C-3PO não entendia por que ainda se dava ao trabalho de acompanhar R2-D2. Aquele androide era um verdadeiro encrenqueiro, dono de um talento ímpar para confusões. Confusões muito grandes para um robô tão pequeno, diga-se de passagem, e para as quais 3PO sempre acabava arrastado. Céus, ele era um dróide de protocolo fluente em 6 milhões de formas de comunicação, não tinha tempo para aqueles disparates e definitivamente não fora programado para aquilo. Além disso, já não era nenhum robô recém-criado, estava ficando velho para aquelas loucuras e conseguia prever o dia em que seria permanentemente desativado, ou pior, se tornaria apenas uma pilha de sucata. A culpa, como sempre, seria de R2.

O pequeno era um tolo e quando tinha uma missão se tornava verdadeiramente obstinado. Isso para não mencionar sua vocação inconveniente para entrar em problemas e arriscar a lataria de ambos. Ainda assim, na maior parte do tempo era apenas incrivelmente irritante. Às vezes, C-3PO se questionava o que havia feito de tão errado para merecer aquele pedaço de lata teimoso como companheiro. Pensava em tudo isso, enquanto seguia R2 em mais uma de suas “missões”. Céus, aquilo nunca acabava?

Ele sabia que não precisava tê-lo acompanhado, sabia que podia ter ficado na nave, a salvo de qualquer perigo. No entanto, optara por seguir o dróide e reclamar durante todo o percurso. Era sempre assim. Amaldiçoava o robô por todo caminho e comentava repetidamente sobre como ele era capaz de transformar sua existência em um verdadeiro inferno. Ainda assim, o seguiria até os confins da galáxia, porque R2-D2 era um maldito causador de encrenca, mas era seu melhor amigo e C-3PO sabia que sua vida seria muito chata sem ele.