No dia seguinte, Michelangelo acordou com uma espécie de alarme soando e ressoando em todos os cantos da Reserva. Era ensurdecedor. Levantara-se rapidamente andando até a porta, dando de cara com Heike correndo, séria. Michelangelo segurou em seu braço ao passar à sua frente, fazendo-a se assustar.

– Largue-me! – ordenara.

– O que está acontecendo aqui? É hora do café da manhã?! – perguntou Michelangelo.

– Não mesmo, Aschloch! Está tendo um ataque dos Monsters!

Heike havia se soltado e correu rapidamente até o saguão principal. Michelangelo não sabia o que fazer. Optou em correr até o saguão e esperar segundas ordens. Havia várias pessoas, tanto meninos quanto meninas de diversas idades entre a puberdade até a fase adulta, correndo. Algumas pegavam suas armas em uma parede enorme. Outras pessoas saíam de uma espécie de sala vestidas militarmente com mais armas de fogo. Michelangelo avistou Nathan entregando as armas para as pessoas e decidiu perguntar.

– O que faço?

– Troque de roupa.

Michelangelo olhou para si mesmo e percebera que estava com seu “pijama”.

– Isso não é bem pijama.

– Olha, não sei se da onde você veio lugares de nudismo é aprovado, mas aqui não é. Siga as regras. Ande logo antes que Heike venha puni-lo.

Michelangelo obedeceu, murmurando. Ficou pensando se a tal da Heike era realmente tão “durona” assim. Ao voltar para o quarto, ele colocou sua jaqueta verde acinzentada, calçou as botas e seguiu novamente para o saguão.

– Beleza. Dê-me a arma aqui, estou pronto!

– Não. Agora vá tomar seu café. ANDE LOGO, JOHN! A HUMANIDADE PRECISA DE VOCÊ! – Nathan gritou para um homem que estava amarrando as botas e pegando sua arma.

– O quê?!

O alarme havia parado de soar. Michelangelo não sabia se o pessoal estava batalhando contra os Monsters ou se os monstros desistiram de atacar. Um silêncio que fazia as vozes de dentro da Reserva ecoar.

– Você ainda é um novato. Se sair em campo de guerra agora certamente morrerá.

– Eu já matei um daqueles monstros – comentou Michelangelo sem emoção em sua voz.

– Hmm... Nada mal. Mas recebi ordens de maiores para treiná-lo. Fique tranquilo, se você sair bem nos exames, logo, logo estará colocando sua vida em perigo... Se é o que desejas. O.K., vamos para a sala de treino.

Michelangelo seguiu o rapaz moreno até uma espécie de pátio – maior do que a principal ou do refeitório. Era formada por várias barreiras e também havia do lado esquerdo uma espécie de trapézio enorme com todos os tipos de armas.

– Feche a porta – ordenou Nathan ao albino. Michelangelo obedeceu. – Enfim... Escolha uma arma.

Michelangelo caminhou até o trapézio e procurou aquela que ele havia usado para batalhar contra o Monster, mas não encontrou.

– Cadê aquela arma que uma arma diferente?

– Todas armas aqui presentes são diferentes, se não notaste.

– Não... A que eu usei era uma com o cano protegido, negra, com um Plasma Reactor Fuel, se não me engano.

Nathan arregalou seus olhos negros de surpresa.

– A... T-Tiger...? – Nathan gaguejou.

– Se é assim que você a chama... É essa mesmo.

– Por que iria usar uma arma dessas? Além do mais, essa arma não é para você. É pesada, difícil na hora da fuga.

– Pesada? – interrompeu Michelangelo. – Nem um pouco! Quando a peguei ela parecia ter o peso de um estojo cheio de lápis de cor.

Os olhos do moreno aumentaram ainda mais de tamanho.

– Já volto. – Disse Nathan.

***

Correndo, Nathan deixou a sala de treinamento e correu para encontrar Andrew. Primeiramente ele correu até seu aposento, mas não encontrara ninguém. Decide ir até o Departamento de Armas. Provavelmente ele estaria com Mei Lu-Chu lá.

Mei Lu-Chu era uma menina asiática de seus 19 anos de idade, cabelos negros curtos e olhos verdes. Seu cabelo possuía dois coques no topo. Para a maioria que visualizavam de primeira era apenas duas bolas de cabelo. Mei estava na Classe Militar também, mas era responsável pela criação de armas.

– Encontre-te finalmente! – disse Nathan respirando fundo e recuperando o fôlego.

– Wǒ? – perguntou Mei.

– Não, Mei. Dirijo-me ao Andrew.

– O que você quer? – disse secamente ao moreno coleado.

– Você está sabendo sobre o novato?

– Depende... Há coisas que posso saber e outras não.

– Ele conseguiu manusear a Tiger!

– Ah... Então ele voltou para a Reserva por causa disso? Humm... – Andrew pensou – Um Electi, então?

***

Michelangelo ainda estava esperando pelo moreno sentado descansando seu tronco na parede. Michelangelo escutara a porta pesada da sala de treinamento.

– Finalmente... fostes pentear o cabelo ou retocar a maquiagem? – Michelangelo provocou.

– Cala-te! Eu apenas... estava a procurar a sua arma.

– E vejo que fez um péssimo trabalho, não?

Era notável o rubor no rosto do rapaz. A vermelhidão por baixo do Band-aid e demais curativos. Nathan sempre quis fazer parte de uma classe mais privilegiada, como pelo menos a Classe Científica, mas sabia que era impossível. Apenas muita sorte: nascer com tal mentalidade e capacidade para o cargo.

– O.K.! Vamos treinar antes que a Heike apareça aqui e aponte sua RWBY para minha garganta novamente – disse Nathan pegando uma sacola que estava sob a mesa. Arco e flecha.

– Apontar o quê? – perguntou Michelangelo.

– Sua RWBY. Também é uma espécie de arma... Mas digamos que é 2 em 1. Pode transformar tanto em uma arma branca, sua foice mortal, ou em uma arma de fogo, que pode estraçalhar seu crânio com apenas uma pequena bala. Tome, segure – Nathan lançou o arco para Michelangelo enquanto pegava outra bolsa com meia dúzia de flechas.

– Arco e flecha?! Olha... tenho certeza que isso não matará um Monster. Talvez nem seu filho!

– Calme aí, Novato. Isso é apenas para treinar sua mira. Achou mesmo que iria pegar uma arma e sair por aí atirando em qualquer Monster que encontrar? Vamos, você terá que segurar o arco com a mão esquerda e a flecha com a direita. Destro, certo? – Michelangelo confirmou. – Agora terá que pegar uma flecha. Colocará a ponta da flecha apoiada no seu dedo indicador da mão direita. Em seguida, puxe até a orelha, até sentir o corpo da flecha tocar em seus lábios. Em seguida, relaxe os músculos e solte a flecha.

A primeira tentativa Michelangelo não conseguiu completar. A Flecha havia ido para o lado e quase acertado outro rapaz que estava a treinar juntamente com ele.

– Sporcizia! – murmurou em italiano.

Nathan ria.

– Está rindo do quê? Stronzo...

– Olha... Eu faço a mínima ideia do que você está me dizendo, mas vou considerar um “você é lindo, Nathan” – ele ria mais.

– Prefiro ser devorado vivo por um Monster do que dizer isso.

– Você está fazendo errado. Você tem que segurar a flecha e dar uma leve pressão nela contra o arco para que ela não fuja da linha reta. Veja e aprenda.

Nathan pegou um arco e uma flecha e, concentrado, olhou para o alvo ao longe. Virou e depois soltou. Sua flecha acertou bem no centro, atingindo o ponto negro. Michelangelo ficou admirado com o menino. Se ele consegue, eu também consigo, pensou Michelangelo.

– Vai, Mike. Sua vez.

– Mas que droga! Não me dê apelidos!

– Nossa, que azedo você... Michelangelo é muito grande de se falar. Anda logo e atinja minha flecha. Ou pelo menos o arco.

Michelangelo novamente pegou sua flecha e colocou no arco. Mirou e atirou. Nathan estava admirado, de boca aberta, pois sabia que o novato não iria acertar novamente. Ele teve eu treinar por meses até acertar o ponto negro. Michelangelo não havia apenas acertado o ponto, mas também como atravessou a flecha do moreno coleado.

– Sua flecha... há fumaça... – dizia Nathan ainda sem tirar os olhos castanhos da flecha.