New Perspective escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

essa é a 26ª fanfic da série. A anterior se chama "O Primeiro Presente"



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Era mais um dia como outro qualquer na grande P.S. Company. Sereny estava sentada em uma das poltronas da sala do the GazettE, admirando cada pedacinho, as paredes, a mesinha onde alguns papéis estavam espalhados, os instrumentos encostados à parede...

Os gazettos tinham algumas coisas pra resolver na gravadora mesmo durante a turnê e Kouyou não quis deixar a garota sozinha. Ele vinha fazendo de tudo pra que ela não pensasse muito na viagem de volta ao Brasil que se aproximava.

O guitarrista deixara a morena ali por alguns minutos enquanto conversava sobre algumas aparelhagens que ele queria que fossem revistas antes do próximo live por alguns staffs.

Era um ambiente diferente de tudo que ela poderia ter imaginado e a garota tinha gasto muitos anos imaginando como podia ser aquele lugar. Era melhor e mais bonito do que sonhara. Sereny simplesmente não conseguia não sorrir para a sala vazia.

A porta foi aberta e Yutaka entrou por ela carregando uma pilha enorme de papéis que estavam desequilibrados e quase caindo dos braços do baterista. Ela correu até ele pra acudi-lo antes que tudo desabasse.

- Ah, arigato, Ny-chan – o moreninho abriu seu lindo sorriso de covinhas e colocou a papelada sobre a mesa já cheia de papéis, bufando cansado.

- O que é isso, Yuk-chan? – Sereny perguntou, apontando para todos os papéis.

- Eu preciso organizar e passar aos staffs... Sobre a final da turnê e os próximos projetos... Temos que nos preparar para o Ano Novo e Ruki quer gravar um novo PV... Aí, já viu, né? – ele soltou uma risadinha fraca. – Sobra pro líder da banda...

- Você quer que eu te ajude? – a garota sorriu e o baterista ergue as sobrancelhas, surpreso.

- Não precisa se incomodar, Ny-chan... Uruha me mataria se eu colocasse você pra trabalhar...

- Mas eu que me ofereci! E eu não estava fazendo nada aqui... Posso ser útil, não posso?

Yutaka pensou por um momento, ainda hesitante.

- Em dois, iremos mais rápido, Yuk – Sereny tentou persuadi-lo.

- Bom, eu sempre quis muito que alguém me ajudasse nisso... Aqueles quatro simplesmente somem quando se trata desse tipo legal de trabalho, sabe?

Sereny sorriu e se agachou perto da mesinha, distribuindo em pilhas menores os documentos que tinham que ir para diferentes setores. Em pouco tempo, já estava tudo organizado.

- Quer que eu ajude a entregar? Metade pra cada um? – ela sugeriu.

- Já fez bastante por mim, Ny-chan... Não se preocupe que agora eu me viro...

- Vai ser um prazer, Yuk... E você não vai ter que ir pra toda parte... Vai poder cuidar de outras coisas...

Yutaka ficou novamente hesitante, mas Sereny recolheu algumas pilhas e já saiu pela porta. Ela conseguiu terminar de distribuir os documentos aos staffs rapidamente e caminhou de volta a sala do the GazettE.

- Sereny-chan? – ela escutou alguém a chamando e se virou. Era Sakai-san, o agente dos gazettos.

- Algum problema, Sakai-san? – a garota percebeu um leve tom de desespero em seu rosto.

- Bom... Sim. Um de nossos equipamentos ficou no hotel lá nos EUA e eu não estou conseguindo me comunicar direito com eles pra tê-lo de volta... Será que poderia me ajudar?

- Claro que sim – a garota sorriu e foi junto a ele até a sala.

O problema entre o hotel norte-americano e o agente japonês era mesmo idiomático. Sereny explicou a situação ao gerente do hotel em que ficaram hospedados e ele garantiu que o aparelho seria encaminhado ao Japão no dia seguinte. É claro que eles não queriam arcar com as despesas, mas Sakai-san disse que isso não era problema.

- Domo arigato, Sereny-chan – ele disse aliviado agora que o problema tinha sido resolvido. – Ainda bem que você estava aqui... Já estava enlouquecendo só de pensar em como resolver isso sozinho...

- Não precisa agradecer, Sakai-san! – ela deu meia volta e voltou pra sala.

Akira e Takanori estavam lá e procuravam por alguma coisa por todos os lados, fazendo uma grande bagunça.

- Reita! Não podemos mais perder tempo! Uruha disse que tinha dois equipamentos com defeito e eu preciso falar com o Kai sobre os efeitos pro próximo live! – Takanori disse impaciente.

- Acontece que meu celular estava bem aqui e eu não consigo encontrar mais! – Akira vociferou.

- Depois você procura! Preciso que vá comigo agora!

- Ruki, você tem que esperar! Se eu tivesse como fazer ele aparecer sem que eu estivesse aqui, eu já acompanhava você, mas não dá! Então espero! E eu ainda estou com fome!

- Oi meninos! – ela disse e os dois se viraram.

- Oi Ny-chan – eles responderam.

- Por que não me deixa procurar seu celular enquanto você vai com o Taka, Aki? Quando eu encontrar, levo pra você e providencio algo pra vocês comerem!

- Faria isso, Ny-chan? – os olhos do baixista brilharam e a garota sorriu.

- Claro!

- Arigato, Ny-chan – os dois deram um beijo na bochecha dela antes de saírem da sala.

A morena começou arrumando a bagunça que eles fizeram na sala e encontrou o aparelho embaixo do sofá no canto. Agora era só ir até o baixista e lhe entregar. Mais uma vez, saiu da sala e se dirigiu ao elevador para comprar alguma coisa pros cinco comerem no refeitório que tinha no prédio.

As portas metálicas estavam quase se fechando quando uma garota ruiva as impediu e entrou no elevador, ofegante pela corrida pra alcançá-lo.

- Indo pro refeitório também? – a ruiva perguntou vendo o botão iluminado do andar do refeitório.

- Sim – a morena respondeu com um sorriso.

- Sou Mariana – a ruiva se apresentou.

- Sereny – a garota respondeu sorrindo.

- Ah! É a Ny-chan que tanto falam!

- E você deve ser a namorada do Yuk-kun?

- Sou sim... – Mariana corou levemente.

As duas saíram para o refeitório e Sereny comprou cinco lanches e chás pra levar.

- OU eu muito me engano, ou você não vai comer tudo isso sozinha, né? – Mari deu risada.

- Eles estão sem comer desde que chegaram... – as duas voltaram para o elevador.

- Vai precisar de sorte pra convencê-los a comer... Ninguém nunca conseguiu até hoje...

- É mesmo?

- É! Eles são muito teimosos! – elas deram risada juntas.

Foram caminhando pelos corredores e encontraram Yutaka novamente sentado na sala, analisando pensativo um novo papel.

- Ah, Ny-chan! Vejo que conheceu minha Mari!

- Hai – a morena sorriu.

- Está com tanta fome assim? – ele riu, indicando a bandeja na mão dela, puxando Mariana para sentar-se ao seu lado.

- Na verdade, peguei pra vocês... Até agora não os vi comendo alguma coisa...

- Ih, Ny-chan... Nós somos assim mesmo... Sempre nos esquecemos de comer! – Sereny e Mariana trocaram um olhar muito significativo e deram uma risadinha.

- Mas não pode! Tem que comer nem que seja só um pouquinho! Onegai? – a garota colocou um dos sanduíches e um chá diante do moreninho.

- Está bem, Ny-chan! – ele sorriu.

- Bom, vou deixar a Mari-chan cuidando de você e vou atrás dos outros – Sereny saiu da sala e caminhou pelo enorme corredor.

A garota encontrou Ruki, Reita e Uruha conversando com alguns staffs em uma sala no fim do corredor. Assim que viu os sanduíches, o baixista foi até ela.

- Achei seu celular embaixo do sofá – ela colocou o aparelho nas mãos do loiro enquanto ele pegava o sanduíche, mordia e bebia o chá.

- Arigato, Ny-chan! – Akira passou o braço pela cintura dela e a apertou num abraço forte.

Os outros dois se aproximaram.

- Trouxe pra vocês dois comerem também – ela indicou a bandeja.

- Estão explorando você? – Kouyou perguntou espantado, enquanto Takanori pegava o chá e Sereny o fazia ficar com o sanduíche também.

- Não – a garota sorriu. – Só estou cuidando de vocês! – o guitarrista passou os braços pela cintura dela, colando as costas da morena em seu peito.

- Não exagere, está bem? – ele sussurrou em seu ouvido. – Acabo com qualquer um deles se eu souber que estão abusando só porque você tem um bom coração!

- Bom... – ela repetiu irônica. – Pode deixar! Agora coma, onegai! Está de estômago vazio desde que nós chegamos, Kou-chan!

Ele pegou o sanduíche que ela lhe estendia e mordeu.

- Desculpe ter te deixado esse tempo todo sozinha...

- Não tem porque se desculpar, amor! Concentre-se no trabalho e não se preocupe comigo, ok? Agora eu vou procurar o Yuu, ele também não comeu ainda...

- Certo – ele deu um selinho nela. – Acho que ele está na sala de instrumentos ou no computador...

- Arigato – a garota se distanciou, rumando para a sala de instrumentos. Empurrou a porta e ao tinha ninguém lá.

Foi encontrar o guitarrista na sala de ensaios, tirando algumas notas da guitarra e anotando numa folha a sua frente.

- Yuu-chan? – Sereny chamou e ele ergue o rosto sorrindo. – Hora de comer!

- Puxa – ele disse surpreso quando ela lhe estendeu o sanduíche e o chá, deixando a bandeja de lado. – Arigato, Ny-chan... Nem tinha percebido que o tempo passou tão depressa... – ele deixou o instrumento de lado.

- Assim vai ficar doente... – ela o repreendeu com um tom de preocupação na voz.

- Tem razão... – ele sorriu.

- Trabalhando duro?

- Inspiração pra uma nova música... Vem de repente... Tenho que anotar rápido pra não esquecer... – ele tomou um gole do chá e voltou a dedilhar a nova composição.

Sereny sorriu e se dirigiu pra porta.

- Pode... Ficar? Onegai? – ele pediu timidamente antes que a garota saísse do cômodo.

- Não vou atrapalhar?

- Não... De jeito nenhum... Seria ótimo ter companhia... – ela sorriu e voltou a se sentar.

- Mas, você tem que comer, viu? – Sereny desembrulhou o sanduíche que o moreno tinha deixado de lado e ofereceu a ele novamente.

- Eu não sinto muita fome mesmo, sabe, Ny-chan? – ele pegou e mordeu, voltando a tocar.

- É... Já li a respeito... – a garota deu risada e ele sorriu. – Vamos ver se eu não consigo resolver isso...

- Eu realmente gostaria disso... – o moreno suspirou distraído, anotando mais algumas notas. Ela ergueu as sobrancelhas surpresa.

- Gostaria do quê?

- De ter a Ny-chan aqui por mais tempo...

- Ah, Yuu... – Sereny tocou as costas da mão dele com a dela carinhosamente.

- Eu sei, eu sei... Gomenasai... Não quero tornar mais difícil pra você... Kouyou disse que você não quer ir embora... Eu só... Bom, não sei esconder as coisas que sinto... Não da Ny-chan...

- Eu fico mesmo feliz por isso, Yuu-chan! Agora coma! Você só está me enrolando! – ele deu risada e mordeu novamente o sanduíche, tomando um gole de chá.

Os dois ficaram ali por um longo tempo, Yuu tirando notas da guitarra e as anotando e Sereny em silêncio, só observando.

- Ah, achei vocês – Takanori entrou de repente. – Vamos começar o ensaio, Aoi!

- Certo – o moreno entrou no isolamento acústico, tomando posição.

Logo, Yutaka e Akira também entraram na sala, seguidos por Mariana e Kouyou. O guitarrista abraçou e beijou Sereny antes de tomar o seu lugar. O ensaio começou muito bem, os cinco músicos paravam algumas vezes pra sugerir alguma mudança ou recomeçar, mas, pra qualquer espectador atento, era possível perceber que o clima entre eles estava ficando um pouco pesado.

- Quer saber, Uruha? Por que a gente não joga logo a música fora? – Akira vociferou, interrompendo o ensaio.

- O que você quer dizer com isso? – o guitarrista respondeu sério.

- Que está ficando impossível de continuar, “senhor Inabalável”! – o outro respondeu, avançando pro amigo.

- Epa, Reita, calma – Takanori ficou entre os dois.

- Não se mete, Ruki! Você também fica parando o tempo todo no meio da música! Esqueceu a letra?

- Eu não fico parando o tempo todo! – o vocalista rebateu quase gritando.

- É claro que fica – Yuu se intrometeu. – E fica mais difícil de acompanhar a música assim... É mais fácil se perder quando você não canta!

- Eu preciso ouvir se estou no tom certo – Takanori se justificou, encarando o guitarrista.

- Gente – Yutaka tentou intervir. – Vamos nos acalmar! Isso não leva a nada...

- Eu não aguento mais! – Kouyou gritou. – Quase todo ensaio chega a isso! Vocês estão ficando velhos rabugentos, sabiam?

Sereny olhou preocupada pra Mariana.

- Uruha, você é quem mais reclama! – Takanori disse furioso.

- E o que foi que eu disse hoje, Ruki? – o mais alto retrucou.

- Gente! – Yutaka disse mais alto. – Chega!

- É – Akira concordou com o baterista, que se assustou. – Eu já estou cheio disse aqui e vocês também!

Sereny entrou no isolamento antes que a briga piorasse.

- Meninos! – ela disse alto, chamando atenção de todos. – Vamos no acalmar, está bem? – sua voz era calma e firme.

Todos ficaram em silêncio e desviaram os rostos ainda furiosos, mas nenhum queria estourar com a garota.

- O que há de errado com vocês? Que discussão mais estúpida! Será que estão se ouvindo? Vocês são grandes amigos! Eu sei que estão estressados e que estão sofrendo muita pressão, mas não se deixem dominar por isso desse jeito! Não descontem uns nos outros!

Os cinco escutaram em silêncio a garota e todos na sala observavam espantados.

- Eu já vi como vocês ficam num live! Como é pra cada um de vocês estar em cima de um palco, diante de milhares de fãs, escutando-os acompanhar emocionados as suas músicas! É por isso que vocês estão juntos! Pra serem ouvidos! Porque vocês acreditam em alguma coisa! Porque acreditam uns nos outros!

“Será que é possível que vocês não ouviram uma palavra do que acabaram de dizer uns aos outros? Nem parecem vocês mesmos! Não parecem que acreditam em nada do que passam aos seus fãs! Você me fizeram acreditar em uma mentira?”

Sereny deixou que suas palavras atingissem e surtissem efeito neles. Yutaka voltou a sentar no banco de sua bateria e respirou aliviado pela briga ter parado. Os amigos tinham ficado em silêncio e escutavam Sereny de cabeça baixa.

- Vocês sempre puderam contar uns com os outros, não puderam? Será que, se for inevitável que haja outra discussão dessas, podem se lembrar que estão juntos há tanto tempo por algum motivo? Não é um motivo qualquer, sabiam? E, se estiverem bravos demais pra se lembrarem sozinhos, eu sempre ajudarei a memória de vocês a funcionar! Quantas vezes for preciso! No tom de voz mais alto que precisar pra vocês pararem de gritar e prestarem atenção em mim!

Os cinco deram risada.

- Arigato, Ny-chan – Yutaka abriu o famoso sorriso de covinhas pra garota.

- Doita, Yuk-chan! – ela retribuiu o sorriso e se virou para os outros. – Prontos pra voltarem ao ensaio? – ela os incentivou.

Eles recomeçaram o ensaio normalmente e não brigaram outra vez, terminando o dia com saldo positivo.

- Parece que você tem mesmo jeito com eles, Sereny-chan – Mariana comentou antes que os cinco saíssem do isolamento. – Em um único dia conseguiu fazer com que eles não ficassem o dia inteiro sem comer, que parassem de brigar e ainda que saíssem no horário certo! É um recorde!

Sereny riu timidamente, corando.

- Pronta pra ir? – Kouyou se aproximou da morena, enlaçou sua cintura e a garota assentiu.

- Ny-chan, nós precisamos mesmo de você – Akira disse rindo enquanto se aproximava. – É a primeira vez em oito anos que o “senhor Inabalável” nos deixa ir pra casa no horário certo!

Os quatro riram enquanto Kouyou fazia cara emburrada e Sereny lhe dava um beijo na bochecha. O guitarrista a puxou pela mão e desceram até o estacionamento. A garota sentou-se muito contente no banco do carona enquanto via o namorado dar a partida.

- Arigato por ter ido hoje comigo – Kouyou começou. – Eu te deixei a maior parte do tempo sozinha e você teve que trabalhar pra cinco folgados... O guitarrista mais alto é o pior de todos... –ele deu uma risadinha tímida, mas ainda soava arrependido. – Mas, mesmo assim, eu gostei de ter ali...

- Eu adorei ajudar lá, Kouyou! Foi maravilhoso!

- Você gostou é de nos dar bronca... – ele provocou brincando. – Eu sei que gostou!

- Gostei de cuidar de vocês! É divertido! É como se... Eu tivesse nascido pra isso... Cuidar de vocês...

- Não me agrada em nada esse plural... – ele franziu o cenho.

- Seu bobo! Você entendeu o que eu quis dizer... – ela deu risada, afagando o braço dele carinhosamente.

- E o que você quis dizer? – ele estendeu o braço e fez carinho nos cabelos dela.

Sereny suspirou de olhos fechados e sorriu.

- Que seria maravilhoso fazer isso mais vezes...


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Notas finais do capítulo

mereço reviews???

a próxima fanfic se chama "Cassandra"



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