Sob minha pele escrita por Bruna


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Finalmente coloquei uma capa para a estória!

Estou carente de comentários! :(
Conversem comigo!

Vamos ao próximo!



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Mel.

Passei a noite toda rolando na cama sem conseguir dormir. Eu não queria fechar meus olhos e vê-lo. Eu não quero fechar meus olhos e pensar que tudo poderia ser diferente. Que eu estaria com ele, provavelmente decidindo as coisas da cerimônia de casamento. Iríamos ficar juntos para sempre. Eu não tenho como descrever a tristeza que me invade ao lembrar que ele foi embora. Sem mim. E o pior? O pior é que eu não o culpo. Mas também não culpo à mim. Nós apenas nos desencontramos. Estávamos em momentos diferentes.

— Você ainda não me parece muito bem. – Diz Ana me encarando com os olhos estreitos. – Você sempre foi branca demais, e eu sempre disse isso, mas por deus Mel! Você está parecendo uma assombração.

— Eu estou bem. – Murmuro.

Estamos na cozinha passando o tempo. Já passa das 15:00 então o horário de almoço já passou. De repente me bateu uma preguiça inimaginável. Estou sentada em uma cadeira enquanto me abano com um prato de plástico tentando – em vão – me livrar desse calor infernal.

— Você deveria ir ao médico. – Ana me adverte. – Você anda muito estranha desde que John foi embora. E isso já faz duas semanas. Você pode fingir para todo mundo, mas para mim não.

Ana se senta na cadeira em frente a minha.

— Eu não estou mentindo para ninguém. – Me defendo. Desvio os olhos dos seus. Não consigo fingir nada os encarando.

— Está sim. Você acha que eu não te ouço chorar pelos cantos quando está sozinha? - Ana arqueia uma sobrancelha. – Você acha que eu não percebo a tristeza no seu rosto. Eu via vocês juntos. Sei que se gostavam de verdade.

Eu não tinha ideia de que estava tão na cara. Eu apenas não consigo evitar estar triste a todo instante. Sentir falta dele a todo instante. É difícil esquecer.

— Eu só não entendo porque ele foi embora tão de repente.- Ana está pensativa.

Às vezes eu me esqueço que os nossos planos eram feitos quando estávamos sozinhos. Enrolados nos lençóis. Enrolados um no outro. Sem ninguém para testemunhar.

— Ele me pediu em casamento. – Murmuro fitando a toalha vermelha de mesa à minha frente.

Mesmo sem olhar eu sei que isso a surpreendeu. Ela parou de falar por alguns minutos. Isso é raro. Eu a choquei.

— E você disse que não? - Ana rompe o silêncio.

— Eu disse que sim. - Confesso mirando meus dedos.

Lembranças daquele momento me invadem e me trazem um pouco de consolo. Pois eu sei que como eu não posso apagá-las, ele também não poderá. As lembranças irão o assombrar para sempre, assim como irão assombrar a mim.

— Quando foi isso? – Ela pergunta boquiaberta.

Levanto meus olhos e seu rosto está perplexo. Parece até que eu acabei de dizer que o céu é rosa.

— Um pouco antes dele viajar para Madri. – Confesso. - Nós já estávamos fazendo planos. Mas eu queria conversar pessoalmente com o meu avô porque...

— Por que você iria embora. – Diz Ana num fio de voz completando meus pensamentos. Seus olhos estão brilhando como se que por alguns segundos a minha dor a tivesse atingido também.

— Eu não podia ir embora agora Ana. – Digo com a voz entrecortada. – Eu não poderia deixar o meu avô. Mesmo por ele. Mesmo o amando muito, mesmo me matando deixá-lo ir. Mesmo correndo o risco de nunca mais vê-lo. Eu não poderia dar as costas ao homem que sempre cuidou de mim. Principalmente num momento desses.

Eu estou tão cansada de chorar. De não dominar meus sentimentos. De ser fraca. Eu queria ser mais forte, suportar mais. Me dominar. Mas tudo dentro de mim parece cada vez mais fora de controle. Aos poucos. Como uma garoa que se transforma em tempestade.

— Você não disse isso a ele? – Pergunta Ana sem tirar seus olhos de mim.

— Eu tentei. Mas ele não me escutou. Nós brigamos. Eu disse coisas horríveis, mas ele também me disse coisas horríveis. Ele estava tão irritado Ana, e eu não sabia mais o que dizer para convencê-lo. Eu tentei, tentei muito, mas não adiantou.

Cerro os pulsos em uma onda de ódio.

Por que ele tinha que ser tão cabeça dura?

Ana se inclina e passa as mãos pelo meu rosto limpando minhas lágrimas. Me consolando. Eu não havia percebido antes de que era exatamente disso que eu estava precisando.

— Se seu avô não tivesse adoecido você teria mesmo ido com ele? – Ana estuda meu rosto.

— Sem nem pensar duas vezes. – Murmuro.

Eu estava com medo de nunca mais tê-lo por perto. Com medo de que todas as coisas mesquinhas que eu já havia escutado fossem verdade. De que ele não me amava. Mas no momento em que ele olhou em meus olhos e disse que não poderia mais viver sem mim. Que queria que eu fosse sua esposa, sua mulher, eu soube que eu não poderia fugir disso. Eu iria com ele para onde ele me levasse. Para onde ele quisesse ir.

— Eu sinto muito Mel.- Diz Ana com a voz embargada. – Me parte o coração te ver triste desse jeito.
Ana se levanta e se senta ao meu lado passando seus braços por sobre o meu ombro.

— Eu não me arrependo de nada. – Digo com a voz embargada. – Por que eu sei que do mesmo jeito que meu amor é verdadeiro, o dele também foi.

— E ainda é meu amor – Ana sorri para mim – tenha a certeza de uma coisa minha menina. Onde quer que ele esteja ele vai sempre lembrar de você. Lembrar desse lugar e de tudo o que aconteceu aqui. Esse é o tipo de coisa que levamos para o resto da vida. Mesmo não querendo. Nós não podemos apagar o que já ficou tatuado aqui dentro. – Ela apoia a mão em seu coração.

— Você acha? – Pergunto quase sufocando com as lágrimas.

— Claro que sim Mel. – Ana aperta minhas mãos nas suas.

— Eu queria que ele voltasse – digo soluçando. - Eu queria tanto que ele voltasse.

Ana me abraça e me da aquilo o que eu mais preciso. Conforto, carinho.

Eu me sinto mais leve agora. Eu precisava dividir isso com alguém. Que o que houve entre nós dois não foi apenas um namorico, uma aventura. Foi real. Real demais.

Ana sempre sabe o certo a dizer, e também como dizer. Ela sempre está do meu lado quando eu preciso. É como uma mãe para mim.

— Você quer subir para descansar um pouco? – Ela pergunta cheia de ternura me apertando mais em seus braços.

— Eu não posso descansar a minha vida toda. Eu tenho que aprender a viver com isso.

Eu não tenho para onde fugir. Nem onde me esconder. Ele sempre vai me achar.

— Tudo bem então. Mas quando quiser conversar – ela dá de ombros – sabe, quando você achar que as coisas estão ruins, que o fardo está pesado demais para você carregar. Você pode dividir comigo.

— Obrigada Ana. – Digo sentindo meu coração se comprimir de amor, de carinho.- Eu quero te pedir uma coisa. – Digo receosa. Quando tenho sua total atenção eu continuo. - Eu não quero que meu avô saiba de nada disso. Eu disse a ele que nós conversamos e ficamos amigos. Eu não quero que ele se sinta mal.

— É muito bonito da sua parte Mel. – Ana coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. – Também acho que seja melhor. Seu avô te ama muito e quer te ver feliz. Ele ficaria muito triste se soubesse de tudo.

— Eu sei.

Começo a me ocupar com minhas atividades. Confesso que me sinto muito mais tranquila depois de minha conversa com Ana.

Às flores do lado de fora estão secas por conta do tempo muito quente. Vou até a garagem e procuro pelo velho regador do meu avô. O encontro no fundo da caixa de coisas inúteis. Eu vivo pedindo ao meu avô para que eu possa fazer uma grande faxina nesse lugar. O lugar está quase soterrado de coisas que nem usamos. Mas sempre que eu tento ele vem com:

— Não jogue isso, nunca se sabe quando vamos precisar.

Depois de colocar água no regador sigo até as flores perto da entrada. Estou distraída quando pelo canto de olho percebo Julia e Gabriel se aproximando.

— Boa tarde Mel. - Me cumprimenta o doutor Flores. Sempre muito atencioso.

Ele está muito bonito hoje. Ele sempre está. Mas especialmente hoje ele está diferente. Deve ser por isso que os olhos da Julia brilham tanto. Pergunto-me se era assim que os outros me viam todas as vezes em que John estava por perto. Feliz. Radiante. Como se não tivesse olhos para mais nada.

— Boa tarde. – Digo colocando o regador no chão. – Não sabia que já estava aqui.

— Eu cheguei a mais ou menos uma hora. Não te vi quando cheguei.

Deve ter sido no momento em que eu estava com a Ana.

— Eu já conversei com seu avô – ele continua – e fico feliz em dizer que ele está se recuperando rápido. Eu já dei permissão para ele sair amanhã – arregalo meus olhos para ele que ri. – Não se preocupe. Quando eu digo sair me refiro a vir aqui fora. Não vamos abusar.

— Ainda bem. Você deixou isso bem claro para ele, não é?

Conheço meu avô. Ele adora distorcer o que os médicos falam ao o que ele acha que é o seu favor.

— Deixou sim. – Diz Julia sorridente. – Eu estava junto.

O jeito como ela sorri para ele e ele sorri para ela me deixa feliz. Pois Julia mais que ninguém merece ser feliz. Porém eu não posso deixar de sentir um aperto no que restou do meu coração.

— Eu estava conversando com a Julia e vai ter um festival de música hoje na cidade. São bandas desconhecidas, mas pelo o que eu ouvi são boas. – Seus olhos vão de mim até Julia. – Eu convidei a Julia, e queria te convidar também.

Olho para Julia que me encara com esperança. Não sei se eu deveria ir. Talvez eu atrapalhasse alguma coisa que poderia acontecer entre os dois. E não estou afim de ficar de vela.

— Não sei. – Respondo sem querer
ser indelicada.- Não estou muito no clima.

O sorriso de Julia desaparece.

— Mel, vai ser legal! – Ela suplica com os olhos. – Por favor! Você precisa sair um pouco. Vai ser divertido!

— E aí? - Gabriel me fita com os olhos esperançosos.

— Tudo bem. – Digo meio desanimada.

— Então eu venho buscar vocês. Às oito pode ser?

— Às oito! – Diz Julia animada.

— Combinado então. – Ele confere o relógio. – Agora eu tenho que ir. Até a noite meninas.

— Até. – Faço um cumprimento com a mão.

— Eu te acompanho até o carro. – Diz Julia.

Estou surpresa com essa reviravolta. Ela vai ter que me dizer o que aconteceu.

Depois de regar às flores eu volto para cozinha onde eu bebo um copo de água. Julia entra quase flutuando na cozinha. Ana estreita as sobrancelhas para ela. E eu contenho o riso.

— Eu vou ver se seu avô precisa de alguma coisa. – Diz Ana saindo da cozinha.

Assim que ela se vai eu começo:

— Bom – Digo colocando o copo em cima da mesa – agora que o médico bonitão já foi, acho que você pode me dizer o que aconteceu.

Julia morde o lábio tentando segurar um risinho.

— Quando ele chegou perguntou por você, mas eu não sabia onde você estava. Então eu me lembrei de tudo o que você havia me falado e decidi seguir seus conselhos. Me ofereci para ir com ele. – Seus olhos brilham de contentamento. E isso faz um sorriso se abrir em meu rosto. – Nós conversamos e ele me convidou para ir ao festival.

— Se você quiser eu posso inventar uma desculpa e não ir. – Não quero atrapalhar nada entre os dois. – Para falar a verdade eu nem estou afim de sair.

— Não Mel. – Diz Julia alarmada. – Eu quero que você vá. Sei lá vou me sentir mais segura. Por favor.

Como eu posso negar algo a ela?

— Mas quero que me prometa uma coisa. – Digo para ela com o indicador levantando. – Se ele te chamar para conversar, dançar, qualquer coisa. Não hesite por minha causa. Tudo bem?

— Tudo bem. – Diz ela feliz.

Julia estava nervosa decidindo o que iria vestir. Ao contrário de mim que peguei a primeira coisa que vi no armário, que foi: uma calça jeans escura, e uma blusa de alça branca. Coloquei umas das minhas botinhas e deixei meu cabelo solto.

Ouço batidas na porta.

— Pode entrar. – Digo enquanto confiro meu cabelo no espelho.

— Vamos? – Pergunta Julia parada na porta com os cabelos soltos e com um vestido roxo que cai muito bem nela.

— UAU! – Digo em tom de brincadeira. – Alguém quer impressionar.

— Então estou bem? – Ela pergunta dando uma voltinha.

— Você está linda. De arrasar!

— Você também. Mas vamos! Ele já está lá embaixo. - Ela diz com o nervosismo estampado em seu rosto.

Pego minha jaqueta em cima da cadeira. O tempo é muito louco por aqui. Geralmente quando o dia é muito quente à noite é muito fria. O vento é muito gelado. Esses pensamentos me levam a primeira noite em que estive com John.

A noite está bonita. Está fresca. O céu está cheio de estrelas. E eu sinto dentro de mim que vou me lembrar dessa noite para o resto da minha vida.

E vou mesmo. Foi minha primeira vez. Foi a primeira vez que eu quis, e que eu estive com um homem. Foi perfeito.

Quando estamos a caminho do festival eu digo que prefiro ir no banco de trás. Assim os dois podem conversar mais a vontade. Ana disse que não precisaríamos nos preocupar. Uma amiga iria lhe dar uma ajuda no restaurante enquanto estivermos fora.

— Estou tão animada. – Diz Julia quase pulando em seu assento. – Lembra quando seus avós nos levaram ao festival em Barcelona?

— Lembro. – Foi um dia muito divertido.- Nós nos divertimos muito.

— E comemos muito algodão doce.

— Meu pai costumava me levar a festivais sempre que eu voltava da faculdade. – Diz Gabriel entrando na conversa.

— Onde você fez faculdade? – Pergunto curiosa.

— Los Angeles. Eu sempre quis viajar, conhecer lugares novos. Quando surgiu a oportunidade não pensei duas vezes.

Às palavras duras de John me vem a cabeça:

Você vive servindo, arrumando, limpando, cozinhando aqui para todo mundo. Pegando no pesado o tempo inteiro. Você é uma mulher inteligente, você quer fazer faculdade, você quer ter uma profissão, mas não faz porque podem precisar de você aqui. Você deveria querer mais para você do que isso.

Talvez ele tivesse razão, mas isso não muda o quanto foram duras, o quanto me magoaram.

Gabriel estaciona o carro. A rua está bem movimentada. Pessoas andam para todos os lados, luzes piscando, casais namorando. Ouço algumas batidas ritmadas. Deve ser alguma banda já se apresentando.

— Eu quero ficar lá na frente. – Diz Julia enlaçando meu braço.

— Vocês podem ir lá para frente. Eu vou comprar bebidas para nós. – Diz Gabriel.

A medida que vamos tentando nos aproximar do palco mais pessoas vão se aglomerando ao nosso redor. A música já está mais alta. Chegamos a um ponto que é impossível continuar. Paramos. Pelo menos não estamos mais tão longe.

O garoto que está se apresentando agora não aparenta ter mais de quinze anos. Ele toca o violão enquanto sua voz melodiosa faz a mágica. Ele é muito talentoso.

— Que empolgante não é? - Diz Julia tentando ser ouvida. – Nós duas em um festival de música. Nós deveríamos sair mais.

— Você tem razão.

Gabriel volta com três cocas. Ele disse que a Ana foi muito clara.
Nada de bebida alcoólica.

— Eu estou com fome. – Digo para os dois. – Eu vi uma barraquinha de batatas fritas ali atrás. Vou ir até lá.

— Quer que eu vá com você? - Pergunta Julia.

— Não. Não precisa. Aproveitem. - Digo piscando para ela. - Acho que a próxima atração já vai subir no palco.

— Tudo bem.

Saio quase que atropelando algumas pessoas que estão grudadas demais. Tanta gente ao meu redor estavam me deixando agoniada. E também foi uma ótima desculpa para deixar os dois pombinhos sozinhos.

Graças a deus não tem fila. Peço uma porção de batatas e vou para um lugar mais tranquilo para aproveitar o show.

Uma moça sobe no palco. Aparenta ter a minha idade. Os acordes de uma das minhas músicas preferidas preenchem o lugar.

Vivir sin aire.

A multidão parece gostar. E eu também. Ela é muito talentosa. Quando dou por mim percebo que estou cantarolando a música baixinho. De repente sinto um mal estar na barriga. Olho para as batatas em minha mão. Meu estômago se embrulha. Procuro por algum lugar onde eu possa colocar tudo para fora. Encontro uma caçamba de lixo na esquina.

Sinto muito por quem for ver isso amanhã.

Acho que fico uns cinco minutos inclinada por sobre a caçamba. Me sinto fraca e está tudo girando. Coloco minha mão em minha testa tentando fazer minha visão voltar ao normal. Sinto algo vibrar em meu bolso.

Meu celular!

— Alô. – Murmuro enquanto me encosto ao muro.

— Onde você está? - Pergunta Julia. Quase não consigo ouvir sua voz.

— Acho que a batata me fez mal. Eu estou perto da barraca.

— Estamos indo até aí.

Quando Julia desliga eu encosto minha cabeça a parede fechando os olhos com força. Em menos de dez minutos Julia e Gabriel já estão ao meu lado. Julia parece preocupada.

— Como você está? – Diz Julia me analisando. Gabriel está atrás dela.

— Acho melhor irmos embora. – Diz Gabriel.

Esses enjoos, e esse mal estar estão começando a me assustar. Eu sempre fui muito saudável. Talvez a falta de John esteja me afetando mais do que eu imaginava.

Me sinto envergonhada por ter atrapalhado a noite dos dois.

Eu estou cochilando no banco de trás. Estou cansada. Preciso da minha cama.

Assim que o carro estaciona em frente ao restaurante eu já salto para fora como um foguete.

— Sinto muito por ter estragado tudo. – Digo sem graça.

— Não se preocupe com isso. – Diz Gabriel muito gentil. - E você não estragou nada. Nós aproveitamos bastante.

— Quer que eu te ajude a chegar no quarto? – Pergunta Julia solicita.

— Não. Não se incomodem. Vocês podem se despedir eu vou subir. Boa noite.

Deixo os dois sozinhos. Espero que à noite não tenha sido estragada. As luzes já estão apagadas. Já passam das onze então devem estar todos dormindo.

Subo até meu quarto e tirando a roupa já parto para o chuveiro. Preciso de um banho para me tirar essa sensação ruim. Depois do banho me seco e coloco uma das minhas camisolas frescas. Umas que não me apertam tanto. Mesmo com o vento gelado eu me sinto com calor.

Meus olhos vão até a janela e me deparo com as cabanas. Me parte o coração saber que John não está ali. Tento levar esses pensamentos para longe. Forçando-me a esquecer disso.

Vou até minha cama e não demoro muito a cair no sono.

Sonho com um homem alto, de sorriso doce, e cabelos compridos. Ele tem um jeito sereno, um olhar apaixonado que aceleram as batidas do meu coração. Ele está parado o olhar perdido ao longe. Eu o encaro porque meus olhos não se atrevem a se afastar dele. Ele sorri para mim. Inevitável eu não sorrir para ele. Ele está se afastando. Indo para longe.

— Para onde você vai? – Eu grito.

Ele não me dá ouvidos. Ele apenas contínua se afastando.

Um sentimento de perda me invade.

Eu não quero que ele se vá!
Eu o conheço! Meu coração me diz que sim.

John.

— Não vá! – Eu grito desesperada.

Eu corro tentando alcança-lo, mas ele já está longe demais. Ele está sumindo por entre as nuvens. Eu não consigo encontrá-lo.

— Por favor! - Eu ando por entre às nuvens, mas eu já não o vejo. – John! – Eu grito seu nome.

Ele não me ouve. Meus pés afundam no chão. Ele se foi. Não vai mais voltar. Eu o perdi. Para sempre.


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Notas finais do capítulo

O que será que vem por aí?