Decode escrita por Nanda


Capítulo 1
Última aula, começo do Natal


Notas iniciais do capítulo

Cúmplices de um Resgate já estreou a bom tempo, e estou adorando. Os Shippers então, melhor ainda ♥. Então resolvi fazer uma fic desse casal diferente.



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“Como eu posso decidir sobre o que está certo?”

Porque temos que planejar o futuro? Afinal a vida foi feita de surpresas, por mais que sejam ruins. Escrever em um pedaço de papel parte do que deseja não vai torna-lo realidade. Não sabemos o que vem pela frente e que pessoas passaram durante esse tempo. Talvez a garota esteja pensando demais e se esquecendo de completar às linhas brancas.

“O que deseja para o futuro? “

Era o último dia de aula, o natal já estava chegando. Priscila olhava atentamente para os enfeites natalinos que estampavam lojas, bonecos, árvores, e até sua própria escola. A garota estava tão distraída que havia esquecido do papel em sua carteira. Uma redação de apenas dez linhas, porém muito difícil. Ela continuava olhando pela janela espumada pela neblina. Passava a mão diversas vezes para retirar o embaço do vidro. De longe, na sala, um garoto a observava.

–O que tanto ver pela janela? –O garoto pergunta, e Priscila se assusta com sua voz.

–Desculpa, não entendi –Ela pede para que o garoto repetir-se, mas ele apenas rir e se vira novamente para seu papel, que também estava em branco.

Priscila volta para a janela. Seus olhos azuis como o céu, refletiam pela abertura. Ela se olhava insatisfeita com a imagem. Priscila era considerada uma das garotas mais bonitas do colégio, porém pouco isso importava; pois a atenção que queria receber era apenas de uma pessoa, que na verdade, nem parecia se importar com sua presença.

–Terminou? –Com estímulo ela resolve perguntar.

–Quase –O garoto respondeu, mas Priscila não tinha acreditado. Ela caminha até sua carteira, ainda em uma distância considerável. Observa que o garoto não tinha escrito nem uma palavra.

–Parece que falta “quase” muito para terminar –Ela rir com seu comentário, mas fica surpresa com a risada do garoto.

–Quando disse “quase”, falei do meu nome –Ele rir, mostrando seu belo sorriso. Priscila admirava sua forma de lidar com às pessoas, ela já tinha o observado a muito tempo.

–Joaquim...parece que estamos na mesma –A garota corre para sua carteira pegando seu papel. Ela estampa a folha para cima, mostrando seus rabiscos, mas nada de uma redação apropriada.

Os dois riem, era mais difícil que imaginavam. Os dois eram os únicos que estavam na sala, todos já tinham voltado para casa, comemorar o Natal com suas famílias. Priscila não sabia muito bem o que era isso. Não tinha pai e praticamente não tinha uma mãe. Ela não lhe dava a menor atenção, apesar da persistência da filha. Joaquim também não tinha pai e nem mãe. Junto com seus dois irmãos, viviam sozinhos, enfrentando desde cedo, a crueldade do mundo.

–Eu não entendo porque temos que fazer isso! –Ele pergunta, amassando a folha aos poucos –O futuro não deveria ser escrito em um papel, o futuro é imprevisível. Só saberemos, quando acontecer –Priscila continuava calada. A garota não tirava os olhos da folha amassada de Joaquim.

–Quer saber? Isso já não importa mais –Ele olha para folha e começa a rasga-la jogando para cima. Priscila fica abismada com sua reação, enquanto pequenas folhas caem sobre eles.

–Porque fez isso? Vale nota –Priscila alerta Joaquim.

–Hoje é o último dia, não importa se eu ficar com zero nisso. Melhor do que escrever coisas idiotas, ou mentiras –Ele diz sem ao menos olhar em seus olhos azuis vibrantes.

–Você tem razão –Priscila faz o mesmo. Joga para cima os repicados de folhas que restaram, elas caem sobre eles, enquanto riam da situação –Não me responsabilizo por isso –Ela aponta para o amontoado de sujeira que se instalou pelo chão.

–Está chegando o natal, eles têm que dar um desconto –O garoto lembra. Priscila não conseguia ficar um minuto sem tirar seu sorriso.

–Vai passar o natal com quem? –Ela resolve mudar de assunto, mas ficou com receio que o garoto achasse que ela era muito inconveniente, porém para sua surpresa, ele respondeu com um tom natural.

–Com meus irmãos –Ele diz. Priscila esperou que ele pergunta-se de volta, mas se não o fizesse seria melhor –E você?

–Eu...não sei –Ela pensou em várias respostas, mas não conseguiu. Sua mãe viajava direto para negócios e no natal ela não iria perder tempo. Seus avôs haviam falecidos a pouco tempo, o que abalou a menina com a pergunta.

–Desculpa a pergunta, mas você vive sozinha? –Joaquim não tinha receio em questiona-la, tanto que estavam conversando como se fossem amigos de longa data, o que não eram. Joaquim não gostava muito da garota, pois achava que era egocêntrica e muito metida, porém se enganou e gostou disso.

–Não, minha mãe mora comigo, porém quando chega época de natal ela viaja há trabalho, então eu sempre fico sozinha –Priscila respondeu e finalmente seu sorriso havia desaparecido. Joaquim nota que a garota estava triste e abraçava as mãos para aquecer do frio –Mas tudo bem, eu já me acostumei com isso –Ela responde rapidamente para que Joaquim não achasse que a pergunta que fez era insolente.

–Eu e meus irmãos também. Desde muito tempo nossa tia nos abandonou e tivemos que viver sozinhos juntos, porque ninguém queria parar em um orfanato –Ele olhava para a lousa onde estava escrito a seguinte frase: “Fazer redação de no máximo dez linhas, vale nota” –Mas se quiser, tem espaço para você lá em casa –Priscila o encarava.

–Não acho que seja educado da minha parte. Natal é época de ficar com a família, vou ser um incomodo para vocês –Joaquim logo a interrompe.

–Que nada, uma companhia a mais sempre faz diferença. Se quiser ir, estarei te esperando –Ele termina a frase e caminha para pegar sua mochila e arrumar suas coisas. Priscila faz o mesmo.

–Obrigada pelo convite Joaquim, mas não vai da –Priscila mostra um tom de desanimo, Joaquim suspira.

–Então tá, até mais –Ele caminhava até a porta, quando a professora chega para recolher as redações.

–Joaquim e Priscila. Acabou o tempo, cadê as redações? –A professora estende a mão esperando que os dois alunos entregam-se as folhas. Eles trocam olhares e riem um para outro.

************

Estava difícil andar pela cidade. A neve tinha dominado completamente a rua, dificultando a passagem dos pedestres. Priscila caminhava em seu tom normal, enquanto que os demais; corriam apressados, com presentes na mão, falando ao telefone.

Na verdade ela não sabia o que faria a partir dali. A mãe já tinha embarcado em mais uma viagem. Os empregados estavam com suas famílias, e Priscila estava ali sozinha.

Chegando em casa, sentou no sofá e fechou os olhos, esperando pelo sono. A garota não tinha trocado de roupa, nem tomando um banho, mas já estava ali, dormindo como um anjo.

Acordou esperando que fosse o outro dia, mas ainda era sexta à noite. Resolve tomar um banho; enquanto isso pensava no convite de Joaquim.

Os dias iam passando, mais dessa vez estava mais rápido do que imaginava, finalmente quando chegou o esperado dia 25. As lojas fecharam de vez, os carros pararam de passar pelas ruas. Priscila olhava a rua a procura das pessoas, mas não encontra. A garota estava no tédio, ligava e desligava a TV diversas vezes.

–Chega –Ela diz para si mesma e resolve tomar um outro banho.

************

–Até que está legal –Júlia fala se referindo a árvore de Natal cheia de meias rasgadas, afinal eles não tinham dinheiro suficiente para comprar enfeites novos.

–Ah fala a verdade logo Júlia, isso está uma porcaria –Felipe diz sentando no sofá, fingindo estar cansado.

–Diz isso, porque não foi você que teve o trabalho de arrumar –Júlia mostrar sua língua para seu irmão, ele faz o mesmo.

–Parem de brigar e só uma árvore –Joaquim aparece de cabelos molhados. Tinha acabado de tomar banho quando ouve os gritos dos irmãos.

–Hum... porque está tão arrumado? Teremos visita especial? –Felipe desconfia do irmão, pois ele realmente estava muito elegante.

–Não viaja Felipe, eu só quis experimentar essa roupa nova no Natal –Joaquim passava a mão na camiseta nova que tinha comprado.

–Mas você tinha me falado que convidou uma garota para passar o natal com a gente –Felipe se lembra do que o irmão tinha falado a pouco tempo, mas percebe logo em seguida a besteira que tinha feito.

–Então chamou mesmo alguém, justo no Natal Joaquim –Júlia gritava de raiva com o irmão.

–Eu chamei sim, mas ela recusou, falou que não ia vim, beleza? –Joaquim sai da sala, indo direito para seu quarto.

Júlia e Felipe terminam de arrumar às mesas. Por incrível que parece, a comida estava cheirando muito bem e isso animou os dois irmãos.

–Finalmente aprendeu em Júlia –Felipe lambia os dedos da mão, ao olhar o forno.

–Você devia aprender também, não sou empregada para ficar cozinhando para homens –Júlia senta no sofá, para finalmente ter um pouco de descanso. Joaquim desce para a sala, e Júlia repara em seu perfume.

–Acho que não vai precisar tomar banho pelos próximos dez anos –A garota rir do irmão, que ignora.

A porta começa a bater. Os três ficam surpresos, mas se lembram que Meire tinha viajado, então Joaquim resolve abrir a porta.

–Você veio –Joaquim demostra um sorriso de alegria, enquanto Priscila sorria sem graça.

–Poisé eu vim...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, próximo capítulo em breve.