– Eu... - gaguejava Shirou – Hoje... Meio que...

– Então, você não tinha que trabalhar, não é? - diz Hermes.

– Não... - dizia ele chorando, sem saber o que fazer – É que... - ele soluçava – Me perdoe!

Hermes parecia com ódio enquanto olhava para o rapaz otaku. Ela o olha de uma forma totalmente diferente de tudo e então, tentando conter o tom diz:

– Na verdade, estou bem surpresa. - diz ela – Então, você... Mentiu pra mim. E eu que pensava finalmente... - ela fecha os olhos, não conseguindo conter as lágrimas – Eu acreditei em você.

De repente, ela o olha com frieza e dá um tapa na cara de Shirou que fica em choque. Hermes se vira e sai correndo de lá chorando. Shirou dá dois passos bem pesados pra frente e tenta segurar o nada. Ele cai no chão e deixa as lágrimas escorrerem.

– Hermes-san... - diz ele olhando para o chão chorando sem parar – Eu... Num momento tão importante... - ele cerra os punhos revoltado – Eu... Eu...

Shirou fecha os olhos lamentando completamente aquela situação. Nana tenta se aproximar quando Shigeru nota uma aproximação e a puxa de volta. Ele vê uma bola de luz muito semelhante à de outrora e então tenta alertar o jovem otaku, mas era tarde demais, a bola de energia se choca com o rapaz que olha pra cima com seus olhos brilhando em azul. Seu corpo começa a emanar uma aura negra, Shirou começava a gritar de ódio e tristeza.

– Shirou-san! - grita Nana para o rapaz – Por favor, acalme-se! - ela tenta se aproximar do rapaz.

– Não! - grita Shigeru segurando o braço de Nana – É perigoso!

– Oiasawa-san... - diz Nana olhando pra ele – Mas...

– Eu sei que você não consegue ver, mas acredite em mim, não há nada que a gente possa fazer agora.

– Ele tem razão... – dizia Shirou com uma voz macabra, como se estivesse possuído – Esse humano agora é meu! Sumam daqui!

Shirou então desfere uma energia maligna e azulada contra os dois. Impulsivamente, Shigeru abraça Nana e se vira a protegendo com suas costas. Ele a aperta forte e os dois fecham os olhos. Porém, eles logo reparam que estavam vivos ainda. Os dois então olham melhor e vem Jikan na frente deles.

– Mas esse aí é... - dizia Nana se lembrando do outro dia.

[Flashback]

Uma luz forte chama a atenção de Nana que vê que o corpo de Dai agora estava protegido com uma espécie de armadura prateada com detalhes lilazes que agora estavam brilhando. Sua cabeça estava protegida por uma capacete que lembrava um relógio, o visor era lilás também.

– Me solta! Me solta! - gritava Nana.

– De jeito nenhum! - insistia Shigeru – Esse lugar ficou perigoso demais até pra mim!

– Mas...

– Olha, isso agora é com o Dai... Jikan... Seja lá quem ele for, beleza?

O Janpujin Canguru parte pra cima de Jikan que apenas desviava. O misterioso guerreiro pegava pedaços de ferro que estavam no chão e jogava contra o monstro que dava socos sem parar.

[Flashback]

– ... Jikan! - diz ela.

O Kamen Rider dá um oi com a mão pra ela e pra Shigeru e então cerra o punho indo pra cima do possuído Shirou. Ele tenta segurar o rapaz que o empurra e então dá salto bem alto para trás.

– Então você é a Lenda, não é? – diz o rapaz possuído – Não deixarei que se intrometa! Essa presa aqui é minha, ouviu bem?!

Uma fumaça então cobre o corpo do rapaz que some em meio a ela.

A aceleração é a rapidez com a qual a velocidade de um corpo varia. Quando ela ganha componente negativo na direção da velocidade, seu valor absoluto da velocidade diminui. Esse é o princípio básico da Desaceleração...

Abertura:https://www.youtube.com/watch?v=GrfzdnoaGjA (feita por mim mesmo)

– Ainda não consigo acreditar! - dizia Nana se esparramando no balcão de uma lanchonete. Ela agora vestia um vestidinho rosa com bordado branco em volta e por cima, um avental branco. Cobrindo suas pernas, estava um par de meias arrastão e um sapato branco de salto alto. No pescoço uma gravatinha borboleta também rosa com um sininho preso e na cabeça uma tiara estilo maid.

Nana esfregava um pano úmido no balcão enquanto emburrava a cara. Shigeru tomava um milk-shake de banana enquanto a olhava.

– Ninguém teve culpa, Nana. - dizia o rapaz – A coisa simplesmente aconteceu como tinha que acontecer.

– Oiasawa-san... - dizia Nana com ar de poucos amigos – Porque você é tão conformista?

– Como é? - dizia ele sem olhar pra ele, concentrado em sugar com o canudinho o máximo que podia da espuma do milk-shake no final do copo.

– Você sempre faz isso! - Nana se desapoia do balcão e tira o copo da mão do rapaz que fica indignado até que ela volta com o copo reabastecido e devolve pra ele – Está sempre aceitando as coisas como elas são, você nunca se indigna com nada?

– Não... - responde ele sorrindo pra ela com um bigode de leite e voltando a tomar seu milk-shake.

– Aff... - Nana se levanta e dá um tapa no copo, derramando a bebida no colo de Shigeru.

– Poxa, Nana! Precisava descontar no milk-shake?!

Nana se aproxima da porta retirando o avental e então o joga numa mesa ao lado. Ela se vira para Shigeru novamente.

– Você vem ou não? - pergunta ela.

– Ir aonde, criatura?

– Você pode gostar de se conformar, mas eu não! Vou ter uma conversinha com aquelazinha!

– Nana... - dizia Shigeru em tom de advertência mas a garota ignora e então fecha a porta – Nana volta aqui! O seu emprego...!

Shigeru então sai correndo atrás da menina. Enquanto isso, em um parque próximo à cada de Shirou, o rapaz estava sentado em um balanço, com os braços apoiados na corrente e suspirando de tristeza.

– Hermes-san... Porque? - indagava ele triste – Ela jamais vai me aceitar...

– E porque ela aceitaria? – diz uma voz na cabeça do rapaz – Você é de fato uma vergonha! Qualquer garota teria vergonha, teria nojo de ser vista com alguém como você!

– Qualquer garota... - repetia o rapaz caibisbaixo como se fosse normal aquela voz – Queria poder mudar isso...

– Você pode! – continuava a voz – A culpa disso tudo não é sua!

– Não é minha? - pergunta Shirou agora agindo como se conversasse com alguém.

Dois jovens passavam por ali, eles se vestiam como típicos nerds: camisa quadriculada e pra dentro da calça. Os dois usavam óculos e os cabelos curtos e todos arrumadinhos. Eles vem Shirou falando alguma coisa como se conversasse com alguém.

– Ei, aquele não é o Shirou-san? - pergunta um deles.

– Sim. Que figura! Está falando sozinho!

– Será que foi possuído por um Imajin?

– Huhuhuhu, vem, vamos lá!

Os dois então se aproximam de Shirou o cumprimentando. Shirou se vira para eles com uma feição completamente diferente da sua de costume.

– Tem razão. - diz ele olhando pros dois jovens que se olham sem entenderem nada.

– Heh... Razão em que? - pergunta o outro.

Shirou então segura o pescoço do mesmo jovem que havia feito a pergunta e começa a apertá-la.

– Sh... Shirou-san... - diz o rapaz com dificuldade – V-Você tá me... Machucando...

– Ei, Shirou, larga ele! - diz o outro segurando o braço do rapaz.

Shirou empurra ele e continua a apertar o pescoço do rapaz.

– Eu vou acabar com vocês e então ela será minha! É isso que preciso fazer pra recuperar Hermes-san! Hahahaha Hahahahaha!

Shirou começa a rir sadicamente, lembrando a risada de Jerome da série Gotham. O rapaz que havia sido empurrado se levanta e vai pra cima de Shirou mais uma vez. Porém, uma fumaça sai do corpo do rapaz criando a imagem de um rosto sinistro e monstruoso.

– Alimente-me!

A fumaça então envolve o rapaz que desaparece nela. O mesmo acontece com o outro que estava sendo enforcado. Algum bom tempo depois, Nana chega na casa de Shirou com Hermes e Shigeru. Ela bate na porta, mas ninguém atendia.

– Shirou-san! - gritava Nana – É a Nana! Por favor, abre! Tem alguém que precisa muito falar com você! Shirou-san!

Ela continua batendo quando um dos vizinhos aparece.

– Ei você aí... - diz o vizinho para Nana – Está procurando Yamada-san?

– Sim! - diz Nana se aproximando dele – O senhor sabe onde a gente pode encontrar ele?

– Olha, eu soube que tá tendo um encontro desse povo nerd no centro. Ele ficava repetindo "otaku" o tempo todo, como um zumbi enfurecido de fome.

– No centro, o senhor diz?

– Isso!

– Obrigada, senhor!

Os três então partem dali. No centro, a praça era tomada por vários otakus de cosplays e roupas de animes, tokusatsus e séries sci-fi americanas. Shirou estava parado no meio deles, sendo esbarrado o tempo todo.

– Otakus... Otakus... Otakus... - ele balbuciava.

– Ei amigo, está tudo bem? - perguntava um rapaz usando um cosplay de bob esponja. Shirou se vira pra ele com um olhar mortal. O cosplayer então solta a famosa risada do personagem.

Shirou empurra o cosplayer e o joga no chão. Em seguida, ele segura o "Bob Esponja" no chão e é tomado pela aura azulada novamente. O cosplayer então se transforma em fumaça e é sugado pelo rapaz. Aquilo faz com que os outros otakus corressem desesperados enquanto Shirou tomava uma forma monstruosa cujo rosto lembrava um trem.

– Isso! Isso mesmo! Corram, seus otakus malditos! Hahahahaha

Naquele instante, uma lata de lixo voa na direção do monstro que simplesmente se vira e a parte no meio.

– O quê?! Quem ousa?!

Diante dele estava alguém vestindo uma roupa que era similar ao suco Muppy. O Muppy-man então dá um tchau com a mão e com a outra puxa uma espécie de cinto e o acopla em sua cintura encaixando em seguida uma ampulheta de cor lilás.

– OK! IT'S... -

–Henshin...

– TIME! -

Uma onda forte de vento bate no Muppy-man seguido de um campo de energia. Nana via tudo passando acelerado dentro do campo, como uma espécie de borrão. O corpo de Dai é tomado por uma luz e começa a mudar de forma. A imagem de um relógio girando seus ponteiros rapidamente aparece. Eles param numa posição na cabeça do rapaz e então o corpo todo brilha fazendo o campo desaparecer criando um vento forte e levantando um pouco de poeira.

O corpo do rapaz agora estava protegido com uma espécie de armadura prateada com detalhes lilazes que agora estavam brilhando. Sua cabeça estava protegida por uma capacete que lembrava um relógio, o visor era lilás também.

– Ji-Jikan...!

– Agora já chega, Janpuujin! Eu vim aqui pra te impedir.

– Desgraçado! Não vá achando que será tão fácil assim!

O monstro então parte pra cima de Jikan que desvia dos golpes e então começa a trocar socos e chutes com ele. Jikan desfere uma sequencia de socos no estomago do monstro e em seguida no rosto.

– Porque quer tanto assim nos destruir? Nós só queremos viver um pouco mais!

– Ao custo de outras vidas? Não, não posso permitir isso!

Jikan então desfere outro soco contra o monstro que segura sua mão.

– Isso é tudo o que você tem, Jikan?!

– Não, eu também tenho isso!– diz ele mostrando uma ampulheta verde e a encaixando no lugar da lilás.

– OK! IT'S... -

– Punch...

–TIME!-

A armadura de Jikan se modifica um pouco. As linhas lilazes em seu peitoral mudam de posição e se tornam prateadas enquanto o peitoral que antes era prateado se torna verde. Os braços ganham detalhes verdes também assim como os joelhos e as pernas. Em suas mãos surgem duas luvas vermelhas de boxe, o ponteiro em seu capacete para numa outra posição, terminando a mudança de forma. Ele então começa a desferir divesos socos mais fortes contra o monstro e em seguida o joga longe.

– E-Espere! Espere!– suplicava o monstro – Tem certeza que quer fazer isso? – ele toca sua barriga – Minhas vitimas ainda estão vivas aqui!

– Hã?! Como é?

O monstro então se aproveita que o heroi baixa a guarda e o chuta para longe. O janpuujin então começa a chutar Jikan e a tripudiar dele.

– Ora, hahahaha! Mas onde está toda aquela valentia de agora a pouco, hã?! Hahahhahaa – dizia ele pisando em Jikan e em seguida segurando seu pescoço – Qual será o gosto de uma lenda, huh?

– Yamada-san!!! Pare!! - diz a voz de Hermes ao fundo.

– He-Hermes-san...– diz a voz de Yamada dentro do monstro. Yamada é mostrado num cenário que lembrava o vagão de um trem. Junto dele, estavam todas as outras vítimas do janpuujin. O rapaz olhava para cima. - Hermes-san! Você veio!

– Shirou-san! - cortava Nana que estava com ela e Shigeru – Eu sei que você ainda está aí dentro, por favor, escute o que Misaki-san tem a lhe dizer!

– Yamada-san, eu não sei o que está acontecendo direito. - dizia ela olhando para Nana que a incentiva com gestos – Mas, se você está aí, por favor, me escute!

Misaki segura suas próprias mãos que suavam frio. Ela molha a boca, demonstrando nervosismo, tanto pelo que queria dizer assim como pela presença daquele monstro em sua frente.

– Eu não fiquei com raiva de você por ser um otaku. - explicava ela – Nana me explicou que você mentiu e me escondeu sobre seu compromisso por medo disso. Yamada-san, eu fiquei com raiva por que você mentiu. Os meus pais mentiam o tempo todo e por isso o casamento deles foi desfeito, eu não suporto mentiras! Mas eu te perdoo, é lógico que te perdoo! Porque eu... Eu...

– Por que você...? – dizia Shirou de dentro do monstro ouvindo atentamente a tudo.

Misaki segura ainda mais forte suas mãos, ela morde os lábios por um momento, fecha os olhos os pressionando ao máximo e então deixa soltar.

– Por que eu te amo! Eu te amo, meu homem do trem!

Um silêncio toma conta de tudo naquele momento. O silêncio dura apenas um instante e então o Janpuujin começa a rir.

– Hahahahahaha! Sua idiota! Seu precioso homem do trem já era! Eu viverei no lugar dele, neste mundo! Por vários e vários anos! Eu primeiro acabarei com esse Kamen Rider aqui e depois cuidarei de você!

O Densha Janpuujin então volta a se concentrar em Jikan. Ele se prepara para se alimentar do herói quando de repente sente tudo travar.

– Ma-Mas o quê?! Isso é impossível!!! Meu corpo não se mexe!

–Eu não vou deixar! – diz a voz de Shirou – Não vou deixar que você machuque Hermes-san! Que machuque mais ninguém!

– De-Desgraçado! Como você...?

O corpo do Janpuujin começa a brilhar e então, do topo da sua cabeça ele desfere fumaça libertando Shirou e as outras vítimas enquanto soltava Jikan.

– Mas isso é impossível! Nunca um humano conseguiu se safar de nós antes... Como isso é possível?

– Os humanos possuem uma força poderosíssima que vocês Janpuujin e até mesmo eu jamais poderemos compreender, acredito que o nome dessa força se chame amor.

– O quê?! Está me dizendo que algo ridículo como o amor foi o que salvou esse humano?! Não seja estúpido!

– Acaba logo com ele Jikan! - gritava Nana que estava irritada com as palavras do monstro.

Jikan apenas faz um joinha pra ela.

[Battle song: https://www.youtube.com/watch?v=65XtYu8NEmc ]

Rapidamente o relógio de Jikan gira e o corpo dele muda de cor novamente. Algumas partes de seu corpo se tornam verdes, as pernas ficam nessa cor e com algumas partes douradas.

– IT'S HISSATSU TIME! -

O colã por baixo da armadura de Jikan se torna todo verde e seu corpo é envolvido por uma aura de mesma cor. A ampulheta em seu peitoral se apaga e as linhas ligadas a ela se tornam douradas assim como alguns detalhes. A ampulheta que antes era verde em seu cinto se torna dourada.As luvas de boxe que antes eram vermelhas se tornam douradas. Duas placas se desprendem se seu ombro revelando pequenas turbinas que se ligam automaticamente. Em seguida, elas impulsionam o guerreiro para pra frente que dá uma sequencia de socos no Janpuujin e terminam com um gancho que o lança para o alto. As turbinas então se mexem e impulsionam Jikan para o céu.

O rider ultrapassa o monstro e gira em 360 no ar, acumulando o máximo de energia o possível. Em seguida ele é lançado contra o inimigo e o atravessa. O monstro explode no ar e Jikan cai em pé no chão tomando sua forma primária. Algum bom tempo depois, Nana, Shigeru e Ota estavam numa estação de trem acenando e se despedindo de Shirou e Misaki que já haviam embarcado e os observavam pela janela.

– Graças a todas essas pessoas, poderemos ficar juntos novamente. - diz Misaki para Shirou.

– Sim. - diz ele sem graça e um tanto acanhado.

Os dois olham para seus mais novos amigos. O trem finalmente começa a andar e os dois apaixonados vão embora, com Misaki sentando-se ao lado de Shirou e apoiando sua cabeça no ombro dele. Shirou segura a mão de Misaki por debaixo da mesa e a aperta bem forte. Escondido próximo à estação, Dai observava abrindo um sorriso. Ele olha pra cima sentindo o sol bater em seu rosto. Ele então se vira e vai embora dali virando uma bola de luz.

Continua...