Depois de uma longa série de treinos com Barton e mais algumas cervejas, ele me deixou em casa. Me sentei na cozinha enquanto devorava um sanduíche, repassei mentalmente minha conversa com Barton sobre os mercenários, os Olsen... Dick. Balancei a cabeça e me levantei, peguei a mochila que eu havia jogado no sofá há menos de cinco minutos e corri para o quarto. Saí de lá como Black Angel.

– Angel? Está aí?

– A voz de Clint saiu pelo comunicador no meu ouvido

– Estou ouvindo, Gavião. - Eu acabava de chegar ao terraço do meu prédio

– Estamos com alguns problemas. Siga para as coordenadas que estou mandando.

Um aviso no meu celular me alertou que as coordenadas acabavam de chegar.

– Qual o problema?

– O nome do problema é Fanático. Ele estava no Arkham até alguns minutos atrás.

– Estou chegando.

Durante o caminho, pesquisei sobre Fanático no meu novo celular, com acesso ao banco de dados da SHIELD. Um "gigante" com o corpo superdesenvolvido e a mente não. Ele era famoso por sua força sobre humana.

As coordenadas me deixavam a algumas quadras de Arkham, em frente um prédio velho ocupado por pessoas sem teto. Parei a moto e tirei o capacete. Clint chegou ao meu lado em sua moto azul escura e vestindo seu uniforme.

– Tem certeza que é aqui? - Perguntei

Tudo estava silencioso, sem o menor ruído.

– Tenho - Ele verificou no visor integrado que sua moto apresentava.

Um buraco se formou na parede, arrebentando tijolos e deixando tudo espalhado na rua. Um vulto negro havia sido jogado contra a parede com muita força, e ela não suportou. Batman se levantou com dificuldade, correndo para dentro outra vez.

Clint e eu corremos para dentro, pelo buraco que Batman havia criado. Dava para ver o gigante de longe. Ele usava o uniforme laranja dos detentos de Arkham e um capacete grande vermelho.

– VOCÊ ACHA QUE ME VENCE? EU SOU O FANÁTICO!– Ele berrou para o Batman, correndo atrás do mesmo.

Tremi ao ouvir um urro do Fanático. Clint começou a atirar flechas explosivas e eu corri para perto dele. Das sombras, Batman pulou sobre mim, me derrubando com alguma distância segura do Fanático.

– Qual o seu plano? - Ele perguntou e parecia furioso

– Deixar o maluco confuso enquanto você salva a noite.

Batman hesitou, mas consentiu. Voltei a correr para o gigante, que sorriu ao me ver. Ele estalou os dedos e veio em minha direção. Quando cheguei perto o suficiente, saltei por cima dele. Batman começou a atingir Fanático com socos, tirei um explosivo do meu cinto, lembrei das instruções de Coulson: o explosivo grudaria em qualquer coisa assim que acionado e, apesar de caber na palma da minha mão, faria um estrago enorme. Eu estava perto de acionar quando um vulto negro puxou meu braço, me arremessando para o chão.

Olhei para cima: Fanático acabava de tentar me acertar com o braço e o tal vulto, um homem alto, uniformizado com uma roupa negra, com um símbolo azul no peito e com uma máscara, havia me salvado. Batman acabava de ser arremessado para longe, no lado oposto do prédio, puxei o homem que havia me derrubado para o chão e joguei o explosivo no gigante. O vigilante percebeu minha intenção e se abaixou, como eu.

A explosão veio um segundo depois. Senti meu corpo abalado e queimado. Quando me levantei, tanto meu uniforme quanto o do vigilante, estava chamuscado e com fendas que mostravam nossos corpos. Me levantei e estendi a mão para o mascarado, que se levantou tossindo. Fanático berrou, me fazendo tremer.

Gavião disparou uma flecha que eu reconheci ser tóxica. Batman saltou e a pegou antes de tocar em Fanático, colocou um pequeno dispositivo negro e enfiou no ombro de Fanático, que berrou. Batman desviou de um soco e correu para perto de mim e de seu parceiro.

A fumaça da flecha começou a sair, bem mais densa do que eu imaginei. Gavião agarrou meu braço e correu para fora do prédio comigo. Batman e seu parceiro vieram atrás. Tentei fingir que estava a par da situação e recompus a postura.

– Batman e Asa Noturna. - Clint anunciou

Ambos pararam na nossa frente, parecendo nobres e poderosos.

– Gavião Arqueiro. Essa deve ser Black Angel, a agente nova.

– O prazer é todo meu. - Minha voz saiu afetada pela fumaça, mas ainda forte.

– Foi um bom plano ampliar os efeitos da toxina. - Clint comentou

– O que você tinha não seria suficiente nem para fazer cócegas nele.

– Parece que o meu plano funcionou. - Comentei enquanto caminhava para a minha nova moto.

Fiquei parada em frente a moto enquanto os três ainda conversavam. Clint se aproximou e eu observei Batman e Asa Noturna voltarem para dentro do prédio.

– Eles vão levar o Fanático de volta para o Arkham. E amanhã, ele irá para Belle Reve.

– Preciso admitir que nunca passei por isso. Eu costumava assustar bandidos e só.

– E agora seu novo uniforme está rasgado e seu cabelo está com cheiro de fumaça.

Observei os pequenos rasgos nas pernas e nos braços, nada além disso.

– Pelo menos fizemos a parte mais fácil. Os dois ali apanharam mais.

– Quer saber, Anji? Vamos embora, preciso dormir.

Subimos em nossas motos e partimos. Me perguntei se essa seria a minha vida, ao chegar em casa. Eu estava apavorada e empolgada ao mesmo tempo: estava me sentindo poderosa, com mais armas, mais recursos; e estava me sentindo apavorada, com gigantes e bandidos bem mais perigosos do que eu sonharia em lutar.