Lua Nova do Eduardo escrita por AmandaC


Capítulo 22
Clareira


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/64598/chapter/22

Tudo bem. Uma semana era muito tempo. Na quarta eu já estava absolutamente desesperado.

Na verdade, eu não achava que a Julia fosse obedecer a regra de ficar em casa. Parece que eu estava enganado. Talvez ela realmente estivesse muito mal.

Eu checava as mensagens freneticamente quando chegava da escola. E havia tentado ligar três vezes para a casa da Julia, mas os telefones ainda estavam com problemas.

Sem Julia eu tinha tempo demais e solidão demais. E isso para mim era um problema. Me via tendo mais pesadelos do que antes. Voltei a me enroscar no chão para dormir, sendo partido por aquela dor que vinha de dentro para fora.

A dor estava piorando. Eu não conseguia trabalhar com ela sozinho. Eu precisava de ajuda. Precisava da Julia.

No sábado de manhã, quando acordei, agoniado, e me torcendo no chão, lembrei que eu poderia ligar para a Julia. Tinha se passado uma semana.

Liguei sem muitas expectativas. Então foi um susto quando Daiane atendeu no segundo toque.

- AH, oi. É o Eduardo. Como a Julia está? Ela melhorou? Pode receber visitas? – perguntei, apressado.

- Eu lamento. – ela parecia sincera, mas distraída ao mesmo tempo. – A Julia não está aqui.

- Ela está melhor? – o que? Como? Quando? Cuma? Eu estava chocado!

- É. Parece que não era Mono, mas um vírus qualquer.

- E onde ela está?

- Saiu com uns amigos. Foram pegar um sessão dupla de cinema se não me engano. Vão ficar fora o dia todo.

- Ah, Legal. Que bom que ela está melhor. Nossa. Estou tão feliz. – tagarelei, falsamente.

- Queria algo em especial? – perguntou Daiane com educação.

- Não. Nada. Imagina. – disse, com ironia. Eu sentindo uma baita falta da Julia e ela já estava passeando com os amigos, sem nem se importar comigo.

- Eu aviso que você ligou.

- Hmm. – comentei.

- Tchau, Eduardo.

Eu desliguei, sem ao menos responder. E me larguei no chão, angustiado. Lutando para me manter firme, como eu deveria ser, por algum motivo. Mas eu não conseguia encontrar forças dentro de mim.

Só havia uma explicação. A Julia desistiu. Não quer lutar por um cara quebrado por outra garota. Não. Provavelmente quer um homem maduro e forte para protegê-la, não um que precisa desesperadamente de um acompanhamento psicológico.

Eu não era assim. Pelo menos antes. Mas agora também, o que eu posso dizer? O que oferecer se não me restou nada?

- O que aconteceu? – Renata descia as escadas e me encontrou sentado no chão de modo humilhante.

Me levantei rapidamente.

- Nada. A Julia está melhor. – comentei.

- Que ótimo. Ela vem aqui?

- Não. – eu não queria explicar.

- Você vai lá?

- Não. Na verdade, ela saiu com uns amigos. – fui obrigado a admitir.

Finalmente Renata me observou.

- Oh, querido. Não precisa ficar chateado.

- Não estou chateado. – me apressei em responder. – Está fazendo o que? – mudei de assunto.

- Na verdade, eu ia no nosso grupo. Mas se você quiser eu fico com você em casa meu querido. – ela me olhou, preocupada.

- Não. Eu vou ficar bem. Acho que vou ligar para o Mike e ver se podemos fazer algo. Ou mesmo estudar para a prova de matemática. – inventei. Eu não ia ligar para ninguém. Só não queria Renata em casa. Seria demais para mim.

- Ótimo. – ela veio me dar um abraço.

- Mãe! – reclamei, fracamente.

- Só não vai para a floresta ok?

Demorei para entender.

- Ah, sim, sim. Os ursos. – murmurei, entediado.

- Um mochileiro foi atacado essa noite. Isso é sério meu bebê. Tome cuidado.

- Sim, sim. – resmunguei. Eu não me importava em virar lanche de ursos. O que me incomodava era a Julia. Apenas isso.

Foi uma sorte imensurável que a Renata estivesse com pressa e não esperou que eu marcasse meus planos para a tarde.

Assim que ela saiu, eu percebi que não poderia suportar mais um sábado sem nada para fazer. Eu tinha que fazer algo. Ponto. Fiquei pensando no que. EU poderia ir ao Pirai e pegar minha moto na casa da Julia. Era uma opção tentadora, mas se eu fosse encontrado lá. Ou pior, se ela chegasse feliz com seus amigos eu não suportaria.

Ou... eu poderia tentar encontrar a Clareira. O mapa estava no meu carro, e eu mais ou menos tinha entendido como usar aquele negócio. E eu realmente precisava fazer algo. Urgentemente.

Senti uma leve pontada de culpa enquanto caminhei até a caminhonete, sabendo que estava desobedecendo a Renata. Mas era realmente importante para mim. Ou eu mesmo me matava ou ursos fariam o trabalho. Eu não tinha escolha.

Acelerei a caminhonete e segui para a tão conhecida entrada na beira da estrada. O dia estava nublado e seco, um dia consideravelmente bom.

Começar levou muito mais tempo do que acontecia quando a Julia estava por perto. Mas depois de vários minutos eu estava quase certo de que sabia como usar aquilo.

Então entrei na mata.

Mesmo com o som dos pássaros e dos pequenos animais que aproveitavam o dia bom, eu me sentia muito sozinho. E a floresta parecia terrivelmente assustadora.

Isso, era apenas por que faltava a presença da Julia, sempre companheira, sempre o sol iluminando meu dia.

Por um momento eu quis desistir, quando senti que aquela dor estúpida vinha me agonizar. Mas continuei firme, me apertando com força e seguindo a trilha.

Eu não me dei conta de que estava sendo eficiente. Nem tinha ideia de quanto tempo havia passado, quando, com uma rapidez que me desorientou, entrei por um arco feito pelo tronco de duas árvores e entrei na...

Clareira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!