Sob minha pele escrita por Bruna


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Eu devo dizer que eu estou apaixonada por esse capítulo! ♥
Fantasminhas podem falar comigo, eu não mordo.



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Mel.

Os dias se passam e eu e John estamos cada vez mais envolvidos. Ele sempre arruma um jeito de roubar um beijo escondido, quando não tem ninguém por perto olhando. Eu não resisto a ele. Toda vez que eu o vejo meu coração salta de felicidade. Não consigo controlar. Eu o amo cada dia mais. Eu ainda não disse isso para ele. Nem sei se devo dizer. A cada dia que passa sua partida fica mais próxima. E eu me seguro a ele cada vez mais. Tenho medo de ficar sem ele. E eu tenho medo do que tudo isso significa.

Hoje já é quinta feira. Estou descendo para o restaurante. Ouço vozez animadas. Conhço as duas vozes. Mateo está lá embaixo conversando com meu avô.

– Bom dia Mel. – Diz Mateo sorrindo seus olhos brilham em minha direção.

Eu acho que ele estava me evitando, desde o dia da festa, o dia em que ele me viu dançando com John. Sinto um calafrio percorrer minha espinha só de lembrar em como eu me senti bem em seus braços.

– Bom dia vovô. – Digo ficando na ponta dos pés e depositando um beijo em sua bochecha. – Bom dia Mateo. – Minha voz está meio indiferente.

Eu nunca vou o perdoar por ele ter usado Julia. Mesmo ela dizendo que não foi assim que aconteceu, eu não consigo tirar isso da minha cabeça. Pensei que Mateo fosse um tipo diferente de cara. Vejo que eu estava errada.

– Bom dia meu amor. – Diz meu avô carinhoso passando os braços por meus ombros.

– Sobre o que vocês falavam? – Pergunto encarando meu avô. Espero que ele tenha desistido daquela ideia absurda de me empurrar para Mateo. Agora eu tenho John. E eu não quero ninguém mais.

– Estamos combinando outro dia de pescaria. – Diz meu avô piscando para mim.

– Que coisa chata. – Digo fazendo careta.

Odeio pescar. Tentei umas duas vezes. Não me agradou.

– Se você fosse um dia com a gente tenho certeza que você iria adorar. – Diz Mateo me olhando com aquele sorriso cheio de dentes.

Deve ter sido assim que ele seduziu a Julia.

– Eu acho que não. – Digo indiferente.

Logo meus olhos passam de Mateo para a entrada do restaurante. A luz dos meus olhos está aqui. Sorrio quando o vejo se aproximar de mim. Tudo dentro de mim se esquenta. É sempre a mesma sensação. Só que cada vez mais forte.

Me solto de meu avô. O alcanço no meio do caminho. Ele me abraça e me beija. Claro que um beijo mais comportado. Não escondemos mais de ninguém. Meu avô já nos pegou aos beijos muitas vezes nos últimos dias. Ele não se importa mais. Se ele que é o mais interessado já aceitou, então o que os outros dizem não faz a menor diferença para mim. Eu não devo nada a ninguém, eu não me envolvo na vida de ninguém. Espero que tenham a mesma consideração comigo.

– Bom dia. – Digo de um jeito carinhoso que eu uso apenas com ele.

Ele me faz derreter. Ele me faz agir como uma boba. Me pego fazendo coisas que eu nunca seria capaz, coisas que eu achava idiota. Como por exemplo, escrever seu nome em cadernos, e fazer vários corações ao redor.

John e Mel.

Isso é bem clichê. Bem bobagem de gente apaixonada, mas é assim que me sinto.

– Bom dia, amor. – Ele diz baixinho com as mãos em minha cintura.

Eu já disse o quanto eu amo quando ele me chama assim. Amor. Me sinto muito feliz. Ele tem ficado cada vez mais carinhoso comigo. Está ficando cada vez mais difícil resistir. Resistir a ele.

– Bom dia José. – Diz John estendendo a mão para meu avô.

– Bom dia John. – Diz meu avô contente. Ele e John tem se dado muito bem nos últimos dias. Meu avô até mostrou para ele a sua coleção super especial de moedas. E olha que ele tem muito ciúme dessa coleção. Fiquei surpresa quando John me disse que ele havia mostrado para ele.

– John esse é o meu amigo, Mateo. Ele estava no dia da festa, mas eu acho que vocês não foram apresentados. – Digo os apresentando.

John estende a mão para Mateo, que de má vontade corresponde com um aperto de mão. Seus olhos fuzilam John. John parece não se importar. Na verdade, ele age como se nem estivesse ligando.

Graças a deus.

Mateo está apenas o encarando como se quisesse arrancar a cabeça de seu pescoço. Não gosto nem um pouco disso.

– Eu só queria passar aqui para te dar um beijo antes de sair. Eu nem vou ter tempo de tomar café hoje. Vão chegar uns investidores e eu tenho que preparar toda a papelada. – John está com os braços ao meu redor. Me sinto no céu.

– Só de te ouvir falar, já estou cansado. – Diz meu avô brincando. – Está vendo mocinha, e você acha que é a única que pega no pesado.

Faço careta para o meu avô. John sorri. Eu sorrio. Meu avô sorri. Mateo não sorri. Ele apenas nos encara. Seus olhos estão frios. Posso ver o quanto ele está me julgando.

– Então um bom dia para vocês. – Diz John se despedindo. – José, Mateo. – John acena com a cabeça para os dois.

– Eu te acompanho até lá fora. – Eu digo entrelaçando meus dedos aos seus.

Quando já estamos perto do seu carro John me para.

– Seu amigo não gostou muito de mim. – Diz John.

Ele parece desconfiado.

– Acho que ele deve ter ficado surpreso. Ele nunca me viu com ninguém. – Digo disfarçando.

– Mel, aquele cara gosta de você. – Sua voz está acida. – Não gostei do jeito que olhou para nós dois. Ele me olhou como se eu estivesse roubando algo dele. – Ele diz num tom de voz que eu nunca havia escutado antes. E eu meio que amo isso. Amo que ele se sinta assim quando vê que outro homem gosta de mim. Assim eu tenho mais certeza de que o que nós temos é mais que real.

Olho para os meus pés.

– Não liga para ele. Eu não gosto dele. – Digo enquanto seguro seu rosto em minhas mãos. Essa é a hora eu tenho que ter coragem. Eu tenho que ser sincera. Porque eu quero que ele seja o mesmo para comigo. – Eu te amo. – Sussurro revelando aquilo de mais profundo que existe no meu coração.

Seus olhos se arregalam. Por um momento eu tenho medo de que ele me diga que não sente o mesmo, tenho medo de que ele diga que apenas gosta de mim. Isso seria o suficiente para mim? Que ele apenas goste de mim? Eu tenho certeza que sim. Nada nesse mundo me faria desistir dele. Sua expressão está surpresa, mas em pouco tempo um sorriso se abre em seu rosto. Meu coração tem um descompasso. Esse sorriso me incendeia. Ele me beija com força. Suas mãos estão espalmadas em minhas costas.

Eu te amo tanto.

– Eu também te amo. – Ele diz sorrindo como se estivesse muito feliz. Como se fosse um alivio para ele poder me dizer isso. – Eu queria ter te falado isso antes, mas eu tenho que reconhecer que eu estava com medo da sua reação. – Ele encosta seu nariz ao meu. – Isso que eu sinto por você fica maior a cada segundo, a cada minuto. Eu te amo tanto Mel. Tanto. – Sua voz está rouca como se fosse demais para ele aguentar.

Ele também me ama!

Eu o beijo. Ele me beija. É a melhor sensação do mundo. Talvez nós possamos arrumar essa situação. Talvez a gente encontre um jeito de ficarmos juntos. Para sempre.

Ainda estamos nos beijando. John me beija sem o menor pudor, como se quisesse se fundir a mim. E eu estaria mentindo se eu não assumisse que pensamentos desse tipo vêm rondando a minha cabeça nesses últimos dias. De repente nos afastamos quando ouço um tom seco atrás de mim.

Mateo.

– Então, vocês estão mesmo juntos? – Ele pergunta em inglês para que John também entenda. E eu estaria mentindo se eu não dissesse que estou com medo do que possa fazer. Ele está com a sobrancelha erguida. Seus punhos estão cerrados como se ele quisesse socar alguma coisa.

– Sim, estamos. – Diz John sorrindo. Ele quer provoca-lo. John me puxa mais para perto, como se quisesse enfatizar que eu sou dele.

Mateo ri.

– Por quanto tempo? – Mateo pergunta com um sorrisinho sinico. Seus olhos estão faiscando. – como você foi cair na lábia desse cara Mel? Ele só está usando você. Você não passa de uma diversão para ele enquanto ele estiver aqui. Você não se envergonha disso? – Sua voz está desdenhosa.

Por que ele está me dizendo isso?

Porque ele quer me magoar?

Sinto o corpo de John tencionar atrás do meu.

– Você não sabe do que você está falando. E eu só não quebro a sua cara agora por respeito ao avô da Mel. – Cospe John. – Se considere com sorte. E outra coisa, Mel não tem do que se envergonhar, eu já deixei bem claro que minhas intenções com ela são sérias. E eu nem devia estar me dando o trabalho de estar falando sobre isso com você. Isso não é da sua conta. – Diz John baixinho. Mesmo sua voz estando baixa eu tenho certeza de que ele está se controlando. Ele está irritado.

E eu estou irritada!

Que porra Mateo acha que está fazendo?

Mateo está olhando para mim. Ele parece ferido.

Estou muito brava com ele agora. Esse era pra ser um momento lindo e ele atrapalhou tudo.

– Sérias? – Ele debocha com sarcasmo. – Não me faça rir cara! Você acha que eu já não vi homens como você o suficiente? – Seus olhos faíscam. John tenta dar um passo para frente eu o seguro. – Você não percebe Mel? Ele vai embora! E você vai ficar aqui, e ele nunca mais vai te procurar. Pelo contrário, ele vai achar outra idiota para enrolar.

– Agora já chega! – Grita John. Todo seu autocontrole foi pelo ralo.

Espalmo minhas mãos em seu peito para impedi-lo de partir para cima de Mateo. Mesmo que ele esteja merecendo.

– Por favor, não. – Eu suplico para John. Ele encara meus olhos. Respira fundo algumas vezes e então se afasta. Viro-me para Mateo. - Vá embora! – Digo para ele magoada.

Quem ele pensa que é para me dizer essas coisas?

Ele dá um passo para trás como se eu o tivesse dado um tapa.

– Você vai me mandar embora? – Ele pergunta incrédulo.

– Você não tem o direito de se meter. Eu já sou adulta. Eu sei o que eu faço. – Digo para ele em pose de batalha.

Ele faz que sim com a cabeça.

– Tudo bem. – Ele diz derrotado. – Depois não diga que eu não avisei. – Ele aponta para mim. - E enquanto a você. – Ele se vira para John. – Isso ainda não acabou. Eu estou de olho em você.

– Pode apostar que isso não acabou. – Diz John em um tom de voz que faz meus pelos se arrepiarem. Eu ainda não tinha o visto tão irritado.

Mateo sai andando de costas ainda com os olhos cravados em mim.

– Você já teve alguma coisa com ele? – Os olhos de John estão faiscando. – Porque ele age como se você fosse dele? – Ele está tenso.

Ele está com raiva.

– Não. Nós só ficamos uma vez. Eu tinha catorze anos. Depois disso nunca mais. – Eu explico ainda surpresa com sua irritação. Eu acabei de dizer que o amo, porque ele age como se fosse ao contrário?

– Não gosto do jeito como ele falou. Do jeito como ele olhou pra você. – Ele anda de um lado para o outro.

Tento acalma-lo.

– John, ele só estava nervoso. Ele é uma boa pessoa. Ele é meu amigo.

Será que ele ainda é meu amigo?

– Amigo? - Ele pergunta rindo, mas não a qualquer resquício de diversão em sua voz. – Ele não é seu amigo. Eu sei muito bem o que ele quer. – Ele diz ainda mais irritado como se esse pensamento fosse repugnante. Eu sei o que Mateo quer. Mas isso e tudo o mais eu só quero com John.

– Não gosto quando você fala assim. – Digo baixinho me afastando dele.

Ele respira fundo. Ele passa a mãos pelos cabelos. Sua respiração está rápida. Eu posso sentir a raiva irradiando de seu corpo. Eu nunca o vi assim antes.

– Eu sinto muito, mas eu tenho ciúmes. – Ele diz confuso. - Não sei como lidar. Eu nunca senti ciúmes de ninguém antes. Só você Mel. Eu te amo. – Ele diz com sofreguidão e isso aperta o meu coração. – Não ligue para o que ele disse. Eu tive que me segurar para não acabar com a raça dele. Você sabe que o que eu sinto por você é verdadeiro. – Ele sussurra procurando por meus olhos, como se neles estivessem a confirmação de que eu confio totalmente nele.

Suas mãos vão timidamente até meus braços. Ele me abraça forte. Eu o abraço. Eu amo estar em seus braços.

– Eu também te amo. – sussurro com o rosto colado em seu peito. – Eu amo só você. Só você John. – Meus olhos suplicam para que ele acredite em mim.

Eu estou tão apaixonada por você John.

[...]

Quando volto para o restaurante meu avô está examinando o caixa.

– A coisa esquentou lá fora? – Ele pergunta sem tirar os olhos do que está fazendo.

Meu avô é muito bom com matemática. Eu devo ter puxado isso dele, porque matemática é umas das coisas que eu gosto muito. Meio que como um passatempo, algumas pessoas acham isso estranho. Eu e meu avô não.

– Mateo veio tirar satisfações. - Qualquer um poderia perceber a irritação em meu tom de voz. - Ele não tem esse direito. Não sei o que deu na cabeça dele. – As coisas que ele disse me magoaram.

Por que eu deveria ter vergonha de estar apaixonada?

Meu avô suspira.

– Entenda o lado dele Mel. É horrível ver a mulher que você ama nos braços de outro homem. – Meu avô tenta o defender. Eu sei que ele gosta dele, mas nesse momento eu não vou suportar ver ele o defendendo.

Olho irritada para o meu avô.

– Ele é um bom menino. Ele é seu amigo a muito tempo.

Ele acha que eu não sei disso?

Nós sempre fomos amigos. E eu sempre deixei isso claro.

– Eu sei, mas isso não lhe da o direito de ser um idiota comigo. – Disparo.

– John Já foi? – Ele pergunta ignorando meu ataque.

– Já. – Digo magoada.

– Você sabe que ele está certo em uma parte. – A voz do meu avô está hesitante.

Franzo as sobrancelhas.

De quem ele está falando?

– Quem está certo? – Pergunto curiosa.

– Mateo.

– Vovô... – Ele me corta.

– Você sabe que ele vai embora Mel. A cada dia que passa está mais perto. O que você vai fazer quando ele se for?

– Você acha que eu não sei? – Pergunto. Já sinto as lágrimas arderem em meus olhos. – Você acha que eu não penso nisso a cada instante? Estou cansada disso. Eu o amo. Eu o amo muito. E ele me ama também. Eu vou ficar com ele o tempo que eu puder. Eu não preciso que vocês fiquem me lembrando o tempo todo daquilo que eu não consigo esquecer.

Já não tenho controle das minhas ações. Eu penso nisso a todo instante. É como se sua ausência já estivesse aqui. Eu anseio por vê-lo todas as manhãs. Eu espero ansiosamente por ele a tarde quando ele volta. Eu amo cada pedaço de tarde que nós passamos juntos. Cada beijo. Cada toque de mãos. Eu tenho tanto medo de perder isso.

Eu já estou chorando descontroladamente.

– Mel. – diz meu avô vindo até mim.

Deixo ele me abraçar.

– Eu não quero ficar sem ele vovô. Não quero.

Ele apenas me abraça forte. E é isso o que eu preciso no momento.

– Meu anjo, me parte o coração te ver desse jeito.

[...]

Estou na cozinha. Estou fazendo um bolo. Faço tudo mecanicamente. As palavras de meu avô me veem a cabeça. Isso me entristece.

Olho o relógio. São cinco horas. Ele já deve estar chegando.

Ele não chega.

Já passa das oito. Estou preocupada. Estou o esperando em frente à porta.

– Estranho eles não terem chegado ainda. – Diz Ana chegando ao meu lado.

Tenho plena consciência de que eu estou parecendo uma estatua esperando por ele. Mas o que eu posso fazer?

– Também acho Ana. - Engulo em seco. - Ele nem teve tempo de tomar café hoje. Ele ia ter um dia muito puxado.

Espero por mais alguns minutos quando finalmente vejo seu carro vindo lá longe.

Solto o ar que eu nem sabia que estava segurando. Estava preocupada. Por minha cabeça se passaram mil coisas. Que ele teria ficado chateado pelo mal entendido de hoje de manhã, e que teria decidido ficar por lá. Que ele teria ido embora, e que nunca mais eu o veria. Todos os pensamentos eram desesperadores. Eu não estou preparada para me despedir. Ainda não.

A pergunta certa é: Quando eu vou estar?

Ele estaciona e vem em minha direção. Ele parece estar cansado. Antes mesmo de ele chegar até mim, eu vou até ele. Eu o estou abraçando. Eu o estou abraçando tão forte. Ele está aqui. Está aqui comigo. Seus braços estão a minha volta. Nós não dizemos nada. Apenas sentimos.

– Você demorou. – Digo baixinho. Meu rosto está colado em seu peito.

– Tive um dia longo. Tudo o que eu queria era te ver. – Ele diz cansado enquanto beija o topo da minha cabeça.

Sorrio para ele. E o beijo. Seu beijo é tão bom. Tão cheio de promessas. Eles me prometem tantas coisas.

– Fome? – Pergunto.

Eu quero poder cuidar dele. Eu tenho essas fantasias em que eu estou o esperando voltar do trabalho enquanto preparo tudo com muito amor, para que ele se sinta o melhor possível quando chegasse em casa. Para que ele sentisse como se todo o trabalho do dia, todo o cansaço sumisse assim que ele colocasse seus olhos em mim. Me olhando com amor, assim como ele me olha agora.

Ele assente.

– Casal de pombinhos. – Mark está com um sorriso de orelha a orelha.

– Cala a boca. – Diz John rindo.

– Vocês ficam tão fofinhos juntos. – Diz Mark brincando.

John me beija.

– Ok. Essa é minha deixa. Não nasci para ser vela. – Diz Mark erguendo as mãos.

– Mas nasceu para ser mala. – Digo lhe dando um sorriso amarelo.

– Cada um com sua sina. – Diz Mark.

Nesses últimos dias eu aprendi que ele é uma pessoa que gosta muito de brincar. E de dizer coisas idiotas e sem sentido, antes mesmo de se tocar que são idiotas e sem sentindo. E eu até que gosto dele. John gosta muito dele.

Nós rimos.

Peço para Julia levar algo para John e Mark. Estou fechando o caixa. Agora que ele está aqui posso respirar tranquila. Meus olhos vão até ele de vez em quando, e todas às vezes os seus estão em mim.

[...]

Depois das dez da noite meu avô diz que vai dormir. Mark está cochilando em sua cadeira. John estuda alguns papéis. Eu estou limpando uma das mesas.

– Mel, já estamos indo. – Diz Ana se despedindo. – Boa noite rapazes.

John acena com a mão.

– Bom, eu estou muito cansado. Eu vou dormir. Vejo vocês amanhã. – Diz Mark bocejando.

Assim que ele sai sento junto de John. Ele me puxa para seu colo e beija meu pescoço.

– Minha irmã me ligou hoje. – Ele diz. Seus lábios colados em meu pescoço. – Eu falei de você para ela. Ela quer te conhecer.

Sorrio.

– Eu adoraria conhecer ela. – Digo animada. Ele falou de mim para sua irmã. Isso deve significar alguma coisa. – Como ela é? – Pergunto.

– Uma peste. – ele diz rindo.

– Não John. Quero dizer fisicamente. – estou rindo agora.

– Eu tenho uma foto dela. Eu te mostro. – Ele diz me abraçando. – Amor, eu estou cansado. Preciso de um banho.

Meu deus, pensamentos impuros rodeiam minha mente.

– Quer ajuda com esses papéis? – Pergunto meio nervosa, porque por um momento uma imagem sua sem roupa passou por minha cabeça.

Ele acena afirmando.

Depois que pegamos todos os papéis eu o acompanho até sua cabana. A noite está bonita. Está fresca. O céu está cheio de estrelas. Eu sinto dentro de mim, que vou lembrar-me dessa noite para o resto da minha vida. Eu sei o que está por vir, será inevitável, mas eu não tenho certeza se está é a hora certa.

Quando chegamos às escadas. Olho para o chão. Ele está me fitando.

– Quer entrar? – Ele pergunta baixinho ansioso. Seus olhos me pedem alguma coisa, mas eu não sei se estou pronta para dar o que ele pede.

Eu quero muito, mas eu estou com medo.

Não sei se isso é certo.

– Não. - Acabo dizendo. - Eu tenho que fechar tudo. – Digo me desculpando. Eu sei que sou uma covarde, mas eu não posso evitar.

Ele parece decepcionado.

– Tudo bem. Te vejo amanhã certo? – Ele pergunta enquanto coça a cabeça.

– Certo. – Sussurro.

Quantos amanhãs eu ainda tenho com você John?

Ele me dá um beijo leve nos lábios.

Dou as costas e volto para o restaurante. Minha pulsação está acelerada. Vou até o banheiro e jogo um pouco de água no rosto.

Que diabos você está fazendo Mel?

Essa é a hora de ser corajosa. Você o ama.

Eu estou tão apaixonada por você John.

Eu deveria me bater agora por ser tão medrosa.

Eu já sou dele!

Fecho tudo muito rápido. Antes de sair dou uma conferida no espelho. Estou com um dos meus vestidos preferidos. Ele é vermelho. John sempre diz que vermelho combina muito comigo. Meus cabelos estão soltos. Meus olhos estão brilhando em expectativa.

Saio pela noite ainda um pouco receosa, ainda me perguntando se é o certo. Vou até a cabana. Quando chego à porta êxito.

Estou fazendo a coisa certa?

Não quero pensar.

Quero agir.

Dou duas batidas leves na porta. Ouço alguém caminhar. Ouço o barulho dos seus pés batendo no chão. Meu coração dispara. John abre a porta. Ele está sem camisa. Eu nunca o vi sem camisa. Ele é lindo. Ele está apenas com uma calça de moletom. Seus cabelos estão molhados do banho.

Ele me olha surpreso.

– Você disse que ia me mostrar as fotos da sua irmã. – Digo nervosa tentando arrumar uma desculpa plausível para eu ter voltado para cá.

– Ah sim. Claro. Entre. – Ele deve estar confuso.

Ele abre a porta para mim. Passo por ele. Ele está me olhando com um misto de surpresa e curiosidade. Suas coisas estão espalhadas pelo quarto.

– Sente-se. - Diz apontando para a cama estreita. - Vou pegar para você ver amor.

Amor.

Minha pulsação acelera sempre que ele me chama de amor.

Sento-me em sua cama. Tudo aqui tem seu cheiro. Este quarto nunca mais vai ser o mesmo para mim.

Ele pega um pequeno álbum em uma de suas bolsas. Ele vem até mim. Senta-se ao meu lado.

É difícil respirar.

– Aqui. – Ele me entrega o álbum. – Eu sei que é estranho andar com um álbum de fotos no meio das minhas coisas, mas eu posso explicar. – Ele sorri encabulado para mim. Amo quando ele age assim, como um menininho, isso me faz querer enchê-lo de carinho. – É um álbum especial para mim, e como eu fico muito tempo sem ver minha família, eu gosto de tê-lo por perto. E eu espero que não se importe, mas eu acrescentei algumas fotos suas. – Ele diz hesitante. Isso me espanta. Fotos minhas? Arregalo meus olhos para ele. – Ei, eu já disse que te amo, que você é importante para mim. E eu gosto de ver suas fotos enquanto estou aqui sozinho. – Ele diz enquanto suas mãos mexem em meus cabelos. – Eu amo tanto esses olhos grandes e castanhos. – Suas palavras transbordam de amor. E eu posso senti-lo em cada fibra do meu ser.

Meu coração dispara. Minhas mãos estão tremendo. Nunca estive tão nervosa em toda minha vida.

Abro o álbum e já na primeira foto eu reconheço John. Ele devia ter uns quatro anos. Loirinho. Sorrio. Ele sorri. Passo para a próxima foto e agora já vejo um garoto de mais ou menos dez anos. Tem uma garotinha de cabelos claros ao seu lado. Deve ser sua irmã.

John está tão perto. Ele está beijando o meu pescoço. Suspiro. Passo para a próxima foto e uma mulher aparece. Ela é bonita. Tem os olhos de John. Deve ser sua mãe. John está tirando meu cabelo do caminho. Ele está beijando minha nuca. Neste momento não vejo mais nada. Meus olhos estão fechados. O sinto tirar o álbum das minhas mãos. Ele me puxa para perto. Ele me beija de um jeito que ele nunca o tinha feito antes. Sinto desejo em seus beijos. Sinto desejo nos meus. Ele me puxa para o seu colo.

– Eu não devia estar aqui. – Sussurro em seus lábios.

Ele sorri.

– Devia sim. – Ele diz baixinho. Sua voz está rouca.

– Eu nunca fiz isso antes. - Admito para ele, sentindo medo, expectativa, desejo...

– Você quer? - Seus olhos me estudam.

Seus dedos acariciam minha pele.

E é claro que eu quero.

Levo meus lábios aos seus, e isso já é resposta o suficiente.

Ele tira o meu vestido devagar, com cuidado, nunca deixando de dizer o quanto me ama, e o quanto ele quer estar comigo. Ele diz o que eu preciso ouvir. Ele faz tudo lentamente, dolorosamente devagar, o que me faz ofegar, e sentir o que eu jamais havia sentido.

E logo seu corpo está sobre o meu. Nossos corpos unidos amarrotam os lençóis. Eu me agarro a ele. Eu o amo tanto. Amo que ele me ame. Eu me entrego a ele de corpo e alma por que eu nunca quis tanto alguém antes. Eu nunca amei tanto alguém antes. Eu o deixo fazer amor comigo. Eu faço amor com ele.

– Eu te amo Mel. – Ele suspira enquanto se move sobre mim.


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Notas finais do capítulo

Comentem. Recomendem.