Hermione andava pela antiga casa que dividira com Ronald, vasculhando todos os cantos enquanto tentava não sufocar com todas as memórias. Não podia acreditar que aquele que havia lhe estendido a mão mentiu por tanto tempo. Ela confiava nele, tanto que deixou que ele se aproximasse de seu filho e por isso nunca se perdoaria.

—Está se sentindo bem? -Draco perguntou, colocando uma de suas mãos no braço da morena ao passar por ela. Ela balançou a cabeça assentindo e mesmo que visse em seus olhos que ela estava mentindo, ele não disse nada, apenas lhe deu um beijo na bochecha. -O que estamos procurando?

—Não faço a mínima ideia. -Ela disse abrindo a porta do antigo escritório dele e marchando em direção as diversas pastas e arquivos que ali haviam.

—Te ajudo com isso.

Os dois passaram horas até que não restasse nada. Todas as pastas haviam sido lidas e não havia nenhuma pista. Então uma coisa ocorreu a Hermione. A castanha se levantou apressada, atraindo a atenção do loiro, que a seguiu de perto.

—Como não pensei nisso antes? Estava bem debaixo do meu nariz! -Ela murmurava para si mesma enquanto marchava para o porão.

—O quê? Lembrou de algo?

—Estamos fazendo tudo errado! Não deveríamos estar procurando sobre o que houve a você, pelo menos não agora! Você não vê?

—Não? -Ele respondeu, estranhando. Ela parou, o encarando empolgada.

—Dolohov disse que isso se trata da morte do filho dele. Não deveríamos estar procurando pistas nas coisas que aconteceram após a guerra e sim...

—Nas coisas da guerra! -Completou.

—Exatamente! -Exclamou, continuando seu caminho. -Harry e Rony queriam jogar fora toda aquela porcaria por causa das lembranças, mas eu guardei no porão. Achei que poderia ser importante.

—Hermione, eu te amo. Você sabe disso, não é, sabe-tudo?

—Ultimamente eu venho achando que esse apelido não se encaixa mais. -Ela soltou o ar.

—Aposto que encontraremos alguma coisa.

—Eu realmente espero que sim.

No porão havia apenas uma pequena bolsinha escondida entre alguns móveis. Com um feitiço, Hermione tirou de lá todas aquelas dezenas de caixas, cheias com todas as informações que coletaram não apenas da segunda guerra bruxa, mas também da primeira. A busca por informaçoes novas era cansativa, mas depois de duas horas Draco deu um pulo da cadeira.

—Encontrei algo! Hermione, eu encontrei algo! -Disse e ela soltou o que estava lendo para correr até ele, indicando uma imagem de dois bruxos. -Está vendo esta foto? -Ela balançou a cabeça e ele a virou, mostrando a inscrição. -"K Dolohov e Tolstoy, 1995". Kyle é filho de Dolohov que foi morto, mas o garoto ao lado dele na verdade se chama Anthen Lilbert e não Tolstoy. Eu achei que poderia ser um erro, até que... -Ele pegou um pedaço de pergaminho resgatado de um dos acampamentos de Voldemort. -"Encontre Tolstoy. Completamente seguro".

—Não havia nenhum comensal com esse nome nos registros.

—Não nos registros do ministério. Preciso de um minuto. -Draco aparatou, deixando-a sozinha por um momento. Quando retornou, tinha em mãos um grande caderno de anotações e um livro surrado. -Os comensais mais próximos do Lorde tinham seus próprios esconderijos. Nós não deveríamos ter conhecimento dos outros, mas roubei isso da Bellatrix uma noite. -Ele deu de ombros. -Pensei que poderia ser útil. É uma lista de nomes, certo? Mas olhe para a lista dos Malfoys. Ela traz o nome de meu avô, Abraxas, e ele morreu anos antes da guerra, não poderia estar na lista agora. Olhe aqui... -Indicou uma página do livro. -É uma lista de endereços e este não é o endereço do meu avô, então...

—Seria o endereço do esconderijo dos Malfoy.

—Exatamente, e se você olhar na lista de nomes da família Dolohov.

—Tolstoy!

—Parece que sabemos onde eles estão, morena. -Draco murmurou, indicando o endereço.

Ela não disse nada, apenas pulou nos braços de Draco e o abraçou apertado. Finalmente haviam saído do escuro, ela tinha uma pista e uma chance de acabar com aquela ameaça a seu filho, sua família.

...

As coisas finalmente estavam tomando uma direção e por isso Harry Potter sorria. Estava organizando uma equipe de aurores confiáveis para a entrada no esconderijo de Dolohov e a possibilidade de que tudo aquilo tivesse um fim era emocionante. Sem novas ameaças a seus amigos, sem o medo de voltar a sua casa e encontrar tudo revirada mais uma vez.

Sem o medo do que poderiam ou não fazer a Gina, mesmo que a ruiva fosse extremamente teimosa e melhor do que ele em duelos.

—Queria ir com vocês. -Gina murmurou, deitada em seu peito após uma noite intensa e apaixonada com seu marido.

—Eu sei. -Harry disse, beijando o topo da cabeça dela. -Eu sei, mas preciso que fique aqui.

—Promete que vai voltar, Harry Potter?

—Eu sempre volto. -Ele disse, a puxando para um beijo demorado. -Vou trazer o Ronald de volta pra casa, sei que está preocupada.

—Eu estou puta. -Corrigiu e ele riu.

—É, eu também. Preciso entender o que diabos ele estava pensando.

—Eu preciso dar uma surra nele.

—Não deveria se estressar, sabia? Eu vou resolver.

—Eu sei que vai, mas não posso não me preocupar. -Ela disse, baixinho. -Harry?

—Uhn?

—Posso te pedir uma coisa?

—Qualquer coisa.

—Eu sei que você confia nos seus homens e os treinou para essas situações, mas eu gostaria que reunisse a Ordem da Fênix para isso. Eu ficaria mais tranquila se soubesse que há pessoas que realmente se importam com você, pessoas de confiança, ao seu lado nessa.

—Ginny...

—Por favor, ao menos tente falar com eles? Muitos tem famílias agora, e eu sei que é egoísmo da minha parte pedir isso, mas eu preciso saber que seus amigos estarão lá, todos prontos para te ajudar como fizeram na guerra.

Potter olhou nos olhos da esposa por um momento. Não queria sentir o peso de colocar seus amigos em uma zona de guerra novamente, assim como não suportaria se perdesse algum deles. Ginny estava com medo, ele podia ver, mas o medo não a impedia de estar certa. A antiga Ordem da Fênix era de confiança e ele sabia que sempre fora mais forte ao lado de seus amigos.
Harry beijou a testa dela e lhe deu um sorriso, acariciando os longos cabelos ruivos que caiam pelas costas nuas dela.

—Vou falar com eles.

...

—Pode contar comigo e com Rolf, Harry. -Luna foi a primeira a se levantar, com um sorriso nos lábios. A loira segurava a mão do namorado, que balançou a cabeça em concordância.

—Qualquer amigo da Luna é meu amigo também e eu faço qualquer coisa por eles. -Ele disse.

—Estou com vocês também, Harry. -Neville se prontificou. -Vou falar com a Ana, tenho certeza que ela vai apoiar.

—Como ela está, Nev? -Ginny perguntou.

—Bem, ela está muito bem. -Contou, animado. -E a minha garotinha... Ela é a coisa mais linda que já vi, estou completamente apaixonado.

—Ficamos felizes por vocês. -Hermione sorriu.

—Estou dentro, mas realmente espero que não me levem a outra orelha. -George disse.

—Fique tranquilo, eu te amo mesmo sem ela. -Angelina sorriu para o marido.

—Conte comigo. -Percy disse.

—Eu também. -Astoria se prontificou. -Estava mesmo com vontade de chutar a bunda de uns comensais.

—Minha noiva, senhoras e senhores. -Theo murmurou, rindo.

—Noiva? -Cho perguntou com as sobrancelhas arqueadas. De todas as pessoas com quem conviveu em Hogwarts, a última pessoa que esperava que fosse se casar era Theodore Nott.

—Longa história.

—Bill e eu também parrticiparremos.

—Muito obrigado, Fleur. -Harry disse. -Obrigado a vocês todos.

E então Gina sorriu, tranquila quando todos os membros da Ordem, sem exceção, se comprometeram a lutar ao lado de Harry novamente se fosse preciso e desta vez tinham ainda mais aliados já que os amigos de Draco também se juntaram ao time. Todos lutando contra a nova ameaça ao mundo bruxo, pois nem mesmo Merlin seria capaz de dizer o que eles fariam caso conseguissem o que queriam.

O que for preciso
Pois eu amo a adrenalina em minhas veias
Eu faço o que for preciso
Pois eu amo a sensação
De quando eu quebro as correntes