Wesen Para Vingar escrita por GhostOne


Capítulo 6
Esquadrão Anti-Alicard


Notas iniciais do capítulo

CARACAAAAAAAAAAAAAAAAA
E AÊ GALERÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ
Depois de um fucking block, eu voltei! E esse bloqueio foi tão fu que eu não tô muito bem das pernas, ou seja, o capítulo pode estar fraquinho. Queria pedir pra todo mundo rezar pra chegar logo 2 de janeiro, porque vai sair o episódio sete de RWBY e eu PRECISO dele, eu preciso saber que minha mãe Winter tá salva por mais um episódio! E rezem pra ela não morrer! Ç.Ç #SaveWinter2k16
E se você achar que não tem motivo, SEM RWBY NÃO TEM MAIS WPV!
Quote de hoje: da Bela Adormecida. Caso alguém não entenda, analisem os pensamentos do Nick, eu acho que se aplica.



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"Tu, espada da verdade, voa rápida e certeira, que o mal morre e o bem perdura!"

*Bárbara*

Olhei para o topo do prédio incrível, rico e puro dinheiro enquanto eu suspirava e tentava pensar no que Emily diria. Provavelmente ela me chutaria no mesmo segundo. Eu nem sabia o que eu iria dizer.

Suspirei. Mas eu queria agradecer. Assim que acordei, do lado de fora do box, eu senti o cheiro do perfume caro e soube que minha melhor amiga tinha ido ali e me ajudado. E eu sabia que ela não faria aquilo se me odiasse tanto quanto proclamou.

Enfim, suspirei e entrei no lugar.

− Bom dia, senhora. – A semelhança com uma atendente de telemarketing quase me fez rir. – Hora marcada com?

Opa.

− Hm... Não tenho hora marcada.

− Então não pode subir. Desculpe, senhora. – Suspirei e mordi os lábios.

− Olha, a futura CEO dessa empresa era minha melhor amiga. E eu preciso falar com ela urgente...

− Quanto drama – A voz de Jaline surgiu de um dos elevadores. – Bárbara. Faz um tempinho, não faz?

*

Jaline me chamou para que saíssemos da empresa, afinal, ali não era o lugar de se tratar de dramas familiares. Ela queria saber o meu lado da história.

− Como irmã da Emily, eu falo que não poderia estar mais chateada com você. – Ela afirmou. Eu me sentia um tanto humilhada, nas minhas roupas mais bonitas, mas nada se comparava ao blazer e saia que ela usava, tão formais e ricos. – Mas a minha irmã tem uma tendência horrível ao extremismo. E eu vim ver o seu lado, como eu disse. Pelo o que eu via, você não é mal amiga. Então não faria isso com ela, faria?

− Claro que não! Ela não é só minha amiga pra mim, ela é minha irmã.

− Então quem avançou foi... Adam?

− Foi. Todas as vezes, ele que me procurou. Eu nunca senti nenhum interesse nele. – Ficamos caladas por alguns segundos. – Juro.

− E eu acredito. Mas quando a pressionei para me contar o que aconteceu, além de quase morrer, ela me disse que te viu retribuir. Isso me faz estranhar...

− É que, apesar de não querer os beijos dele... – Passei as mãos pelo cabelo. – Eram os meus primeiros. Só Deus sabe como eram bons. Surpreendentes...

− Isso não está te ajudando. Vamos tomar um café? Quero um café desde depois do almoço e sinceramente, minha empresa é a dominação em joias, mas em café somos uma negação. – E nós fomos até o café da esquina, pequeno mas arrumadinho. – Mas então, você queria beijá-lo? Ficar com ele?

− Não porque ele era da Emily. Mas, se fosse só pelos beijos...

Nós ficamos caladas.

− Adam se foi. Eu garanti que ele nunca mais pisasse em Portland. – Jaline parou de falar assim que a mulher se aproximou, pedindo um café puro com uma dose de expresso. – Agora eu vou funcionar o dia todo.

− Mas como você fez isso?

− Eu não acho que ele vá voltar, porque eu avisei que estou de olho no que quer que ele faça, e se ele pisar aqui de novo, eu derreto a outra perna dele. – Ela sorriu para mim.

− O que Emily pensa de mim?

− Te acha uma traidora suja, assim como a sua outra amiga e o ex. Eu e Carla estamos tentando fazer Emily enxergar que você tinha sido pega de surpresa, que o verdadeiro culpado é ele e ele só.

− Obrigada. E, olha, apesar dos beijos dele serem bons, não valiam a pena. Não compensavam perder minha melhor amiga. – Passei as mãos pelo meu cabelo. Como eu diria aquilo?

— Eu e Emy... Sempre fomos ligadas. Alicia sempre parecia distante; sim, ela também era nossa melhor amiga, mas sempre focada no seu plano, sempre procurando chegar logo aqui, sempre... Um lado dela, quando ela se voltava aos nossos próximos passos, parecia que ela era puro gelo. E nós duas acabamos nos aproximando mais uma da outra. Alicia nunca reclamou, porque nunca a excluíamos de verdade. Mas... Eu sinto falta do que nós duas tínhamos. Quero isso de volta.

Jaline suspirou, mexendo seu café com uma daquelas colherzinhas estranhas.

− Eu imagino. Mas duvido que seja tão fácil. – Ela tomou um gole do seu café, parecendo apreciar o gosto amargo da bebida. – Obrigada, Deus.

− Ahn, eu poderia usar seus conselhos, Line... – Os olhos claros pareceram penetrar em mim como facas. – Eu posso não ter me apaixonado pelo namorado da Emily, mas... Agora aconteceu de verdade. Eu estou meio... Um pouco... Apaixonada pelo namorado da minha melhor amiga.

*Alicia*

Não.

Não não nãonãonão.

E ali eu estava, encarando uma versão de três pernas do Renard (via enigma da Esfinge) do lado de uma loira grosseiramente linda e grávida de uns, eu chuto, seis ou sete meses.

E a palavra da loira ressoava em minha mente várias vezes, como um eco. Ela havia chamado o Renard de amor.

Ela estava grávida dele.

Renard ia ser pai, e não era da minha filha.

− Então, querido, quem é ela? – A fulana ajeitou-se, cruzando os braços e ficando ainda mais... Ela. Eu sei que é errado julgá-la por estar com o Renard, mas pra mim ela já tinha jeito de vaca.

Renard, por outro lado, parecia confrontado com a pior situação de sua vida. Ele me olhou de cima a baixo, tentando provavelmente me reconhecer na nova versão punk da Alicia.

Ele mordeu o lábio, e sua outra mão, a livre, apertou a coxa, como se ele estivesse tentando se conter.

− Uma amiga. – Revirei os olhos.

− Ah, se não vai nos apresentar direito, eu faço isso. – Dei uns passos à frente, tentando o melhor possível disfarçar que havia um conjunto de facas todinho enfiado no meu coração, fazendo cada batida ser dolorosa. – Sou Alicia. Oi, loira grávida do meu “amigo”.

E então eu vi os olhos azuis escurecerem, como se ela ficasse além de furiosa. E ela fez algo que eu não esperava.

− Meu nome é Adalind e você vai morrer. – Ela me jogou contra a parede, e então as mãos bonitas envolveram minha garganta e meu Deus do céu, que força! Os dois polegares dela pressionaram minha traqueia, as unhas beliscando minha pele e meu suprimento de oxigênio foi acabando. Tentei gritar, puxar o ar, mas ela estava fazendo um bom trabalho. Arranhei seus antebraços e ela chiou, mas não me soltou.

− Adalind! – Renard pegou ela pelos ombros e a puxou com força, para longe de mim. – Solta! Tá ficando louca?

− Ela era a sua amante! Ela veio pra tirar você de mim! – Inspirei o mais profundamente que pude, sentindo o ar fresquinho parar a leve agonia em meus pulmões. – Você é meu! Ele é meu! Tá me ouvindo, Alicia? Sean Renard é meu! MEU!

Tossi um pouco.

− Tô... – Renard deu uma olhadinha em mim e então foi afrouxando o aperto nos ombros da tal Adalind.

− Amor, eu preciso que você saia de casa. Eu e ela vamos precisar de uma conversinha breve... – Quando olhei pra cima, vi o rosto dela do meu ângulo caído no chão, e ela estava com cara de choro. – Você sabe que eu te amo, e nunca te trairia, meu amor.

− Mas eu não confio nela.

− Eu consigo controlá-la, acredite em mim. – Ele beijou a testa dela. – Por favor.

Adalind estava emburrada, e saiu meio que contra sua vontade. Renard suspirou e esfregou a têmpora com a mão que não segurava a bengala.

− Graças a Deus. Ela já estava se insinuando para mim antes de você chegar. – Ele se aproximou de mim. – Alicia.

− Renard. – Mordi o lábio e senti uma agonia no estômago, algo que não tinha relação nenhuma com meus sentimentos confusos. – Bengala bacana.

− Estilo legal. – Parecia que a distância entre nós estava diminuindo. – Por onde esteve?

− Hm... Santa Monica... Los Angeles... Muitos lugares para lembrar. – Virei-me e fui me servir de um pouco de uísque. – E você? Onde encontrou essa mulher? Deve ter sido bem rápido, já que ela parece ter seis e tal meses de gravidez e eu fui embora há exatamente esse tempo...

− Não foi depois de você ir embora. Eu não estava em condições de fazer alguma coisa, qualquer coisa. – Ele me acompanhou, a bengala fazendo tucs opacos a cada passo. – Adalind, na verdade, já tem quase oito meses.

− Parabéns pela esposa e pelo filho.

− Não é minha esposa. E não me deseje felicidades, nem eu estou feliz. – Curvei uma sobrancelha. – Sim, é meu filho. Mas essa mulher já fez coisas muito ruins. Ela é má. Horrível. Uma pessoa que eu gostaria de apagar. Mas não posso, porque agora minha criança depende dela.

Franzi a testa, ouvindo uma espécie de sussurro no fundo da mente, como um murmúrio de um demônio morto há tempos.

Aquela voz...

− Entendi, apesar de estranhar que você a chame de “meu amor”.

− A explicação é longa.

− Bom, nós dois temos dúvidas, então que tal fazermos um joguinho de “você pergunta, eu pergunto”? – Ele simplesmente me encarou, enquanto eu sentava em cima da bancada com um copo cheinho de uísque. – Eu começo. Que história é essa?

− Bom... – Ele se encostou na bancada, ao meu lado. – Antes de você aparecer, Adalind era minha aliada. Lembra que eu e Juliette já fomos obcecados um com o outro?

− Lembro.

− Culpa dela. Adalind perdeu os poderes e ficou descontando no Nick... E em mim, eu suponho. No fim, ela voltou pra cá, eu estava tenso de todas as maneiras possíveis e foi fácil de ser manipulado. E ela engravidou.

− E você ficou caidinho.

− Deus me livre. – Ele suspirou. – Adalind era uma Hexenbiest, e esse tipo de mulher, quando engravida, desenvolve uma espécie de instinto possessivo que a faz querer manter o pai da criança com ela e “apaixonado” não importa o que custe. Eu só estava tentando amansá-la, evitar que ela avançasse ou avance em você de novo. – Esfreguei minha garganta, onde as unhas dela tinham afundado. Deveria ter uma marca ali. – Sinto muito por isso.

− Tudo bem. Eu a entendo.

− Mas isso não é natural. Ela tentou te matar porque achou que nós fôssemos antigos amantes.

— E ela estava errada? – Ele me encarou por alguns segundos antes de continuar como se eu não dissesse dito nada:

− Ela vai eliminar qualquer risco, da maneira que achar melhor. Isso inclui você. – Ele colocou a mão no meu queixo. – Deixa eu ver.

− Não...

− Deixa eu ver, Alicia. – Inclinei a cabeça, e senti os dedos dele escorregarem pela minha garganta. – Droga, as unhas dela te machucaram.

− Já fizeram piores no meu pescoço e ainda estou viva. Garganta cortada seis vezes, rasgada por presas, uma, por garras, duas.

− Que saldo ruim. – Ele continuou alisando meu pescoço. – Você é muito branquinha... – Senti a respiração quente dele na minha pele, e então seus lábios, tão de leve... – Eu senti a sua falta...

− Para. – Pedi, querendo afastar a boca dele por questões de decência, mas se dependesse do resto, eu já teria tirado a roupa pra ele e a roupa dele, e nós estaríamos quebrando o mármore daquela bancada. – Renard...

− Não consigo, você é uma delícia. – E aí ele parou de beijar meu pescoço, mas avançou para minha boca com fome. Eu queria muito que ele me beijasse... – Eu ainda te quero muito...

Mas aí eu tapei a boca dele.

− Chega – Eu disse, meio ofegante porque só Deus sabe as maravilhas que o toque dele no meu quadril fazia. Maaas eu admito que a minha mão estava no seu ombro e a outra estava formigando para tirar sua camisa. – Não pode trair sua esposa.

− Ela não é minha esposa!

− Você vai ter um filho com ela, equivale muita coisa. – Afastei-o de mim. – Tem algo que queira saber de mim?

− Por que foi embora? – Eu sabia que ele iria perguntar aquilo, eu estava sentindo.

− Tinha muita merda rolando. Minhas melhores amigas brigando, eu estava confusa por sua causa e do Michael, e aí de repente Emily e você estavam me acusando, eu não estava me sentindo bem, e ataques de pânico junto com crises existencialistas... Eu me senti sobrecarregada. Quis ir embora.

Ele ficou calado, a mão casualmente pousada na minha cintura.

− Minha vez. – Meu instinto estava gritando para eu perguntar: − Você ainda acha que fui eu que te ataquei? – Renard demorou para responder.

− Não. Sua amiga e seu namoradinho vieram aqui, estavam verificando. Eles acham que alguém tomou sua aparência. E eu tinha minhas suspeitas. – Tentei conter um sorrisinho. – Minha vez. – Ele aproximou o rosto do meu. – Ou você quer saber algo?

− Eu sei que não é legal, já que era a sua vez, mas... Você sentiu a minha falta? Mesmo depois do que “eu” fiz a você? – Os segundos de silêncio foram angustiantes, e pra compensar, eu o beijei, com vontade. Passei as mãos pelas coxas dele um pouco, e ele grunhiu, me beijando mais e mais. Mas não durou muito.

− Sim e não. – Meu coração deu uma doída de leve.

− Eu admito que tinha medo de você me odiar. – Renard sorriu de levezinho.

— E então... Alguma vez depois de ir embora você se arrependeu?

Eu deveria ter dito a verdade, ter sido sincera, ter dito que tinha sentido a falta dele, deles, até quase morrer de solidão e ter que apelar à drogas para amenizar. Mas eu não disse nada disso.

− Não. Eu consegui não sentir a falta de vocês, nem me arrepender. – A dor nos olhos dele foi rápida, mas intensa. – Desculpe.

− Não... Não precisa. – Ele se afastou de mim, e uma parte de mim gritou, o que restava de Alicia em mim gritou para que eu o puxasse de volta e o beijasse. – Bom, você voltou. Quando vai embora de novo?

− Eu vou embora assim que descobrir quem foi que tomou minha aparência. – Ele assentiu, devagar.

− Ainda tem muitas coisas em você que eu quero entender, Alicia. Por exemplo, esse cheiro estranho azedo que eu senti no seu pescoço e que eu sou familiarizado por um ou dois drogados que já prendi ao longo da carreira.

Ficamos calados, ele porque esperava uma resposta, eu porque tinha sido muito pega de surpresa.

− Eu... É uma longa história, e sua esposa pode voltar a qualquer minuto. – Deixei o copo na bancada e pulei dali, pronta para ir embora.

− Não antes de me dizer o porquê disso. – E uma irritação começou a brotar em mim.

− Eu queria mudar e experimentar. Serve? – E dei passos brutos, pesados, para ir embora dali. (O mais brutos e pesados possível nos meus saltos.) – Foi bom te rever, Renard. O que eu sinto por você não mudou nada. Continua tão forte quanto antes.

− Eu também.

Eu estava de costas para ele, porque se eu o encarasse, se eu o visse se aproximar, iríamos fazer uma grande besteira.

− Tente não me fazer vir te ver.

E bati a porta entre nós antes que pudessem haver protestos.

*Nick*

Adalind estava surtando.

Sabe o que é surtando?

24 mensagens em menos de dois (DOIS) minutos. Era assim que eu sabia que ela estava pirando.

Liguei para ela do lado de fora da delegacia.

− Que é que tu quer, desgraça? – Esbravejei assim que ela atendeu.

Não grita comigo! Sua irmãzinha está no apartamento do meu homem. — Suspirei.

− Adalind, sei que você quer mais que tudo provar que eles dois foram amantes ou querem ser amantes ou qualquer coisa assim... Mas eu já disse, sem provas, sem acusação.

− Eu dei um jeito de conseguir provas. — Nervoso nervoso nervoso puro. – Renard não é o único que sabe o truque do celular descartável. Meu extra está escondido dentro da minha bolsa, junto com um gravador de garantia. Os dois estão funcionando. Espero que possamos pegar algo.

Eu fiquei mudo de surpresa, de nervoso, de euforia.

− Você é inteligente, quem diria.

Vá se danar, Nick. Eu sou loira mas não sou burra. Enfim, se eles forem amantes – eca – o que vamos fazer?

Boa pergunta.

− Que tal eu dar um jeito na minha irmã e você dar um jeito no pai do seu filho, isso se eu conseguir me controlar pra ir trabalhar com o capitão sem querer estrangulá-lo?

Correção: minha alma gêmea. Isso que o Renard é. — Agradeci por ser uma chamada, não uma conferência de vídeo, porque eu pude revirar meus olhos o quanto quisesse. — Feito. Mas tente não matá-lo, eu vou te matar se você fizer isso e depois vou me matar porque nós devemos ficar juntos para todo o sempre.

− Bom, já que estamos combinados, e parece que matar os dois é um ótimo negócio, eu vou desligar e voltar a trabalhar. – Terminei a ligação e voltei para dentro do precinto, indo pra minha mesa analisar uns detalhes de um relatório.

Eu iria mesmo querer dar uma boa lição na minha irmã. Renard era pra se negociar, trabalhar com, não pra ter uma relação emocional afetiva. Não pra namorar, ter paixonites, nada do tipo.

Porque Renard era incapaz de formar laços afetivos com qualquer um. Como ela não conseguia ver aquilo? Como ela não enxergava que possivelmente ele só a estava usando, como se ela fosse uma boneca? Que estava sugando ela de toda a informação possível e a usando para fazer um possível trabalho sujo? Eu só queria proteger minha irmãzinha. Eu ser usado era uma coisa, eu poderia contornar a situação. Mas ela?

Tudo o que ele pensava eram negócios, era do seu plano estranho e obscuro com os nobres, usar as pessoas. Ele não se importava com sentimentos ou com objetivos dos outros. Éramos todos objetos.

Ele não iria usar minha irmã. Eu não a perderia.

Suspirei. Eu tinha que focar, mas parecia que as mensagens não me deixariam em paz. Meu celular começou a fazer sonzinhos de novo.

Era Michael.

“Oi, cunhado. Enfim, cheguei com a sua irmã, só que ela quer ser o macho da relação, então não posso garantir que ela vai te ver hoje...

Ou amanhã.

Vou ver o que posso fazer. Mas você sabe o hotel e o número do quarto que eu fico, caso queira vê-la.”

Bom, era o que eu precisava. Minha irmã esquiva e estranha.

Aí veio mais uma mensagem.

“E pode até parecer uma versão punk dela, mas é a Alicia, eu juro.”

Droga, enquanto estava longe minha irmã se transformou na versão punk dela mesma? Quantas coisas eu perdi?

Bom, seis meses era muito tempo. Nós dois seríamos como estranhos, mais uma vez.

E aí veio uma ideia na minha mente, mas eu teria que discuti-la pessoalmente com ele. Michael era um híbrido, poderia ver de longe, fugir rapidamente, tinha memória boa. (E poderia ser muito bom como assassino de aluguel.)

Ele também tinha motivo para desgostar de Renard.

Que tal incluí-lo na equipe anti-Alicia e Renard? (Seria mais fácil reduzir o nome dos dois a uma palavra. Hm... Renalicia? Alinard? Alicard? Alicard soa bom.)

Era uma muito boa ideia. Então, mandei uma mensagem para ele, pedindo para vê-lo na minha casa, de noite. Eu iria ver o quanto ele poderia nos ajudar, ou o quanto ele gostaria de nos ajudar.

*Michael*

Dois sanduíches, na verdade, três, porque eu lembrei da minha melhor amiga que merecia comer também. E voltou a ser dois depois que eu trucidei o meu.

Enquanto estava engolindo meu almoço, meu cunhado respondeu às duas mensagens, pedindo que eu fosse vê-lo, à noite, na sua casa.

Iiiiiiiish.

Hmmm, ele sabe que eu tô namorando a irmã dele, né? E que eu não tenho nenhuma tendência ao homossexualismo, né? Sem preconceitos com quem tem, na verdade eu amo os gays, eles deixam mais garotas à minha disposição. (Eu sempre me perguntei como seria se meu irmão fosse gay.)

Enfim, de qualquer maneira, eu disse que sim. Eu queria saber qual era o assunto, esse era o único motivo. E, se meu cunhado realmente quisesse me dar uns pegas, eu iria muito delicadamente lhe dar um tapa porque ele (nós dois, na verdade) tinha namorada e não deveria traí-la.

Por falar no diabo que é ter namorada...

Alicia, eu sabia que ela já tinha ido ver o amante dela. Ela achava que eu era anta ou o quê? Eu tinha visto minha namorada lá, mas não quis ficar para a exibição de amor deles. (Eu deveria ter filmado. Uns bons sites pagariam uma nota pela sextape.)

Sabe o mais assustador? Se prepare.

Eu não tinha ficado tão ofendido quanto antes. Eu deveria ter ficado furioso, mas quando vi... Parecia reassistir um filme e já estar preparado para o susto.

Talvez fosse isso mesmo, como eu já tivesse visto eles juntos antes, eu não estivesse mais tão surpreso. Mesmo assim, eu sabia que deveria estar com raiva. Sentido. Preocupado. Triste. Com dor de cabeça, caramba, eu tava levando chifre.

Mas não.

Outro talvez era que eu estava com a cabeça focada demais no sumiço da Bárbara para pensar adequadamente no reco-reco que deveria estar ocorrendo entre minha namorada e seu amante.

Eu estava pensando muito na Barbie... Ela tinha sumido, eu queria saber onde ela estava. Eu queria ter chegado para vê-la, não para achar o quarto vazio. Eu queria ela para me aconselhar, abraçar, me ajudar com a Alicia...

Droga, era traição pensar na melhor amiga da minha namorada assim, de maneira tão íntima, apesar da falta de sentimentos românticos?

Bom, a minha namorada já estava pegando no que tinha dentro das calças de outro homem, ou vice-versa, ou pelo menos estavam se pegando. Então seria só dar o troco na mesma moeda, não é?

Na verdade, eu não pensava na Barbie daquele jeito. Era mais curiosidade, juro juradinho. (Mas alguém vai acreditar? Nãããão, claro que não.)

A ideia de fazer com Barbie o que Alicia fizesse com o capitão me deu arrepios na espinha. Eu não sabia definir o teor daqueles arrepios.

Então, guardei os dois sanduíches na geladeirinha e fiquei deitado, esperando alguma delas voltar.

A primeira que voltou foi Bárbara. Alguns minutos depois de eu chegar, na verdade.

− Você voltou! – Minha alegria ao vê-la era comparável a dela, quando ela se jogou em cima de mim (doeu, caramba) e nos abraçamos e rolamos na cama, rindo. – Quando chegou?

− Algumas horas atrás... Fui comprar uns sanduíches, tem pra você na geladeira. – Eu rolei e me deitei com a cabeça nos seus seios, porque seios são fofos e dão um bom travesseiro. – Que lindaaaa, tá vermelha...

− Onde está Alicia? – Ela me afastou de si um pouco. – Você está aqui, ela também está, não é? Então cadê ela? Aquela é a mochila dela...

− Ei, ei, calma! – Eu ri do jeito apressado dela. − Foi ver alguém. Ela está toda punk, agressiva, então não estranhe, ok? – Barbie pareceu decepcionada. – Sério. Tome cuidado pra falar com ela, sestra.

− Está muito ruim?

− Péssima. Parece um urso furioso. – Ela fez um muxoxo. – Nem consegui sequer convencê-la a ir ver o Nick.

− Nossa. Está difícil mesmo, hein? – Assenti. – Ela deveria ver o capitão.

− Hã... – Eu fui sentando na cama, assim como a garota dos olhos puxados. – Eu... Acho que ela já está fazendo isso. – Ficamos calados, e aí me caiu uma ficha.

Barbie não iria mais precisar de mim.

Ela e Ally eram amigas faz eternidades. Agora que teriam uma a outra, Barbie iria se afastar de mim, porque não iria mais precisar de mim. Ela teria uma amiga de longa data e que a entendia melhor, além de ser do mesmo sexo. Era essa a verdade.

Eu ficaria sozinho.

— Vou sentir sua falta.

− Mas eu não vou embora. – Ela disse, rindo.

− Eu sei, mas bem, você vai ter a Alicia agora. Não vai precisar de mim. – Ela esticou a mão e tocou o meu rosto.

− Michael, bobinho. Ty dlya menya. – “Você é único pra mim”. Eu sorri com a declaração.

Vy takzhe yavlyayutsya dlya menya. – “Você também é única para mim”. Nós sorrimos mais ainda.

− Vamos só esperar ela chegar? Só isso? Nada mais? Que chato. – Ela deitou no meu peito e foi fechando os olhos. – Estou cansada. Posso dormir?

− Sempre pôde e sempre vai poder. – Então Barbie dormiu, e eu pude pensar por uns 15 minutos antes de Alicia chegar.

Basicamente, eu pensei no que meu cunhado iria querer comigo, provavelmente saber da irmã, porque ela estava punk, como ela estava, preparação psicológica. E pensar porque o amor do meu coração tinha mudado tanto.

Quer dizer, era parte da lógica de você fugir, mudar sua aparência, seu jeito de ser, especialmente para nômades como Alicia e Bárbara e Emily tinham sido. Mas por que uma mudança tão drástica? O cabelo tinha sido cortado na metade, alisado, mechas azuis, e a mulher que eu conheci tão linda, luminosa e perfeita, com um estilo normal mas saudável de repente havia virado um ser escuro, trevoso e quase demoníaco.

Era como se ela quisesse quase se livrar de si mesma... Mas por quê? Qual era o problema com Alicia? Ela, eu já tinha dito, era o ser mais perfeito que eu tinha conhecido.

Então me veio a necessidade de protegê-la. O meu anjo pessoal, humano e particular ainda não sabia o quanto era perfeita e eu a lembraria daquilo pelo resto da minha vida se fosse o necessário para que ela compreendesse.

Eu suspirei. As coisas estavam ficando confusas e se Nira soubesse que eu estava tentando desviar o curso do nosso plano para proteger Alicia... Eu amava demais meu pescoço pra deixar isso acontecer.

E aí ela chegou.

Ficou calada por um tempo, observando eu e Barbie tão tranquilos e aconchegados na cama. Fiquei pensando se Alicia não ia dar uma de Emily 2.0.

− Ow. – Ela encostou-se com o quadril no batente da porta. – Estou interrompendo?

− Não, claro que... – Comecei a sair de baixo da Barbie. – Não.

Ela riu e se sentou na cama que estava vaga, olhando ao redor.

− Eu lembro disso aqui... – Ela passou a mão no colchão da cama. – Lembro de acordar nessa cama depois de um ataque sem ter ideia de quão ferrada minha vida tinha ficado enquanto eu estava desmaiada.

− Eu só lembro de como você parecia uma versão mais durona da Bela Adormecida. – Fiquei de pé, aproximando-me da minha namorada. – Então, como foi com quem quer que você tenha ido ver?

− Só pra não termos segredos, fui ver o capitão. E, hm, foi... Interessante. – Ela passou os dedos pela garganta. – Ele realmente está de bengala.

− Parece o Doutor House. – Eu sorri. – A cara fechada, a bengala, as roupas. Sem a gravata, uma barba e largando a polícia pra virar médico...

− Deus o livre. – Ela passou a mão pelo cabelo curtinho. – Às vezes eu sinto falta do meu cabelo comprido...

− Só do cabelo? – Pressionei, e ela revirou os olhos. – É sério, Alicia... Por quê tudo isso?

− É o que fazemos para fugir e não sermos mais achadas. Eu queria mudar... Já disse. Alicia era muito sofrida e Jane era tão mais simples, de bem com a vida...

− Mas eu te disse tantas vezes, a Alicia é perfeita e nada nela deveria ser mudado. – Abracei-a firmemente, sentindo-a relaxar. – Eu sonhei com você o tempo todo... Queria tanto que você voltasse...

− Então aproveite enquanto eu voltei. Eu já disse que não vou ficar aqui por muito tempo. – Droga, Alicia era irredutível. Não que me surpreendesse. – Então, enquanto Barbie dorme, quer me beijar?

Eu sorri e foi o que eu fiz. Os lábios dela eram macios como eu me lembrava e gostosos, quase como eu lembrava.

Mas tinha um gosto ruim ali, meio azedo, meio amargo, meio ardente e meio defumado, o gosto dos cigarros, álcool e drogas. Não era o gosto de Alicia. Ela tinha um sabor suave e sim, meio agridoce, mas de um jeito agradável.

Ai, eu teria muito com o que lidar.

*Nick*

Por...

Que...

Eu fui...

Pedir ajuda...

Da coisa loira grávida do filho do meu chefe?

Agora eu estava parado no meio da rua (eu e meu carro, na verdade) esperando uma aparição de 80% de chance dela não vir. Eu não sabia que coisas estariam gravadas ali, e a gravação poderia ser bem vagabunda, anda, então eu estava meio que esperando de trouxa.

Só que os 20% foram os que vingaram.

− Cheguei – Ela disse, abrindo a porta com tudo. – Renard acha que saí pra passear. As gravações não estão de todo ruins. Ainda dá pra ouvir o que eles dizem.

− Não precisa se preocupar com eu ouvir ou não. Tenho ouvido bom. – Ela revirou os olhos e então começou a tocar a gravação.

Eu teria dado tudo que tinha para parar a gravação. A ignorância é uma bênção, eles dizem.

Eu nunca botei fé, mas talvez eles sejam grandes sábios.

“− Então, querido, quem é ela?

− Uma amiga.

− Ah, se não vai nos apresentar direito, eu faço isso. Sou Alicia. Oi, loira grávida do meu “amigo”.

− Meu nome é Adalind e você vai morrer.”

Houve o som de um baque, o Renard gritando, chiados como quem...

− Você estrangulou a minha irmã?

− Ela quer tirar o amor da minha vida! – Ela se defendeu, erguendo uma mão, e eu a segurei, com força. – Ai!

− Calada, é firme mas não é forte. Se machucar a minha irmãzinha mais uma vez, eu não vou ligar se você está grávida ou não, entendeu? – Quando Adalind se recusou a acreditar em mim, coloquei dois dedos sobre a junção de seu pulso e pressionei, forçando os ossos a se separarem contra o ligamento.

— Ai! Entendi, agora me solta!

“– Por favor.” Houve uma pausa longa, e então... “Graças a Deus. Ela já estava se insinuando para mim antes de você chegar. Alicia.

− Renard. Bengala bacana.

− Estilo legal. Por onde esteve?

− Hm... Santa Monica... Los Angeles... Muitos lugares para lembrar.” Levou algum tempo até chegarmos à primeira parte chocante.

“− Parabéns pela esposa e pelo filho.

− Não é minha esposa. E não me deseje felicidades, nem eu estou feliz. Sim, é meu filho. Mas essa mulher já fez coisas muito ruins. Ela é má. Horrível. Uma pessoa que eu gostaria de apagar. Mas não posso, porque agora minha criança depende dela.

− Entendi, apesar de estranhar que você a chame de “meu amor”.

− A explicação é longa.” A gravação foi pausada. Quando olhei para Adalind, seus olhos estavam cheios de lágrimas.

− O Sean... – Uma gotinha escorreu pelo seu rosto. – Ele não me quer? Nós somos... Nós devemos ficar juntos, eu o amo e ele me ama de volta...

− Ahn, que tal a gente pular essa parte? – Tomei o aparelho dela. − Eu escuto tudo e te passo as partes que realmente queremos ouvir, tipo, eles se declarando ou coisa semelhante. – Ela quase pegou o gravador, mas eu o tirei do alcance dela. – Calma, mulher traída furiosa.

− Ele só está dizendo isso por causa dela, quer que ela volte a ser amante dele! – Ela esticou as mãos. – Deixe sua irmã longe dele!

− Se destruir isso, nunca teremos com o que confrontar os dois, você passa o resto da sua vida sofrendo por algo que pode ser sua cabeça paranoica que criou e eu posso acabar paranoico também. Agora, se aquieta aí que eu vou ouvir tudo aqui fora. – A loira começou a fungar e, por empatia, fiquei mal por ela. – Ei, se acalme. Vai dar tudo certo.

Ela assentiu e eu saí.

Os dois fizeram um mini Perguntas e Respostas para tirar a dúvida um do outro, até chegar um momento que...

Bom...

Era simplesmente o início da prova.

“− Tudo bem. Eu a entendo.

− Mas isso não é natural. Ela tentou te matar porque achou que nós fôssemos antigos amantes.

— E ela estava errada?

− Ela vai eliminar qualquer risco, da maneira que achar melhor. Isso inclui você. Deixa eu ver.

− Não...

− Deixa eu ver, Alicia. Droga, as unhas dela te machucaram.

− Já fizeram piores no meu pescoço e ainda estou viva. Garganta cortada seis vezes, rasgada por presas, uma, por garras, duas.

− Que saldo ruim. Você é muito branquinha... Eu senti a sua falta...

− Para. Renard...

− Não consigo, você é uma delícia. Eu ainda te quero muito...

− Chega. Não pode trair sua esposa.

− Ela não é minha esposa!

− Você vai ter um filho com ela, equivale muita coisa.”

As falas deixavam a conversa difusa, quanto a sentidos. Ora Alicia praticamente assumia que os dois eram amantes, ora parecia rejeitar totalmente a ideia. Mas, como ela disse, Renard não poderia trair a “esposa” dele. Ela não ia ser o pivô daquilo.

Mas só ali... “E ela estava errada?”. Minha própria irmã, dizendo aquilo, foi como um tapa na cara.

A segunda parte precisava de uma audição aguçada, como a minha, e uma boa dedução dos sons de fundo.

“– Minha vez. Ou você quer saber algo?

− Eu sei que não é legal, já que era a sua vez, mas... Você sentiu a minha falta? Mesmo depois do que “eu” fiz a você?” A partir daí, dava pra ouvir uns grunhidos, sons que, quando eu ouvi, imediatamente me fizeram pensar em beijo.

Droga. Naquele momento, quase quebrei o gravador na minha mão.

Eles tinham se beijado.

Pulando para a terceira parte chocante: o momento em que eu descubro que minha irmã... Virou usuária de drogas.

E que ela confirma, mais uma vez, assim como ele, que eles já foram amantes.

“− Eu vou embora assim que descobrir quem foi que tomou minha aparência.

− Ainda tem muitas coisas em você que eu quero entender, Alicia. Por exemplo, esse cheiro estranho azedo que eu senti no seu pescoço e que eu sou familiarizado por um ou dois drogados que já prendi ao longo da carreira.

− Eu... É uma longa história, e sua esposa pode voltar a qualquer minuto.

− Não antes de me dizer o porquê disso.

− Eu queria mudar e experimentar. Serve? Foi bom te rever, Renard. O que eu sinto por você não mudou nada. Continua tão forte quanto antes.

− Eu também.

− Tente não me fazer vir te ver.”

A partir daí, era só um monte de tucs da bengala, sons de bebida, um potinho de comprimidos sendo aberto, coisas assim, genéricas.

Mas ali estavam as provas. Eles haviam, sim, sido amantes. Mais de uma frase havia provado o fato. Droga, eles haviam se beijado.

Tive, eu mesmo, que resistir à tentação de quebrar o gravador e matá-los.

Eu precisava de um tempo. Na verdade, eu precisaria de anos para entender, aceitar, que os dois já tinham estado no mesmo ambiente daquela maneira. Além da minha irmãzinha ter uma atração nele... Ela já tinha chegado a estar com ele da maneira que queria.

Bom, era correto assumir que Alicia era atraída pelo Renard, de certa maneira. Só pelo beijo, e por ela ter supostamente sido amante dele por um tempo. Ela não aceitaria só para passar o tempo.

Eu achava. Minha irmã não tinha jeito nem cara de oferecida. Então...

Estava tão difícil tirar a imagem da minha cabeça, eu queria jogar água sanitária no meu cérebro na tentativa de limpá-lo. Eu faria qualquer coisa para mantê-los separados.

E aí lembrei do Michael.

Mandei uma mensagem para ele, avisando que não estava mais em casa, mandando minha nova localização e então me sentei no banco, apoiando a cabeça nas mãos.

A porta do meu carro se abriu e fechou, o som dos saltos no asfalto e então no cimento foi se aproximando.

Adalind sentou ao meu lado, ainda fungando.

− É verdade. – Derrotado, eu admiti. – Eles eram amantes.

− Nós dois... – A voz dela estava arranhando do choro. – Vamos perder alguém que amamos para alguém que odiamos. O que vamos fazer?

− Tem mais alguém – Eu disse, a garganta meio presa. Vi o cabelo loiro dela se mover, e ela estava olhando para mim. – O namorado de minha irmã. Ele vai entrar no nosso esquadrão.

− E fazer o quê?

− Eu não sei, Adalind! O que podemos fazer? Confrontar os dois... Isso seria muito cedo, muito rápido, precisaríamos pegar os dois no flagra.

− Nós já temos as provas! Vamos confrontá-los sim! Eu preciso disso! Eu não posso deixar que minha alma gêmea... Que ele me troque, troque nossa filha...

− Ok, e se fizermos assim? Tentamos mais alguma coisa, qualquer coisa, só mais uma prova, dessa vez visual... – Ela estava prestes a protestar. – Temos que ter evidências. Muitas. Coisas que não possam ser distorcidas, esse áudio deixa claro, mas é difuso. Sem imagem...

− Você vive nessa desculpa de que precisamos de evidências! Está com medo de ter que encará-los?

Sim.

Estava.

Ter que admitir que, debaixo do meu nariz, meu chefe havia me tirado a segunda mulher mais importante da minha vida era doloroso, ofensivo e enfurecedor. Eu estava sentindo meu controle quebrando, rachando nas beiradas, e aquilo era perigoso. Se eu tivesse que encarar um dos dois muito em breve...

E o som de uma moto veio na nossa direção.

Michael, obviamente, parou bem na frente, vestido do seu jeito tão expressivo.

− Oh... – Ele tirou o capacete, parecendo abalado. – Eu já chego com choro? Nossa, deveria ter chegado mais cedo. Olá, cunhado e moça grávida bonita. – Michael pulou da moto e seus movimentos por algum motivo me lembraram um leão, de certa maneira graciosos mas fatais.

− Oi, Michael.

− Então, podem me resumir a situação? – Ele sentou no espaço vago do banco, ao lado de Adalind. – Rapidinho, por favor.

− Alicia tem um caso com meu chefe. – Ficamos todos calados, enquanto o novo membro do nosso Esquadrão Anti-Alicard processava sua informação. – Precisamos da sua ajuda, porque se eles ainda forem amantes...

− E vocês só descobriram agora? – Nós dois encaramos o moreno. – Assim, eu já sabia deles dois bem antes de Alicia dar a louca punk e fugir de Portland.

Eu fiquei besta.

− E você não falou nada? – Questionei. – Quer dizer...

− Cara, como você é irmão dela, eu achei que já sabia! Geralmente essas coisas a gente conta primeiro pro irmão, pô. Eu contaria. – Ele deu de ombros. – E essa aqui é a esposa dele?

− Ainda não somos casados. Mas vamos ser assim que sua namoradinha sair do caminho. – Adalind atacou. – E então, qual é nosso plano?

− Michael... O quão bom com espionagem você é? – Perguntei. – Quero acumular o máximo de provas possíveis para confrontarmos os dois.

− Hm, eu fui treinado quase como se fosse fazer parte da KGB, então relaxe. Sou muito profissional com essas coisas. Quer foto, áudio, vídeo?

− O que for melhor. – Adalind revirou os olhos.

− Olha, enquanto ele quer ir pelo curso do bem regrado, eu sou o mal caótico*, então se você simplesmente puder tirar sua namoradinha de perto do meu namorado antes que eu tenha que esfaqueá-la seria ótimo, ok? – A loira resumiu, e Michael se inclinou dramaticamente para trás.

− Hm, desculpa, Mal Caótico e Bem Regrado, eu sou o híbrido de vocês dois, então eu posso simplesmente arrumar as evidências, uma faca, ensacar e enviar pros dois com um avizinho: “ou vocês param de se pegar ou a gente lasca com vocês”. Embora eu ainda prefira um pouco mais o plano do meu cunhado. – Eu sorri.

− Ok, veja o que pode fazer. Adalind, se mantenha controlada, e de olho. Eu vou espremer a minha irmã pra ver o que consigo achar. E avisá-la...

− Do quê? – Olhei para a grávida.

− De que o homem que você tanto ama é um perigo pra ela e que eu só quero o bem dela e por isso irei fazer o necessário para separar os dois.

− O necessário dentro das regras. – Ela lembrou.

− Se quiser, eu posso fazer isso. – Michael se ofereceu, mas eu neguei com um movimento de cabeça.

− Não, tudo bem. Só deixe a porta aberta, estarei visitando vocês de manhã.

*Alicia*

Michael tinha saído, Barbie e eu tivemos uns bons minutos de conversa, abraços e risadas, com ela me contando tudo o que estava acontecendo.

Inclusive da Emily.

− Estou tentando me acertar com ela, mas... Ela é cabeça dura, você sabe disso.

− Oh, se sei. – Nós duas rimos. – Mas você nem tentou pressioná-la?

− Eu ia, mas Jaline apareceu... Bem, ela disse que me ajudaria, iria tentar falar com Emily sobre isso tudo. Mas acho que ainda vai demorar uns bons bocados.

Eu perguntei como meu namorado a havia tratado, se ele merecia alguma palmada, mas ela negou com tanta rapidez que foi até engraçado. Ela me disse que os dois eram como irmãos, de tão próximos que se tornaram, e me agradeceu por ter unido os dois.

− Sempre, amiga. – Eu a disse, abraçando-a. – Sempre.

Enfim, conversamos por duas horas, até ela decidir ir dormir e eu decidir ir tomar um banho e umas bebidas. Enquanto estava tirando a roupa, refletindo sobre meu atual e permanente estado de sobriedade e seu limite, eu tive que me olhar no espelho, porque por algum motivo, se tem um espelho no ambiente, eu quero ficar vendo meu rosto o tempo todo.

E quando me olhei na superfície vítrea, vi alguém na imagem refletida que nunca mais pensei que fosse ver.

Seu sorriso de dentes branquinhos, seu cabelo negro comprido, seus olhos da cor da tempestade que destrói casas, sua pele pálida como aquela luz fria...

Ela era eu mesma. A antiga eu. Alicia.

Só que uma outra versão dela.

Naquele momento, eu soube que minha psicopatia com bônus de esquizofrenia havia voltado.

− Olá. Faz um tempinho que não conversamos... Que tal nos servir um pouco de uísque?


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Notas finais do capítulo

JESUS CRISTO.
Então, não é um dos meus melhores, mas era só pra não deixar isso em aberto para sempre. Estou feliz que estou postando e vamos rezar que eu volte à forma de antes!
Nos vemos nos comentários!



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