Oh, Calamity! escrita por Leh Linhares


Capítulo 3
Capítulo Dois - Hate It When You See Me Cry


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, gente! Mais um capítulo para vocês.
Essa semana muito dificilmente vou ter tempo de revisar o capítulo com a volta das aulas na faculdade está sendo complicado produzir o suficiente para deixar os capítulos agendados como eu gosto de fazer, mas de qualquer maneira só quero que saibam que não me esqueci de vocês. Espero que gostem



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Pov. Bellamy Blake

Mais quatro meses se passam, minha rotina não muda muito, trabalho durante o dia e vejo Raven a noite. Tenho tentando evitar a bebida, a morena me ajuda com isso, gasta seu tempo comigo conversando sobre o que nos dá na telha. Às vezes é sobre Clarke, outras sobre Finn e tudo o que já passamos. Isso até nos entediarmos e buscarmos um no outro o consolo perdido.

Por mais deprimente que possa parecer no fim das contas é tudo que nós dois precisamos. Raven é minha melhor amiga e o sexo só é uma das tantas maneiras que ela encontrou de nos reconstruir. Me sinto mil vezes melhor do que antes, não esqueci Clarke obviamente, incontáveis são as vezes que a chamo durante o sexo, mas não é como se Raven já não tenha também feito isso. O nome do Finn é constantemente repetido, o que só mostra o que nós dois já sabemos. Precisamos um do outro se queremos de algum modo superar isso tudo. O engraçado é que a parte mais difícil para mim é lembrar que a loira pode ter morrido sem nunca saber o que sinto, como apesar de todo esse tempo ela ainda parece ser tudo o que realmente importa.

Há quem comente, que eu e Raven somos o mais novo casal do Acampamento, mas tento ignorar seus comentários. Nós dois simplesmente nunca daríamos certo, não somos feitos um pro outro. Somos apenas duas peças com defeito que se juntam todas as noites buscando apenas por uma superação. Um casal se ama, nós dois nos suportamos.

...

É uma sexta feira, dia de descanso, entro em minha cabana, esperando encontrar uma garrafa de Moonshine e uma Raven sorridente. Finais de semana são os únicos dias que me permito voltar a esses velhos hábitos, porém não há garrafa nenhuma com ela. Muito menos sorriso no rosto, a morena parece nervosa, aflita talvez.

— Algo aconteceu? Você parece nervosa – falo me sentando ao seu lado.

— Eu só não sei como dizer, se devo te contar algo… – Raven encaixa sua cabeça em suas pernas aparentemente desesperada.

— O quê? É algo sobre… – digo sem ter coragem de pronunciar seu nome, torna tudo real demais.

— Clarke? Não… Isso é sobre nós, Bellamy.- O nome dela parece só deixá-la ainda mais nervosa.

— Nós? Como assim? – até onde eu sei, não existe um “nós”, não de verdade. Até mesmo quando transamos nosso relacionamento é frio. No sexo ela é a minha Clarke e eu sou seu Finn. Simples assim. Não existe nós. Ou não deveria...

— Eu acho… Acho que posso estar… Grávida – Raven não olha na minha direção, como se tivesse medo, sou tão terrível assim?

— Como assim? – pergunto tentando assimilar essa nova possibilidade. Não estou pronto pra ser pai, eu e Raven nem somos um casal de verdade. Como vamos explicar isso para todos? Como vamos explicar isso para a própria criança? Como pudemos deixar isso acontecer? Tudo parece ainda mais imprudente agora, foi completamente irresponsável passar todo esse tempo fazendo sexo, quando métodos contraceptivos estão completamente fora de questão.

— Estou atrasada há tempo demais. Não é normal...

— Já falou com Abby? – Como vou explicar isso a Clarke se a mesma voltar? Penso por um instante e balanço a cabeça. Clarke não vai voltar, Clarke está morta, todos sabem disso.

— Aham, mas o diagnóstico é muito complicado aqui na Terra, eu tenho todos os sintomas. Então...

— O que isso significa?

— Estou grávida… Vamos ter um filho – ela chora e isso me destrói, uma criança não deve ser razão de sofrimento, não aqui na Terra, onde elas não precisam ser evitadas a todo custo. Já passei por isso com Octavia, não é justo ter que vivenciar de novo.

— Isso eu sei… Quero dizer… O que isso significa pra nós dois? – questiono, não podemos continuar com o nosso relacionamento desse jeito com uma criança, certo? É a hora de cedermos a todo o lance dos benefícios ou realmente nos comprometermos.

— Eu não sei… Não sei de mais nada… Eu só… Só queria… – a morena por mais que tente não consegue pronunciar uma frase completa, ignorando isso a abraço forte, deve estar sendo apavorante passar por isso sozinha. Podemos pensar em tudo outra hora.

— Bell, eu não queria. Desculpe… – Raven chora copiosamente e eu fortaleço ainda mais nosso abraço. Daremos um jeito, sei disso. Ela não está sozinha.

— A culpa não é sua. Vamos dar um jeito. Sempre damos, né?

— Eu sei, mas não é justo com a gente. Não é justo com você.

— Aconteceu e temos que lidar com isso... Acho… Acho que devemos nos casar – digo impulsivamente, nunca pensei em me casar com Raven, mas talvez fosse o ideal. Ela é a única pessoa que tem me feito sentir um pouco melhor nos últimos tempos, uma amiga e companheira. E no final das contas não é de estabilidade que uma criança precisa? Sinceramente talvez seja tudo o que eu preciso para variar.

— O quê? – diz ela saindo do meu abraço. Seus olhos estão vermelhos e seu rosto inchado, porém a acho linda do mesmo jeito. Pela primeira vez desde que começamos esse nosso “relacionamento” realmente presto atenção em seu rosto, na cor dos seus olhos e em tudo que eu estive ignorando nos últimos meses, tentando fingir que ela era Clarke.

— Por que não? – digo com uma das minhas mãos no seu rosto. Ela é linda. Tanto por dentro como por fora. De um jeito completamente diferente da loira. Nosso filho será com certeza uma das crianças mais bonitas do Acampamento.

— Por que sim? – a morena parece irritada com a minha proposta, mas eu não me abalo. Realmente acredito que essa é a nossa melhor opção, para nós dois e para o bebê que chegará em alguns meses.

— Nós vamos ter um filho – pronuncio devagar, ainda a observando.

— Isso não é razão suficiente.

— Você é minha melhor amiga, esteve comigo esse tempo todo, não acho que você deva passar por isso sozinha.

— Você não precisa se casar comigo para me ajudar – ela tem mais lágrimas que antes no rosto, e eu preciso me controlar para não abraçá-la de novo. Espero que ela não tenha me entendido mal, o bebê está sendo sim um incentivo a mais, mas não é de maneira alguma a verdadeira razão da proposta.

— Você está certa. Eu não preciso, mas eu quero. De verdade. A questão é: você também não precisa, porém você quer?

— Mas e a Clarke, Bellamy? O que você vai fazer se ela voltar? Finn está morto, não é como se eu tivesse um grande amor me esperando por aí, mas pra você, esse casamento poderia arruinar tudo.

— Ela não vai voltar e você sabe disso. Por mais que eu não queria encarar a realidade, todos nós sabemos que ela está morta, teria voltado se ainda estivesse viva… E eu te amo, você é minha melhor amiga, a única atualmente, me parece ser o certo a fazer.

— Nós não podemos nos casar só pra fazer o certo. O certo muda conforme o tempo, como você sabe que não vamos acordar daqui há dez anos, pensando na merda que fizemos achando estar fazendo certo?

— Você está certa de novo. Eu não sei, mas você também não sabe. Não acha que merecemos uma chance? Uma chance pra nós dois sermos felizes, esquecermos de Finn e Clarke? Não é justo que tenhamos que passar a vida desse jeito. Minha mãe educou a mim e a Octavia sozinha, fez tudo sozinha e eu fui obrigado a amadurecer cedo demais pra poder cuidar delas, não quero que aconteça o mesmo com você ou com a criança. Me deixe estar com você, cuidar de você… Por favor. Não posso prometer que não vamos nos arrepender, a única que posso me comprometer é a tentar, a tentar ser feliz sem ter que encarar a sombra de Finn e Clarke o resto da vida – coloco minhas mãos na sua barriga, me lembrando de tudo que passei desde o dia que Octavia nasceu, dessa vez será diferente. Eu vou fazer ser diferente.

— Não sei, Bellamy… Acho precipitado.

— O que te prende? Ainda tem sentimentos pelo Wick?

— Não é isso. Eu só não quero que um de nós se arrependa.

— É um risco, Raven. Para nós dois, mas essa criança é a primeira coisa que faz sentido em anos. Leve o tempo que precisar.

— Talvez não seja uma má ideia, mas preciso pensar – Raven não parece feliz, eu muito menos, mas no final das contas nos completamos de um jeito estranho. Preciso dela para me recuperar de tudo e ela também precisa de mim.


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Notas finais do capítulo

Capítulo inspirado na música: https://www.youtube.com/watch?v=TA6IA7PEmbQ
De uma das minhas bandas favoritas quem quiser dá uma conferida.
Beijo já estou esperando os reviews.