Pov: Isabella

–Bom...senta.- Ele não demonstra mais tanta grosseria como antes. Me encara, e abaixa o olhar para a pequena mala em minhas mãos. -Vai viajar?

–Não. - solto um pequeno suspiro.

–Então porque essa mala? - Ele questiona, e eu sinto, eu sei. É agora.

–Eu... eu estou grávida Gabriel. - E inevitavelmente ele levanta os olhos, me encarando de uma maneira indecifrável. Parece bastante surpreso.

–Tem certeza? - Ele pergunta em um fio de voz.

–Sim, fiz o teste de farmácia e depois o de sangue.

–Por que você está aqui? - E nesse momento eu sinto pena de mim mesma. Dependo dele.

–Meu pai...- olho em seus olhos castanhos claros - me expulsou de casa, hoje ainda. Gabriel eu só tenho você. Me ajuda por favor. Eu... você não precisa ficar comigo. Só me ajude por favor.

Suplico com meus olhos. Eu tinha um boa quantia em dinheiro. Mas eu tinha consciência de que uma gravidez não saía barato. Existiam custos que eu sabia que teria que arcar pelo meu bebê.

–Você...quer ter essa criança? - Meus olhos esbugalham de imediato. - Não estou querendo dizer pra você abortar. Nunca pediria isso pra você. E sei que fiz uma pergunta idiota. Me desculpe.

Eu me acalmo, sei que ele está sendo sincero.

–É claro que eu vou assumir e te ajudar.

Suspiro aliviada. Pelo menos terei onde morar, isso já é suficiente.

–Obrigada, de verdade.

*** 2 meses depois ***

Casada. Mas casada pelo filho. Casada perante as leis humanas. Não posso negar que sou completamente apaixonada pelo meu "marido", uma pena não ser recíproco. Passei anos para poder entender que Gabriel era demais pra mim. Eu não era suficiente para o garoto descolado e que arrancava suspiros por causa de seu lado romântico. Talvez minha baixa auto-estima fosse um problema, mas não me importava. Meus focos eram apenas os outros, eu podia ficar pra depois.

Meu filho, meu marido, por mas que tenhamos "dormido" juntos apenas 2 vezes. A noite em que nosso filho fora concebido, e nossa noite de núpcias.

Gabriel não deixava uma brecha pra eu me aproximar, por mais que eu fizesse tudo que estava ao meu alcance para agradá-lo.

Sua mãe dona Ivanete, que antes nutria uma simpatia por mim, assim que descobriu a minha gravidez, desgostou de mim rapidamente. Moramos na mesma casa, e novamente eu, assim como para seu filho, faço o que posso para agradá-la de todas as maneiras possíveis. Não só eles, mas suas irmãs Mirly, Mirlene, Dafne e Arthur seu sobrinho. Afinal, eu moro de favor, nenhum tem a obrigação de me aturar. Então agradar todos é a melhor opção.

Claro que não é fácil, arrumar casa, fazer almoço, ir pra faculdade que eu tenho que bancar e depois o trabalho na biblioteca é relativamente difícil.

Mas chegar em casa e ver o sorriso de Gabriel, e todos os outros, mesmo que não direcionados à mim, era recompesador. Meu filho concerteza vai nascer em uma família cheia de amor.

Aqui na biblioteca, trabalhando com dona Suzana, que me achava um amor de pessoa apesar de ser exigente era bom. Como não havia muito movimento, eu podia pensar na minha vida como agora.

Como meus 3 meses intactos, eu estava feliz por meu bebê e não via a hora de tê-lo em meus braços. Minha primeira ultrassom depois de 3 meses adiando seria daqui uma semana. Meu objetivo era conquistar Gabriel, levá-lo na ultrassom e construir uma família.