O Meu nos Teus Braços escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

essa é a 43ª fic da série. A anterior se chama "Endlessly"



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Já era bem tarde quando eu finalmente chegava em casa. Olhei o relógio entediado enquanto esperava o elevador chegar ao meu andar e abrir a porta. Duas da manhã.

O prédio estava bem silencioso, era a hora mágica em que todas as crianças estavam ao mesmo tempo em suas camas ressonando, imersas em seus sonhos coloridos e deixavam seus pais e todos os vizinhos privados de toda a sua algazarra escandalosa. Ah, Kami-sama, como eu seria pai?

Caminhei a passos largos pelo corredor, enfiando a mão no bolso e pegando a chave pra abrir a porta silenciosamente. A sala estava iluminada quando eu entrei. Fechei a porta ainda mais silenciosamente quando vi Sereny dormindo no sofá.

A televisão estava desligada, ela nunca ficava ligada quando eu não estava em casa. O máximo que minha namorada assistia eram DVDs (modéstia a parte, do the GazettE) e nada mais. Nunca vi alguém odiar mais o aparelho televisivo do que ela. Talvez fosse a única pessoa do planeta!

Ao seu lado, cuidadosamente colocados, estavam seu celular e seu mp4. Ela estava encolhida junto ao encosto do sofá como deitada no colo de alguém. Parecia desconfortável e eu me senti mal, ela devia estar ali no mínimo umas quatro horas me esperando chegar...

Passei os braços por baixo de seus ombros e suas pernas, erguendo-a em meu colo, aninhada em meu peito e a carreguei para o nosso quarto, deitando-a na cama e cobrindo-a. Peguei minha roupa de dormir e fui ao banheiro, entrei debaixo da água quente, tomando um banho rápido antes que ela acordasse no quarto.

Vesti a Boxer branca e a camiseta e entrei debaixo do edredom, puxando-a para mim. Sereny virou-se e se apertou contra o meu corpo. Ela era mesmo uma grande mentirosa quando dizia convicta que não movia um músculo quando estava dormindo. Só da minha pele tocar a sua e ela já vinha direto pra mim sem mesmo abrir os olhos.

Esperei e silêncio pelo que viria a seguir, admirando-a submersa em seu sono leve, as pálpebras fechadas, as feições relaxadas, a respiração tranquila. Beijei sua testa com carinho, apertando-a mais em meus braços e sua mão prendeu os panos de minha camiseta de maneira possessiva. Não contive um sorriso que se formou em meu rosto.

Sua respiração aumentou e eu pude sentir a pressão dos lábios dela contra meu peito, seu corpo se movendo pra cima, preso ao meu. Afrouxei o aperto contra os ombros dela e senti seus lábios em meu pescoço e, em seguida, colados aos meus. Eu sorri e retribuí ao beijo, voltando a apertá-la em meus braços, afagando suas costas e puxando sua perna para prender-se em minha cintura.

Nosso ar sempre acabava antes que eu realmente estivesse satisfeito. Permitir que seu rosto se afastasse do meu era a pior tortura que alguém poderia me infligir.

Ela estava arfante, a pouca luz da rua que chegava ao nosso quarto me permitia ver a sutileza de suas faces coradas, os lábios semi-abertos puxando o ar com dificuldade, os doces olhos da cor de chocolate ao leite me encarando com meiguice e adoração. Eu ri, também ofegante, sabendo que ela estaria tagarelando sem parar se conseguisse.

- Quando você chegou? – ela sussurrou, ainda recuperando o fôlego. Afaguei seu rosto.

- Não faz muito tempo... – ela acariciou meus cabelos molhados.

- Está chovendo? – ela perguntou preocupada.

- Só um pouco, mas eu não me molhei... Vim de carona com o Yutaka... Precisava de um banho antes de deitar... – expliquei e ela assentiu, ainda com os dedos entre meus cabelos.

- Não me lembro de ter vindo pra cama... – Sereny vasculhou a memória, franzindo o cenho e eu dei risada.

- Você estava no sofá quando eu cheguei... Aparentemente, você tem algo contra nossa cama... – dei risada.

- Não gosto de deitar nela sozinha... – ela deu de ombros, corando novamente e eu mordi sua bochecha.

- Estava dormindo sozinha aqui enquanto eu tomava banho – disse rindo e ela fez um beicinho magoado. – Foi por pouco tempo... – uni nossos lábios rapidamente. – Não podia te deixar no sofá e não podia me deitar sem um banho... Desculpe...

- Podia ter me acordado...

- Estava adorável demais dormindo para que eu fizesse tamanha crueldade... – ela fez uma careta. – Desculpe ter demorado tanto...

- Conseguiram terminar? – ela perguntou curiosa.

- Sim, conseguimos. Mas não estranhe se nenhum dos outros quiser falar comigo amanhã... – brinquei, mas talvez tivesse razão. Eu não conseguiria sair do estúdio sem terminar aquela nova música e foi minha culpa termos ficado até aquele horário trabalhando.

- O senhor - inabalável foi novamente responsável por estender o expediente hoje? – ela brincou e eu assenti.

- Não pude controlar... – confessei envergonhado. Eu merecia o título, mas não me orgulhava dele.

- Aposto que nem percebeu, Kouyou... – ela sorriu, afagando meu rosto com doçura.

- Só quando já era tarde demais...

- É tão você... – suas mãos puxaram meu rosto e uniram nossos lábios novamente.

A culpa se dissolveu naquele beijo, o gosto amargo em minha boca foi substituído pelo doce sabor da dela.

- Sei que já te perdoaram – ela disse, brincando com minha franja. – Vocês não conseguem ficar muito tempo bravos uns com os outros... E todos devem estar felizes por terem terminado a música também...

- Mas eu te deixei sozinha... – lamentei, sentindo o peso da culpa retornar com violência em meu peito.

- Não seja bobo... Você sabe que eu não me incomodo... Eu fiquei lendo... – sua voz foi morrendo como se estivesse confessando uma coisa criminosa.

- Lendo o quê? – perguntei intrigado e ela mordeu o lábio inferior, abaixando os olhos e fingindo bocejar. Suspeito... – Dorian Gray? – disse espantado e ela assentiu timidamente me fazendo rir. – Ainda não decorou? Esse livro me deixa louco... Você parece hipnotizada quando está lendo... Mais do que com qualquer outro...

- É o que eu mais gosto nele... – ela declarou.

- É, eu sei... – bufei um tanto descontente. – Sabe o quanto me sinto ridículo por sentir ciúmes de um livro?

- Eu sei o quanto você fica adorável... – ela sussurrou em meu ouvido e minha pele se arrepiou. Nunca estava devidamente preparado para receber as reações que ela provocava em meu corpo com movimentos tão sutis. Parecia um adolescente inexperiente outra vez, jogando meus 36 anos pela janela.

- Hum – murmurei, sem conseguir formular uma resposta melhor. Ela deve ter pensado que eu estava bravo, porque seu rosto se afastou lentamente de meu pescoço e seu corpo ficou tenso.

- Se o incomoda muito... – ela começou hesitante. – Eu não leio mais... – pressionei seus delicados lábios com o dedo.

- Sabe que mesmo que eu seja irracionalmente ciumento – dei risada – jamais pediria para que fizesse algo que a deixe infeliz...

Ela se aconchegou em meus braços parecendo mais tranquila. Beijei o topo de sua cabeça.

- Eu devia deixá-la descansar... – murmurei contra seus cabelos, mas ela não deixou que eu me afastasse.

- Agora que acordei... Estou elétrica...

- Quer que eu cante pra você dormir? – sussurrei em seu ouvido e ela sorriu.

- Não precisa... Mas, se você quiser, pode dormir...

Revirei os olhos e ignorei sua recusa, ajeitando-a em meus braços e comecei a murmurar Elephant Gun em seu ouvido. Eu não sabia a letra direito, apenas a melodia. Era uma de suas músicas preferidas e ela sempre sorria ao escutá-la. Dizia que algo na melodia lembrava a mim. Eu, é claro, ficava extremamente vaidoso por isso.

Seus olhos se fecharam levemente e o sorriso foi partido apenas pelo gracioso bocejo que abandonou seus lábios. Por mais teimosa que Sereny fosse, não conseguia resistir por muito tempo ao sono quando ele chegava e pude vê-la adormecer lindamente em meu peito.

Fiquei ainda um tempo velando seu sono, adorando-a tão perto de mim, daquela maneira que acelerou meu coração desde a primeira vez. Comecei a sentir as pálpebras pesadas e bocejei profundamente, em pouco tempo eu adormeceria também naquele aconchego cálido que me fazia finalmente me sentir em casa.


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Notas finais do capítulo

mereço reviews??

a próxima se chama "Como Controlar Cinco Gazettos"



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