The Violet Hour escrita por Lelon Lancaster


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/645000/chapter/8

Quando descemos do taxi, eu pensei que o motorista tinha errado o endereço. Se aquele seria um show pequeno, me pergunto como seria o enorme. A casa de shows era maior do que eu teria imaginado, com formato e proporções do Royal Albert Hall. Uma fila de carros aguardava para entrar no estacionamento lotado e várias garotas estavam entregando os ingressos aos seguranças na porta e entrando animadas para assistir o show. Entendi na hora porque Liv quis me arrumar.

Olívia não se intimidou pela fila que se formava na entrada, ela foi até a porta e apresentou nossos passes ao segurança. Ele os escaneou com uma espécie de leitor de código de barras e pediu para que esperássemos do lado de dentro que alguém viria nos buscar. Enquanto esperávamos, olhei ao redor. O pé direito era alto e um lustre de cristal pendia do teto de mármore. Algumas colunas brancas davam um ar clássico ao lugar, mas na parede a nossa frente, estavam penduradas algumas fotos e discos dos artistas que já se apresentaram aqui, dando um ar mais rock ´n roll ao salão. O lugar me lembrava um pouco de um Hard Rock Café onde eu tinha assistido o primeiro show da minha vida.

Um homem magro e com o ar apressado veio correndo por uma escada lateral, que eu não tinha percebido até ouvir o som de seus passos. Ele escaneou novamente os nossos passes e nos indicou para que os seguíssemos pelo caminho que ele tinha vindo. No momento em que começamos a subir, senti uma mão no meu ombro.

Harry tinha passado gel em seu cabelo, o deixando arrumado e escuro. Seus já famosos óculos, davam certo charme a roupa que ele escolheu. Sua jaqueta era marrom escura e combinada perfeitamente com sua calça cinza e botas. O apresentei a Liv e ela o encarou por um momento, como se não acreditasse que ele estava ali.

O homem nos fez subir quatro lances de escada e nos levou por um corredor comprido. Enquanto andávamos, pessoas com fones de ouvido e pranchetas na mão passavam por nós. Elas nem sequer notavam a nossa presença, então tínhamos que nos desviar para que elas não nos levassem por acidente.

– Ali tem uma sala de espera, com bebidas, se quiserem assistir o show daqui. Há uma ala para convidados na pista, que fica logo após aquela escada. – o homem foi apontando e falando com alguém pelo fone de ouvido. – Jake vai entrar no palco dentro de alguns minutos, então eu aconselho que ninguém entre no camarim agora.

– Como ele está? – pude ouvir preocupação genuína na voz de Olívia.

– Está nervoso, mas é normal. – o homem a tranquilizou. – Ele chegou cedo e já fizemos passagens de som e ensaios.

– Podemos vê - lo?

– Olha. – o cara pensou por alguns segundos. – Vou ter que verificar.

Ele falou com alguém por alguns segundos e depois começou a nos levar pelo outro lado do corredor. Aqui, eu podia ver as portas abertas, com pessoas da banda se preparando. Andamos até o final do corredor, onde havia uma porta fechada e o nome de Jake na moldura.

O assistente de palco deu uma batidinha e a abriu. Pude ver Jake concentrado tocando um violão. Ele não pareceu notar a nossa presença, então o homem pigarreou.

– Eu sei que o senhor pediu para que ninguém entrasse no camarim antes do show, mas essas pessoas insistiram.

Jake olhou para cima e nossos olhares se cruzaram. Eu podia sentir seus olhos me analisando e segurei seu olhar. Ele vestia uma camisa branca, com um paletó da mesma cor e calça jeans escura. Eu podia sentir seu nervosismo na atmosfera. Jake olhou para Liv e por último para Harry. Ele não parecia contente em vê-lo, mas não falou nada.

– Fico feliz que conseguiram vir – sua voz estava rouca, como se ele tivesse acabado de fumar um maço de cigarros.

– Claro que viríamos! Ah, Jake. – Liv o abraçou e falou algo em seu ouvido. Jake deu uma risadinha e se virou para mim.

Ele estava prestes a falar alguma coisa, quando a porta abriu novamente e uma mulher ruiva com um fone de ouvido enorme entrou e avisou que estava na hora. Liv apertou seu braço e desejou boa sorte, Harry estendeu a mão e fez o mesmo. Quando chegou a minha vez, Jake olhou para mim e eu o abracei. Lhe desejei a melhor das sortes e disse que nos encontraríamos quando o show acabasse.

Nós três corremos para a ala de convidados e esperamos que ele entrasse. Cinco minutos depois, Jake subiu ao palco, causando gritaria e histeria da maioria dos fãs que estavam presentes. Ele sentou em um banquinho e pegou a guitarra preta que estava apoiada ao seu lado. Jake sussurrou um boa noite ao público e começou a cantar. Os acordes eletrizantes de sua guitarra misturados com sua voz, deixavam o público animado e no meio da primeira música, o público já estava cantando junto.

Quando acabou a pausa de cinco minutos, Jake voltou sem o paletó e com um violão diferente. Eu podia ver as pessoas da imprensa anotando tudo e tirando fotos toda vez que ele começava uma música nova. Ele estava indo muito bem.

O show já estava alcançando a marca de uma hora e meia, quando Jake anunciou aquela seria a última música. Todos cantaram alto e quando eu percebi, já tinha acabado. Ele tinha acabado de deixar o palco, quando Olívia puxou o meu braço, para que saíssemos dali. Demoramos um pouco para conseguirmos sair dali, por causa da multidão que se formava na saída.

Corremos até o camarim e quando abrimos a porta, meus olhos se arregalaram e desviei o olhar. Jake estava usando apenas uma toalha branca enrolada na cintura e ele estava ensopado. Ele esfregava uma toalha menor para secar seu cabelo e não reparou quando fechamos a porta assim que a abrimos.

A expressão de Liv era impassível, como se nada tivesse acontecido. Harry analisava as unhas e evitava olhar para nós. Eu tentei pensar em qualquer outra coisa que não me fizesse corar.

Ficamos dez minutos do lado de fora, até que Liv bateu na porta. Harry suspirou de alívio quando vimos que o Jake que abriu a porta para nós estava vestido. Ele tinha colocado uma camiseta branca, uma calça jeans preta e estava descalço.

– Achei que vocês não viriam mais. – ele nos deixou entrar e sentamos no sofá.

– Tinha uma multidão querendo sair também – Liv respondeu assim que Harry abriu aboca para falara alguma coisa.

– Ah, certo.

– Você foi ótimo – elogiei.

– Espero que sim, porque metade dos jornais estava aqui.

– Você sabe que eu não minto para você.

– Vamos ver sobre isso. – a sala ficou em silêncio, até que Jake falou de novo.

– Will está dando uma festa e queria que passássemos por lá. Estão a fim?

– Claro. – Liv gritou e Harry concordou com a cabeça.

Jake olhou para mim e eu concordei.

Os jornais tomaram o tempo durante a próxima meia hora. Eles queriam detalhes sórdidos sobre o CD, fotos para as matérias e alguns até faziam perguntas sobre sua vida pessoal, o que ele se recusada a responder educadamente. Os quarenta minutos seguintes, foram dedicados as fãs que tinham pagado o Meet&Greet. Jake ficou em uma sala branca com três fotógrafos e os fãs fizeram fila para ganharem fotos e autógrafos. Olívia estava reclamando sobre como tudo aquilo a entediava e que ela queria ir para a festa sem Jake, quando ele apareceu atrás de nós. Sua equipe levou seus instrumentos para uma van e Jake seguiu caminho conosco.

Jake deu instruções para o motorista do taxi e Harry e Olívia se espremeram na parte de trás comigo. Por causa do trânsito, nós demoramos um pouco para chegar, mas quando finalmente chegamos, todo o cansaço tinha ido embora e fora substituído por uma energia eletrizante e desigual.

Harry foi na frente com Olívia e Jake ficou para trás comigo. Eu podia sentir que aquela noite mudaria alguma coisa no nosso não – relacionamento e tive que respirar fundo para não ter um ataque de pânico. A casa de Will era simples e pequena. Os dois andares da casa era altos e estreitos, como se fosse um pequeno prédio. Algumas pessoas se acumulavam no portão de metal que separava a calçada suja do pequeno jardim.

Assim que entramos, pude ouvir a música alta que vinha de algum lugar da sala e as conversas, cem indivíduos conversando na mesma língua, mas com assuntos e preocupações diferentes. Algumas garotas nos pararam na porta para cumprimentar Jake e ele educadamente acenou. Encontramos Will conversando com dois caras, e no momento que ele nos viu, veio até nós e começou a gritar uma série de coisas que eu não entendi nem metade. Ele nos ofereceu bebidas em um copinho de plástico e aceitamos.

Eu nunca gostei de festas. Eu sempre me senti deslocada em lugares como esse. Como se todas as outras pessoas fizessem parte de algum tipo de clube, na qual eu estava permanentemente excluída. Sempre preferi ficar em casa, com minha mãe, tomando sol no jardim, fazendo limonada cor de rosa, ou até mesmo ouvindo um de seus discos antigos. Ela me disse uma vez que se eu nunca experimentasse, não saberia se gostava ou não, mas para mim, há coisas na vida que você não precisa experimentar, você simplesmente sabe que aquilo não foi feito para você. Mas naquele momento, conversando com Liv, rindo das piadas de Harry, aconchegada nos braços de Jake, até mesmo tomando aquele liquido estranhos, eu senti que era exatamente ali que eu deveria estar.

Na próxima hora, mais dezenas de pessoas chegaram, fazendo com que os cômodos ficassem apertados e claustrofóbicos. Liv e Harry tinham sumido há alguns minutos e Jake sentiu meu desconforto, porque ele sugeriu que ficássemos um pouco no jardim.

Empurramos dezenas de corpos bêbados e acabamos no jardim do fundo da casa. Algumas cadeiras de madeiras despontavam da recém cortada e algumas mesas abrigavam resquícios da festa, que dariam trabalho no dia seguinte. Jake puxou minha mão e me guiou até duas espreguiçadeiras que estavam entulhadas perto da cerca de madeira.

Ele ajustou as duas, para que ficassem lado a lado e nos deitamos. Olhei para cima e tentei esquecer o barulho da festa. A calmaria era violenta e me assolava como se estivéssemos só nós dois no mundo. Jake não disse nada por alguns momentos e apenas observamos o céu. Sua mão fazia desenhos na minha e eu tive que me concentrar para não cair no sono.

– Está tão bom aqui, que eu não queria ter que continuar com a vida agora – ele sussurrou e eu tive dúvidas que ele realmente disse alguma coisa.

– As vezes você não acha que o universo parece grande demais? – sussurrei de volta. – Eu sei que ele é infinito, e tudo mais. Mas olhe para cima, o universo parece tão vasto que quer deixar claro a nossa insignificância e que a qualquer momento ele pode nos engolir e deixaremos de existir.

Jake olhou para mim e pensou por alguns momentos antes de responder.

– Acho que esse é o ponto. Com toda sua imensidão, talvez o universo só queira nos mostrar que não estamos sozinhos. E não estamos. Agora, aqui com você, eu não me sinto tão sozinho e nem tão insignificante. Eu estou aqui para te prender ao chão se o universo resolvesse descontar toda sua ira em nós e criar algum tipo de buraco negro, ou sei lá. Você faz com que o universo não fique tão assustador. Você não é insignificante para mim.

Eu não sei se era a bebida falando, ou se o álcool apenas lhe deu a coragem que precisava, mas depois que ele terminou de falar, eu senti uma vontade crescente de beija – lo.

– Olha, Liv me contou o que você pensava sobre mim. Eu não quero que você pense que estamos aqui porque eu quero te usar, ou alguma coisa assim.

– Tudo bem – sussurrei.

– Sério?

– Sim.

Me sentei na cadeira de madeira e Jake me acompanhou. Ele me olhou confuso, como se eu fosse sair correndo. Enlacei seu pescoço com os meus braços e me aproximei. Quando eu o beijei, quis mostrar a ele que não iria fugir e quis que ele me mostrasse que ele não iria fugir. Jake me puxou para o seu colo e eu entrelacei minhas pernas no seu quadril. Eu estava ficando sem ar, quando escutei uma risadinha. Olhei para cima e vi Liv e Harry rindo de alguma coisa que estava acontecendo dentro da casa. Jake os viu também e eu sentei ao seu lado.

Ele recuperou o ar e perguntou se eu queria ir para outro lugar, o que talvez foram as palavras que eu mais esperava ouvir essa noite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me contem o que estão achando



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Violet Hour" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.