Sob minha pele escrita por Bruna


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Olá, me desculpem por não ter postado mais cedo, mas hoje eu tive um compromisso e só tive tempo agora!
Espero que aproveitem o capítulo.
Espero os comentários;
Por favor, não deixem de COMENTAR, é importante para mim saber o que gostam aqui na estória.
Sem mais, vamos ao capítulo.



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Mel.

Já estou sentindo sua falta. Já estou sentindo insanamente sua falta. Suspiro. Eu queria ter ido com ele. Será que ele teria deixado? Que ridículo. Ele foi trabalhar o que eu iria fazer lá afinal? Um grande de um nada. Ele disse dois dias. Então é provável que ele volte na segunda à tarde, ou na terça. Eu prefiro acreditar que seja na segunda. Quanto mais antes melhor. Bufo frustrada enquanto abraço meus braços em uma tentativa de me esquentar. Olho para o céu a lua está cheia, gigante, e muito, muito brilhante.

John.

O problema é que eu tenho medo de perdê-lo. Tenho medo de que ele se vá, e com que a mesma rapidez que entrou em minha vida que  ele saia.

Isto sim acabaria comigo.

Eu não saberia como voltar a ser a antiga Mel.

Em um impulso entro na cabana de John. Está uma bagunça aqui dentro. Odeio bagunça. Todas as fibras do meu ser gritam para que eu dê uma arrumada nisso.

Por que os homens são tão bagunceiros?

Pergunto para mim mesma revirando os olhos.

Tem uma toalha molhada em cima da cama, bom, pelo menos isso não é coisa dele, ele deve ter jogado porque estava com pressa já que Mark o estava apressando.

Mark estraga prazeres.

Começo colocando ordem em suas roupas que estão jogadas de qualquer jeito em cima da cama. Dobro-as e as coloco em cima de uma cadeira no canto do quarto. Sorrio ao notar a roupa molhada que ele estava usando hoje à tarde. Tem seu cheiro. Um cheiro embriagador. Um cheiro de John.

Eu devia colocar tudo na máquina.

Dou de ombros. Eu vou ser a esposa dele. Ele devia ter me levado essas roupas antes, elas já estariam lavadas e passadas. Reviro os olhos. Quando ele arruma tempo para fazer qualquer outra coisa a não ser trabalhar?

Ele é sempre tão ocupado, tão importante. Sempre tem algum problema para resolver, inquisições para tratar. Ele é um homem muito importante, mesmo com seu visual despojado. Isto poderia passar despercebido, porém é apenas preciso enxergar um pouco mais de perto, para perceber que ele é um empresário importante.

Lembro-me de suas palavras: Dinheiro não é um problema para mim.

Será que minha vida mudaria muito quando eu for viver com ele?

Eu teria que me comportar de um jeito diferente?

Eu sempre levei uma vida muito simples por aqui. Sempre trabalhei. John vem de uma família rica, e eu realmente nunca tinha parado para pensar nisso.

Sinto um frio na barriga.

Não pode ser tão ruim. Afinal, eu vou estar com ele. Eu vou ser dele, e isso já é maravilhoso.

Ele arranjaria tempo para mim? Ou eu teria que ser como aquelas dondocas de filmes?

Bom, ele arruma tempo para mim agora. Ele sempre arranja um tempo para me paparicar. Sempre. Expiro o cheiro de sua camisa e uma saudade entorpecedora me invade.

Às vezes eu deixo minha imaginação correr solta!

Rio sozinha.

Melhor eu voltar aos meus afazeres e parar de me preocupar com coisas que ainda não aconteceram!

Pego as roupas sujas e coloco em um saco que eu acho na escrivaninha. Amanhã eu me encarrego disso. Os lençóis da cama ainda estão completamente bagunçados. Os estico, os arrumo.

Incrível como tudo aqui tem sua cara. Tudo mesmo. Sua mala jogada no canto do quarto. Dois sapatos seus escorados em uma parede. Meus olhos vão até o criado mudo e instantaneamente me lembro do recado da tal de Kate. Eu ainda não a conheço, mas já não gosto dela.

Pelo tom de sua mensagem ela ainda deve ser afim dele, e isso não me agrada em nada. Uma coisa que eu descobri é que eu sou ciumenta. Nunca tive ciúmes de nada em toda a minha vida. Mas de John é outra coisa, me sinto muito reconfortada em saber que ele também sente o mesmo em relação a mim.

Depois de colocar as coisas em ordem, eu saio e tranco a porta. Volto para o restaurante e estão Ana, Julia e meu avô conversando sentados nos bancos que ficam ao redor do balcão.

— Eles já foram? – Pergunta Ana distraída com seu crochê.

— Já. – Digo ainda me sentindo meio triste.

 Sei que é meio idiota, mas como eu controlo isso? Eu já sinto falta dele!

— Não fique com essa cara – diz meu avô se dirigindo a mim com um olhar carinhoso – quantos dias ele disse que ia ficar em Madri mesmo? – Questiona ele.

— Dois. – Murmuro.

— Sabe que isso foi uma coisa boa. – Olho para ele com as sobrancelhas franzidas querendo saber onde diabos ele ficar longe de mim é bom. – Mel, vocês estavam muito envolvidos. Vocês não se desgrudavam. Eu sei que é tudo novo, tudo muito bonito, mas vocês não se conhecem bem ainda, pelo menos não cem por cento. Esse tempo longe vai ser bom para os dois – ele enfatiza. – Só assim vocês dois vão saber se isso é realmente verdadeiro. Se isso é realmente o que vocês dois querem.

Sinto um arrepio subir por minha espinha. Por um segundo, um minuto, sei lá, eu tenho medo do momento em que eu vou contar para ele. No momento em que eu vou ter que contar que eu vou ir embora com John. Que nós dois estamos planejando nos casar. Depois de ouvir essas palavras eu tenho quase certeza de que ele não vai reagir bem.

Droga!

Eu ainda estou me preparando para contar isso, mas com toda certeza eu não estou preparada agora. Julia e Ana me encaram de olhos arregalados.

— Eu não acho que nós precisamos de tempo. – Digo encarando meu avô. – Eu sei o que eu quero, e ele também. Você sabe que eu não sou o tipo de garota que me deixo levar facilmente.

— Você não entende muita coisa Mel, você é muito jovem. Você tem apenas dezenove anos, não sabe muita coisa da vida, ao contrário dele que é um homem maduro. É tudo muito bonito agora, mas um relacionamento de verdade é complicado. – Meu avô diz como se eu fosse uma criança tola que não soubesse nada da vida. Eu sei muito bem o que eu estou sentindo.

Eu já sou bem madura!

Isso me irrita.

Como assim?

O que ele quer dizer?

— Relacionamento de verdade? – Eu pergunto com um pouco de rispidez. – Não sei se entendi.

Ele suspira como se dissesse: Vamos lá!

— Vocês se conhecem a o que? – Ele pergunta com a voz calma. Voz que aparenta não querer comprar briga. Porém, isso é exatamente o que ele está fazendo. – Uma semana e meia, ou menos ainda que isso?

— Isso não significa que o que nós sentimos não seja verdadeiro. – Repondo me sentindo magoada. – Por que está me dizendo essas coisas?

Eu nunca senti nada parecido antes. John tira meus pés do chão. Eu me sinto em outro mundo quando estou com ele. Um mundo tentador e avassalador, cheio de expectativas e coisas novas!

Ana e Julia apenas assistem a cena. Elas estão desconcertadas. É muito raro eu discutir com o meu avô. Bem, nós não estamos discutindo — eu acho.

— Por que eu estou vendo como você está agora – uma linha se forma em sua testa. – Ele se foi por dois dias. E você já está ai sofrendo. E quando ele se for de verdade? Vocês sabiam desde o começo que este namorico não iria durar muito.

Por um momento eu me sinto tentada a gritar para os quatro ventos, em gritar para todos ouvirem que eu vou embora com ele. Mas eu seguro minha língua. O momento não é agora.

Nós não temos um namorico. Nós nos amamos.

— Não quero falar sobre isso. – Murmuro tentando controlar a acidez em minha voz.

Tentando com toda minha força não discutir com ele.

— E quando você vai querer? – Ele questiona com a sobrancelha arqueada.

Ora essa. Era só o que me faltava.

—Eu pensei que você gostasse dele. – Digo desconcertada com sua atitude. – Que você aprovasse nós dois. Que estivesse feliz por mim. – Digo magoada.

Ele nunca me demonstrou o contrário.

—Eu não disse que eu não gostava. – Ele deixa claro, enfatizando isso para mim. – Ele é um bom rapaz, pelo o que eu conversei com ele eu percebi que ele é trabalhador, e que tem a cabeça no lugar – ele dá de ombros – pelo menos, pelo o que eu vejo é assim. E eu ficaria mais do que feliz de entregar você a ele se o caso fosse diferente.

— Se fosse diferente? – Questiono.

— Eu não conheço a família dele, eu não sei nada a mais sobre ele. – Diz meu avô colocando as mãos na cintura.

— Eu o conheço bem vovô. – Digo baixinho. Eu o conheço muito bem.

Eu o conheço como a palma da minha mão. Sei que ele tem um coração bom. Sei que ele me ama. E isso é o que importa para mim.

— Mel, seja sensata. – Ele me encara como se eu tivesse cinco anos de novo, e estivesse fazendo algo de errado.

— Eu estou sendo. – Contenho minha voz para não gritar. – Você é que não está. Você se esqueceu? Você largou tudo para ficar com a mulher que você amava, e foi certo. Porque se eu fizer o mesmo vai ser um erro?

Eu não gosto de chegar ao ponto de ter que jogar isso em sua cara. Mas parece até que ele se esqueceu. Se esqueceu de como é se apaixonar, de como é encontrar a pessoa com que você quer passar o resto da vida.

Eu encontrei essa pessoa.

Ele me encontrou!

— Por que era uma época diferente. As pessoas não são as mesmas, não fique brava comigo por eu estar apenas tentando te proteger. – Seus olhos castanhos me encaram com firmeza.

— Eu não preciso da sua proteção. – Meus olhos o fuzilam.

Por que ele está sendo tão mau comigo?

Ele ri, mas sem humor nenhum. Ele joga a cabeça para trás como se dissesse: Céus me dê paciência!

— E sobre o que houve hoje à tarde? - Seus olhos castanhos me intimidam.

Por um momento eu fico confusa com suas palavras. O que houve hoje à tarde? Eu e John fomos a um piquenique. Por um momento eu sinto um frio na barriga ao imaginar que alguém nos viu e contou para o meu avô, mas logo descarto esta ideia. Ele só pode estar falando da briga. Só pode ser isso. Entretanto, eu ainda não havia contado para ninguém.

Como ele saberia?

A ideia se acende como uma lâmpada em minha cabeça.

Mateo.

Claro!

— Mateo veio aqui te envenenar? – Pergunto com sarcasmo pingando de minhas palavras.

— Me Envenenar? - ele questiona seu rosto já desfigurado pela fúria. Fazia muito tempo que eu não o via assim. – Ele apenas veio me dizer que estava preocupado com você.

Eu tenho que gargalhar com isso.

— Preocupado comigo? – Pergunto ainda rindo sem humor nenhum. – Pelo amor de deus. Como é possível que você escute o que ele diz, mas não dê ouvido aos meus sentimentos? – Pergunto magoada. Tentando segurar o choro. – Eu amo o John vovô, e ele me ama.

— Eu não tenho duvida disso. Mas, o comportamento dele me deixou com a pulga atrás da orelha.

— Mateo, não é a porcaria de um inocente nessa história. Ele provoca John, e ele não é de ferro. Mateo não é assim tão bonzinho como você pensa.

Por um momento eu fico tentada a dizer tudo. Tudo sobre Julia, porém isso a deixaria constrangida. E eu não quero isso.

— Eu não vou ficar aqui discutindo com você. – Diz meu avô me dando as costas.

— Então esse papo todo foi para quê?

— Eu só quero que você abra os olhos, e pense bem antes de tomar qualquer decisão. – Diz ele se voltando para mim novamente. Seus olhos parecem tristes. Por um momento eu chego a pensar que ele sabe da minha decisão. Sabe que eu decidi seguir John para onde ele for. – Eu não estou defendendo a atitude de Mateo, assim como eu não defendo a atitude de John também. Eu apenas quero que você pense muito bem no que você quer para você mesma Melissa.

Essas palavras tiram o ar dos meus pulmões. O jeito como seus olhos se lançam até mim. É como se ele soubesse. Mateo não teria contado. Teria? Ele não iria tão longe. Ele sabe que eu não o perdoaria.

Me sinto desolada. Sozinha.

Seus olhos se demoram em mim, e eu não tenho forças para recuar.

Eu preciso fazer isso!

Meu coração me diz que é o certo!

Ele não parece querer me dizer mais nada. Me dá as costas novamente e vai em direção as escadas.

— Não ligue Mel. – Diz Julia tentando me confortar.

— Mateo esteve aqui? – Pergunto sem rodeios.

Ela engole em seco.

— Sim. – Ela diz lançando um olhar conciliatório para Ana. – Ele veio te procurar. E ele estava machucado. Seu avô perguntou o que tinha acontecido, e ele disse que tinha se envolvido em uma briga.

— Ele disse que foi com John?

— Não. Ele não disse. Mas não é necessário ter um cérebro para perceber isso. Era só uma questão de tempo até eles se pegarem nos socos e pontapés.

Alivio me invade. Então ele não contou nada. Melhor para ele, eu nunca ia o perdoar.

Mateo só está conseguindo deixar as coisas dez mil vezes mais complicadas.

Por que ele tem que se meter nisso?

Por algum acaso eu já me envolvi em sua vida desse jeito?

Óbvio que não!

— Ele me pareceu desesperado Mel – diz Julia baixinho – foi de cortar o coração. – Julia olha para os seus dedos. – Seu avô deu um bom de um sermão nele. Ele ficou muito bravo com ele também.

Por que ela ainda tem pena dele?

Ele está conseguindo despertar um sentimento em mim que eu não gostaria.

Eu não quero odiá-lo!

— Não era o que eu queria Ju. – Eu digo para ela sentindo meu peito se comprimir. – Não era mesmo.

— Eu sei. Mas o que deixou seu avô possesso foi os dois terem chegado a esse ponto.

— Ele está chateado – diz Ana se pronunciando. De quem ela esta falando? – eu não sei o que ele tanto esperava para se declarar, mas agora que ele viu que perdeu a chance, acho que acabou perdendo todo o juízo também.

Lembro-me dele me dizendo hoje à tarde que me amava.

Eu não queria o fazer sofrer, porque o fazendo sofrer uma parte de mim também sofre. Nós sempre nos demos muito bem. Sempre fomos os melhores amigos. Eu sempre soube que eu poderia confiar nele. Me dói muito que ele esteja agindo desse jeito.

Nos últimos minutos de vida da minha avó ele estava comigo. Sempre do meu lado. Sempre me oferecendo seu ombro. Sempre tentando me consolar, tentando me fazer rir.

— Seu rosto foi feito para sorrir – ele dizia – não para ficar triste.

As coisas seriam mais fáceis se eu tivesse me apaixonado por ele. Eu não teria que ir embora, todos iriam aprovar. Porém, o amor não é uma coisa fácil.

O amor é uma coisa estranha. Ele chega e não pergunta se pode entrar ou não. Ele se infiltra se espalha, e você não tem outra opção a não ser se deixar levar, se deixar envolver, e amar.

Uma ideia passa por minha cabeça.

Se eu pedisse John ficaria? Aqui. Vivendo aqui? A ideia é até engraçada de tão ridícula. Ele nunca se acostumaria aqui, a viver aqui. Não posso culpa-lo. Uma parte de mim também anseia por novos lugares.

Eu não poderia pedir isso a ele.

Eu estou entre a cruz e a espada!

— Não seja tão rigorosa com ele querida. – Diz Ana com sua voz doce como açúcar. – Vocês deviam conversar. Aproveitar que John não está aqui para deixar as coisas mais claras. – Arqueio minha sobrancelha para ela. – Bom, pelo menos vocês podem colocar um ponto final em tudo. Procure o Mateo e converse com ele.

Não sei se é uma boa ideia. John não iria ficar muito feliz. Não quero irrita-lo. Ele pediu para que eu não me aproximasse dele. Mesmo achando isso ridículo na hora, agora eu vejo que ele tem razão. Eu preciso me afastar.

— Vou pensar. – Murmuro não querendo prolongar o assunto.

Estou cansada. Minha cabeça dá mil voltas. Eu preciso descansar. Subo para o meu quarto já sentindo o desanimo me invadir.

Por que tudo o que é bom tem que vir carregado de decisões difíceis?

Meus pensamentos me levam para John. Ele ainda deve estar no meio do caminho já que eles iam de carro. Madri fica há três horas daqui. Espero que ele se lembre de me ligar.

[...]

Estou deitada em minha cama com um livro em mãos. O quarto está escuro, a pouca claridade que me ajuda a ler vem do abajur no criado mudo. Eu já li e reli este livro várias vezes, mas mesmo assim eu não me canso. É uma história linda. Sou retirada do livro por um barulho vindo do criado mudo. Meu celular está vibrando. Um número desconhecido aparece na tela. Um sorriso se abre em meu rosto porque eu já sei de quem se trata, e meu coração também.

— Alô? – Atendo timidamente.

— Boa noite amor – a voz sensual de John me faz arrepiar mesmo vinda de um telefone.

— Ainda bem que você ligou – digo sentindo meu corpo afundar na cama – vocês chegaram bem?

— Chegamos sim. Eu acabei de subir para o quarto. A primeira coisa que faço é ligar para você. Queria ouvir sua voz antes de deitar. – É quase como se eu pudesse ver seu sorriso.

Isso aquece meu coração de um jeito tão especial.

— Fico lisonjeada Senhor Ackes. – Brinco com ele. Sua risada rouca do outro lado da linha faz meu coração acelerar.

— Você e suas gracinhas.

Sorrio.

— Meu avô estava irritado.

Decido alertá-lo para o que esta por vir. John vai ter que conversar com meu avô alguma hora.

— Irritado? – Posso sentir a confusão em sua voz.

— Mateo veio aqui me procurar depois da briga de vocês, enquanto nós estávamos no piquenique. – Digo de uma vez.

A linha fica muda, e eu sei que ele está tentando se controlar.

Eu não entendi no inicio o antagonismo de John e Mateo, porém agora eu entendo melhor.

— Meu avô ficou chateado. Ele não gostou nadinha do que aconteceu.

Chateado na verdade é um eufemismo. Ele ficou furioso.

— John? – Chamo quando o silêncio se faz insuportável.

— Desculpe, eu estava pensando. – Ele suspira alto. – Você contou para ele?

Sei ao que ele se refere. Eu estou adiando, porque todas às vezes em que penso em tocar neste assunto meu coração vem na boca.

Mas John está certo. Eu não posso adiar mais.

— Ainda não, mas de amanhã não passa. Eu Juro. – Digo tentando passar certeza em minha voz.

Ele suspira novamente.

— Não demore muito Mel, por favor. – Ele diz num fio de voz. – Tem certeza que não quer que eu fale primeiro? Não vejo problema nisso.

Eu vejo!

Isto é uma coisa que eu tenho que fazer sozinha. Eu preciso dizer os meus motivos, e mostrar para o meu avô que eu tenho certeza do que eu estou fazendo. Que tenho certeza das minhas decisões. Eu preciso ser firme. Não posso passar esse dever para outra pessoa. Ele é meu.

Eu e meu avô sempre nos demos bem. Ele sempre respeitou minhas decisões em tudo. Ele precisa entender isso agora.

— Não John. Isto é uma coisa que eu preciso fazer. Quando tudo estiver resolvido ele vai querer conversar com você, mas antes eu preciso fazer isso sozinha. – Murmuro para ele já sentindo meu coração apertado. - Não vou demorar, de amanhã não passa. Eu prometo. – O tranquilizo.

— Tudo bem. – Ele cede à contra gosto.

Às vezes eu penso que ele está inseguro. Como se estivesse com medo de que eu desista na última hora. Não sei como tranquiliza-lo. Isso não vai acontecer. O amor que sinto por ele já é maior que tudo.

Ouço um barulho alguém está o chamando.

— Amor, tenho que ir, depois eu te ligo de novo. Grave meu número no seu celular. Qualquer coisa você também pode me ligar. – Ele respira fundo. – Eu amo muito você. – Ele sussurra com ternura. – Já estou com saudade.

Sinto meu corpo inteiro vibrar.

Como ele consegue fazer essas coisas?

— Eu também te amo. – Digo de volta sorrindo feito uma boba.

— Boa noite, meu anjo.

— Boa noite John. – Digo em um suspiro.

A linha está muda. Coloco meu celular de volta ao criado mudo e me afundo em minha cama, na escuridão do quarto pensando no quanto eu sou uma sortuda. Sortuda por ele me amar, sortuda por ele ter me encontrado, mesmo ele vindo de tão longe.

Amanhã eu vou decidir meu futuro. De uma vez por todas.


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Notas finais do capítulo

Comentem, favoritem, me deem um sinal de vida!