The Kiss Of Midnight escrita por Nárriman


Capítulo 42
Capitulo 42


Notas iniciais do capítulo

Só passei aq pra dizer que amei a recomendação da jojozinha,valeu sua fofa.Capitulo dedicado a vc.
E boa leitura a todos.



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Pov’s Ally

   Os dias se passaram mais rápido do que eu esperava e com isso veio à tona a incerteza.

   Parece que nos últimos dias a única coisa que tenho feito é estudar as páginas de um livro que nem existe mais, convencer meus amigos a entrarem em toda essa loucura e tudo isso sem minha filha desconfiar de nada.

   Eu poderia nesse momento estar treinando para o pior, mas antes de tudo precisava tentar convencer Audrey de que o pai dela não é um monstro.

   Eu já até tinha me esquecido de como o colégio parece nunca ter fim até ter que esperar Audrey acabar as aulas. Minha única distração naquele momento foi retocar o batom inúmeras vezes no retrovisor.

—Mamãe?Pensei que o tio Elliot viria me buscar. -Ela disse um pouco desapontada entrando no carro.

—Nossa isso ofendeu. –Suspirei profundamente comigo mesma.

—Ele é legal. –Ignorou completamente o meu ego afetado.

    O seu rosto se iluminada a cada vez que ela falava de Francis, Elliot ou Cassy. Depois que contei a verdade para cada um deles esses foi os que Audrey mais se aproximou.

—Até demais. -Ri comigo mesma. —Mas mudando de assunto como foi o colégio?-Perguntei a observando ligar o som do carro.

   Eu precisava enrolar ela o máximo que pudesse até chegar ao assunto ideal.

—Legal. Hoje eu aprendi a como hipnotizar animais. -Ela disse admirandas as ruas.

    Isso que é uma família normal.

—Eles já ensinam isso na sua idade?Pelo visto os tempos realmente mudaram. -Falei comigo mesma.

    Isso esta se tornando mais comum do que parece.

—Hipnotizei um lobo hoje. O professor até se assustou um pouco. -Ela deu de ombros.

   Um lobo?Ela tem apenas quatro anos, não deveria hipnotizar nem sapo.

—Por quê?As outras crianças não fizeram o mesmo com os lobos?-Perguntei temendo um pouco a resposta por mais que eu já soubesse o que viria.

—Não. No máximo gatos. -Ela se gabou.

    A parte boa de tudo isso é que ela ainda não faz idéia das coisas que pode fazer.

    Apenas dei um rápido sorriso um pouco forçado e acelerei até o caminho de casa que não era tão longe assim do colégio.

—Quer fazer alguma coisa?Tenho a noite livre. -Falei orgulhosa de mim mesma.

   Joguei a bolsa em qualquer lugar na sala e me joguei no sofá.

   Não que eu não tivesse o que fazer, mas sim que de algum jeito eu precisava mudar a visão dela sobre o pai ainda hoje.

—Sério?-Os olhos dela brilharam e por algum motivo aquilo me magoou.

   Era como se para ela aquilo fosse novidade.

—Sim. Por quê?Não gostou?-Perguntei voltando a ficar tensa como já era de costume.

—Não é que a senhora quase nunca tem tempo para ficar comigo mamãe. -Ela disse dando de ombros. Parecia já estar acostumada com aquilo.

   Eu não sabia que minha filha pensava isso de mim.

—Como não?Eu estou sempre aqui querida. -Me sentei e a puxei para sentar ao meu lado.

   Alisei seus cabelos loiros e percebi que aquilo a afetava mais do que ela demonstrava.

—Não. Você não esta. Sempre arranja alguma desculpa para sair e me deixa nas mãos de alguém. -Ela disse um pouco hesitante como até que estivesse com medo de mim.

   Era a última coisa que eu queria que ela sentisse. Medo.

   Por mais que eu quisesse dizer a ela que o motivo de eu estar mal parando em casa era pra protegê-la eu não podia. Ainda não era a hora dela saber.

—É porque a mamãe ultimamente esta tendo alguns probleminhas, mas nada que não esteja sob controle. -Levantei sem queixo para que me olhasse.

   Eu vi o meu reflexo nela e aquilo me causou calafrios.

—Não parece. Às vezes vejo o Tio Elliot gritando ao telefone, parece tão preocupado quanto à senhora. -Ela percebia mais do que eu imaginava.

   Tem como ficar pior?

—Ele tem os motivos dele e eu tenho os meus. Talvez um dia você entenda tudo isso, mas não agora. De qualquer jeito você tem a eternidade para decifrar tudo isso querida. -Fui firme em minhas palavras.

—E a senhora tem a eternidade para me explicar. -Ela disse fixando seus olhos nos meus.

   Parecia não esta afirmando e sim implorando.

    Eu queria poder concordar com ela, mas não podia fazer isso com minha própria filha.

—Venha. -Peguei em sua mão e subi as escadas com ela ao meu lado.

—Preciso te mostrar algo. -A guiei por entre os milhares de corredores inúteis dessa casa até chegarmos ao meu quarto.

    Deixei-a a vontade enquanto eu escancarava as janelas e ia em direção ao meu guarda-roupa.

   Quanto mais vento melhor para eu me acalmar.

   Com meus olhos cacei por todo o móvel o que tanto procurava talvez aquilo me ajudasse de alguma forma.

   Fui para a cama há puxando um pouco para se aninhar em meu corpo.

   Coloquei o livro em seu colo e ela apenas franziu a testa.

—As únicas pessoas da minha família que você conhece são Agnes e Sarah. Acho que esta na hora de descobrir mais um pouco sobre os Dawson’s. - Falei engolindo em seco.

   Audrey não disse mais nada, apenas se concentrou na capa. Tinha encadernação de couro, com faixas em tom de ouro envelhecido. Não havia título na frente nem na lombada Eu a levei comigo quando praticamente ‘’fugi’’ de casa.

   Folheou a primeira página creme e de cara viu diversos desenhos um tanto que estranhos para ela.

  Apenas ri, mas de nervosismo e comecei a explicação.

—Isso são brasões, símbolos para ser mais exata. Por exemplo, esse aqui é o da nossa família. -Apontei para o primeiro da página. —Isso é nada mais nada menos que o símbolo da imortalidade em forma de uma mistura entre uma espada e um sacerdote vermelho. -Sorri comigo mesma.

  Audrey, porém estava mais preocupada em analisar o brasão.

—Lembra do meu amigo Kile?Então como ele é um lobo esse é o da família dele. -Agora meu indicador foi para o desenho abaixo do da minha família.

—É um amuleto em forma de luas cruzadas que significa a união das espécies de licantropos incluindo os garou.

   Ela parecia estar mais cega do que um morcego a luz do dia com minhas palavras coloquiais.

—Linguagem antiga. Nada demais. -Pisquei para ela.

—E esse?-Disse pela primeira vez desde que chegou ao meu quarto.

     Ela apontou para um em forma de pentágono.

—Esse é o das bruxas. Minha amiga Trish é uma, lembra dela não é?

   Audrey sorriu como resposta.

—O pentagrama na linguagem das bruxas se chama O Pentalfa ou Estrela de Afrodite. É o maior símbolo de bruxaria. Representa essencialmente os cinco pontos de irmandade que são associados aos clãs de bruxas e aos elementos da natureza como a água, terra, ar, fogo e quintessência.

  Ela franziu a testa com esse último.

—De novo coisa de velho. -Revirei os olhos.

—Mas continue. -A incentivei a prosseguir co o livro.

    Seus olhos estavam realmente entretidos nele.

—Quem são esses?-Ela perguntou admiranda a árvore genealógica da nossa família.

—São Ardim e Roprus Dawson. Os vampiros mais antigos de nossa família.

—Ainda são vivos?-Ela perguntou um pouco mais baixo.

—Sim. -Sorri. —Poucas pessoas da nossa família morreram Audrey, somos vampiros, tecnicamente não morremos e quando isso acontece é por algum motivo que quem esta apenas assistindo não consegue explicar. -Passei a mão por seus cabelos.

—E os meus avôs?Ainda estão vivos?-Seus olhos brilharam de pura esperança.

    Pensar em meus pais era algo que me assombrava praticamente todas as noites antes de dormir. Eu fugi de casa sem dar explicações, os fiz acreditarem que estava morta e outras mil mentiras. Talvez se eu tivesse ficado tudo poderia ser diferente principalmente se minha mãe estivesse ao meu lado.

   Ela foi uma das mais afetadas com a minha morte. Talvez ela e Cassidy,se bem que agora Cassy sabe de toda a verdade enquanto que minha mãe...

   É claro que ela sabe de mim,praticamente todos sabem.Os pais de Austin estavam no aniversário dele é claro que comentaram em algum momento.Mas ainda assim não vieram atrás de mim,nem eu mesma fui procurá-los.Talvez minha mãe me odeie nesse exato momento enquanto meu pai deve ter desgosto da filha que procurou criar com tanto amor.

—Sim eles estão vivos.-Suspirei como se aquilo fosse o suficiente para acalmar um pouco meus batimentos.

—Podemos vê-los?-Seu sorriso se alargou ainda mais.

—É claro,mas não hoje.Eles devem estar muito ocupados no momento e eu ainda não tenho muito tempo para isso.-Voltei a minha melhor postura.

   Audrey não parecia ter se abalado por não poder vê-los agora,estava mais do que contente por em eu ter apenas lhe dito que ainda os veríamos.

—Quando foi isso?-Rapidamente voltei minha cabeça para o livro.

   Na página em questão havia uma foto minha junto a Cassy,Trish e Kira.Foi em nossa formatura.

  O sorriso no rosto de Cassy por estar namorando Dallas,Kira sempre confiante,Trish brincalhona e eu feliz por me livrar daquele inferno fazia aquela parecer nossa melhor foto juntas.

  Essa foi uma noite de muitas revelações para mim.Minha mãe sabia sobre tudo,Austin e eu tivemos nosso momento na sala do diretor e tudo parecia estar finalmente se encaixando.

  Quando dei por mim já estava com um sorriso no rosto.

—Foi em minha formatura.Daqui a alguns anos essa pode ser você... ou não.

—Parece ter sido uma ótima noite.-Ela passou o dedo por meus cabelos na foto.

—E foi.Uma das melhores da minha vida.-O sorriso bobo parecia não querer mais sair da minha boca.

—E qual foi à melhor?-Quis saber.

—A noite do seu nascimento.Apesar de ter sido muito complicado e doloroso eu não trocaria aquele dia por nenhum outro.

   Ela sorriu para mim e voltou ao livro.

—Quem é esse?A senhora não me disse que tinha namorados tão bonitos.-Eu estava prestes a gargalhar quando notei a foto a qual ela estava se referindo.

    Era Agnes e Alex.A mesma foto do quadro que esta em Hill Valley.

—Essa é a Agnes meu amor.-Tentei não parecer nervosa.

—E ele?-Ela parecia estar encantada por Alex.As características em si também não ajudavam.

—Um ex namorado dela.Alex,Alex Moon.-Tomei coragem para dizer o sobrenome que por anos era uma trilha sonora de terror para minha filha e não do tipo que ela gostava.

    Ao contrário de tudo que eu esperava que ela fizesse Audrey apenas permaneceu parada.

—O que ele é do meu pai?-Sua voz soou tão baixa que talvez nem ela mesma tenha escutado.

    Audrey parecia odiar qualquer coisa que envolvesse o pai e eu nunca me perdoaria por isso.

—Ele é um parente distante.Você vai gostar dele,acho que puxou esse jeito frio dele.-Tentei quebrar o gelo.

—O que esta querendo dizer?-Eu via o medo em seus olhos.

    Rapidamente tirei o livro de suas mãos e o joguei de qualquer jeito do outro lado da cama.

—Filha você não pode continuar guardando todo esse rancor do seu pai.-Segurei em suas mãos.

—Porque não?Ele te abandonou quanto estava grávida,ele me renegou.

    Por mais que Audrey tivesse apenas quatro anos ela ainda assim conseguia gravar memórias melhor do que qualquer um que eu conhecia.

   Tudo bem,havia chegado a hora.

—Ele não me abandonou Audrey.-Disparei.

—Como?Você me disse...

—Eu menti.

—Não precisa mentir para me fazer gostar dele.-Ela não queria aceitar a verdade.

   Partia-me o coração ter que ouvir aquilo dela sendo tudo minha culpa.

—Eu não estou mentindo,mas não posso te contar tudo agora.Você ainda é muito nova para isso minha filha.

   Sequei uma lágrima que escorria por sua bochecha.

—O que quer que eu faça mamãe?-Ela perguntou um pouco pensativa.

—Quero que você dê uma chance a ele.

—Até um minuto atrás eu devia odiá-lo e agora está me pedindo que lhe dê uma chance?-Ela desabou em lágrimas enquanto gritava.

—Abaixe o seu tom de voz mocinha.-Falei mais alto ainda.

   Audrey apenas me encarou incrédula,se afastou de mim na cama e abraçou os próprios joelhos.

—Um dia você vai descobrir que tudo o que eu fiz foi para o seu bem.-Toquei em sua perna e ela enrijeceu.

—A senhora mentiu para mim todos esses anos.Ele mentiu para mim.-O nojo em sua voz só me fez repensar se eu estava fazendo a coisa certa.

—Seu pai é tão inocente em toda essa história quanto você Audrey.-Voltei há aumentar um pouco meu tom de voz.

   Ela abriu a boca,mas parecia não saber o que dizer.

—Porque mentiu?-Foi à única coisa que conseguiu montar em sua cabeça e sua voz doce e delicada agora estava embargada.

—Logo você saberá.

—Só hoje desde que chegamos à senhora já me disse essas palavras acho que três vezes.Estou cansada delas.-Os olhos de minha filha estavam mais desesperados do que nunca.

—Amanhã vai ser o dia em que tudo vai mudar em nossas vidas Audrey e eu espero que para melhor.Não importa o que aconteça às coisas irão mudar por bem ou por mal.-A encarei nos olhos.

   Precisava ao menos prepará-la para o pior.

—Apenas me prometa independente de qualquer coisa que você irá ficar bem.Até mesmo se for preciso que você vá morar com seu pai.Por favor apenas me prometa que ficará bem.-Apertei sua mão contra a minha o mais forte que pude.

—O que esta acontecendo mamãe?-Ela sussurrou mais horrorizada do que nunca.

—Nada.A mamãe esta bem,mas não sei por quanto tempo.Se algo acontecer não hesite em procurar seu pai ok?-Olhei em seus olhos tão parecidos e tão diferentes dos meus.

    Eles tinham a mesma determinação.

—Ok.-Ela disse ainda um pouco atordoada.

   Mais uma vez me aproximei dela e deitei sua cabeça em meu colo para tentar reconfortá-la.Longos minutos e silêncio se passaram até ela quebrá-lo novamente.

—Então quer dizer que o meu pai me ama?-Ao contrario de mim Audrey sempre levou muito em consideração a tudo o amor.Só espero que um dia isso não a deixe de fazer as coisas que acha que deve fazer por causa de um sentimento tão desnecessário.

   Só então me lembrei de Austin,da nossa conversa na biblioteca e nele a chamando de um erro.Acho que por mais que eu o perdoe isso sempre ficará gravado na minha cabeça.Não importa os anos que passem,mas apesar de tudo talvez ele realmente queira bem a ela.

—Acho melhor você e ele resolverem essa questão.-Foi a única coisa que eu disse.

    Comecei a cantar um clássico que a mais de um século minha mãe não cantava para mim antes de dormir.Nunca tive esse tipo de contato com minha filha,no entanto, por algum motivo eu estava a fim de cantar.Essa musica é de 1812 e se chama overture.Sempre me acalmava quando eu era apenas uma criança sem preocupações com o futuro ainda distante.

   Quando eu já estava no último verso da canção Audrey dormia em uma paz de dar inveja a qualquer um em meu colo.Então notei que o visor do meu celular estava aceso e com cuidado possível o peguei em minhas mãos.Era uma mensagem de Austin:

  Esteja pronta em uma hora e não use salto.

  Eu daria tudo para saber qual seria a reação dele se eu dissesse um não,mas com tudo o que vai acontecer amanhã acho que posso abrir uma exceção.

  Com o máximo de cuidado possível deitei Audrey sobre a cama e peguei um dos meus cobertores e a cobri até o pescoço.

  Decidi então me arrumar em um dos quartos de hóspedes da casa justamente para não acordá-la e quando dei por mim só faltava retocar o batom pela milésima vez naquele dia.Acho que virou uma mania.

   Dei uma última checada em toda a casa e por fim desci as escadas tomando cuidado com os degraus para não fazer barulho.Abri a porta e a primeira coisa que encontrei foi Austin esperando encostado no capô de seu carro.

   Jaqueta de couro,vans preto e mascando chiclete o que me fez sorrir por parecer tanto com um adolescente rebelde que um dia com certeza já foi.

—Acho bom valer à pena.-Falei o abraçando.

—Sempre vale.-Disse piscando e indo em direção a porta do passageiro.

   O segui e quando já estava sentada ele disse:

—Você vai ter que ficar vendada.

   O que?Ele esta brincando não é?

  Quando se sentou no banco do motorista arqueei a sobrancelha.

—Como é?

—É o que você ouviu.-Ele disse ligando o motor e fazendo pouco caso.

  Eu estava prestes a discordar quando Austin tocou no assunto filha.

—Como ela esta?-Perguntou se virando para me ouvir falar.

—Confusa.Contei tudo a ela.-Fui sincera com ele.

    Austin porém não esboçou nenhuma expressão.Estava esperando que eu continuasse.

—Ela quer te ver.-Só então vi seus ombros relaxarem com essas palavras.—Eu disse que independente do que acontecesse ela não hesitasse em te procurar.Até mesmo para morar com você.-Falei com total sinceridade.

—Não que eu achasse ruim,mas espero que não cheguemos a esse ponto.-Foi apenas o que disse,mas tenho certeza que por dentro deve estar soltando fogos.

—Quem esta com ela?-Apontou com o queixo para minha casa.

—Ninguém.-Dei de ombros.

—Como assim ninguém?Ela é uma criança.-Disse tentando manter o tom de voz normal.

—Acho que você se esqueceu de que somos vampiros e que apenas podemos entrar em uma casa se formos convidados.

—Não faz muito tempo que você esta nessa casa.Ainda não deve valer.

—Trish veio aqui e fez isso por mim agora vamos embora.-Revirei os olhos.

    Por mais que fosse chato ele estava apenas se preocupando com a filha.

—Ótimo ,mas voltando eu ainda quero te vendar.-Ele disse o mais sério possível e veio em minha direção.

—Nem ouse.- O empurrei.

—Porque não?-Perguntou tentando prender o riso.

Não somos mais dois adolescentes para fazermos essas coisas Austin. -O repreendi.

    Era totalmente desconfortante ter uma pessoa me vendando dentro de um carro.

—Temos 19 anos ainda.-Sua risada próxima do meu pescoço por um momento me fez acomodar melhor meu corpo no banco do automóvel.

—Em seus sonhos é claro que temos.- Argumentei enquanto observava suas mãos brincarem com uma faixa preta a frente dos meus olhos.

    Ele estava pronto para me vendar quando agarrei suas mãos.A intensidade de ter seus olhos sobre os meus era muito tentador.

—O que esta fazendo?-Questionei.

—Tentando fazer o seu último dia como vampira valer à pena.-Ele deixou um sorriso malicioso escapar de seus lábios.

   Respirei fundo.

—Tudo bem agora acabe logo com isso.-Soltei minhas mãos das suas e as pousei em meu colo.

   Logo em seguida minha visão se resumiu em preto.

—Pode apostar que você não vai querer que acabe.-Ele sussurrou em meu ouvido.

    Austin voltou a sua posição de inicio no carro e assim deu partida.

    A única coisa que eu podia ouvir era o motor do carro e o vento em contato com o meu corpo.

   As ruas provavelmente há essa hora já devem estar praticamente vazias e eu agradecia por isso.

—Você poderia ligar o rádio?-Perguntei brincando com os nós dos meus dedos.

—Esta com medo Ally?-Ele indagou em tom de brincadeira,no entanto, se eu fosse parar para pensar sobre a situação em que estamos isso não seria tão engraçado quanto aparenta.

  Já pensei em matá-lo inúmeras vezes e ainda penso sem contar o fato de ele já ter mentido e muito para mim.

  Esse poderia ser meu fim,mas apenas continuei inabalável.

—De você?Jamais.-Desdenhei.

  Apesar de tudo Austin ainda é meu inimigo,não importa nossos laços.O sangue sempre foi nosso maior motivador.

—Então porque quer que eu ligue o rádio?Se sente desconfortável estando comigo Dawson?-Voltou a insistir.

  Uma coisa que ninguém sabe sobre mim é que eu odeio que me chamem por meu sobrenome.Não gosto de pertencer a essa família de vampiros e não sou obrigada a ouvir esse nome sendo dirigido a mim quase todo o tempo.

—Sua companhia é muito agradável Austin,porém o rádio é mais interessante a te ouvir.-Fui sincera.

—Seria uma ofensa se eu me importasse.-Austin já estava me estressando e nem chegamos ao nosso destino.

—Liga logo a porra do rádio.-Mandei.

  Ouvi uma risada baixa e logo em seguida o som de uma música.Parecia ser rock.

  Não importava o que fosse,era melhor do que não ouvir nada.

  Me recostei no banco e tentei relaxar.Eu ainda não estava acreditando que esse era realmente meu último dia como vampira.

—Como você esta?-Perguntou.

   Parece que há dias essa é a única pergunta que as pessoas têm interesse em me verem responder e eu nunca soube lidar com ela até aquele momento.

—Pela primeira vez posso dizer que tudo esta indo como eu planejava.-Sorri comigo mesma.

   Eu não podia vê-lo,mas sabia que ele também estava sorrindo.

—E você?Como vai o coraçãozinho de pedra loiro?-Perguntei deixando minha mente se esvaziar junto às notas musicais que o aparelhinho emitia.

—Por mais quebrado que esteja tenho cola o suficiente para grudá-lo de volta.-Sua voz soou fria e por um momento percebi que tinha chegado a seu ponto fraco,mas já havíamos esclarecido tudo.Eu não devia mais nenhuma explicação a ele.

—Isso aqui não é conto de fadas Austin então por favor sem frases clichês apenas por hoje.-Neguei com meu indicador ao que eu julgava ser seu rosto.

—Clichês nunca foi seu forte mesmo.-Ele disse já se esquecendo da minha pergunta um pouco desagradável.Consegui o que queria.

—Você nunca falou algo tão real e fictício como disse agora.Por mais que eu não queira sou uma rainha,só que na minha história vivo em um castelo sombrio e isolado de todo o resto do mundo.-Meus pés então começaram a batucar contra o chão do carro.

—E onde o seu rei entra?Toda rainha precisa de um rei.-Ele disse como se fosse o óbvio e eu apenas gargalhei a plenos pulmões.

—Nenhuma rainha precisa de um rei para ter seu trono,ela apenas precisa agir como uma rainha.-Fui convicta em minhas palavras.

—Às vezes isso me assusta.-O loiro disse logo em seguida.

   Franzi a testa com sua frase.

—O que?

—O fato de você ser assim tão independente.Não precisa de homem nenhum ao seu lado pra ser confiante.Parece que algo em você te faz sempre pensar da forma mais calculista e sensata do mundo.Isso é algo raro nas pessoas desse século.Parece que perderam sua própria identidade.

—Gosto do meu jeito e sei que apesar de todos os meus defeitos ainda assim consigo me amar.Eu valho à pena.-Deixei minhas mãos entrarem no ritmo da música.

—E muito.-Ele disse um pouco mais baixo à medida que aumentava um pouco o som do rádio.

  Se a intenção dele era que eu não tivesse escutado ele fracassou e muito.Mas eu não iria discutir com ele hoje.

—Porque eu tenho que usar esta faixa durante todo o trajeto?Não podia ser apenas quando chegássemos lá não?-Indaguei.

—Você saberia pelas placas da estrada.

—Estamos saindo da cidade?Vai me pedir em casamento ou o que?-Tentei prender o riso.

—Te pedir em casamento.

—O que?-Meu coração parou de bater literalmente.

—É brincadeira.-Austin começou a rir enquanto eu tentava controlar minha respiração que estava falha.

—Não vi nenhum motivo para você rir.-Com minha mão esquerda procurei seu braço e ali dei um tapa estalado.

—Ué,mas não foi você mesma que estava tirando sarro sobre o casamento trinta segundos atrás?-Me provocou.

—Eu estava brincando.-Fui seca.

—E eu também.-Ele ainda tinha um ar de divertimento em seu tom de voz.

  E por isso preferi ficar calada.Às vezes Austin me magoava sem nem ao menos perceber e prefiro assim.Não preciso de alguém para sentir pena de mim.

  Ele não disse mais nenhuma palavra e essa foi à melhor decisão dele em toda a noite.

  A música agora é apenas um plano de fundo na minha cabeça. Parecia que eu estava distante de tudo inclusive de Austin.Apenas eu e minhas paranóias.

  É estranho pensar que amanhã não serei mais vampira fora muitas outras coisas que deixarei de ser e tudo isso me causa certo frio na barriga.Milhares de coisas em que pensar e o que estou fazendo é não pensando em nenhuma delas.

—Chegamos.-Sua voz soou no ambiente após alguns longos minutos.

   Minha audição e tato eram meu refúgio naquele momento.

   Precisei esvaziar tudo da minha mente para perceber que o carro já havia estacionado onde quer que seja.

   Ouvi o som da porta sendo fechada e passos.Austin abriu a porta do passageiro e ao invés de me servir de apoio para que eu me levantasse senti uma de suas mãos em minha cintura enquanto outra pousava em minha perna.

  Meu cérebro foi mais rápido que eu e então me afastei de suas mãos.

—O que esta fazendo?-Tentei manter o controle em minha voz.

—Te pegando no colo?-Foi irônico.

—Posso me apoiar em você para descer do carro.-Minha voz soou mais fria do que eu esperava.

—Não com esses saltos.-Ele desdenhou me pegando no colo a força.

— Faço mais coisas com eles do que você faria com qualquer um desses seus vans fofo.-Arranhei o que eu julgava ser seu braço.

—É uma pena porque vou precisar tirá-los agora.-Quando dei por mim Austin já estava me descalçando.

—Você ficou louco?-Tentei me desprender de seus braços porém Austin conseguiu me manter imóvel em seu colo.

—Apenas por uma noite tire essa armadura.-O loiro sussurrou em meu ouvido totalmente paciente.

   Ele estava certo,eu podia ser amigável por uma noite.Apenas por essa noite.

   Respirei fundo e então apenas deixei que ele me levasse para qualquer que fosse o lugar.

—Pronto.-Aos poucos foi me colocando no chão com o máximo de cuidado possível.

   A sensação era totalmente nova e intrigante.Era algo macio e ao mesmo tempo áspero.

   Deixei que meus dedos dos pés se mexessem um pouco e seja lá o que for aquilo parecia se desmanchar em meus pés.Parecia areia.

   Senti o vento cada vez mais forte desgrenhando meus cabelos e então meu corpo parecia ter despertado.

   Desatei o nó que mantinha meus olhos fechados e então a única coisa que fiz foi sorrir.

   Eu estava em uma praia.Pela primeira vez em toda a minha vida eu estava finalmente em uma praia de verdade.

   O som das ondas tendo um efeito calmante para todo o meu corpo e o vento deixando meu vestido voar livremente era simplesmente tudo o que eu precisava.

   Era algo simples para quase todos os que habitam a terra,mas não para uma vampira.

—Isso é incrível.-Minha voz já estava embargada.

 —Pensei que gostaria de vir aqui.-Ele se pôs ao meu lado.Seu cabelo bagunçado lhe dava um ar mais leve e o deixava ainda mais atraente.

—Eu realmente não sei como te agradecer.-Sequei uma lágrima já transparente em meu rosto.

—Talvez dizendo um obrigada?-A ironia mais uma vez tomou conta dele.

   Ri comigo mesma e pulei em seus braços.

—Se eu fosse parar para te agradecer todas as vezes que me fez sorrir acho que demoraria séculos.-Reconheci me aconchegando em seus braços.

—Apenas um é o suficiente.-Me apertou ainda mais forte.

—Acho que beber vai ser bom para nós dois.-Ele disse apontando para uma pano estendido na areia.Lá também tinha duas taças e uma garrafa de vinho.

  Eu estava tão distraída com o fato de estar em uma praia que não percebi os detalhes a minha volta.

—Ultimamente a única coisa que eu faço é beber e não estou a fim de estragar meu último dia como vampira Austin.-Me deitei sobre o pano.

—Eu não disse que tinha álcool.-Ele se sentou perto de mim.—Nada melhor do que beber sangue no último dia não é?-Ele balançou a garrafa em suas mãos.

—Esta brincando comigo?-Levantei um pouco minha cabeça.

  O sorriso já voltava a estampar meu rosto.

—Não sei.Veja você mesma.-Com uma leveza surpreendente Austin manuseou a boca da garrafa já aberta sobre a taça.

  O líquido vermelho me fez lamber os lábios.Com toda a certeza do mundo não era vinho,sua textura não chegava nem perto.

 —Já falei com Lucy e ela esta de acordo em participar do ritual.-Ele brincou com a taça em seus dedos.

—Como ela reagiu sobre você se tornar um humano?-Em um segundo tomei a taça em minhas mãos e saboreei o sangue ainda fresco.

—Seria estranho se eu dissesse que ela até que reagiu bem?-Ele franziu a testa.

—Ela te ama Austin.Acho que não importa o que você seja,ela sempre vai te amar.

   Me sentei ao seu lado.

   O vento que sobrava em nossa direção parecia me acolher a cada facada que meu coração levava.

—Você nunca gostou de ser vampira,não é?-Ele perguntou após longos minutos de silêncio.

   Neguei com a cabeça.

—A questão não é eu não gostar de ser vampira.Acho que o problema são as conseqüências que vem na bagagem.

—Realmente é uma responsabilidade e tanto.-Ele concordou.

—Mas não preciso te perguntar para saber que você ama essa vida.-Dei um sorriso simpático para ele.

—Olha Ally é que...

—Você não quer se tornar humano e eu sei disso Austin.As vezes acho que estou te obrigando a fazer além de sua obrigação.-Fui sincera.

—Sim eu gosto da minha vida.Falei idiotices um mês atrás tentando defender ela ,mas eu amo você e amo nossa filha mesmo a conhecendo tão pouco.Eu me tornaria o que fosse para ver vocês duas bem.Nunca se esqueça disso.-Ele segurou meu rosto em suas mãos e por um momento aquilo foi o bastante até eu lembrar do que ainda tinha em minha mente.

—Desde o primeiro momento minha intenção sempre foi matar você.Nova Iorque,sua casa,a minha.Eu menti para você sobre a gravidez de Audrey quando você era a única pessoa que de fato poderia me proteger.Planejei te matar por imbecilidade,por ódio e não posso negar que se amanhã as coisas saírem do nosso controle eu ainda estarei pensando em te matar para salvar minha filha.Então Austin porque ainda esta aqui?-Arregalei meus olhos assustada por tudo o que eu acabara de me dar conta.

—Quando amamos alguém por mais que ela não sinta o mesmo ainda assim sentimos a necessidade de protegê-la.Acho que não te falei ainda ,mas se for preciso não hesite em me matar amanhã se o motivo pela minha morte seja realmente por Audrey e não por qualquer outro Ally.-Seu nariz tocou o meu e tive que sorrir com isso.

—Eu apenas quero que saiba que apesar de tudo eu irei te amar até a eternidade,até meu coração parar de bater ou até amanhã.Não importa eu irei continuar te amando.

   Eu sabia que era errado,mas não me importei.Juntei meus lábios aos seus.

   Minhas mãos voaram para o seu cabelo como se aquilo pudesse me deixar ainda mais próxima dele.

—Não quero te perder Austin.-Admiti.

—Quem sabe um dia nós ainda não nos encontremos?Isso não é uma despedida Ally.-Ele me garantiu.

  Ri com o nervosismo.

  Eu podia sentir as lágrimas começarem a tomar conta dos meus olhos.

—Você não esta entendendo.Eu não posso te perder Austin.-Gritei.

    Ele me observou perplexo.Sem saber o que fazer.Fechei os olhos e inspirei o mais fundo que consegui.

   Quando voltei a abrir meus olhos minha visão já estava embaçada.

—Eu não posso te perder porque apesar de tudo você ainda é uma das pessoas mais importantes em minha vida. Tenho sentimentos por você e não importa se são como amigos ou namorados. Eu não consigo mais imaginar minha vida sem você ao meu lado Austin. Preciso de você e me sinto idiota por dizer isso. -Eu definitivamente parecia uma criança em prantos.

—Não diga isso.Já tenho coisas demais com o que me culpar.-Ele abriu os braços e ali eu me refugiei.

—Eu só não queria morrer sem dizer isso,nem que fosse por uma única vez.-Confessei.

    Ele me apertou ainda mais forte contra si.

—Você não vai morrer, eu prometo. -Sussurrou em meu ouvido, mas aquilo não parecia surtir efeito naquele momento.

—Eu não sei se eu já te falei isso, mas estou com medo. –Falei baixinho juntando nossas testas.

     Eu estava praticamente no colo de Austin e nem faço idéia de como cheguei ali.

—Não deveria.Ally Dawson e medo não são algo que se deve ser usado em uma mesma frase.-Ele pegou minha mão direita que ainda estava no seu cabelo e a entrelaçou na minha.—Você sempre foi forte.Tem uma alma de líder e ninguém pode tirar isso de você.Não importa como tudo isso acabe você estará viva para contar a sua filha,tudo bem?-Apertou um pouco mais forte minha mão contra a sua.

  Concordei com a cabeça ainda um pouco insegura.

—Ei.-Ele segurou meu queixo me obrigando a olhá-lo nos olhos.—Nunca se esqueça de quem você é.Você não precisa de ninguém para ser forte e sabe disso.-Beijou minha testa.

—Você é muito especial para mim Austin.Saiba disso.-Deixei que minha cabeça caísse em seu ombro e ele apenas me acomodou melhor em seus braços de forma que todo o meu corpo estivesse encostado em seu peito.

—Sei que sou.-Ele envolveu seus braços ao redor da minha cintura e deu um beijo em minha bochecha.

—Você já sabe o que vai fazer quando se tornar humano Austin?-Perguntei brincando com suas mãos.

—Ainda não pensei direito sobre isso.Mas tenho certeza que o primeiro passo será adiantar as coisas do casamento com Lucy,depois acho que farei faculdade e você?

—Também penso em faculdade,não sei por que ,mas penso em arquitetura.É um trabalho que me fascina.Eu poderia viver muito bem com a herança da minha família,mas se serei humana serei completa.-Falei determinada.

  Ele sorriu orgulhoso de mim.

—Sabe por que também escolhi esse lugar hoje?-Perguntou ajeitando uma mecha do meu cabelo.

—Não.

—Já ouviu falar do sol da meia noite não é?

  Confirmei com a cabeça.

—Esse fenômeno irá ocorrer hoje.-Disse sorrindo para o mar.

   Fiquei boquiaberta.

   O sol da meia noite era o curto momento em que quando dava meia noite à lua dava lugar para o sol se exibir em seu lugar em meio ao céu escuro.Muito raro de acontecer e por mais anos que eu tenha na terra nunca de fato o vi.

   Meu sorriso ia de orelha a orelha até eu me lembrar de que tanto eu quanto ele não podemos nos expor ao sol.

—Mas não podemos...

    Austin riu.Parecia ter algo pra dizer e sempre hesitará até enfim abrir a boca.

—Sei que pode parecer simples,no entanto, eu queria muito te dar isto.-Austin pegou minha mão direita em suas mãos e deslizou por entre meu dedo um anel de ouro que em seu centro tinha uma lua azul de diamantes.Era simplesmente a coisa mais linda que eu já havia visto em toda a minha vida.

—Esse anel não te da super poderes,te transforma em humana ou muito menos o faz ser um anel de compromisso,mas consegui por uma noite que ele pudesse te fazer ver o sol da meia noite.-A voz de Austin em minha nuca fez todo o meu corpo estremecer.

   Ele o colocou em meu dedo anelar.

   Senti meus olhos queimarem e com isso pisquei na esperança de afastar as lágrimas.

—Como?-Perguntei admiranda a jóia em meu dedo.

—Uma bruxa me ajudou.Ela fez um para mim também.-Fez pouco caso.

—Posso?-Me animei olhando suas mãos para ver se seu anel já estava ali.

—O que?-Franziu a testa.

   Revirei os olhos.

—Onde esta o seu anel?

—No bolso.Por quê?-Não sei o que aconteceu,porém Austin esta mais lento nos últimos tempos.

—Me dê.

   Ele arqueou a sobrancelha e devolvi o mesmo gesto.

—Aqui.-Bufou quase rindo.

—Ótimo agora é só esperar amanhecer.-Falei colocando seu anel também em seu dedo anelar sorrindo de orelha a orelha.

—Quer ficar aqui até o sol da meia noite comigo?Ainda não são nem onze horas Ally.-Austin conferiu as horas no celular.

—Sim eu quero.-Confirmei me animando.

—Então o que iremos fazer até lá?-Deu de ombros brincando com nossas mãos.

—Acho que você sabe o que iremos fazer agora.-Virei meu rosto encontrando seus olhos fixos nos meus.—A noite é uma criança mesmo.-Sussurrei descendo meus lábios até a altura do seu pescoço.

—Tem certeza disso?-Ele perguntou engolindo em seco.

—Você esta muito certinho ultimamente Austin,isso não combina com você então apenas cale a boca e tire minha roupa agora.-Mordi meus lábios o observando.

  Acho que era apenas disso que ele precisava no momento.Um passe livre para poder fazer o que quisesse.Austin abriu um sorriso um tanto que sujo e eu apenas gargalhei.

—Então não se mexa.Quero tirar o seu vestido.-Eu estava prestes a perder a sanidade com sua voz rouca em minha nuca.

   E não consegui disfarçar um sorriso.

   O toque de seus dedos sobre minha pele me acalma.Com a ponta dos dedos ele desceu a alça de cada um dos lados.

—Esse vestido lhe cai bem,mas ainda prefiro você sem ele.

    Ele encostou o rosto em meu cabelo e o movimento me fez arrepiar da cabeça aos pés.

—O seu cheiro me lembra o outono.-Admitiu.

  Ainda inspirando meu cabelo ele passou de leve o nariz pela minha orelha até o ombro.Ignorando completamente meu pescoço.Devagar deslizou meu vestido por toda a extensão do meu corpo o jogando na areia.

  Estremeci.

—Escolhi o lugar certo para essa noite.-Murmurou entre um beijo e outro em minha nuca.

   Suas mãos foram para minha frente única do sutiã.Outra peça fora do jogo.

—Assim é melhor.-Beijou meu pescoço e assim arfei.

   Esticando seus braços envolveu meus seios em suas mãos e os senti endurecerem.

—Levante os braços e os coloque em volta da minha cabeça.-Ordenou roçando seus lábios em meu pescoço.

   Obedeci totalmente dopada com seus toques.Meus seios se empinaram em suas mãos e isso me fez enroscar meus dedos em seu cabelo.

   Isso é gostoso.

  Quando seus dedos beliscaram meus seios foi impossível não gemer.Meu corpo se curvou convulsivamente em sua direção.Agarrei com ainda mais força seu cabelo à medida que ele descia suas mãos por todo o meu corpo que era como se uma descarga elétrica tomasse conta de mim.

 Senti ele se deslocar atrás de mim enquanto me deitava sobre a areia.

—Esta com sede,Ally?-Perguntou colocando um pouco de sangue em uma das taças.

—Sempre.-Lambi os lábios.

   Austin sorriu e tomou uma dose generosa da taça.Ele veio em minha direção vertendo o sangue dentro da minha boca.

   Engoli e com o líquido quente descendo por minha garganta involuntariamente voltei a gemer.

—Mais?-Arqueou a sobrancelha.

    Assenti.

   Ele bebeu o resto que havia na taça e antes que tomasse alguma atitude o puxei de vez.

   Já tive diversas experiências sexuais com diversos caras ao longo de toda a minha vida,lembro de quando consegui fisgar um príncipe da Colômbia.Ele era bom assim como outro empresário ou como os diversos garotos do colégio e seria clichê demais dizer que Austin era melhor do que eles porém neste exato momento o loiro ganha em disparado.

   Seus beijos gelados vieram de encontro ao meu pescoço. Quando senti seus dentes em contato com a minha pele a única coisa que consegui fazer foi morder meus lábios tão fortes ao ponto de sentir meu próprio sangue.Não era como no Halloween,acho que aprendeu a lição depois daquele dia.

  Seus olhos se cravaram nos meus e por mais que os meus transparecessem luxuria eu sabia que eles tinham um significado ainda maior.Talvez chamar de amor pudesse ser algo precipitado,ma eu não conseguia achar outra definição.

 —Tem sangue no canto da sua boca.Deixa-me limpar.-Falei desviando meus olhos dos dele.Minha mão estava prestes a tirar o meu sangue da sua boca quando ele agarrou meu pulso com uma velocidade impressionante.

—Acho que sua boca pode fazer esse pequeno serviço.-Austin então atacou meus lábios.Suas mãos puxavam meus cabelos um pouco mais forte do que o habitual e tive que admitir para mim mesma que aquilo era bom.

  Sorri ao final do beijo.

  Ele desenroscou seus dedos do meu cabelo os guiando por todo meu corpo em direção a calcinha provocando minha pele.

 —Acho que ela esta sendo inconveniente demais.-Me deu um sorriso divertido,mas ao contrário do que eu pensava ele apenas deslizou seus dedos para dentro da minha calcinha roçando meu clitóris.

—Ah.-Gemi.

   Eu estou muito molhada e agora ele sabe disso.

   Sem avisar enfiou seu indicador e dedo do meio dentro de mim me fazendo estremecer.

—Você não faz idéia de como eu te desejo Ally.

    Não consegui me conter e movi minha pélvis de encontro aos seus dedos.

    Austin deu um sorrisinho e logo se livrou de sua camisa com sua mão que até agora ainda estava livre.

   Eu não podia pedir uma visão melhor a luz da lua.

   O loiro movimentou seus dedos mais algumas vezes dentro de mim para logo em seguida rasgar minha calcinha.

  Com isso puxei o cós de sua calça o trazendo para mim.Ele mais uma vez me beijou enquanto eu desabotoava sua calça.Senti-o sorrir em meio ao beijo.

  Do jeito que consegui tirei aquela peça à medida que eu ficava por cima.Agora a única peça que nos separava é sua cueca.

—Você não vai rasgar ela Dawson.-Austin disse antes que eu pusesse meu plano em pratica.

—Por quê?Não vejo ninguém aqui para me impedir.-Falei caminhando meus dedos por seu abdômen.

—Ally estou dizendo...

   Antes que ele pudesse terminar a frase minhas unhas já estavam cravadas em sua cueca que agora é apenas dois pedaços de pano em meio às areias.

  A reação de Austin parecia ser de raiva visto que seus olhos se intensificaram mais do que nunca,porém, ele apenas agarrou minha cintura e meus cabelos me puxando para si mais uma vez.

  O beijo ainda tinha gosto de sangue o que só fez eu me excitar ainda mais.

—Chega de preliminares Austin.Vamos ao que interessa.-Arranhei seus braços.

—Espera.Preciso pegar a camisinha.-Sua voz já estava quase tão vacilante quanto a minha.

    Antes que ele ousasse tirar sua mão da minha cintura eu a agarrei.

—Depois de Audrey eu tive que aprender a me prevenir melhor e agora tomo anticoncepcionais.Assegurei beijando seu pescoço.

—Menos trabalho para mim.-Disse como se aquilo fosse se repetir.

—Não se esqueça de que é apenas por uma noite.-Sussurrei em seu ouvido o relembrando do combinado.

—Que farei ser a melhor de todas.

   Ele segurou meu quadril e me penetrou.

   Rangendo os dentes ele continuou com os movimentos.Eu sentia que minhas pernas estavam começando a perder força e eu sabia que o suor já brotava em minhas costas.

  Senti meu orgasmo crescer em espiral pelo meu corpo até encontrar o seu.Cravei minhas unhas em suas costas e gemi um pouco alto demais sem me preocupar com o nosso redor,ninguém nos veria mesmo enquanto que Austin gozou calado se derramando dentro de mim.

  Desabei sobre ele.

—Isso foi legal.-Ele disse em meu ouvido ,puxando ar para dentro dos pulmões.

  Aos poucos o loiro saiu de dentro de mim e assim me ajeitei ao seu lado na areia.

—Muito legal.-Dei de ombros tentando recuperar o fôlego.

—E foi bem a tempo de vermos o sol da meia noite.-Ele disse me puxando um pouco mais para si.

   Eu podia sentir a areia começando a grudar em meu corpo e sabia que logo estaria repetindo a dose com Austin no mar.

   Quando levantei a cabeça pude ver o céu totalmente escuro,porém no horizonte o sol ia criando força a cada segundo.

   Senti meu corpo automaticamente se aquecer novamente.Era como se o dia e a noite tivesse virado um só.

  Aos poucos o sol se aproximava junto às estrelas brilhando mais do que nunca no céu.A lua naquela noite estava indo embora por alguns minutos para poder observar junto a nós dois o sol se exibir em um novo lugar.

  Apoiei minha cabeça no peito de Austin.

—Eu não poderia pedir nada além disso.-Confessei.

—Então aproveite o agora,não sabemos o que vai acontecer amanhã ou daqui a dois minutos.-Ele disse em um tom de voz baixo enquanto afagava meus cabelos.

—O que você acha que vai acontecer Austin?-Perguntei apoiando minha cabeça no cotovelo. O frio na barriga havia voltado.

  O olhei nos olhos tentando demonstrar todos os meus sentimentos em relação a absolutamente tudo naquele momento.Amor,surpresa,felicidade,cansaço, desespero,tristeza,culpa e medo.

—De verdade?-Perguntou um pouco preocupado.

   Assenti.

—Acho que independente do que aconteça alguém irá morrer.


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Notas finais do capítulo

Comentem,quero comentários.