American Dream escrita por Riqui


Capítulo 9
Stand by me




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Sophia procurava pela sua irmã, naquele momento a caçula da família tinha sumido. A irmã mais velha sabia que se acontecesse algo com sua irmã, seu pai sem duvida a castigaria.

Mesmo tendo já seus dezoito anos, ter terminado a escola, a menina mestiça, com seus olhos puxados, quase uma oriental, ela as vezes se sentia como se tivesse doze anos. Tinha horários para fazer tudo em sua vida. Todos controlados por seu pai.

Com um copo de plástico na mão, ela deixou em cima de uma mesa e estava procurando sua irmã quando passou por um casal que discutia. Eram Vicky e Steven. A meia oriental  estava preocupada demais em achar sua irmã do que se preocupar com uma briga boba de um casal.

— Você é um idiota Steven Thompson! - A loira estava a ponto de explodir.
— Idiota? Você que é uma vadia! - O garoto de cabelos cumpridos e negros, usando sua tradicional jaqueta escolar do time de futebol.
— IDIOTA! - A resposta da loira foi com um tapa no rosto de Steven.

O rapaz por um segundo pensou em revidar, mas no segundo que começou a levantar seu braço ele percebeu que não estavam a sós. Tinham algumas pessoas por perto. Estavam numa espécie de estacionamento que ficava nos fundos do casarão.

Tinha uns três casais e tinham acabado de passar pela Sophia. Aquela situação foi estranha, Vicky pela primeira vez sentiu medo do rapaz, que não perdeu tempo e a deixou ali, ele foi embora resmungando algumas coisas. A loira por sinal encostou num carro e começou a chorar.

Música

Alguém se aproximou da garota, ficou bem na sua frente, Vicky achou que era Steven, tinha voltado arrependido, mas não. Era um desconhecido.

— Você está bem? - Ele perguntou.
— Eu pareço bem? - Ela que estava encolhida, secando suas lágrimas e fazia frio naquela hora, o começo da madrugada.
— Tome! - Quando ela o olhou novamente, ele estendia sua jaqueta preta.
— Não precisa. - Ela respondia terminando de enxugar suas lágrimas.
— Você é teimosa sempre assim? - Ele sorria e continuava com a jaqueta estendida.
— E você é irritante assim? Eu só quero ficar sozinha. Eu nem te conheço, garoto. - Respondia num tom mais sério, mas sua voz chorosa a entregava.
— Eu só acho que você está sentindo muito frio, e é desnecessário já que estou oferecendo minha jaqueta. - Ele continuava com um sorriso no rosto, um sorriso tão bobo, inocente e de certa forma encantador. Foram essas coisas que passaram na cabeça da loira naquele instante.
— Ok, se eu não aceitar você ficará aí a noite toda, né? - Ela pegava a jaqueta com certa brutalidade e colocava.
— Provavelmente, sim. - Ele dava dois passos para trás, ia embora.
— Espera! - Ela ajeitou o cabelo. - Eu não te conheço, como vou devolver a jaqueta?
— A gente estuda na mesma escola. Na segunda você me entrega. - Ele falou olhando por trás dos ombros e seguiu andando.

Vicky era a garota mais popular do colégio, era normal todos a conhecerem, era normal era não conhecer as pessoas que não eram do seu ciclo de amigos. Mas ela se perguntou como nunca tinha notado aquele garoto antes.

— Espere! - Quando ele estava um pouco longe, ela deu uma corridinha para alcança-lo. - Me diga seu nome.
— Luke. - Ele parou e a olhou.
— Me chamo Vicky. - Ela não sorriu mas não estava com aquela cara de choro.
— Muito prazer, Vicky. - Ele a olhou e então deu as costas, indo embora.

Duas curiosidades nesse encontro. A primeira é que a garota não se lembrava se alguma vez na sua vida ela foi atrás de algum cara e se apresentou, igual fez com Luke. E a segunda é que ele agiu como se não a conhecesse, mas ele sabia muitas coisas sobre Vicky Collins.

«»

Chloe estava no terraço com os donos da festa, ainda bêbada e chapada. Ela estava deitada num puff sozinha, ouvindo música e fumando mais um baseado, ela começou a pensar na sua vida, uma leve reflexão de como sua vida mudou no último ano.

Novos amigos, novas atitudes, estava vivendo como uma rebelde. Um pouco de influência de seus irmãos que ainda tinham o sonho de serem estrelas do Rock, Chloe herdou o gosto musical e até um pouco do talento. Sabia tocar violão e guitarra perfeitamente, era seu passatempo favorito quando estava em casa.

Aliás, mesmo saindo todo fim de semana, bebendo e na teoria, se divertindo, ela se sentia sozinha e no fundo não gostava daquilo. Gostava de ficar em casa, gostava de tocar seu violão e ouvir seus discos favoritos.

Mas seus pensamentos e reflexões foram interrompidos quando o dono da festa, Marcus, se jogou ao seu lado. Ele beijou a bochecha da rockeira e em seguida sua boca, ela correspondeu.

— Deixei meu quarto trancado, reservado para nós dois. - Ele falou assim que parou o beijo.
— Eu estou com sono, queria até ir para casa, mas se meus pais me vissem assim, eu estaria ferrada pela vida toda. - Chloe estava chapada e bêbada, tinha consciência disso. - Então, eu só quero ir dormir. - Ela terminava.
— Ah, gata. Você sabe que fiz essa festa apenas para que no fim dela, ficássemos a sós. - Marcus ela magricelo, branquelo e com uma franja no rosto, talvez o primeiro emo que o mundo já viu. Mas em 1986 ainda não existia o gênero "emocore"
— Fica pra próxima, Marcus. - Ela dava um selinho nele e se levantava, com dificuldades mas se levantava. - Eu vou pro seu quarto, me dá a chave?
— Okay. - Ele dizia enquanto pegava a chave do bolso e entregava para ela.

Marcus foi o primeiro e único namorado de Chloe, entre idas e vindas ao longo de três anos, nunca deram certo quando tentam algo sério. Então no último ano decidiriam ficar por ficar, sem compromisso e sem estresse.

Entre os dois, Marcus foi o único que falou a famosa frase "eu te amo". Chloe nunca retribuiu dessa forma, apesar de se importar e gostar demais dele. O problema disso tudo, que mesmo concordando que não estão mais num relacionamento, Chloe nunca mais ficou com outro garoto além de Marcus, ele por sua vez, ficou e ainda fica com várias.

Naquele momento que a garota saiu do terraço e foi para o quarto dele, onde ela se trancou e se jogou na cama e no mesmo instante pegou no sono. O rapaz, o dono da festa agarrou Annie. Uma ruiva não-natural, amiga tanto de Chloe e Marcus. Eles se beijaram e passaram a noite ali, no puff.

«»

Sophia encontrou sua irmã, ela estava ficando com um garoto na varanda da casa. Sophia quase fez um escândalo quando viu, pois achava que sua irmã, Michely, ainda não estava preparada para qualquer tipo de relacionamento, e ela sabia como os garotos eram, então, quis proteger sua irmã.

Praticamente arrastou a mais nova até o carro e foram embora. Sophia já tinha sofrido uma desilusão amorosa há alguns anos, tinha uma certa raiva de garotos, tinha desistido do amor.

«»

Katherine tinha resolvido ir embora, a festa foi divertida, para quem não sai quase nunca, foi realmente divertido. Sua cabeça naquele hora estava em dois momentos. O primeiro sem dúvidas foi a dança com Luke, ela ainda sentia levemente o perfume do rapaz, e estava cantarolando "who's loving you" talvez se tornaria a partir daquele momento sua música favorita.

Mas o outro momento que dividia a atenção da garota, era a briga de Vicky e Steven. Ela nunca foi de desejar algo negativo para alguém, mesmo não gostando da pessoa, Kat sempre quis o melhor para todos, mesmo o melhor para alguém fosse algo ruim para ela.

Mas pela primeira vez ela gostou da briga dos futuros rei e rainha do baile.
Mesmo que em sua cabeça ela nunca teria chances com o capitão do time de futebol, vê-lo solteiro a fazia imaginar mil coisas, talvez por ser pisciana, isso talvez influenciaria em algo. Mas essa história não tem a ver com astrologia.

Tinha andado um quarteirão sozinha. Eram quase duas da manhã, de certo modo perigoso, mas a cidade fazia tempo que não tinha um homicídio dentro dela ou um caso mais sério. Ela não estava carregando dinheiro e nem estava bêbada, logo, foi normal andar sozinha.

Mas um carro parou ao seu lado, um carro bem grande por sinal. Ela olhou e ficou paralisada, não acreditou em quem era. Era o capitão. Ela conseguiu nem abrir o sorriso, pelo contrário, ela travou, ela queria que um cometa caísse naquele instante.

— Ei, quer um carona? - Ele falava sério.
— Ér... não sei, minha c..casa não é... lo...longe. - Ela gaguejou, foi difícil sair algumas palavras
— Entra aí. - Ele se esticava para abrir a porta. - Tá muito tarde para você ficar andando sozinha.
— Ér.. - Ele estava certo, e ela entrou, estava sem graça. Por um segundo ela pensou se aquilo era um sonho ou se ela estava bêbada, mas não, era real. Steven Collins, o seu amor desde a terceira série estava dirigindo ao seu lado.
— Você é a Katarina, certo? - Ele dirigia devagar e a olhou por um instante.
— Katherine! - Ela corrigiu.
— Isso. Eu sei, acho que estudamos juntos há uns anos né?
— Na verdade estudamos juntos desde o jardim.
— Ah, sério? Nossa. Que mundo pequeno.

Katherine achava um máximo estar ao lado dele, mas sentia o quanto imbecil ele era. Moravam numa cidade super pequena, quem tinha a mesma idade, não seria difícil estudarem juntos a vida inteira até o ensino médio. Mas no fundo ela o entendia, como um garoto como ele, filho do xerife de Lake Forest, capitão do time de futebol, namorado da garota mais popular e rica da cidade, iria se lembrar de alguém tão comum quanto ela?

O carro parou, estava bem a frente da casa de Katherine. Ela sorriu gentilmente para Steven, fazia dois anos que eles não se falavam, não por falta de vontade ou coragem dela, e sim por ele andar só com seus amigos populares.

— Obrigada, viu. - Ela abriu a porta. - Espero que dê tudo certo com você a Vicky. - Pela primeira vez, não foi sincera.
— Ham?? Você viu? - Ele ficou meio sem graça, olhou para o volante.
— É, mas fica tranquilo, essas brigas acontecem. - Ela batia a porta. - Boa noite Steven.
— Boa noite, Ka-ta-ri-na. - Ele falava rindo, errando de propósito o nome da garota.

Mesmo odiando esse nome, ela amou quando ele a chamou assim. Talvez as coisas iriam mudar na vida da jovem. Sem dúvidas aquela noite marcou a vida da garota. Pois naquela noite ela esteve na presença do garoto que a beijaria pela primeira vez na vida.

«»

Jay encontrou alguns conhecidos e ficou com eles, bebendo, não ao ponto de ficar bêbada, apenas um pouco mais solta, ela começou a ficar com vontade de ir embora, mas seu acompanhante tinha sumido por mais de uma hora.

Por sorte um de seus conhecidos daria uma carona para a garota. Ficou chateada com Luke, não entendeu o motivo de ter sido deixada, ela não queria dramatizar mas realmente se sentiu assim.

— Vamos embora? - Luke aparecia no estacionamento.
— VOCÊ ME DEIXOU, SENHOR CARTER! - Jessie gritava, tinha perdido um pouco a noção das coisas, efeito do álcool.
— Me perdoe, eu acabei fazendo outras coisas. Mas eu estou te procurando faz um tempo.
— Hm. - Foi então que ela percebeu que ele estava sem jaqueta, e estava fazendo bastante frio, parecia que ia chover.
— Ei Jessie, vem com a gente ou com ele? - O conhecido que daria a carona para a garota perguntava.
— Não, pode deixar, obrigada, mas o Luke vai me levar. - Ela dizia enquanto começava a andar na direção da pickup.
— Você bebeu hein. - Ele falava enquanto caminhava ao lado dela.
— Claro, achei que íamos dançar, gritar, beber. Mas não. - Ele riu.
— Me desculpe, mas acho que você se divertiu, não? - Ele a olhou e sorriu.
— Até que sim, as musiquinhas eram legais, o pessoal que fiquei conversando e bebendo também eram agradáveis.
— Já parou para pensar que isso poderia e acho que ainda foi, mais divertido do que você tivesse ficado comigo por umas 4 horas?
— Claro que não. - Mais uma vez o álcool agindo, um soro da sinceridade.
— Pense nisso. - Ele riu.
— Eu estou pensando neste momento, Luke. Eu gosto de você. - Ela falava olhando pra frente. Estavam a poucos metros do carro.
— Que isso? Demonstração de afeto assim do nada? - Ele ria. Abrindo a porta do carro e entrando.
— Aff, só falei que preferiria estar contigo, do que com outras pessoas. - Ela entrava no lado do passageiro e botava o cinto.
— Isso só me faz me sentir mais culpado por não ter ficado mais tempo com você. - Ele ligava o carro, fazia a manobra e então, dirigia para a casa da garota.
— É pra se sentir culpado sim. Pra na próxima vez não me deixar.

Jessie então começou a mexer no radio do carro e no toca fitas, procurando algo para escutar, então colocou no toca fitas e com a fita que estava ali dentro ela apertou o botão do play.

Música


— Uau, que música é essa? - Ela perguntava surpresa.
— Não sei, essa fita era do meu avô. - Luke dirigia.
— Que ótimo gosto. - Parecia pouco mais calma. Ela sentia o vento gelado vindo da janela. - Vai me contar o que fez? - Ela olhou para ele.
— O quê? - Ele olhou para ela por um segundo e depois para a rua.
— Você sumiu por horas. O que você fez?
— Nada. Dancei, conheci gente. Só.
— Só? Sei. - Ela fazia silêncio por uns segundos. - Você ficou com alguém, Luke?
— O quê??? - Ele olhou para ela, dessa vez por alguns segundos.
— Ué, sua jaqueta, a que você usa sempre, não está com você, você some por horas. - Ela parou, pensou, estava tentando se lembrar de algo. - Você ficou com aquela garota que te convidou para essa festa, que é sua amiga?
— Não... tá louca, eu nem falei com ela hoje. - O carro parava na frente da casa de Jessie. Ele abaixava um pouco o volume da musica. Mas ainda estava tocando.
— Tá, okay. - Ela tirava o cinto.
— Espera. - Ele segurou a mão dela.
— Hm. - Ela ficou em silêncio e olhou para ele.
— Me desculpe, de verdade. - Ele soltou a mão a dela. - Prometo te recompensar.
— Só quero uma promessa sua. - Ela sorriu.
— Qualquer coisa! - Ele falava sorrindo.
— Não suma! - Ela ria e abria a porta.
— Nunca. Sempre estarei com você. - Ela fechava a porta.
— Espero mesmo.
— Conte comigo.

O destino tinha sua razões para que essa promessa não fosse concluída. Ou será que foi? Luke sempre cumpria suas promessas, e mesmo anos depois, Jess abria um sorriso após enxugar algumas lágrimas, pois  Stand by me, se tornaria sua música favorita, pois era sua música e do Luke.

I won't cry, I won't cry
           No, I won't shed a tear
Just as long
As you stand
Stand by me

Ben King - Stand By me

 

 


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