Heroes. escrita por Lord


Capítulo 4
Brilha, brilha estrelinha.


Notas iniciais do capítulo

Oi, vocês. Tudo bem?



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Quando eu estava na quinta série um novo garoto entrou na sala, o nome dele era Victor, com um belo “c” no meio, no começo isso me deixou um pouco confuso e depois que eu perguntei qual era o certo "Victor ou Vitor", Victor disse que eu poderia chamá-lo como eu quisesse, e foi assim que o Victor acabou sendo chamado de Spencer até a oitava série. Talvez o fato de Spencer ser um nome que serve tanto para garotos e garotas e isso me deixasse menos confuso quando pensasse “eu estou apaixonado por Spencer” podia ser uma garota ou garoto. É completamente complicado, mas na minha mente funciona perfeitamente.

O mais engraçado é que como a vida é cheia de surpresa. Acabamos decidindo ir comer o que Aimée jugava ser o melhor hambúrguer de todo o país. Assim que passei pela porta da pequena lanchonete vi Victor sentado em uma mesa em um canto afastado, ele estava acompanhado por mais três garotos e uma garota. Mas como Boris não podia entrar acabamos ficando com uma mesa da área externa, então Victor não nos viu, mesmo com Theo demorando uma eternidade para escolher qual hambúrguer ele queria.

– Não é o Spencer? – Theo pergunto apontando com uma batata.

– O nome dele é Victor. – Respondi. – Mas sim, é ele mesmo.

– Faz muito tempo desde o incidente. – Theo olhou para o garoto que ria alegremente. – Será que ele ainda te odeia, ou você ainda odeia ele?

Depois da formatura da oitava série acabamos encontrando Victor mais uma vez, na festa de uma das nossas amigas de classe um ano depois. Foi a mesma festa do meu primeiro beijo gay e Victor foi o primeiro cara que me beijou. Não seria nada de mais se ele não fosse apaixonado por mim e mesmo negando todos esses anos eu também tinha uma pequena queda por ele, mas depois do beijo tudo virou um caos e houve uma enorme e bêbada discussão.

– Acha que eu devo falar com ele? – Perguntei. – Já se passou um bom tempo, ele não deve guardar rancor, eu não guardo.

– Gente, por que aquele garoto loiro olha pra vocês com tanta raiva. – Aimée perguntou saindo do estabelecimento com uma bandeja verde nas mãos.

– Uma vez ele me beijou e um enorme caos aconteceu. – Desviei o olhar para a mesa que ele estava sentado e fui metralhado por seus olhos castanhos.

– Essa é uma fase confusa. – Aimée falou.

– Não foi uma fase. – Falei encarando o loiro pela parede de viro mais uma vez.

Demorou um tempo até eu perceber o que eu havia dito. Theo me encarava com a boca cheia de hambúrguer enquanto Aimée estava quase morrendo para manter toda emoção dentro dela.

– Pai, mãe, eu sou gay. – Tentei puxar para o lado do humor, mas foi como se um caminhão tivesse me atropelado várias vezes seguidas.

Então eu comecei a chorar. Mas não como se eu estivesse me sentindo aliviado ou envergonhado por ter finalmente contado, eu estava chorando como se eu literalmente tivesse sido atropelado por um mesmo caminhão uma dezena de vezes.

– Max, não precisa chorar. – Aimée disse confusa.

– Está tudo bem, eu estou aqui. – Theo disse em seguida.

Então eu chorei ainda mais.

Porém graças a Deus existia apenas uma pessoa no mundo que sabia me acalmar, essa pessoa era Theo.

– Aimée compre um milk-shake. – Ele disse, então ele segurou as minhas mãos com força. – Brilha, brilha estrelinha, quero ver você brilhar...

– Lá em cima flutuar, com diamantes a brilhar. – Continuei ainda chorando, porém um pouco mais calmo. – Eu queria um diamante.

– Brilha, brilha estrelinha, quero ver você brilhar...

– Faz de conta que é só minha, só pra ti irei cantar. – Terminei parando de chorar, por um momento. – Eu pulei um pedaço.

Mais uma vez a choradeira começou. Foi preciso que Theo começasse a cantar a música mais duas vezes até que eu me acalmasse completamente, quando eu finalmente parei de suspirar Aimée já havia voltado com o milk-shake.

– Vão me contar porque estavam cantando brilha brilha estrelinha quando eu voltei? – Ela perguntou erguendo a sobrancelha.

– Meu avô cantava essa música para eu dormir, mesmo depois que eu já era grande. – Falei. – Isso ainda me acalma.

– Isso é estranho, mas fofo. – Ela falou.

– Max, eu já tinha minhas suspeitas. – Theo falou. – E eu te amo como você é, nunca pense que eu vou te amar menos, ou mudar como eu sou com você pelo simples fato de você gostar de garotos, mas eu não entendi a choradeira toda.

– A briga toda com o Victor aconteceu porque eu não queria admitir pra mim mesmo que eu gostava dele, muito menos que eu gostava de garotos. – Falei. – Então eu meio que surtei e fiz parecer que ele era o vilão da história toda.

– Vá pedir desculpas, só converse com ele antes que eu faça as suas bolas saírem pelos seus ouvidos. – Theo disse sério. – Max, ele ficou sem nenhum amigo, tipo, ninguém queria ficar perto do Spencer Língua-Louca.

Por mais que a situação fosse incrivelmente séria, Aimée deixou um início de risada escapar.

Limpei os últimos vestígios de lágrimas com a manga do casaco e voltei para dentro do restaurante e fui direto para a mesa que Victor estava sentado.

– Olá. – Ele disse antes que eu chegasse à mesa.

– Olá. – Respondi tentando sorrir. – Victor, eu tenho que te pedir desculpas, não acho que eu mereça, mas eu não ficaria bem comigo mesmo se não te pedisse desculpa.

– Acho que essa é a primeira vez que você me chamou pelo nome certo. – Ele disse sério.

– Bem, eu errei em te chamar de Spencer, mas como é um nome que pode ser usado para garotas e garotos era mais fácil estar apaixonado por alguém que poderia ser uma garota. – Falei. – Não que você pudesse ser uma garota. Eu estou confuso. Enfim, Spencer Língua-louca é o maior erro que eu já cometi na vida, mil desculpas.

Victor começou a rir, não como se debochasse das minhas desculpas, mas como se achasse tudo engraçado. Logo os amigos dele também estavam rindo, mas eu continuei sério e sem entender o que estava acontecendo.

– Max, eu fiquei com raiva por muito tempo, mas cara, passou. – Ele disse sorrindo. – Eu tenho um namorado que me ama, tenho amigos e todo mundo ama a história do Spencer Língua-louca.

– Theo está aqui, você pode dizer isso para ele? – Perguntei. – Ele ficou meio irritado em saber que eu sou o vilão da história.

– Sinto falta dele. – Ele se virou para os seus amigos. – Querem saber mais sobre a minha infância?


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