Lua Nova do Eduardo escrita por AmandaC


Capítulo 20
Cinema




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Adriani sentou no banco de trás do carro com um rosto que expressava imenso nojo.

Julia estava animada – como sempre. Falava sem parar e trazia consigo aquela imensa alegria, aquela alegria que pouco a pouco me ajudava. Eu quase havia me esquecido da Adriani, quando esta mudou de tática.

Ela se inclinou para frente e encostou a cabeça no meu banco, eu olhei me de canto para ela, temendo alguma estranha atitude.

- O som dessa coisa não funciona? – Adriani interrompeu, petulante, Julia numa frase.

- Funciona. Mas o Eduardo não gosta de música.

O choque me congelou no banco.

- Edu, é verdade? – Adriani olhou para mim, como se estivesse decepcionada por não conhecer algo meu.

Mesmo que aquilo continuasse parecendo a cômica versão às avessas de duas fêmeas lutando pelo macho, eu ainda estava espantado com a Julia.

- É sim. Ela está certa.

- Como que você não gosta de música? – ela foi se aproximando um pouco mais, ao que eu me aproximei mais ainda da porta.

Eu me encolhi.

- Não sei. Apenas me irrita.

- Ah, que pena. – ela se aproximou um pouco mais. Eu já não sabia para onde me colar, a porta já estava me deixando acuado. Mais um pouco e eu teria que me jogar fora do carro.

Então, o carro parou abruptamente. Adriani veio com tudo para cima do meu banco. Aii, deve ter doido os peitos dela. O melhor foi que ela se recostou no banco de trás. Meio encolhida.

Estranhamente a Julia tinha um leve sorriso nos lábios.

O filme estava como eu esperava, logo no inicio rolou muito sangue e mortes. Eu me recostei tranquilamente na poltrona, esperando ver tranquilamente a trilha de sangue durante todo o filme.

Ou achei que veria tranquilamente. Logo Adriani se agarrou no meu braço, olhando apavorada para mim. Em qualquer ceninha tosca ela dava uma desculpa para me apertar.

Pude ver com o canto dos olhos que a Julia estava irritada. E então ela começou a rir silenciosamente.

- O que foi? – larguei sem muito tato o braço da Adriani e me voltei para a Julia.

A noite estava tão ruim quanto eu esperava.

- Ah! Fala sério. O sangue daquele cara esta jorrando até agora. Ele é o que? Uma cachoeira de sangue? – sussurrou ela de volta, sorrindo.

Depois disso eu prestei mais a atenção no filme. Vendo como ficava mais e mais ridículo o desfecho. Adriani havia parado de se fazer de medrosa, talvez por orgulho.

No meio do filme, Adriani se colocou mais à frente e pousou a cabeça nas mãos. Primeiramente achei que fosse algo do filme que lhe havia chamado a atenção, mas depois percebi que ela gemeu.

Ela gemeu de novo, e então saiu correndo. Me levantei para segui-la.

- Fique. – ordenei para Julia, mas ela não obedeceu. – Onde será que ela foi? – perguntou no corredor vazio.

Julia apontou para o banheiro feminino e entrou em seguida. Fiquei aguardando impacientemente, logo depois ela voltou.

- Ela está lá. Que fraca. Está vomitando até as tripas. Você deve encontrar uma garota mais forte do que isso. – comentou.

Como se eu quisesse garotas mais fortes.

- Vou ficar de olho. – resmunguei.

Ela caminhou graciosamente até o banco.

- Venha. – chamou, dando tapinhas no seu lado.

Resignado, sentei-me ao lado dela.

- Edu. – ela segurou minha mão.

Fiquei desconfortável.

- Você gosta de mim?

Ah meu Deus. O que eu respondo?

- Sim.

- Mais do que aquela fracote? – ela apontou para o banheiro.

Será que digo a verdade?

- Sim.

- Mais do que as outras garotas?

Hmm...

- Sim.

- Então para mim já basta. – ela abriu um largo sorriso. – Vou continuar sendo persistente.

- Não vai funcionar. – murmurei.

- E ainda ela, não é? – eu fiquei admirado, como a Julia parecia saber que não devia dizer o nome, exatamente como ela sabia sobre a música. – Não precisa responder.

- Não vai dar certo.

- Você gosta de ficar comigo. Já basta.

- Mas eu não sinto o que você sente.

- Isso é problema meu. – rebateu ela, petulante.

- Você é quem sabe. Apenas não se esqueça. – eu dei de ombros. Havia uma vazio que me gritava que eu devia sentir algo por uma linda garota dizer que me quer, que não vai desistir de mim.

No entanto eu não sentia nada.

- Que estranha essa cicatriz. – ela largou minha mão e parou para observar a mordida. – Ela é fria. Como a conseguiu?

Uma dor imensa se alastrou dentro de mim. Como se eu estivesse novamente no inferno que aquela cicatriz havia me levado. Mas um inferno terrivelmente pior.

- Como que eu vou lembrar? – menti, movendo meus ombros de modo tenso.

Por sorte, nesse momento Adriani saiu cambaleante do banheiro.

Enquanto voltávamos – Adriani com uma bacia vazia de pipoca diante de si – Julia abriu os vidro para que o vento frio ajudasse a outra a ficar melhor. Eu me encolhi no banco da frente.

- Está com frio? – Julia me observou, e então passou o braço ao redor do meu ombro.

Eu me senti idiota, nada além.

- Você está quente. – exclamei, tocando sua testa. – Está fervendo!

- Eu me sinto bem. – ela deu de ombros.

Assim que deixamos Adriani em casa, Julia fez questão de me levar para a minha.

- Eu até iria entrar, já que voltamos cedo. Mas eu não estou me sentido bem. Talvez você esteja certo. – Julia comentou.

- Você também? Quer que eu a leve para casa?

- Não, qualquer coisa eu paro o carro.

Eu abri a porta para sair e ela segurou meu braço.

- Que foi? – perguntei.

- Eu sei que isso vai ser meloso. Mas eu sei que você está infeliz. E eu não me importo. Quero dizer, me importo que você esteja triste, mas não me importo em esperar. Em ficar por perto para ajudar você. Eu prometo que sempre vou estar ao seu lado.

Involuntariamente, eu acabei sorrindo.

- Eu sei disso. Obrigado.

- Argh, isso foi muito meloso. Acho melhor eu ir embora. – ela brincou, com uma gargalhada.

- Tudo bem. – eu desci do carro e fiquei observando ela partir.

Eu não devia encorajar ela. Nunca. Eu estava destruído, nunca mais voltaria ao normal. Ainda assim, eu não queria me afastar dela. Eu precisava da Julia.

E ela me queria de um modo que eu não estava mais disponível.

Nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, ando super ocupada. Espero que gostem. Beijos e até (que espero ser em breve).