–Então quando eles acharam que poderiam dormir em paz, um vento entrou e balançou as cortinas e lá revelando o par de olhos amarelos que reluziam no escuro do quarto, o sorriso dele apareceu fazendo o corpo do casal ficar imóvel de tanto medo e então...- Suigetsu contava fazendo gestos movimentos com os braços criando o clima de suspense.

–Então o que tio?- Sarada quase pulava do sofá de tanta curiosidade.

–No outro dia o casal foi encontrado com as gargantas degoladas- Suigetsu passou o dedo indicador na garganta da menina que se encolheu rindo –Ele jamais desiste das almas que ele escolhe para ceifar-

–Nem deu medo- Sarada deu de ombros.

–Oras você estava toda encolhida já!- Karin riu da cara de superior que a menina fez -Orgulhosa igual ao pai! Sakura você está condenada!- gritou para a mulher na cozinha.

–Estou mesmo- Sakura apareceu na entrada da sala passando a mão na barriga que dava sinais da gestação -Me pergunto se esse pequeno vai sair igual ao Sasuke também-

–Tenho pena de você- Suigetsu fez careta de dor após sentir o tapa na nuca -Chaaa porque usar essa força Sasuke?!-

–Pra você parar de dizer besteiras na frente da minha filha- o moreno que recém entrará na sala deu de ombros -Hora de dormir Sarada-

–Paaai!- ela reclamou

–Sem pai e sem mãe- Sasuke a pegou no colo e a pós no ombro.

–Seu marido carrega a sua filha igual a um saco de babatas e você acha normal?- Suigetsu olhou para Sakura que ria da cena.

–Se não pode contra eles, junte se- ela sorriu -De boa noite para o tio Sui e a tia Karin meu bem-

–Boa noite- Sarada deixou um bocejo escapar.

–Tsc- Sasuke sorriu de canto -Quer teimar comigo ainda-

–Sua cria- Karin apontou para ele o acusando.

Observaram Sasuke levar a menina até a mãe para lhe dar um beijo e depois entrar no corredor para leva-la ao quarto.

–Suigetsu você tem que maneirar nessas historias- Sakura disse olhando para l corredor já vazio -Provavelmente ela vai querer ir dormir comigo e o Sasuke com medo

–Eu te disse- Karin deu um tapa nele -Mas esse garoto não entende-

–Tchaaaa- Suigetsu reclamou -Pra que violência? Olha que você vai dormir no sofá hoje ein-

–QUE?- Karin gritou.

–Nada não amor- Suigetsu fez cara de inocente -Vou cuidar disso, pode deixar Sakura!-

–Parem de gritar, Sarada dormiu- Sasuke fechou com cuidado a porta do corredor.

–Acho que já está na hora de irmos também- Karin se levantou pegando a bolsa.

–Oshi!- Suigetsu concordou -o jantar estava ótimo Sakura!-

–Oras podem voltar sabem que são de casa- Sakura abraçou o braço esquerdo de Sasuke sorrindo.

–Certo vamos deixar a mamãe descansar- Karin sorriu -Boa noite pra vocês-

–Da próxima vez traga o vinho e não tire um da minha dispensa ouviu Suigetsu?!- Sasuke o olhou sério.

–Aaah não é como se você fosse beber sozinho- Suigetsu falou divertido -Se cuidem vocês-

–Vocês também- Sasuke acenou observando o casal sair do apartamento.

oOo

–Eu te disse que isso ia dar problema, a Sarada-chan só tem cinco anos!- Karin comentou enquanto observava a paisagem que passava pela janela do carro.

–Aah Karin- Suigetsu bufou -Olha aqueles olhinhos fofos e tenta negar algo! O que posso fazer se ela ama as historias de terror do tio Sui?- sorriu.

–Conte uma que não tenha tripas ou gargantas sento cortadas então!- bufou.

–Ninguém resiste ao conto do olho amarelo- Suigetsu falou divertido.

–Ta certo bonzao- Karin mandou um joinha para ele.

Riram enquanto ele estacionava o carro na garagem da casa.

Entraram dentro de casa e Karin jogou a bolsa e subindo as escadas com Suigetsu em seu encalço. Trocaram de roupa e se aprontaram para a noite de sono.

–Boa noite- Karin disse preguiçosa e depositou um beijo nos lábios dele, sentindo os braços do homem a abraçarem a cintura.

–Boa noite- Suigetsu deu um beijo na nuca da ruiva.

oOo

Karin acordou na madrugada sentindo o vento gelado entrar pela janela, pegou o celular que marcava três da manha. Se levantou indo até a janela e a trancando.

–Que merda Sui, porque abriu a janela?- resmungou quando bateu o trinco da janela.

–Não abri nada, volta pra cama- o homem resmungou se embrenhando mais no edredom.

Se deitou novamente e abraçou o namorado e encostou o rosto nas costas dele e depositou um beijo ali.

Ouviu um barulho no primeiro andar da casa, um vidro quebrando.

–Sui...- Karin acordou alarmada –Suigetsu!-

–Já ouvi- Suigetsu se levantou em um pulo –Fique aqui-

–Ei!- Karin o chamou antes dele sair do quarto –Cuidado!-

–Já venho minha ruiva- Suigetsu piscou para ele e saiu do quarto.

Ficou com o ouvido encostado na porta tentando ouvir qualquer barulho, mas levou um susto com o som da janela do quarto de abrindo.

–Mas que inferno!- Karin sentia a respiração descompassada, correu até a janela e minutos antes de trancar percebeu uma figura alta e esguia na esquina da rua, o sobretudo preto e o chapéu escuro deixavam apenas os longos cabelos pretos a mostra.

Trancou rapidamente a janela dando duas voltas na tranca até voltar sua atenção para o andar abaixo.

Já estava quase indo ela mesma para ver o que tinha acontecido quando o grito de Suigetsu e as batidas fortes na porta a provocaram desespero destrancando imediatamente a porta para ele entrar no quarto.

A camiseta branca de Suigetsu estava toda manchada em vermelho que vertiam de varias partes do tronco do homem, assim como no pescoço...degolado.

O grito passou como um rasgo pela garganta de Karin, os olhos verteram agua imediatamente e o corpo todo tremulo ao ver o estado do namorado.

–Meu deus...Oh meu deus!- Karin sentia o estomago revirar, o homem a frente nada fazia ou dizia apenas a observava.

–O que foi minha ruiva?- um sorriso brotou no rosto do homem pálido.

–Sui... Suigetsu- Karin tremia por completo –Meu deus precisamos ligar pra alguém!- correu até a cama pegando o celular para discar o numero quando mais uma vez as batidas fortes na porta ecoaram para dentro do quarto junto com a voz do lado de fora do quarto.

–Karin?- a voz de Suigetsu fora do quarto a fez gelar –Abre! Ouvi o grito! Oque houve?!!-

Karin gelou por completo, se virou lentamente para trás, como a voz do namorado vinha de fora do quarto sendo que ele estava ali dentro... com ela.

Mas ela estava ali sozinha no quarto.

Tremula e apavorada abriu a porta do quarto e vendo Suigetsu perfeitamente normal.

Olhou para ele apavorada e confusa, não sentia mais força nenhuma nas pernas e sentiu o corpo tombar.

–Karin!- Suigetsu a segurou –O que aconteceu?-

–Vo...você- Karin sentiu as costas se acomodarem no lençol –Estava aqui! Eu juro!- apontou para o centro do quarto.

–Okay chega por hoje- Suigetsu suspirou –Não devia ter ficado contando essas historias pra vocês hoje, me desculpe-

–O barulho...

–Ah foi um gato que entrou pela janelinha do banheiro- sorriu para ela e tirou alguns fios de cabelo do rosto dela –Esta tudo bem agora, desculpe ter te deixado assustada-

Poucos minutos depois ainda não conseguia pregar os olhos, as imagens estavam frescas na mente e não entendia como aquilo não poderia ter sido real.

Mais uma vez a janela se abriu e Suigetsu prontamente foi até lá para fecha-la.

Observou o namorado resmungar sobre comprar novas trancas para a janela, pela visão periférica captou algo no escuro.

Lá, no centro do quarto a figura alta e magra e os cabelos negros a encaravam com dois olhos amarelos como uma cobra pronta para realizar o bote.

Ela quis gritar, porém o som jamais saiu de sua boca.

oOo

–Sasuke... - Sakura alisou as costas do marido que lia os relatórios.

–Estou bem- a voz dele saiu cansada –Vá deitar você precisa descansar- passou a mão na barriga de sete meses de gestação.

–Querido- Pegou a mão dele –Chega, já faz mais de cinco meses, acredite me dói tanto quanto dói em você... Mas... - secou a lagrima que escorreu pelo rosto –A Sarada também foi afetada demais e ela te ver dia e noite nesses relatórios da policia a assusta mais ainda-

–Desculpe... - largou os papeis na mesa e passou as mãos pelo rosto –Isso é impossível, quase dez anos no departamento de investigação e é a primeira vez que não acho o bastardo... Justo o que matou dois amigos- socou a mesa de madeira com raiva.

–Vem descansar... Por favor- Sakura mordeu o lábio inferior.

Sasuke se levantava da cadeira para ir para o quarto com a esposa quando a pequena Sarada adentrou no escritório com os olhos vermelhos pelo choro.

–Minha princesa!- Sakura se ajoelhou na frente dela afagando os cabelos negros.

–Pesadelo mamãe- Sarada choramingou –Socorro papai- olhou para o homem atrás da mãe.

–Venha- Sasuke a pegou no colo e ajudou a esposa a se levantar.

–O que você sonhou querida?- Sasuke perguntou com calma para a filha enquanto iam até o quarto do casal.

–Tio Sui pedia socorro... Mas o homem da historia dele apareceu- a menina entrou em desespero –Eu não pude ajudar papai! Desculpa!- chorava cada vez mais.

–Shhh- ele deitou Sarada entre ele e a esposa –Esta tudo bem agora, foi só um pesadelo-

oOo

–E nunca o papai descobriu?- o pequeno perguntou surpreso.

–Nunca- Sarada negou com a cabeça –Mas não comente, ele fica triste...-

O mais novo ficou por alguns minutos pensativo provocando a curiosidade da irmã.

–Porque me perguntou sobre o tio e a tia, Nisuke?- Sarada terminou de colocar o pijama no irmão.

–Vi algumas fotos com a mamãe ontem- Nisuke deitou-se na cama –Sarada... Posso dormir com você? Não quero que o papai pense que sou covarde- falou envergonhado.

–Tsc- Sarada sorriu e deitou-se ao lado do irmão colando sua cabeça no colo dela –Durma bem pirralho-

–Boa noite- bocejou o pequeno e adormeceu.

Minutos depois ouviu a janela se abrir lentamente com o vento, se levantou sabendo que ele estaria lá.

Todos os anos, no aniversario de morte dos amigos de seus pais ele aparecia, o homem alto e longos cabelos negros, entre a escuridão da noite apenas via os olhos amarelos a encarando com algo que se misturava entre curiosidade e raiva.

Ele não aparecia em nenhuma outra noite, sempre as três da manha a janela era aberta pelo vento e lá ele estava, a metros longe de sua casa, mas os olhos eram inconfundíveis.

“Orochimaru” lembrou-se do nome do homem das historias de Suigetsu.

Fechou a janela com cuidado para não acordar o irmão e voltou-se a deitar abraçando o irmão com força.

–Ele esta lá né?- Nisuke murmurou sonolento.

–Ele quem?

–O homem dos olhos amarelos... Ele aparece uma vez só, não sei quem é- respondeu o menino.

–É um ninguém, não se preocupe- Sarada o tranquilizou.

–Eu sei... - Nisuke se ajeitou no colo da Irma –O moço da foto da mamãe disse pra mim que ele não pode fazer nada conosco-

–Quem?- perguntou assustada.

–Suigetsu- Nisuke apontou para um canto do quarto escuro –A mulher ruiva esta no quarto da mamãe e do papai, eles protegem a gente, por isso o homem fica irritado-

Sarada gelou, olhando para o canto onde Nisuke apontou momentos atrás não vendo nada lá.

–Ele mandou você dormir- Nisuke cochichou –Vai ficar tudo bem-

Observou o menino dormir e quando o relógio virou para quatro horas da manha, um grito raivoso veio da rua para logo após tudo voltar ao silencio.