Louis Edwin

–-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A primeira coisa que escutei foi Tommy gritando: " TEM UMA LACRAIA MUTANTE QUERENDO ME MATAR ".

Me levantei um pouco tonto devido ao tombo do ônibus, olhei para a janela quebrada e vi o que causara nossa queda: a criatura era uma espécie de mistura robótica e partes orgânicas, com garras e dentes. Eu já lutei com vários monstros durante minha vida, mas nunca havia visto algo parecido com aquilo.

"Procurem o ponto fraco!" Gritei enquanto saía do ônibus.

Charlotte estava golpeando a cabeça da criatura com sua lança, Tommy de alguma maneira subiu nas costas mecânicas daquela coisa e desferia golpes com a espada de madeira que pegara emprestado no Acampamento, Tobias atirava flechas em uma das pernas da criatura. Uma luz vermelha piscava dentro da barriga gosmenta daquela coisa, era ali que eu decidi atacar.

Corri em sua direção e cravei minha espada na barriga da criatura - o que fez o monstro contorcer e eu também - e a lâmina ficara presa.

–Louis, tenta enfiar a mão aí dentro e tirar aquela luz! - Scott gritou.

Assenti com a cabeça, "isso vai ser muito nojento" Pensei, e ao encarar a barriga gelatinosa daquele ser horrendo uma ânsia de vômito percorreu todo meu corpo, meu estômago revirou em mal estar. Prendi a respiração e enfiei minha cabeça ali dentro, a luz vinha de um dispositivo em formato de tubo, puxei - o com toda a minha força para fora e o monstro explodiu, seus restos gelatinosos foram lançados em várias direções.

"Pelo menos eu não sou o único sujo de restos de lacraia aqui! " Murmurei tentando me limpar.

"Está todo mundo bem? " Charlotte questionou, enquanto se encarava no seu espelho retirando restos mortais gelatinosos do cabelo.

"Tirando essa gosma, eu estou bem " Tommy respondeu.

"Eu acho que essa coisa me picou..." Tobias levantou um pouco a manga da camisa, revelando um hematoma "Mas eu estou bem!" Completou.

"Então, vamos procurar um lugar para passar a noite , ou o que quer seja a noite agora" Anunciei, guardando minha espada de volta a bainha.

Eu e mais alguns membros do nosso grupo entramos no ônibus para pegar nossos pertences. O motorista jazia inconsciente mas de acordo com nossa ilustre filha de Atena, ele vai ficar bem, então ligamos para ambulância (com o celular do motorista) assim que estávamos quase partindo.

–Gente... - Scott me cutucou, virei minha cabeça para observa-lo.

–Sim Scott?

–Os monstros sempre desaparecem depois de mortos, né? - Assenti com um gesto para o garoto - E já era para ele ter desaparecido a essa altura né? - Repeti o mesmo movimento, concordando - Então...Por que ele não desapareceu magicamente?

Olhei para trás, os restos mortais da criatura ainda estavam lá intactos, como se alguém tivesse derramado gelatina por todo o local.

"Isso só pode significar" Anunciou Tommy "Que isso... Essa coisa, foi criado pelos mortais".

...

Achamos um pequeno riacho no bosque (mas foi o suficiente para nos limpar), estendemos nossos sacos de dormir e acendemos uma fogueira. Eu estava conversando com os meninos quando vi um garota sentada sozinha, não sabia o nome dela mas decidi falar com ela (quando eu era menor , antes de conhecer Tobias , eu ficava sozinho no Acampamento e sabia como isso era ruim).

–Por que está sozinha? - Indaguei enquanto me sentava ao seu lado.

–Eu não conheço ninguém. - Ela respondeu.

– Agora me conhece - estendi a mão - Meu nome é Louis Edwin.

–Wendy Moore - Ela sorriu e apertou minha mão.

–E eu sou o Tobias - Disse a peste enquanto se sentava - Eai gata?

–Ah... Ele é meu melhor amigo - Apontei para Tobias - Mas ele é um pouco trouxa.

–Ah mas não sou eu que comeu o bichinho de estimação - Ele retrucou.

–Você comeu seu cachorro !? - Wendy franziu a testa e arregalou os olhos - Eu sabia que lá na China eles comem gatos e outros animais estranhos mas eu nunca vi alguém comer o próprio cachorro.

–Não! Eu nem tenho cachorro, é que eu tinha um grilo de estimação quando eu era criança - Expliquei - Mas eu comi.

–Ah... Bem exótico. - A garota murmurou.

–E ele também já comeu areia.

–Tobias, por que não vai conversar com o Tommy? - Sugeri apontando com a cabeça.

–Eu não quero conversar com o To...

Fuzilei ele com um olhar que significava: "vai agora ou eu vou te dar um tiro"

–Pensando bem, sempre achei o Tommy mais legal que você - Ele completou enquanto se levantava.

–Não liga para o Tobias, ele pensa que pôneis são cavalos pequenos.

Avistei um Tommy vindo em nossa direção, conforme ele ia tomando forma era perceptível uma palidez uma expressão indecifrável tomando conta de sua face.

–Você está bem, cara? - Perguntei me levantando.

O garoto permaneceu quieto por um tempo até me responder.

–A voz da minha cabeça, a mesma voz que disse para irmos para o sul - Ele gesticulava muito com as mãos enquanto falava - Ela me disse agora para irmos para o sul.

– É, ela já tinha falado isso.

Ele pareceu ignorar meu comentário.

–Para o sul de... Paris.

Meu coração parou por um momento, Paris? Não, eu não podia voltar para lá, eu simplesmente não podia.

–Paris? - Indaguei, na esperança de que ele estivesse errado - Anthony, com quem essa voz se parece?

–Ela se parece com... - O garoto olhou para mim em busca de ajuda.

– Com...? -Inclinei levemente a cabeça - Com quem essa voz se parece, Anthony?

" Ela se parece com Apolo ".