Heroes. escrita por Lord


Capítulo 6
Bejos surpresos.


Notas iniciais do capítulo

Surprise bitch, I bet you thought you'd seen the last of me.
Gente, depois de um mês infernal na escola eu voltei, na verdade eu voltei semana passada, só fiquei com um pouquinho de preguiça de revisar o capítulo e postar, eu precisava respirar um pouquinho. Mas agora eu voltei! E pretendo postar toda quarta, não prometo que vou conseguir, mas prometo me esforçar.



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Eu estava perdendo Theo. Era como se eu tentasse segurar uma grande porção de água com as mãos e a água ficasse escorrendo entre os dedos e eu tentasse segurar a água que escorria e acabasse derrubando mais água ainda.

Depois da bola fora que eu dei, nós acabamos indo para a sala. Eu optei por me sentar no chão ao lado do Boris, Theo sentou no sofá ao lado de Aimée e passou o braço por trás dos ombros dela. Um pingo de ciúme surgiu em algum lugar dentro de mim.

Aimée parecia estar desconfortável, pois sacudia a perna freneticamente no ritmo de alguma música, mas não havia música nenhuma, apenas a conversa divertida de Victor e seus amigos. Mesmo não lembrando o nome deles, os amigos de Victor me pareciam pessoas boas.

– Max, posso falar com você? – Disse ela por fim.

– Claro.

Segui ela até a varanda. Aimée estava séria, em nenhum dos poucos dias desde que eu conheci ela, eu havia visto ela tão séria. O cabelo vermelho estava preso em um coque, alguns fios ficaram espetados. Era um pouco engraçado.

– Max, eu não sei o que se passa na sua cabecinha louca e azul. – Ela começou, estava mais assustada do que séria. – Mas ninguém entra em um carro com dois garotos desconhecidos pra Deus Sabe Onde.

– Você entrou. – Falei confuso.

– Eu já te conhecia. – lágrimas brotaram em seus olhos. – Bem, não pessoalmente, mas eu conhecia Hernando.

Quando o nome do meu irmão foi dito senti o maior frio na espinha já sentido por qualquer ser humano. Em casa nós nunca tocávamos no nome do meu irmão. Pelo menos não depois que ele morreu.

Hernando era quatro anos mais velho que eu. Quando ele completou dezoito anos decidiu que queria morar com o pai dele, isso causou o maior desequilíbrio familiar que eu já vi na vida. Não houve choro, não houve protesto, meu irmão apenas deixou de existir para minha mãe e eu acabei me tornando o alvo de realizar todos os sonhos frustrados da família. Sete meses depois de tudo na casa mudar, minha mãe recebeu a noticia dizendo que meu irmão havia morrido. Não cheguei a ver o caixão ou a ir ao velório. Apenas fingi que nada aconteceu, assim como minha mãe fez quando ele foi embora.

– Hernando tinha muito orgulho de você. – Aimée continuou. – Ele sempre dizia que você era diferente dele e mesmo quando era pequeno. Você não tentava agradar a sua mãe. Não tinha notas tão boas quanto às dele, não tocava piano e nem gostava de ler, mas falava espanhol e preferia criar suas próprias histórias. Você é um sonhador, seu irmão te invejava por isso.

Eu estava tentando entender onde Aimée queria chegar, mas eu estava quase chorando e se eu chorasse Theo teria que cantar Brilha, brilha estrelinha.

– Eu não conheci sua mãe, mas Hernando fazia ela parecer uma bruxa. – Aimée sorriu. – Ele te amava Max, ele te amava tanto que ele estava voltando para casa da sua mãe quando o acidente aconteceu.

Eu estava pronto para abrir a porta e gritar para Theo começar a cantar.

– Quando eu te vi eu te reconheci na hora, por isso eu mandei vocês para o hotel, não queria deixar você seguir pela mesma estrada que matou o seu irmão. – Ela suspirou. – Eu nunca namorei o filho dos donos, nem mesmo conheço ele, eu só queria estar perto do Hernando mais uma vez, você faz isso Max, você tem o mesmo olhar que ele tinha.

As lágrimas já estavam quase escorrendo.

– Eu nunca me despedi dele. – Falei por fim. – Falei com ele por dois minutos depois que ele saiu de casa. Passei a agir como se eu fosse filho único. Minha mãe tentou fazer de mim um Hernando. Ela nunca conseguiu.

Aimée deu o sorriso mais puro que eu já vi.

– Eu sinto falta dele. – Ela suspirou.

– Eu também.

– Venham comer. – Theo apareceu na porta com seus sorriso maravilhoso e simpático.

Puxei o moreno para o abraço mais aconchegante do mundo, Aimée se juntou e então virou o abraço mais aconchegante do... O que seria maior que o mundo?

***

A conversa com Aimée me deixou totalmente atordoado e sem conseguir dormir. Logo estava eu, no meio da madrugada sentado na sala de uma pessoa que eu nem conhecia direito envolvido em completa escuridão. Qual a probabilidade de isso dar errado? Bem, eu não sei, nunca aprendi probabilidade, mas era muito grande.

Me assustei quando ouvi a voz abafada e ofegante de Martin. Meu terceiro olho mexicano podia ver no escuro. Ele estava acompanhado. De duas uma, ou alguém havia chego enquanto eu estava no quarto, ou Victor estava traindo o namorado dele. Aparentemente Spencer Língua-Louca atacava novamente.

– Não faça barulho. – Martin falou.

Primeiro o som de um tapa, depois alguém falou.

– Tire a mão daí seu tarado.

Aimée.

Aimée estava aos beijos com o Martin. Parte de mim queria falar que eu estava ali, outra parte queria pegar o celular e tweetar o acontecimento, mas a terceira parte venceu. Eu explodi na gargalhada mais alta que eu já havia dado.

Os dois ficaram em silêncio, então alguém acendeu a luz.

– Max! – Aimée disse assustada.

Martin estava tão vermelho quanto o cabelo de Aimée. Então eu ri um pouco mais.

– Achei que você era gay. – Falei secando uma pequena lágrima que havia se formado depois de tanto rir.

– Não gosto de rótulos. – Ele disse frustrado.

Aimée mordeu o lábio inferior como se gritasse para eu sair da sala.

– Usem camisinha. – Falei voltando para o quarto. – No meu carro já tem lugar para o seu cachorro, não coloque uma criança lá. Obrigado.

– Eu te odeio. – Ouvi Aimée dizer quando eu abri a porta do quarto.

Deitei na cama de costas para Theo que dormia tranquilamente. Boris arranhou o piso laminado em algum canto do quarto. Me arrepiei quando Theo virou e nós acabamos ficando de conchinha.

– Onde você estava? – Ele perguntou entrelaçando os seus dedos aos meus.

– Na sala. – Respondi confuso. – Theo, o que você está fazendo?

– Nada ué.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, até achei que Theo tinha dormindo, mas eu estava levemente enganado.

– Max?

– Sim.

– Você pode olhar para mim enquanto eu falo? – Ele disse irritado.

Me virei para encarar a escuridão. Fiquei surpreso quando meus lábios foram tomados pela boca de Theo. Não foi um beijo quente de tirar o ar, foi um beijo calmo e desajeitado, mas foi um beijo carinhoso e bom.


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