde ele está?

A temperatura no recinto caiu dez graus com aquela pergunta. Phoebe, Raj e Rod se entreolharam, nervosos, como se soubessem de algo, soubessem que Lena acabara de cometer um erro terrível. E ela realmente o tinha feito. Quentin encarou-a por alguns segundos, em silêncio, os músculos cada vez mais tensos, antes de responder, com a voz amarga:

— Desapareceu ano passado, com outros dois caras.

Lena apoiou-se na parede para não cair no chão. Sua visão embaçou, suas pernas ameaçaram falhar e o mundo à sua volta balançou. Como assim desapareceu, e com outras duas pessoas? Não era possível. Os canais de televisão ou jornais teriam noticiado o evento, afinal, os alunos da Weston eram a elite da elite, não sumiam simplesmente. Os gêmeos Woodsbrock, por exemplo, eram filhos do primeiro ministro inglês.

O que está acontecendo aqui?

— Que merda, você deve estar fodendo com a minha cara.

Quentin olhou para os outros três ali dentro, movendo a boca para soltar palavras silenciosas. Hillsborough estava sã o suficiente para entendê-las, mesmo que não fizessem sentido algum. Façam ela calar a boca, dizia. Phoebe olhava para o corredor, agitada, como se esperasse alguém surgir do nada para matá-los. Ela puxou Q para dentro do quarto e bateu a porta atrás de si. Rajid correu para trancá-la, enquanto Rodrick abaixava as persianas da janela única, mergulhando-os em uma meia luz. Magdalena continuava parada ali, sem entender nada, a cabeça girando com tantas informações. Eli, seu primeiro amor, desaparecido.

Isso mesmo, tinham apenas 12 anos, mas aquilo fora definitivamente uma espécie distorcida de amor.

Quentin agarrou seus ombros e balançou-os, tirando-a do mundo dos pensamentos. Ele já não tinha mais o ar tranquilo e gentil de alguns minutos atrás, na verdade, nenhum dos alunos ali dentro parecia confortável. Algo estava errado.

— Pare, agora, antes que se meta em problemas — Raj andava em círculos no canto, repetindo baixinho palavras incompreensíveis — Se não calar a boca nós todos vamos estar ferrados, sacou?

Eu não estou envolvido nisso, eu não estou envolvido nisso, eu não estou envolvido nisso, eu não estou... — Lena finalmente compreendeu o que o indiano murmurava, e não era bom sinal.

— Como assim, isso não faz sentido! O que está acontecendo aqui, caralho?

Rodrick puxou-a para a cama, fazendo com que sentasse ao seu lado. Quando falou, sua voz estava baixa e controlada, algo estranho para aquela figura tão energética:

— Lena, a gente vai te explicar tudo, mas, haja o que houver, nunca fale isso lá fora. As paredes têm ouvidos, cara, e não têm piedade.

Ela assentiu devagar, seu sexto sentido apitando novamente. Tinha a impressão de que não devia se meter naquele assunto.

Tarde demais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí galerinha do mal, o que acharam? Agora sim posso começar minha história de verdade. Devia ter juntado isso tudo em um capítulo só, mas é a vida.

http://i.imgur.com/e6shoFq.jpg >> Aqui tá uma foto do meu dreamcast para os personagens. Eu que fiz, então ignorem a qualidade.

Hasta luego. ♥