Pov. Bellamy Blake

Talvez eu não deva estar aqui.

Talvez não deva ainda esperar que algo mude.

Já faz três anos, três anos sem que ninguém tenha noção de onde Clarke está ou se ela ao menos está viva. É estranho pensar em como tudo mudou em tão pouco tempo, eu nunca pensei que fosse amar alguém a esse ponto, me importar com alguém nessa profundidade. No meu mundo sempre existiram apenas Octavia e minha mãe.

Quando a última morreu, a lista se restringiu ainda mais, e o tempo passou. Meu coração se tornou mais rude e eu passei a me divertir o máximo que podia, com todas as mulheres que se dispunham a isso. Sempre foi mais fácil passar uma noite com uma desconhecida, do que ter um relacionamento de verdade.

Nunca cogitei ter algo com Clarke, não até ser tarde demais, não percebi o que sentia. Me aproximei como um idiota, me apaixonando pelo seu sorriso tímido quase impossível de surgir nos últimos tempos, por sua coragem insana, sua racionalidade e seu amor pelo seu povo. Imagino que ela não tenha ideia do que fez comigo: partindo. Afinal eu nunca disse nada.

Sinto meu coração despedaçado, quebrado. Sinto medo o tempo todo, sei que Clarke é forte, porém sua imagem morta em algum canto, não sai da minha cabeça, é como um fantasma que me persegue dia e noite. Não sou mais o mesmo, não sou o Bellamy que desceu a Terra, nem o Bellamy que puxou a alavanca junto dela, sou somente um homem com sentimentos demais.

Tento manter as palavras dela na minha mente, repeti-las internamente como um mantra. Seu pedido é a única coisa que ainda me mantem aqui. Meu povo precisa de mim, mais do que ela precisa.

Sou o Chefe dos Guardas agora e um dos integrantes do Conselho, passo a maior parte do tempo trabalhando. Evitando meus antigos amigos ou até mesmo a Chanceler Abby, todos me lembram demais dela.

Me recordam que não fui suficiente pra Clarke, que não tive a coragem de impedi-la quando pude. Quando não estou trabalhando, bebo, é a única coisa que me afasta dos pensamentos solitários e da culpa.

Me sinto mudando, endurecendo de uma maneira, que não sei se ela me reconheceria se me visse agora. De volta nos braços de estranhas, fingindo que nada mudou, quando a verdade é que tudo está diferente.