Amar O Céu escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAL! Sim, eu excluí NSEDM. Eu ando sem tempo pra uma fanfic, por isso vou postar várias one-shots por enquanto.
Eu já disse isso várias vezes, mas caso você não se lembre de tal, digo novamente! Eu adoro romance, respiro romance, mesmo com uma década e meia de vida. Por isso, minhas one-shots serão quase sempre de romance (99% das vezes).
Claro, sempre há os lados clichês, mas eu tento encher de metáforas, frases impactantes e advérbios que ajudem a tornar o texto especial. Afinal, uma boa escrita ajuda a melhor pra car*lho!
Espero que gostem desse pedacinho sonhador que a Bry é :3



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Todos os dias, aliás, noites, ela estava sempre sentada sobre a grama, com os braços abraçando as pernas, o cabelo cobrindo o pescoço e a franja, seu rosto. Era incrível a paciência que possuía para permanecer ali, sentada e parada, simplesmente olhando o céu, até o frio aumentar e ela ter que abandonar o lugar.

Todas as noites, assistia a aquele espetacular show de luzes brancas, piscando em todo aquele extenso mar cor de infinito. Para ela, aquilo era simplesmente magnífico. Era singularmente mágico, sentar-se ali e ver o céu. Olhar as estrelas reluzindo com seus tons claros se sobressaindo da imensidão azul, fitar a lua com seu maravilhoso brilho, observar o quão lindo tudo aquilo junto era. Para alguém que não possuía amigos, família, sequer algo para se apegar, amar o céu era sua única e melhor escolha, mesmo que ele não possa retribuir; você não precisa, só de vê-lo já basta. De tanto observar o céu, aprendeu a ler todas as constelações ao seu alcance, localizar planetas, e até o nome de algumas estrelas. Não que fosse fácil, pois não era, era realmente difícil localizar estrelas formando simples formas, e encaixá-las como um animal ou um humano, ou até localizar um brilho de tom mais escuro, e deduzir o nome do planeta, mas de tanto observar, acabou sendo tão fácil quanto respirar.

Enquanto passava as noites ali, o silêncio e o vento eram seus únicos companheiros. Não porque era madrugada ou porque as pessoas achavam-na estranha (bem, algumas sim, mas não é preciso falar disso por agora). Era por preferir o silencio e a solidão que este carregava. Nunca havia sido alguém popular ou com boa vida social, muito pelo contrário, mal saía de casa ou falava. Por quê? Bem, para ela, não era preciso falar ou fazer coisas desnecessárias, com pessoas desnecessárias, e era justamente esta teoria que a separava do mundo, mas não havia arrependimentos em fazer isso, já havia se tornado uma espécie de rotina.

***

Cerca de cinco horas da manhã, e mais uma vez ele fazia o mesmo caminho para casa, tropeçando os próprios pés pelo efeito do álcool. Enquanto chutava algumas pedras na calçada, olhava para os lados, para tentar localizar alguém que sempre estava por ali, sentada, observando o céu.

O vento balançava seus cabelos e fazia os pelos arrepiarem, era realmente desagradável andar pela rua na madrugada, com uma simples camisa sem mangas e uma bermuda, principalmente quando se está fazendo somente alguns graus de temperatura. Depois de alguns minutos caminhando, finalmente achou o que queria, exatamente onde pensou estar. Achou-a.

Perturbá-la? Não iria incomodar o suficiente. Assustá-la? Não seria efetivo o suficiente. Conversar?Não, como conversar com alguém que nem ao menos fala? Decidiu então sentar-se ao seu lado, não iria ser incômodo, e também não despertaria um diálogo. Ajeitando-se para sentar-se perto da garota noturna, percebeu que ela nem ao menos notou sua presença, ou talvez pareceu não se importar, afinal, ela nunca se importava. Isso o machucava mais.

- Boa noite. – Disse ele. – Pensei que já tivesse ido.

- Boa, não.

- Monossilábica. – Irritava-o as respostas curtas que ela sempre o dava. Será que não havia aprendido a usar palavras mais longas?

- Desculpe-me.

- Não quero suas desculpas, um diálogo já está muito bom.

- Tudo bem, sobre o que quer dialogar?

Ele suspirou. O frio estava tomando conta de si e a embriaguez não deixava nada mais quente, como as pessoas sempre falavam.

- Não sei. Você consegue falar algo que não seja respostas automáticas? Como opiniões, críticas ou teorias? – “Aposto que não” pensou.

- Poderia falar sobre como seu odor de uísque arde meus olhos, mas não o farei. E sim, consigo falar sobre opiniões, críticas e teorias. – Um sorriso se formou nos lábios dele. Sarcasmo. Isto, ele não sabia que ela era capaz de fazer. – Então, diga-me algo para responder.

- Primeiro: Obrigado pelo elogio, uísque é mais efetivo que pasta de dente. Sugiro meu bom e velho amigo Bourbon. Segundo: Eu queria perguntar algo que vem preso em minha mente faz alguns dias, aliás, meses. Posso? – Na verdade, ele muito bem sabia o motivo, mas não custava perguntar, custava? Sim, custava, e muito.

Ela assentiu, e assim ele prosseguiu:

- Faz algum tempo que vejo você sentada aqui, toda noite, assistindo ao céu, e queria saber por que. – A resposta não seria muito boa, já imaginava, mas agora que havia conseguido um diálogo, que tal uma conversa? – Não o porquê de ver o céu, mas sim o porquê de começar a vê-lo.

- Você já sabe a resposta, não? – Assentiu. – Bem, deve estar se perguntando se é verdade, e sim, é verdade o que você ouve nos corredores. Eu morava numa casa no campo, com meus pais e um irmão mais novo. Todos foram mortos por algum infeliz que adentrou a casa e graças ao vizinho, eu fui salva. Antes que pense algo como “Isso deve perturbá-la” ou “Coitada dela”, eu não sinto ódio pelo homem por ter os matado, também não me sinto triste ao pensar ou falar disso, afinal todos nós, um dia morremos e para eles, o dia somente chegou mais cedo do que pensavam.

Alguns segundos se passaram: enormes e sufocantes segundos. Não sabia como respondê-la, então outra pergunta foi a primeira coisa que passou por sua cabeça, que talvez não levasse a outro assunto sensível. Focalizando-se, enfim disse:

- Mas, por que olhar o céu? – Errou, outro assunto sensível viria, e talvez este, ele não estivesse totalmente disposto a simplesmente ouvir. – Quer dizer, o céu é bonito e tal, mas, toda noite e sem exceção, não se cansa disso?

- Claro que não. Eu amo o céu.

- Amar o céu... – Poderia existir alguém que amasse o céu? Sim, astrônomos, mas não uma simples colegial solitária e excluída, reprimida pela morte das pessoas amadas. – Eu não...

- Não entende? Simples. Irei explicar minha teoria, posso?

“Existe teoria para explicar o amor pelo céu?”. Isso se passava por sua cabeça, enquanto a garota esperava por sua resposta. Assentiu a cabeça, dando assim, continuidade à conversa.

- Olhe, quando minha família morreu, eu perdi todos que amava e a única coisa que me sobrou foi o céu. Quando nós amamos uma pessoa, ela pode não corresponder e isso nos machuca. Se ela corresponde seu amor, você vai saber que um dia ela morrerá e o amor irá junto, ou o amor dela por você vai se extinguir. Quando se ama o céu, bem, não há erro. Ele não irá te responder, claro, mas você vai tê-lo sempre ao alcance e sempre irá saber que ele está acima de você. Se você aprende a amar o céu, ele não te deixará, estará sempre ao seu dispor, e nunca irá magoar-lhe. Apesar de eu não poder conversar com ele, irá ser a única coisa que amo que irá durar para sempre. – Uma pequena e seca lágrima desceu de seus olhos, ela nunca esperou precisar explicar aquilo para alguém, e agora estava falando sobre como sua vida é infeliz a ponto de ter de amar algo que nem vivo é. – Desculpe-me, isso é realmente estranho.

- Não é. Bom, eu não achei. É... Bonito o que você falou, mas por que só amar uma única coisa? – “Trouxa, você já sabe a resposta, só não quer ouvi-la”. Essa frase latejava em sua cabeça e apesar de saber que era verdade, queria poder mudar aquilo. Desesperadamente.

- Eu não tenho mais ninguém para amar, simples.

Ótimo, a resposta saiu como esperada, mas não soou tão leve como pensou que seria, pelo contrário, soou como um tiro à queima roupa no estômago, extremamente rápido e doloroso. Mas para cada ferida, há uma cura, e ele iria fazer isso. Entretanto, como? Sua mãe sempre dizia que para tudo, sempre havia uma primeira vez, talvez aquela seja a primeira vez dele falar algo que realmente necessita, ou somente talvez, falar algo verdadeiro.

Minutos se passaram, o sol já estava soltando seus primeiros raios de luz pelo céu escuro, tornando-o mais claro. E ele muito bem sabia que, em alguns minutos, ela se levantaria e encerraria a conversa. Porém, é claro, ele não deixaria que ela se encerrasse desse jeito. Pegou ar nos pulmões, soltou-os e somente disse:

- Você poderia tentar ao menos uma vez, amar alguém novamente, alguém que você tenha certeza que sinta o mesmo. E mesmo ciente de saber que esse alguém ou o amor irá morrer você o terá do seu lado até lá, amando-a e querendo-a. Alguém como eu.

Dito e feito. Ela levantou-se, tirou a grama presa na calça, esfregou as mãos para tirar a terra, ajeitou o cabelo e começou a andar, e quando ele ia começar a ir atrás, a garota virou-se sorrindo, e respondeu-o:

- Um dia, quem sabe, alguém poderá tornar-se meu céu. Alguém como você.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Eu não me lembrava dessa One pra ser sincera, então, quando li até o final, eu pensei: "Meu, como alguém de doze anos que não sabia de nada do mundo pôde escrever algo assim?".
É, parece que o jogo virou, não é mesmo? :v
Me digam se gostaram! Eu sempre aceito opiniões e críticas, e se tiver apoio, posto umas outras que tenho em mente.
Lembrando que, se você adora um romance e uma história curtinha pra te fazer pensar um pouco, vai adorar as coisas que eu posto aqui! Eu também tenho uma outra One, chamada "Dor", que é um pouco melancólica, mas é legal também!
Um bejo da Bry bem na bundinha de vocês s2



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