American Dream escrita por Riqui


Capítulo 18
Ordinary World




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Dia do show enfim chegou. O sábado estava nublado, dia comum em Forest Lake. O trio dos descolados e Chloe, cancelaram a eventual reunião para jogarem RPG, afinal, hoje o dia seria diferente.

Logo pela manhã, Luke fez questão de sair com a Taylor, foram na lanchonete tomar café e sorvete antes do almoço. O rapaz queria passar um tempo a sós com a nerd. Que adorou a ideia e o tempo que passaram juntos, mesmo não durando nem duas horas.

Taylor estava um pouco preocupada e triste por não poder ir ao show, mesmo não sendo algo que ela curtisse, o fato de estar com seus amigos e o futuro namorado, fazia toda a diferença. E ela não escondia o desconforto do ciúmes do Luke ficar num show sem sua companhia.

Quando anoiteceu, a campainha na casa de Luke tocou, não demorou dois segundos para vovó Mary abrir a porta e lançar um sorriso de felicidade.

— Chloe! Minha filha, você está linda. - Vovó Mary batia palmas.
— Obrigada, vovó. - Chloe sorria e ficava sem graça. - Luke já tá pronto?.
— Acho que sim, querida. Entre. - A vovó abria passagem.
— Ah, não precisa vovó, só estou esperando ele.

Em seguida Luke descia as escadas, o rapaz estava diferente do seu habitual. Vestia um nike branco cano longo, calças jeans escuras e rasgada, uma camiseta preta e uma jaqueta branca com tiras vermelhas.

No meio das escadas já dava pra sentir o perfume dele, não era tão forte, mas era delicioso. Chloe involuntariamente suspirou, talvez pelo perfume, talvez pela excitação do pré show, ou simplesmente por Luke dar esse tipo de sensação nela.

— Estou atrasado? - Ele dizia enquanto pegava as chaves do carro no porta-chaves.
— Não, não.
— Meu filho, se divirta viu, e toma cuidado na hora de dirigir. - Vovó mary dava um beijo na testa de sue neto, que sorria.
— Tudo certo, Dona Mary, eu sempre dirijo com cuidado. - Ele ria e se afastava saindo de casa.
— Bom show para vocês, e Chloe, mande um beijo para Jimmy e Billy, estarei torcendo por eles viu! - Ela cruzava os dedos.

Vovó Mary trocou as fraudas dos três irmãos, mesmo a dupla dos garotos sendo quase dez anos mais velhos que a caçula, Chloe. Vovó Mary tem uma paixão pelos Fosters, seus vizinhos há tanto tempo.

O rapaz caminhava na garagem, que ficava ao lado oposto da casa de Chloe, que após dar três passos, parava, parecia sem graça, puxou o garoto pelo braço.

— Luke, preciso falar algo com você.
— Oi? O quê? - Ele parou e a olhou.
— É... O Marcus também quer ir. Ele nunca curtiu as músicas dos meus irmãos, mas dessa vez ele insistiu em querer ir. - Chloe parecia sem graça e apreensiva. - Porém, ele vai no carro dele. - Ela então olhou para direção da sua casa e tinha um carro estacionado lá.

Luke olhou, dava para perceber que tinha alguém dentro do carro, com certeza era Marcus. O carro era um Cadillac dos anos oitenta. Era vermelho, bem bonito até, e valia pelo menos o triplo do carro do Luke, de vinte anos atrás.

O rapaz sorriu, algo que Chloe não gostava pois ela nunca conseguia decifrar seu amigo de infância com aquele sorriso, antes que ele pudesse falar algo, ela continuou.

— Vamos lá na Jessie, Marcus e eu estaremos logo atrás de você.
— Certo.

Luke não expressou mais nada, apenas foi para a garagem e ligou seu carro. Chloe deu uma leve corrida até o carro do quase namorado e entrou. Sendo assim, foram na casa dos Simpsons, buscar a mais nova da família. Jessie.

Ao contrário de Chloe, que estava toda de preto, com botas, calça, camiseta e uma jaqueta jeans. Jessie não parecia que ia ao um show de rock. Estava de calça jeans, uma camiseta branca com uma cachecol vermelho envolta do pescoço, uma tiara para ajudar com suas longas madeixas que chegavam no meio das costas.

Ela estava linda, era inegável. E ao entrar no carro de Luke, estranhou o outro carro logo atrás. Jessie era de longe a mais curiosa do trio dos descolados. E antes de perguntar o óbvio, Luke falava.

— É o namorado da Chloe, ele quis vir.
— A parte boa é que ao menos ele está no próprio carro, eu não gosto dele, ia odiar ter que ir e voltar ao lado dele. - Jessie revirava os olhos.
— Teoricamente, ele iria atrás com Chloe e tu ao meu lado. - Luke olhava para a amiga, que abria um sorriso sem graça. - Você é minha co-piloto! - Então batiam as mãos e ele ligava o carro.

Iam em direção a saída da cidade, Stacy City ficava a poucos quilômetros de Forest Lake, mas com a chuva que começava a cair, e como saíram cedo do horário do show, demorariam por volta de trinta a quarenta minutos o percurso.

Quando chegaram na avenida principal, o Cadillac de Marcus ficou ao lado do Impala do Luke, ele quase tocou no carro do rapaz, acelerou e ultrapassou. Luke sorriu e Jessie esbravejou.

— Ei!! Idiota!!! - Gritava para Marcus.

Luke em seguida pisou no acelerador e ficou ao lado de Marcus. A avenida estava vazia, a chuva aumentava e por isso estava vazia a rua. Logo o sinal fechou e ambos pararam lado a lado.

Eram quinhentos metros de reta e no fim uma série de curvas bem fechadas, quatro ao todo, o famoso zig-zag. Ou carinhosamente apelidada de "curva do diabo" pois era a única saída da cidade, ficava no alto, pois Forest Lake ficava acima no nível do mar. Para sair da cidade, tinham que descer.

Na famosa Curva do diabo era perigosa, pois só tinha uma pequena barreira de concreto que separava do precipício, onde lá em baixo, uma queda de mais de cinquenta metros, tinha pedras na encosta e o grande mar azul. Era óbvio que quem caísse ali só teria um destino, a morte. Pois ou cairia nas pedras, ou no mar, que também tinha muitas pedras.

Música da cena

Marcus ficou acelerando e mostrando a potência do motor do seu carro. Então olhou para o lado, Chloe ficava entre os dois. Ele acelerava, o pneu fazia barulho. Estava nítido que eles apostariam corrida. O sinal ainda vermelho.

— Não!! Parem vocês dois! - Chloe gritava para Marcus e em seguida olhava para Luke, que mantinha um olhar sereno e centrado.

Luke então ficava acelerando com o carro parado, faltavam poucos segundos para o sinal abrir. A tensão tomou conta do ambiente. O californiano olhou para Jessie.

— O que acha? - Colocava a mão na marcha, pronto para acelerar.
— Acaba com esse babaca! - Jessie respondia enquanto colocava o cinto.

O sinal abriu, eles então aceleraram. O Cadillac por ser mais potente saiu na frente, Luke foi logo atrás, ao lado. Marcus mudou a marcha e logo o carro estava em 100 km por hora. Abrindo uma certa distância.

Jessie segurava firme onde podia, pois Luke acelerou ao máximo, ainda estava atrás do Marcus. Já Chloe, no outro carro, ainda gritava, pedindo para parar.

— Freia, a curva, freia! - Ela gritava.

A curva do diabo se aproximava, era uma curva para direita, depois esquerda, direita e por fim esquerda novamente, e tudo isso fazendo uma descida.

— Eu vou vencer! hahahaha. - Dizia Marcus rindo, com o pé no freio, pronto para apertar, para fazer a curva.

— Se segure. - Dizia Luke para Jessie, que fechou os olhos.

Então o californiano saiu de trás de Marcus onde estava pegando vácuo para ganhar velocidade, botou seu carro para a esquerda, para fora, então, o Cadillac freou. Luke por outro lado, acelerou e puxou o freio de mão e entrou na curva a quase cem por hora. O carro deslizou, Jessie abriu os olhos no reflexos, e viu o carro girar.

Luke então apertou o freio e virou o volante no sentindo contrário, o carro então balançou mas se ajeitou na pista. Luke puxou o freio de mão e acelerou ao mesmo tempo para o outro lado, o carro fazia o mesmo movimento e fazia a segunda curva deslizando. Era um drift, Luke era incrível, logo repetiu o mesmo movimento nas outras duas curvas seguintes e saiu da Curva do diabo em alta velocidade, um feito impressionante.

— O que???????? - Marcus não acreditava no que acabou de ver.

Luke então parou o carro e respirou fundo, estava rindo, talvez de nervoso.

— Puta que pariu, o que foi isso??? - Jessie estava agitada, botava a cabeça para fora da janela para pegar ar.
— É a melhor sensação do mundo. - Respondeu Luke.
— Achei que fôssemos morrer.
— Se tem algo que tenho certeza nessa vida, que além da morte, eu não irei morrer dirigindo.

Marcus passou por Luke, estava furioso pelo performance do seu rival. Chloe não falava mais nada, tinha odiado aquilo. Jessie apesar do susto inicial gostou da adrenalina. Pensou em até propor repetir, Luke era realmente incrível dirigindo, mas, não queria arriscar, o que ele fez talvez fosse sorte.

Stacy City era uma cidade com o dobro do tamanho de Forest Lake, tinha shopping, um teatro e uma biblioteca pública. Coisas que a cidade do quarteto não tinha. A cidade estava lotada de pessoas, afinal, era sábado a noite.

Luke dirigiu até o centro, não foi dificil achar a grande casa de shows. Os Oneders eram a atração principal. Tocariam cerca de vinte músicas. Eram dois terços de músicas covers. A ideia era agradar ao público e mostrar o talento deles para os olheiros de gravadoras, e no fim, também tocariam algumas autorais.

Luke estacionou e Marcus ao seu lado. Quando saíram do carro, os dois homens nem se olharam, mas era nítido que Marcus estava com um ódio em seu olhar, Chloe para tentar amenizar, pegou na mão do rapaz e ficou de mão dada, tentava agrada-lo.

A fila estava grande para entrar, mas não foi problema, ficaram cinco minutos esperando, quando James apareceu do nada.

— Eiii, vocês chegaram!

O rapaz tinha seus vinte e três anos, tinha cabelos cumpridos até os ombros, eram lisos e escuros, diferente da coloração da sua irmã. Tinha algumas tatuagens espalhadas pelo corpo.

O vocalista e baixista dos Oneders, abraçou sua irmã caçula e logo os guiou para um beco, era a entrada lateral da casa de shows. Lá botou os quatro para dentro. Eles estavam no backstage.

Jimmy os levou para o camarim, o cômodo não era tão grande assim, mas tinha um certo espaço confortável. Jessie logo sentou no sofá, Luke ao seu lado. Marcus parecia ter relaxado e ficado na dele. Já Chloe estava toda empolgada, era enfim a oportunidade que seus irmãos tanto buscavam.

Logo saiu do banheiro, Pete. Pete Pattison era o tercerio integrante da banda, que fechava o trio. Era o baterista. Esse tinha cabelos loiros quase brancos, pintado é claro. Era magrelo e alto. Ele estava preocupado.

— James! Fodeu tudo irmão, fodeu tudo. - Botava as mãos na cabeça, estava desesperado.
— Ei, o que aconteceu???? - James que bebia água, ficou estático.
— É o Billy, ele não tá bem, não para de vomitar!

Logo foram ver o que tinha acontecido, descobriram que Billy, o backvocal e guitarrista, o irmão dois anos mais novo que Jimmy, tinha ficado tão nervoso e ansioso com o show, que deu uma crise nele.

Ele estava suando frio, dor no estômago e tontura, sem falar que tinha vomitado tanto, que já não tinha mais o que sair do rapaz.

— Puta merda, e agora James? O que vamos fazer? Era a nossa chance, cara, Nossa única oportunidade! - Pete estava desesperado.
— Calma, merda, deixa eu pensar.

Chloe estava com os olhos cheio de lágrimas, não conseguia esconder a frustração. Se ela estava triste e frustrada com a situação. Imagina o trio dos Oneders. Lutaram tanto, nadaram tanto e irão morrer na praia?

— Ei - Luke então lá trás se levantou e falou, todo mudou deu atenção. - Por quê Chloe não substitui o Billie?
— Como assim? - Pete perguntava.
— Você tá louco? - Chloe arregalava os olhos.
— Não. Chloe viu vocês ensaiando tantas vezes que eu sei que ela conhece o repertório de vocês, e ela sabe tocar guitarra, violão, baixo, teclado e piano. E ótima cantora. Ela pode substituir o Billie.
— Bem... - Pete parecia gostar da ideia.
— A gente ensaiou novas músicas para esse show, músicas que Chloe não saberia tocar. - James dizia.
— Então toque as que ela sabe, é melhor vocês tocarem dez músicas, do que não tocar nenhuma. - Jessie dizia ao fundo, dando forças.
— Ei James, é a única solução, irmão. - Dizia Pete segurando o rosto do amigo de banda.
— Tá... mas, Chloe, você acha que consegue, irmãzinha? - James olhava para a irmã.

Chloe estava paralisada. Ela adorava tocar todos os instrumentos que foram citados por Luke, adorava cantar, tinha um talento extraordinário. Mas jamais passou pela cabeça dela se apresentar, tocar num show para quase cinco mil pessoas.

— A Chloe não tá preparada, esqueçam essa ideia. - Dizia Marcus. Jessie deu um olhar furioso para o quase namorado de Chloe.
— Ela consegue, Chloe é incrível. - Luke falava enquanto se aproximava da amiga de infância, olhou nos olhos dela. - Ei, quando subir naquele palco, apenas fecha os olhos, imagine seu quarto, imagine que o barulho que você está ouvindo, é você com fones de ouvido, ouvindo alguma banda ao vivo. Lá em cima, toque o que você sabe, mostre seu talento.
— Mas... se eu errar, se eu estragar tudo, é o sonho dos meus irmãos. - Chloe estava com os olhos lacrimejando. Foi quando Luke a abraçou e falou baixo em seu ouvido.
— Você é a melhor! É o destino agindo para você ir e tocar. E pense de forma positiva, Os Oneders só terão uma chance pois você irá tocar e substituir seu irmão, se não, o sonho deles terminaria aqui e agora.

Marcus odiou aquilo, odiou Luke falando uma opinião contrário do que a dele, odiou mais ainda quando ele abraçou sua quase namorada.

Foi quando James se aproximou da irmã, colocou a mão em seu ombro.

— Irmãzinha, você pode nos ajudar? Você é foda, você consegue. - Ele sorria, tentava animar a irmã.
— Ss... sim. Eu posso ajuda-los! .- Ela limpava as poucas lágrimas que começavam a cair.

Foi assim, foi nesse momento, naquele sábado a noite que Chloe subiria ao pouco, e por causa dela os Oneders conseguiriam o seu primeiro contrato com uma gravadora. A banda iria fazer tanto sucesso no futuro, que no seu quinto album, lançando em 1997. O nome do álbum seria: The Oneders - Lucky.
Uma homenagem ao Luke, o rapaz que salvou o show dos Oneders ao incentivar sua irmã mais nova a tocar no primeiro grande show deles.

Mas aquela noite ainda reservava muitas coisas, em poucas horas Jessie iria conhecer o amor de sua vida. Luke e Marcus iriam brigar, e Chloe tomaria uma decisão importante para si.


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