Festus rodopiou pelos céus acima do acampamento meio sangue, Leo teve que se segurar com mais força que o normal, ele tinha certeza que se caísse daquela altura os estragos seriam grandes e Leo não tinha voltado da morte só para morrer de maneira não tão majestosa assim. Calipso se agarrou gradativamente a seu corpo, escondendo o rosto na base de seus ombros.

Aquela proximidade poderia ser um pouco constrangedora para outras pessoas, mas Leo só sabia agradecer mentalmente ao dragão de bronze por se exibir.

Logo abaixo do pinheiro de Thalia, semideuses, sátiros, espíritos da natureza e um centauro os assistiam dançar sobre as nuvens dos céus, encaravam-nos boquiabertos como se não acreditassem no que seus olhos viam.

Festus em mais um ato de exibicionismo soltara fogo pelas narinas como quem dizia: É, e estou de volta.

Peleu, o dragão protetor do velocino pulava histericamente, seus rugidos eram mais finos e menos potentes que o de Festus, mas isso não impedia de demonstrar sua felicidade pelo retorno do amigo. Leo não falava dragonês, mas tinha certeza de que Peleu chamava Festus para competir e ver quem era o melhor dragão daquele acampamento.

No meio da multidão, o filho de Hefesto avistou seus amigos. Jason e Piper de mãos dadas como sempre, porém estranhamente Leo não sentiu aquela típica pontada de ciúmes – O que era bom – Annabeth e Percy acenavam freneticamente para ele, os sorrisos nos rostos confortavam Leo de uma maneira inexplicavelmente boa, era como se sua mãe estivesse ali no meio daquelas pessoas, esperando-o voltar para casa e então de alguma maneira tudo pareceria bom e confortável e não importaria se o mundo estivesse sendo destruído, ele estaria com quem mais o amava.

Sentiu de leve os olhos marejarem. Que ridículo, não seria uma boa imagem a passar a seus companheiros, o grande Leo, o terror dos ciclopes e das deusas da neve não chorava, não na frente dos outros pelo menos. No entanto o garoto não enxugou as lágrimas, e tampouco escondeu seus verdadeiros sentimentos, naquele momento Leo Valdez entendia que por mais que se sentisse sozinho, abandonado e não encaixável aquela era sua família agora, não podia se dar ao luxo de perdê-la, mesmo que eles o vissem chorar.

Ele não avistou Hazel e Frank, entretanto imaginou que eles deveriam ter voltado ao acampamento Júpiter, Leo depois faria questão de mandar uma mensagem de íris a eles.

Enquanto Festus perdia altitude, Leo pensou ter visto Nico di Angelo e um dos filhos de Apolo saindo de mãos dadas da enfermaria, mas ao olhar novamente já nãos os via, não sabia se o que havia visto era verdade ou não e mesmo que fosse não era da sua conta, então ignorou.

Quando o dragão pousou, todos ali presentes fizeram um circulo ao redor dos três. Calipso enterrou o rosto nos ombros de Leo.

– Está tudo bem? – Ele sussurrou para a garota, que apenas negou com um movimento rápido da cabeça.

– Faz muito tempo desde que... Desde que estive tão perto de tanta gente assim...

Leo sorriu complacente, entendendo os motivos dela. Há algum tempo essa situação também o assustaria aos montes.

– Vai ficar tudo bem. – Leo afagou seus cabelos cor de canela. – estou aqui para te proteger...

Leo apontou para o grupo de semideuses.

– E eles são a minha família... – Garantiu-lhe com um sorriso de orelha a orelha, não um daqueles falsos que Leo carregava em sua bagagem pessoal cujo o único proposito era esconder seus reais sentimentos, esse fora um sorriso verdadeiro e ainda mais caloroso que qualquer sorriso já dado, era o sorriso que levara Calipso a se apaixonar por aquele magricela. – E se você quiser eles podem ser a sua família também.

A filha de Atlas arregalou os olhos diante de tal frase, não de medo, mas por surpresa.

–M-Minha família? Mas... Mas quem iria querer ser a família de uma...

Traidora.

Era essa a palavra que Calipso usaria, todavia ao encarar aquela multidão de filhos dos deuses, ela entendeu.

Entendeu que ela não era uma traidora, não apoiara os deuses para apoiar a seu pai. Fora a coisa certa a fazer, desde que ela entendesse isso. Ela havia sido rejeitada e jogada fora pelos olimpianos, assim como aquelas crianças, só o que precisava fazer era não se deixar levar pelo rancor e usufruir o que o destino lhe oferecia naquele momento.

Ela nunca se sentiu tão grata as Parcas.

Então com um único movimento, ela e Leo deslizaram pela armadura de bronze de Festus e aterrissaram bem a frente de seus velhos amigos.

Leo abriu mais um sorriso.

– É galera, o bad boy supremo está de volta!