Jim exlove escrita por 0 Ilimitado


Capítulo 1
JIM (EX)LOVE




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Domingo. Não saberia dizer-te se a noite estava estrelada, a beleza das luzes pineais da cidade roubava a minha atenção, sugando todo o meu foco.

Por simples estímulo audível da minha irmã, Ed Sheron tremia as caixas de som detrás de mim, particularmente não é um estilo que aprecio, contudo as batidas e o tom de voz se igualaram as ignotas emoções que se confrontavam silenciosamente no meu cerne.

Para aumentar o incêndio: avistei de relance a placa de uma moto, FIM, em letras grandes e legíveis. Não acredito em coincidência e nem na morte.

Nunca fui um adepto ao amor, se é assim que devo denominar o que um dia pude sentir. Planejava morar sozinho, gastar o dinheiro em prol das minhas necessidades e nem ao menos me relacionar amorosamente com alguma alma ousada o suficiente. O destino prega peças em você, como as pedras no caminho que só se mostram depois de serem atingidas.

Conheci “alguém”, desculpe meu palavreado trivial, não sou apegado a escrever, porém neste momento me sinto obrigado a fazer isto, preciso que as pessoas entendam a minha fuga e o meu (des)encontro.

Sempre estabeleci pessoas na minha memória poética, pessoas que eu precisava conquistar e no meu pensamento pueril, meus rápidos e despretensiosos olhares as fariam chegar a mim. Perdoe-me, deve estar me remoendo passivamente.

Entrei na faculdade depois de longos dias de estudo e speed, além de bíblias xerocadas (não fiz teologia), o campus acoutava belezas naturais e instigantes. Mas uma principal me chamou atenção: um rico exemplar Rododendro, altivo e chamativo. Sentimentos purpúreos invadiram minha retina e dançavam alegremente, uma dança estranha, semelhante a um ritual de acasalamento.

A placa para dirigir os calouros estava na minha frente, porém esdruxulamente pareceu mais fácil ir falar com ela. Abordando-a, não consegui triangular sua voz, estava fissurado naqueles cabelos, olhos e meu Deus... Aquela silhueta.

Encontrei-a em festas, beijei-a. Quando percebi, estava envolto nos seus lençóis quentes, no último andar de um prédio, num quarto, uma das paredes transparente notificando a beleza da cidade, das luzes e nalgum lugar, nalguma esquina uma placa: FIM, lembra-se?

Os cabelos negros, lisos, um corpo estonteante, coxas carnudas e seios pomposos. Sei que pela minha descrição pareço um concupiscente e hedonista, um esteta perverso, mas não acredite nisso, realmente a amei, pode ter sido primordialmente as suas curvas, logo descobri que as roupas apertadas não chegavam nem perto da intimidade que ela me encarregava quando trajava sua camisa GG que algum namorado esqueceu, as pernas desnudas, os pés descansando no meu peito.

E mais uma vez, cito a camisa, não por deixar os membros nus e sim por exemplificar o ponto que chegamos. Acredite, roupas justas, risos jocosos, olhos vívidos, ocultam uma profundidade inarrável. Maior que eu e você.

Jim chorava todo domingo, já é tarde e eu nunca saberei por qual motivo. Ao pentear o cabelo, havia um ritual, penteava três vezes correto, bagunçava mais três vezes e apenas na quarta vez fazia o penteado definitivo, não podia ter um fio fora do lugar, ao contrário, o ritual reiniciava. Ocasionalmente eu tinha que desmarcar o restaurante, esperando ela se recompor.

Ela só atravessava a rua quando tinha certeza que o carro com a exata distância de 300 metros não a atingiria.

Beijava uma vez à francesa, dois selos molhados e depois um amasso apaixonado e nunca caía na rotina de repetir os beijos, ela sempre achava um modo de me impressionar, se não beijava a minha boca, beijava... A censura não permite (suspiro).

Certa manhã acordei na cama de Jim, eu queria panquecas no ponto. Naquela exata manhã, meu único amor, acordou morta (e olha que não acredito na morte).

Não fisicamente, no entanto o seu interior estava massacrado, na noite de insônia houve uma chacina e eu não estava presente para impedir, dormi dentro de suas pernas e me tornei o carrasco de uma vida, não por tê-la tirado e sim por não ter impedido.

Uma depressão aguda apoderava de seu corpo, suas manias tentavam encobrir o mordaz estado de espírito. Perdi-a. O rododendro abandonou o curso de psicologia, e não me excluiu, eu fugi... Sim, essa é a hora que me crucifica, açoita-me, mas eu estava perdido, quando ela se extraviou de si mesmo, ocasionou o rompimento do meu controle, nocauteou-me.

O que me ronda além de mosquitos nesse calor desgraçado, são os pensamentos que tentam pontificar qual foi o decorrer da história, o que aconteceu com a minha Jim.

Entrelaçou uma corda no pescoço? Jogou-se em águas tempestuosas? Ou está viva noutros braços? Braços de outrem que pode ter sido mais sagaz que eu?

— Se estiver lendo isso, Jim... Apenas me avise que está viva, por mim, pelo que vivemos.

E você, leitor, faria algo para mudar? Arrependo-me de tanto. Indago-me se o que pensa agora é em algo para me confortar; onde ela estaria; ou a melhor característica pejorativa para fincar no meu peito.

FIM

13/09/15


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