Hajime no Uta escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

essa é a 23ª fanfic da série. A anterior a ela se chama "In Law"



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Saí do chuveiro, enxugando os cabelos na toalha, mas parei na porta do banheiro e fiquei olhando para o quarto do hotel de Kobe.

Desde que o the GazettE começou a fazer sucesso e nós viajávamos pelo país em turnês, eu me acostumei a quartos estranhos, por meses, solitário. Mas agora eu olhava estarrecido pra pessoa que enfeitava minha vida com novas cores: Sereny...

Ela estava sentada em nossa cama, recostada no espaldar de madeira, com um caderno e uma caneta na mão, escrevendo concentrada.

Encostei-me ao batente da porta e fiquei observando-a em silêncio por alguns minutos, até que ela percebesse e erguesse os olhos para mim.

- O que foi? – sua voz saiu risonha e acanhada. – Por que está me olhando desse jeito?

- Eu estava enfeitiçado... – lhe expliquei, desencostando da porta e caminhando até a cama para me sentar ao seu lado. – Gomen... Não queria desviar sua atenção... Parecia tão concentrada que deve ser importante...

- Uma coisinha de nada... – ela deu de ombros e eu ri com seu jeitinho.

- Posso ver? Essa “coisinha de nada”? – estendi o braço, mas ela afastou o caderno de meu alcance. Gargalhei. – O quê? Seu namorado não pode ler? – fingi estar ofendido.

- É uma bobagem... – ela insistiu, manhosa e eu quase pude vê-la atirando o caderno pela janela pra me impedir de chegar nele.

- É sobre mim? – arrisquei e ela corou. – É?

- Eu disse que é bobagem e você pergunta se é sobre você? – ela riu, nervosa.

- Ué... Pode ser outro conceito de bobagem, não pode? Como quando você vê uma coisa na loja e, pra disfarçar que você quer, diz “é bobagem”... Ou quando você fica magoada com alguma coisa, mas não quer discutir sobre isso e diz “é bobagem”... Ou quando eu digo uma coisa muito absurda e pra não me corrigir e me fazer me sentir mal, você diz “é bobagem”... – terminei rindo e ela revirou os olhos como fazia sempre.

- Como foi que se tornou assim tão especialista em mim, posso saber? – ela brincou.

- Eu sou um leitor muito atento! E consigo ir decifrando alguns trejeitos se prestar muita atenção neles... – gargalhei novamente. – Se você for pensar, faz muito sentido um exímio leitor ficar com uma escritora, né?

- Então, quando eu penso que está olhando pra mim e me escutando, você está me analisando?

- Como você é boba... É claro que não... O que eu quis dizer é que eu tenho mais facilidade pra entender aqueles com quem eu convivo mais... E, quando eu estou com você, eu não consigo pensar em outra coisa... Como se eu não conseguisse desviar os meus olhos ou afastar minhas mãos...

Sereny deu risada, mas não era mais uma risada acanhada. Nem tão pouco era uma risada desdenhosa ou irônica. Era uma risada satisfeita. Ela largou o caderno e a caneta e sentou-se em meu colo, beijando meu pescoço e colando seus lábios aos meus.

Perdi todos os pensamentos dentro de minha cabeça ao sentir o gosto doce daqueles lábios se movendo nos meus com mais meiguice do que eu jamais tinha experimentado em minha vida.

Passei meus braços por sua cintura, segurando-a bem colada ao meu corpo. Senti seus braços envolverem meu pescoço e sorri entre o beijo, mordiscando-lhe o lábio inferior sensualmente, só pra senti-la ofegar.

Quando nos separamos, necessitados de ar tanto quanto de nós mesmos, afundei meu rosto na curva de seu pescoço, ainda ofegante.

- Por que eu acho que você só está querendo desviar minha atenção pra que eu me esqueça do que você estava escrevendo?

- Quem está sendo bobo agora? – ela beijou toda a minha face, devotadamente.

- Não vai mesmo me dizer sobre o que é? Se for sobre nós dois, eu gostaria de ler... – tentei imitar seu tom de voz manhoso que sempre me desarmava. – Fiquei sabendo que sempre escreveu muito de nós...

- Chibi linguaruda! – ela murmurou e eu dei risada.

- Não fale assim da sua irmã! Sabe que, se ela não fosse linguaruda, não teria me despertado a curiosidade por você e não teríamos nos aproximado tão cedo...

Ela deu risada e aconchegou-se melhor em meus braços.

- Então...? – eu insisti mais uma vez.

- Você não é facilmente vencido pelo cansaço, não? E ainda se atrevem a dizer que você tem uma mente que se distrai com facilidade...

- Já a vi usando seu truquezinho baixo em sua irmã... Não vai fugir de mim tão fácil!

- Não é sobre nós dois... – ela finalmente admitiu, sem parecer derrotada. Na verdade, ela parecia imensamente deliciada. – Eu escrevi sim muito sobre nós dois... Talvez, mais tarde, eu consiga de novo escrever... Mas, agora... – ela corou. – Eu escrevia porque não podia viver... E agora, você está aqui! E eu posso tocá-lo... Posso tê-lo em meus braços! Não se trata agora de conversas fantasiosas que minha cabeça inventou pra preencher minha solidão... Você está mesmo aqui! É só que... Simplesmente, eu não consigo ficar por muito tempo com a mão livre da caneta...

- É o seu tocar guitarra, não é mesmo? – eu brinquei e ela assentiu enfaticamente. – Somos dois apaixonados por nossas artes...

- Completamente apaixonados... E é provável que tenhamos nos envolvido com nossas artes num mesmo período... Em lados opostos do planeta...

Olhei-a fixamente, tentando ler-lhe a áurea brilhante e avermelhada que ricocheteava meus olhares com suas ondas de calor intensas, aquecendo meu corpo, minha alma, meu coração...

- Deixe que eu me devote a sua arte como você é devota da minha... – implorei-lhe com todo corpo falando a língua, da angústia e Sereny ofegou. Senti em seus lábios, beijos que tentavam aquietar minha aflição tão visível.

Minha morena pegou o caderno e o estendeu para mim. Eu o peguei em silêncio, com olhos de vencedor. Sua voz tremeu um pouco, enquanto ela inspirava e se pôs a ler, traduzir o que ali tinha escrito.

Não era mesmo sobre nós dois. Pelo menos, não obviamente sobre nós dois. Mas, segundo o que eu já tinha ouvido em conversas anteriores entre ela e a irmã, não era personagens completamente dela... Camila os tinha inventado... Tinha lhes dado nome e enredo... Tinha criado, como tantas coisas que Sereny adotara, um amor proibido entre um rei de um reino mágico e uma dama de companhia, que seduzira a irmã de uma forma que só casais célebres da Literatura já tinham feito. Talvez, mais do que muitos...

Ela chegou até onde tinha parado, não era ainda o final... E eu queria saber mais, saber o que vinha em seguida...

- Ele é incansável, não? – eu me peguei pensando e ela riu.

- Ele tem de ser – foi sua resposta. – Todas as vezes, ele tem de quebrar as barreiras que a insegurança dela levanta...

- Por que ela é assim insegura? Ela não o ama?

- Ama loucamente... Mas ela... Não se acha digna de estar com ele, de ter seu amor... Ela é insegura quanto a ela ser merecedora, e não quanto ao amor dos dois...

- Ele parece enfeitiçado por ela... – observei. – Mas o que mais me impressionou foi como você colocou os pensamentos dele... Não parecia você falando... Parecia... Eu... – ri, assombrado. – Agora estou curioso pra ler alguma coisa que você escreveu sobre mim... Se conseguiu decifrar tanto assim de mim sem me conhecer...

- Não posso ter ainda muita certeza de que acertei... Isso, só o tempo dirá... – ela deu risada, acariciando-me a face.

Fechei os olhos e senti aquele toque tão macio me elevar... Ela conseguia tanto de mim com tão pouco... Era tão dela que só o que eu queria era ela... Era viver dela...

- Você é uma bruxinha feiticeira, sabia?

- Por que diz isso com tanta convicção? – ela riu.

- Porque eu simplesmente não consigo mais me afastar de você...

- E isso faz de mim uma bruxinha feiticeira?

- Não, você saber que tudo seria assim desde o começo faz!


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Notas finais do capítulo

mereço reviews??

a próxima fanfic se chama "Só a Verdade"



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