Black Angel escrita por summer


Capítulo 1
Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bom, essa foi uma das primeiras fanfics que eu escrevi e foi bem aceita quando postei pela primeira vez, espero receber o mesmo retorno!
Enfim, espero que gostem do meu reboot e que interajam comigo por comentários ♡



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DEZ ANOS ANTES
Minhas passadas apressadas cessaram com um engasgo. Alguns metros a frente, havia dois homens uniformizados exatamente como aqueles dois homens uniformizados que mudaram a minha vida quase dez anos antes. Agora eu os via novamente. Não os mesmos homens, mas homens como eles. Ambos intimidavam um grupo de três mulheres perdidas na noite de Gotham. Eu devia estar em casa, sob os cuidados dos meus tios adotivos, mas estava sozinha no breu, exposta ao meu passado.
Eles estavam tão próximos que eu podia detalhar o pavor nos olhos das mulheres. Mesmo assim, nenhum deles parecia me notar, como da primeira vez.
Numa tentativa desesperada, uma das mulheres deu um tapa em um dos bandidos armados. Sua arma encontrou o chão e deslizou até meu pé. O homem berrou com ela e a empurrou na parede de tijolos de barro. Quando se virou em busca da arma, ela estava em minhas mãos trêmulas.
Ele arregalou os olhos, depois sorriu: "Ande, anjinho, me devolva a arma e corra."
Apertei o gatilho, certa da minha mira. Eu quase pude ouvir a bala rasgando sua pele. Junto com o estrondo, morri e renasci. As mulheres gritaram e correram na direção oposta. O homem baleado caiu de barriga para baixo e eu vi o sangue deslizar para fora do seu corpo, lento e atraente. O outro homem berrou, praguejando contra mim. Ele deu um passo na minha direção, mas minhas mãos já não tremiam. Atirei outra vez e ele caiu engasgando.
Depois do primeiro tiro, eu nunca passaria despercebida e impotente outra vez, Gotham perderia seus mercenários um por vez.

AGORA
Segui o homem à distância por toda extensão da rua. Ele andava despreocupado, como um pai de família que volta para casa após um dia de trabalho. Um pai de família que matava pais de família. A ausência da lua me deixava em vantagem para me aproximar e seus assobios me impediam de perdê-lo.
Eu o observei entrar em uma das casas daquele bairro sossegado e adormecido. Ele passou pela cerca e depois destrancou a porta, entrou e a deixou entreaberta. Passava da meia-noite, a porta estava entreaberta. Quase como se ele quisesse que alguém entrasse.
Dei a volta na casa e encontrei a porta de entrada dos fundos. A casa estava completamente escura e silenciosa, nada de assobios, mas eu sabia que havia gente na casa. Caminhei lentamente até a bancada da cozinha americana e me escondi atrás dela. Nenhum ruído. Levantei a cabeça o suficiente para ver a sala. Quatro homens com armas apontadas para a porta de entrada e mais dois no topo da escada. Era uma armadilha para mim.
Fiquei de pé, encostada na bancada.
- Hm, acho que ela não vem mais. - Murmurei, quebrando o silêncio e atraindo a atenção de todos - O que vocês acham?
- É a Black Angel! - Um exclamou, mirando em mim
- Muito observador. - Dei um sorriso
- Atirem!
Me abaixei novamente quando uma chuva de balas começou. A parede me protegia enquanto toda a cozinha era despedaçada. O armário de vidro explodiu em milhões de cacos pelo chão, alguns quase me acertavam.
Os tiros cessaram e houve silêncio mais uma vez.
- Acham que a pegamos? - Ouvi um perguntar, inseguro.
Pulei sobre a bancada, atingindo com um chute o homem mais próximo, ele ficou no chão, desacordado, enquanto eu voava para outro. Eles começaram a se agitar, correr para mim. Saltei em um deles, envolvendo seu pescoço com minhas pernas. Joguei meu corpo para o lado e caí no chão, ele não se moveu mais. Aproveitei a oportunidade para dar uma rasteira no homem que corria para mim, chutei seu rosto e me levantei. Os homens da escada levantaram suas armas para mim, os tiros começaram antes que eu conseguisse me esconder atrás do sofá. Peguei uma arma no chão, do primeiro homem que atingi. Dei dois disparos na direção deles, atingi a perna direita de um deles e o ombro do outro. Eles ainda disparavam e os homens que eu derrubei começavam a se levantar. Olhei para os lados, procurando uma saída. Corri para a cozinha e dei um tiro na mangueira do gás de cozinha, que ficava sob a parede e visível próxima ao fogão. Corri para a porta e depois segui, o mais rápido que pude. Ouvi um último disparo antes da explosão.

Era tarde quando eu finalmente entrei no meu apartamento. Era a terceira noite seguida que eu tentava em vão. Ao menos, essa noite eu poderia dormir algumas horas. Me livrei de cada peça de roupa suja ou com vestígios de sangue e me joguei na cama. Antes de fechar os olhos, repassei o que havia acontecido nesses três dias. As pistas falsas da organização secreta, as armadilhas para mim e o número de mercenários que eu batia de frente, eles pareciam ser bem mais do que eu havia imaginado, todos unidos por um motivo: eu. Por anos, eu os cacei. Agora, eles queriam o meu fim. Dei um riso frouxo e inaudível antes de dormir.

Levantei assustada, respirando com dificuldade. Outro pesadelo. Eles não cessavam nunca, nem por uma noite, e cada noite eu me sentia mais acostumada. Controlei a respiração e os batimentos cardíacos antes de olhar o relógio. Revirei os olhos e corri para o banheiro.
Bati a porta do apartamento depois de estar vestida para o trabalho de garçonete.
- Ei, Alicia! - Ouvi a voz do síndico me chamando da escada
- Bom dia, Jack.
- Sim, sim, bom dia. Sabe, eu não queria ter que fazer isso, mas... - Ele gesticulou, sem jeito
- O aluguel! - Lembrei - Estou muito atrasada, quando eu voltar, deixo em sua casa, pode ser?
- Sim, obrigado. Você sabe que não me importo com seus atrasos, o velho Theo é meu amigo, mas tivemos problemas, algum marginal roubou a moto do meu filho, Ralf, e devolveu de madrugada.
Olhei para o lado.
- Que loucura, não? A moto está danificada?
- Só com alguns arranhões, mas acho que é hora de ter um seguro decente.
- Eu compreendo, sinto muito. Preciso ir, Jack. Até mais! - Desci as escadas correndo e me perguntei se o elevador velho e enferrujado funcionaria algum dia.

Atravessei a porta da lanchonete preparada para as reclamações de Lucy.
- Finalmente! Você se lembra que devia abrir a lanchonete hoje?
- Bom dia, Lucy.
Ela revurou os olhos e ajeitou o cabelo castanho e liso preso num rabo de cavalo alto.
- Lucy, não enche. Eu que abri a lanchonete hoje. - Mike gritou, passando pela porta que dava à cozinha - Bom dia, princesa. - Ele ajeitou a camisa vermelha do seu uniforme e sorriu
- Obrigada, Mike.
Theo saiu da cozinha com um copo de café puro e um sorriso paternal no rosto.
- Bom dia, querida. - Ele me entregou o copo
- Obrigada. Bom dia, Theo.
- Você devia dormir mais, Lis.
Respondi com um sorriso encabulado.
- Bom dia, querida! - Martha saiu da cozinha com um prato de bolo de canela cortado em pedaços. - Você está com olheiras outra vez.
- Eu tinha uma prova da faculdade. - Menti
- Durma direito, Alicia Amell, e isso é uma ordem. - Ela ordenou, colocando fios de cabelo que fugiram do coque atrás da orelha.
Ri e fui para o meu lugar. Lucy bateu o pé para ficar no caixa, então cedi e fui para a cozinha.

- Ei, gatinha. - Mike me chamou, horas depois - Pode me cobrir por uns minutos? Eu já volto.
Ele me entregou o bloquinha de notas lilás e me deu um beijo na bochecha antes de sair correndo. Anotei pedidos até o fim do horário de almoço. Notei Mike estacionando o carro de Theo na entrada e uma garota saiu do lado do passageiro, com uma jaqueta jeans dobrada nos braços e o cabelo repicado com luzes discretas. Suzi correu para dentro da lanchonete e me abraçou.
- Lis!
- Suzi! Quanto tempo!
Fazia seis meses desde o ano novo, quando Suzi veio para casa. Agora que seu curso de Publicidade na Califórnia havia acabado ela ficaria na lanchonete por meio período até arrumar um emprego. Ela era a filha mais velha de Theo e Martha, tinha exatamente a minha idade e um espírito infinitamente mais jovem. Comemoramos sua volta com mais bolo.


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Notas finais do capítulo

Como todo primeiro capítulo, foi tudo numa boa!
~aguardando críticas construtivas~



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