Oh, Calamity! escrita por Leh Linhares


Capítulo 13
Capítulo Doze


Notas iniciais do capítulo

Demorei muito. Peço desculpas, mas estava sem tempo e sem cabeça pra escrever. Pra sorte de vocês o trailer da série e a notícia da CON que vai ter ano que vem foi o suficiente para me empolgar de novo na fic.



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Pov. Clarke Griffin

Sou ignorada por seis horas seguidas.Bellamy sequer olha na minha cara o trajeto todo. Sei que não devia ter ido embora, que deixar ele foi algo terrível da minha parte, mas essa atitude é simplesmente inaceitável. Dormimos juntos, o mínimo que o Bell pode fazer é aceitar isso. Me culpar é simplesmente absurdo. Não o destratei nem mesmo por um segundo mesmo ele estando merecendo.

Paramos para reabastecer nossos cantis de água num riacho próximo. E eu decido fazer o que eu já devia ter feito desde o começo: o ignoro. Volto a agir como na minha viagem de ida. Determinada, falo apenas com os meus companheiros da Nação do Gelo: Nathan e Luke. Desde que cheguei lá nós nos tornamos amigos e é uma pena que para encontrar meu velho povo tenha me afastado tanto deles.

Quanto mais andamos, mas a conversa se torna íntima, mais focada nesses meus anos com eles, a guerra e etc. Não há espaço para Bellamy entrar na conversa e eu não sinto pena. A culpa não é minha se ele não sabe lidar com seus próprios sentimentos.

Não desejo causar ciúmes ou nada desse tipo.  A única coisa que quero é esquecer o quanto ele provavelmente me odeia.

Já está escuro quando somos abordados por um homem. O primeiro instinto de Bellamy é o atacar, contudo somos obrigados a impedi-lo, aquele é Jeremy, um dos nossos falcões.

— Bellamy pare. Ele é um dos nossos. Meu irmão. - Quem diz é Nathan, o menino não tem ainda dezesseis anos, mas já é uma das grandes promessas da Nação do Gelo.

— O que ele faz nos atacando na beirada da noite, então?- Fala Bellamy nervoso.

— Vim avisá-los…

— Diga Jeremy. - Fala Luke.

— Não muito longe daqui, mais uma vila foi atacada.

— Como você sabia que estávamos aqui?- O Blake parece desconfiado e não há nada mais que eu possa fazer além de explicar tudo e ser completamente honesta com ele.

— É missão dos falcões acompanhar os passos dos diversos batalhões de Lexa e dos nossos batalhões quando em missão. Como é nosso caso. Jeremy é o falcão responsável por essa parte do território e tem que nos dar avisos constantes sobre os acontecimentos na sua região de responsabilidade.

— Aposto que um deles bisbilhotava cada passo nosso em Jaha. Me corrija se eu estiver errado, Clarke.

— Sim, havia um dos nossos nos arredores como precaução, Bellamy. Não sabemos as pretensões de Lexa. Na maior parte das vezes a vila atacada é completamente aleatória.

— Quantos mais como você estão escondidos nessa floresta? 10? 50? Talvez mais. Bisbilhotando a vida de Jaha e de todas as vilas. Quem me garante que não são vocês mesmos por traz de todos esses ataques?

— Temos 30 falcões no total. Divididos pelo território. Perto daqui não passamos de 10. Temos força bélica o suficiente para estar por detrás dos ataques, porém não estamos. Não temos nada a ganhar com isso.

— Nada ganhar, além de uma quantidade imensa de territórios desocupados...

— Bellamy, nós já temos muitos territórios. Não temos por que almejar mais.

— Isso é informação confidencial, Clarke. Não deveria compartilhar com ele.- Diz Luke.

— Ele deve saber. Está do nosso lado agora.

— Não acho que Audrey vá concordar com isso.- Dessa vez é Nathan quem me enfrenta e se não fizer nada agora muito provavelmente o próximo será Jeremy.

— Ela me deu autoridade na missão, não? Vão ter que acatar minhas decisões. O único jeito de ele confiar em nós é desse modo. Escutem o que estou dizendo.

— Aprendeu isso ontem? Pensei que ela tivesse te escolhido de líder, porque ele confiaria em você, mas ao que parece o moreno acredita mais em nós.- Acusa Nathan.

— Isso é o que você pensa.- Afirmo, mesmo sem saber se de fato estou certa. Não é um bom momento para ter minha liderança questionada.

— Onde foi o ataque, Jeremy?- Pergunto, tentando não pensar no que Nathan acaba de dizer.

— Cerca de sete km daqui.

— Jaha?- Questiono nervosa. Um ataque ao Acampamento é a última coisa que precisamos. Não me ajudaria nem um pouco ter que me preocupar com todos os meus amigos que ficaram lá. Isso sem contar que nos obrigaria a mudar todo o plano.

— Provavelmente não.

— Provavelmente? Como assim provavelmente? Você esteve nos espionando como não sabe se foi Jaha? Temos que voltar. -Diz Bellamy alterado demais. Me jogo na frente de Jeremy, sabendo que não deve faltar muito, para o moreno perder seu controle e atacá-lo.

— Ele sempre esteve nessa distância. Nunca chegou até Jaha. - Eu respondo.

— Temos que voltar Clarke. Octavia, Raven, tem gente que nunca se envolveu com nada ali. Não podemos deixá-los.

— Me mostra onde foi o ataque, Jeremy. - Digo mostrando um mapa a ele. O moreno não hesita e cita uma província a noroeste próxima a Jaha.

— Não é Jaha. - Afirmo com certeza absoluta.

— Temos que voltar de todo modo. E se ele se enganou?- Seu tom de voz é de desespero. Não podemos nos dar ao luxo de ter mais baixas.

— A primeira coisa que nossos soldados aprendem é a ler um mapa e se deslocar a partir dele. Jeremy é um dos nossos melhores, se ele diz que não é Jaha, não é Jaha.

— Vai deixá-los morrer de novo, Clarke? Como fez com o povo de Mount Weather...

— Você não tem esse direito. Você puxou aquela alavanca junto comigo, é tão culpado como eu.

— Eu fiz aquilo por você. Para que você não carregasse a culpa sozinha e o que você fez? Me largou sozinho para catar os cacos da sua explosão. Eu encarei Jasper todos os dias, foi a mim que todos parabenizaram pelo feito. Eu precisava de alguém e você não estava lá. Agora me diz o que você estava fazendo? Socializando com seu novo povo? Se divertindo?

— Me diz à merda que você quer que eu faça pra consertar? Já fiz tudo que podia: pedi desculpas, perdão e nada faz você me perdoar. Quer que eu te peça desculpas de novo? Me ajoelhe? Não te obriguei a puxar a PORRA daquela alavanca junto comigo. Não tenho culpa se você precisava de uma amiguinha para consolar suas lágrimas. Eu estava quebrada demais para me preocupar com isso, teria enlouquecido se tivesse que ver Jasper mais uma vez. E só para que você saiba sofri igual ou até mesmo mais que você. Eu ter ido embora, não te dá o direito de me tratar como um cachorro. E eu te peço perdão se minha atitude fez com seu sofrimento piorasse ainda mais, só que agora já foi. Toda essa babaquice precisa parar agora. Me ame ou me odeie. A decisão é sua. Só para de fazer minha vida um inferno. Não estou aqui para trair a merda de povo que nós salvamos anos atrás, eu não poderia fazer isso nem se quisesse. Você pode confiar em mim nisso? Não podemos voltar, é perigoso demais, a chance de sermos capturados é enorme, entende isso? Eu queria salvar todos eles, mas tem momentos que precisamos escolher, e talvez eu seja um monstro por isso, mas entre pessoas desconhecidas e meu povo, eu prefiro salvar meu povo.

— Não é. Eu não deveria ter dito essas coisas. Você deve saber o que está fazendo afinal... - Bellamy sai de perto de mim, aparentemente arrependido, e quando me dou conta estou sozinha. Não sei em que momento Nathan e Luke se afastaram, mas por nossas barracas já estarem montadas acredito que há bastante tempo.

O único barulho que escuto vem da floresta, ao que parece todos já dormem. Ou seja, sobra pra eu mesmo ficar de guarda. Sozinha olhando para aquelas barracas, as lágrimas caem de raiva e desabafo. Falar tudo aquilo era o que eu mais precisava, mas me machuca ao mesmo tempo. Não queria ter dito tudo aquilo, queria ter sido forte para manter tudo pra mim.

— Você me perdoa?- Conheço aquela voz desde sempre. Me viro devagar e sonolenta, sem acreditar que estou realmente escutando isso.

— Como?- Digo confusa. Estou de guarda a horas e quase adormecendo, não espero ver Bellamy ou nenhum dos outros garotos acordados. Muito menos o moreno se desculpando. Tudo não deve passar de um sonho.

— Eu tenho sido um verdadeiro idiota. Não é sua culpa. Se eu não respeito ou amo a Raven o suficiente para me manter fiel. Você não me obrigou a nada. Não é sua culpa ter precisado ir embora também. Confesso que não tenho sido razoável ultimamente. Podemos ter uma trégua?

— É o que venho tentando ter desde que chegamos. - Sua mão encosta na minha e eu estremeço. Será que Bell também sente isso?

— Você pode dormir se quiser…

— E te deixar livre pra fugir. De jeito nenhum. - Digo e rio.

— Posso te fazer companhia…

— Só se você me responder algumas perguntas. - Talvez ele fique com raiva do meu interesse, entretanto preciso saber. Essas dúvidas vem me perseguindo desde que cheguei a Jaha.

— Como quiser. - Sua mão ainda está junto a minha não sei se por querer ou esquecimento.

— Por que a Raven? Você tinha tantas opções. Por que logo a ex do Finn? Não estou julgando ou te cobrando algo. Só quero entender, Raven me disse algumas coisas, mas preciso ouvir de você. Esse casamento ainda me soa confuso e irreal.

— Talvez soe mais irreal para mim que para você, mas não me senti assim no momento que me decidi. Se ponha no meu lugar, Clarke, já fazia três anos que você estava fora, eu me sentia completamente culpado, sentia sua falta e me achava um completo imbecil por tê-la deixado ir. Eu nunca pensei que você pudesse estar viva, passava cada noite com uma mulher diferente bêbado demais para lembrar no dia seguinte. Octavia foi embora com raiva do quanto sua partida e Mount Weather tinham me atingido. Foi um acidente, Clarke. Não planejei. Era dia da Libertação, eu e ela estávamos bêbados e aconteceu. Diferente das outras, nos tornamos amigos através do sexo e estar com ela era quase um tratamento, me afastava da bebida, mas o que me fez casar com ela foi uma gravidez. Pelo menos o que me fez perceber que a amava.

— Mas… - Como não vi essa criança o tempo todo que estive lá?

— Talvez não devesse te contar isso, contudo decidimos nos casar pelo bebê e por que eu não via futuro em continuar te esperando quando podia ser feliz com ela. Infelizmente nosso filho nunca chegou a nascer, ela teve um aborto espontâneo. Sua mãe não sabe explicar até hoje por que...

— Eu não sabia… - Uma gravidez confesso que essa probabilidade não tinha passado pela minha cabeça, porém pensando bem fazia muito sentido de modo geral. Não consigo imaginar Bellamy sendo um pai solteiro depois de tudo que foi obrigado a passar na infância.

— Claro que não. Ninguém ousa em falar nisso, foi muito doloroso para nós dois, mas no fim das contas de certo modo foi benéfico, nos uniu ainda mais. Raven foi meu porto seguro e eu o dela.

— Nunca pensaram em tentar de novo?- Pergunto por pura curiosidade. Se Bellamy tivesse um filho as coisas seriam ainda mais complicadas do que já são.

— Um dia no futuro.

— Sinto que eu nunca deveria ter voltado.

— Não diga isso. Estou feliz de você estar de volta... Posso não ter me expressado da melhor maneira, mas te ver naquele portão depois de todos esses anos foi uma das melhores sensações que já senti. Obrigada por ter voltado. Não te perdoaria nunca se não tivesse feito;

— Deveria ter vindo antes. - Pela primeira vez não consigo pensar duas vezes sobre isso. Foi um erro demorar tanto a voltar. Tudo seria diferente se eu fosse um pouco mais corajosa e tivesse desistido da Nação do Gelo. Gastei meses de provações para ficar entre eles quando deveria ter gastado todo esse tempo com meu povo. Encontrando redenção através dele, não com estranhos.

— Quanto está parte não tenho como discordar.

— Por muito tempo foi o que desejei, mas nunca pensei que vocês pudessem querer me ver de novo. E com toda a confusão desses dias, ás vezes penso, que não deveria ter me intrometido, que o melhor era me manter na floresta. Você era feliz sem mim. Todos são felizes sem mim. Não vejo onde eu posso me encaixar nessa nova organização. Mudei demais, não há mais lugar pra mim.

— Clarke, você costumava estar sempre certa, sabia? Aparentemente as coisas mudaram. Todos te amam até mesmo a Raven. Ninguém quer que você fique escondida na floresta, pelo menos eu não quero... - Bellamy diz isso e ri, com uma das suas mãos no meu rosto, ele suavemente me acaricia e eu fecho meus olhos entregue ao momento. Esse é o máximo que vou ter essa noite.

Quando acordo no dia seguinte estou em seus braços. Não me lembro de ter adormecido, contudo provavelmente dormi de cansaço na insistência de continuar de guarda. Isso me recorda do tempo seguido da descida, quando já não mais o odiava: eu e ele nos protegendo pelo bem dos 100.

Seguimos caminho nos dois dias que seguem agindo como nos velhos tempos surpreendendo Nathan e Luke. A cada quilometro distanciado de Jaha um pouco menos complicada se torna nossa relação, só de não precisarmos pensar no que sentimentos um pelo outro já é um alívio. Somos apenas Bellamy e Clarke aqui, não as duas pessoas que derrotaram Mount Weather ou os dois líderes dos 100.

Quanto mais nos aproximamos da Nação do Gelo, mas nervosa eu fico. Não sei como Bellamy vai lidar com um território estranho, também desconheço como ele vai reagir ao descobrir o quão importante a Ministra Audrey me considera.

Chegamos algumas horas mais tarde e é difícil ignorar a cara de espanto de Bellamy, a Nação do Gelo é mesmo surpreendente. Por mais que não me lembre minha cara deve ter sido se não igual muito semelhante a dele.


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Notas finais do capítulo

Esse é um cap. de transição logo logo terá mais ação. Prometo!
Beijos e espero pelos reviews!!
Beijão
Os próximos capítulos estão cheios de surpresas que eu gostei muito e espero que vocês gostem tb.



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